O LMV em detalhes – parte 7
Emprego Tático
Por Guilherme Poggio
Existem amplas e variadas opções a serem exploradas dentro da estrutura do EB para se empregar o LMV. Uma delas seria em operação tipo GLO (Garantia da Lei e da Ordem). Em relação a este emprego o 15º Regimento de Cavalaria Mecanizado (R C Mec), juntamente com o CA Leste, já elaborou os procedimentos operacionais (ver Parte 5 deste artigo).
Mas o principal emprego de um veículo leve blindado é nas unidades de Infantaria Motorizadas e de Cavalaria Mecanizadas. No presente artigo serão abordadas somente as unidades de Cavalaria Mecanizadas. De início, será apresentada a estrutura de um Pelotão de Cavalaria Mecanizado (Pel C Mec) e as características que esta unidade deve possuir. Em seguida serão apresentados os veículos que o Pel C Mec possui atualmente, com ênfase na VTL Rec (Viatura Tática Leve de Reconhecimento). Por fim, será feita uma comparação entre a futura VBMT-LR (o LMV) com o equipamento atualmente empregado pelo EB, o VTL Rec (Marruá) e as mudanças que a VBMT-LR trará para as unidades de Cavalaria Mecanizada.
Pelotão de Cavalaria Mecanizado
A menor fração (ou fração básica) de emprego da tropa da cavalaria mecanizada é o pelotão. As características básicas que um Pelotão de Cavalaria Mecanizado (Pel C Mec) deve possuir são listadas abaixo. É importante conhecer estas características para, em seguida, entender a necessidade de um veículo como o LMV frente às opções atuais:
- Mobilidade
- Flexibilidade
- Proteção blindada
- Potência de fogo
- Ação de choque
- Sistema de comunicações amplo e flexível
- Meios tecnológicos avançados
A mobilidade se dá pela existência do próprio veículo, seja ele sobre rodas ou sobre lagartas. No entanto, é oportuno separar a mobilidade tática da mobilidade estratégica. Neste último caso ela é acentuada pela presença, tão somente, de veículos sobre rodas que conferem maior agilidade ao deslocamento. A flexibilidade é função da existência de tipos variados de veículos que podem executar diferentes tipos de missões em ambientes operacionais distintos.
A proteção blindada se dá, obviamente, pela blindagem dos veículos. Quanto maior a potência de fogo melhor será para a unidade, seja pelo armamento orgânico do veículo ou não. A ação de choque resulta da combinação da mobilidade, da potência de fogo e da proteção blindada. Na atualidade, a comunicação por meios seguros e rápidos é fundamental. Meios tecnológicos avançados incluem o emprego de radares, sistemas optrônicos, sistemas de gerenciamento do campo de batalha portáteis e até mesmo drones.
Na sua forma ideal, um pelotão de cavalaria mecanizado é composto por cinco grupos: Grupo de Comando, Grupo de Exploradores, Grupo de Combate, Seção VBR (Viatura Blindada sobre Rodas) e Peça de Apoio. Obviamente que esta estrutura do pelotão não é rígida e eles podem ser desmembrados, por exemplo, para compor outros pelotões que agrupam frações de mesma natureza. A junção de Grupos de Exploradores daria origem a um Pelotão de Exploradores. Desta maneira fica clara a flexibilidade natural dos Pelotões de Cavalaria em função do grande leque de opções de armamentos e veículos.
Num pelotão de cavalaria mecanizado padrão, o Grupo de Exploração se divide em duas patrulhas com dois veículos cada. A seção VBR também possui dois veículos. As demais frações do pelotão possuem um único veículo. O desenho acima resume as frações, suas composições e os equipamentos/armamentos principais.
Grupo de Exploradores
De todas as frações apresentadas acima a de maior interesse para o referido texto é o Grupo de Exploradores, fração do pelotão mais indicada para receber o LMV. Conforme mencionado anteriormente o Grupo de Exploradores é composto por duas patrulhas, sendo que cada patrulha possui dois veículos.
Cabe ao Grupo de Exploradores um amplo espectro de atividades que inclui reconhecimento (a pé ou embarcado), atuação como seção de metralhadoras em base de fogos, ataque a pé (como o Grupo de Combate), segurança dos flancos, realização de golpes de sonda, e outras funções diversas como mensageiro e ligação. De todas as ações descritas acima, a mais clássica é o reconhecimento.
O principal meio dos Grupos de Exploradores é a Viatura Tática Leve (VTL). Na atualidade a grande maioria dos pelotões de cavalaria mecanizados do EB está equipada com o Marruá na função de VTL. As principais características que levaram o EB a adotar o Marruá como VTL foram seu alto grau de mobilidade e a possibilidade de empregar uma metralhadora calibre 7,62 mm. O VTL Marruá é, sem sombra de dúvida, um avanço considerável em relação aos veículos que o antecederam. Além disso ele permitiu que o EB uniformizasse boa parte dos seus veículos leves. Mas os desafios impostos pelo campo de batalha do Século XXI necessitam de outras respostas.
Para ler os textos anteriores clique nos links abaixo
- O LMV em detalhes – parte 1
- O LMV em detalhes – parte 2
- O LMV em detalhes – parte 3
- O LMV em detalhes – parte 4
- O LMV em detalhes – parte 5
- O LMV em detalhes – parte 6
Mais informações nos próximos textos.
“o Grupo de Exploradores, fração do pelotão mais indicada para receber o LMV.”
Sem dúvida.
Matéria excepcional. Será bacana ver um infográfico como os desta matéria constando o LMV e o Guarani(quiça o Guarani com canhão de 90 caso se opte por ele).
Muito bom. Vi um LMV hoje aqui no Rio de Janeiro. Estava com uma torreta trilulada do tipo plat. Carro de respeito.
O que mais me chateia é ver esses marruás com pneus de caminhonete !!!! Poxa… coloca uns pneus lameiro de raça… tipo BF !!!!
Se tivéssemos uns governantes e generais de verdade hoje poderíamos estar usando Márua blindado igual ou superior, e por falta de “”VONTADE”‘,
O Lice e bom dez anos de investimento e bilhões de euros, excelente veículo top, Fiat e militares dividiram o custo, por isso caro mas lá fazem e aqui.
Muito boa matéria. Obrigado!
Pq o EB n emprega o guará 4ws no lugar do LMV da Iveco? N seria uma opçao mais interessante apesar de n ser testado em guerra??
Peixoto, houve uma licitação. O Guará não foi nem apresentado para os testes obrigatórios dessa licitação. O vencedor da licitação foi o LMV. Se a licitação caducar no final do ano, pode ser que se abra uma nova licitação. Aí, se a Avibras quiser, ela pode incluir o Guará na licitação.
Thalmo, Houve uma competição entre vários tipos de veículos, entre o final de 2013 e abril de 2016, e o LMV da Iveco foi o selecionado após testes e avaliações. Quem competiu pela Avibras na seleção do EB, entre 2013 e 2016, foi o antecessor dele, o Tupi. Chegou a ficar entre os dois finalistas, mas não ganhou. Vale lembrar ainda que o anúncio dessa seleção se deu no mesmo mês em que o Guará 4WS só estava começando sua trajetória, ainda como protótipo apresentado na LAAD daquele ano, em abril de 2016, visando o mercado de forças policiais. Ou… Read more »
Excelente artigo! apenas uma observação….Seç VBR – Seção de Viaturas Blindadas de RECONHECIMENTO. Forte abraço!
AH! acho importante salientar algo….a missão principal de um Pel C Mec, integrado ao seu Esquadrão C Mec (junção de 3 pelotões, comandado por um Capitão), é o Reconhecimento e a Segurança, ou seja, quando o conjunto do corpo de batalha se desloca, quem vai à frente e nos flancos, são as tropas de cavalaria mecanizada, realizando a segurança desta tropa…..fato que a maior parte das brigadas de Infantaria, possuem ao menos um esquadrão de cavalaria mecanizado para realizar a segurança destas, através de um reconhecimento contínuo…Como exemplo, a Brigada de Infantaria tem o 1º Esqd C Pqdt, a 12ª… Read more »
Corrigindo “…brigada de infantaria PARAQUEDISTA, tem o 1 Esqd C Pqdt…”
Caro Odilson: só por curiosidade, mas estas tropas que tu citou não possuem veículos táticos leves para empregar nas situações que você apontou ?
Ou utilizam Cascaveis e Urutus?
Abraço
Caro Paulo P, a composição dos esqd c mec de brigadas de infantaria é bem similar aos esqd c mec orgânicos dos regimentos de cavalaria mecanizados. A diferença é que um esqd de brigada tem uma seção de comando e 3 pel c mec, os esquadrões de brigada tem um pelotão de comando e 3 pelotões c mec. Todos esses pelotões sair iguais, tem 5 vtl REC, dois cascavéis e dois urutus(algumas unidades já substituíram pelo Guarani). 3 esquadrões de brigadas são diferentes (paraquedista, selva e leve aeromóvel), eles têm o G Exp composto por vtl REC e motos, no… Read more »
Caro Odilsom: grato pela atenção e esclarecimentos.
Abraço.
Corrigindo…”A diferença é que um esqd ORGÂNICO de RC Mec tem uma seção de comando e 3 pel c mec, os esquadrões de brigada tem um pelotão de comando e 3 pelotões c mec. “ forte abraço a todos!
Prezado Benzi, o senhor teria algum parentesco com o ministro do STM, general Benzi?
Boa tarde, é meu pai.
Pessoal, havia alguns erros na tabela do Pel C Mec e eu corrigi e carreguei uma nova. Graças ao Nunão.
Bom dia Colombelli, uma coisa eu lhe garanto, dentro do pelotão todas as 4×4 serão iguais…principalmente por questões logísticas. Referente a distribuição, acredito que as Forças de emprego estrategico devam receber primeiro e as Forças de Emprego Geral depois, ou seja, apenas a 4 Bda C Mec…minha humilde opinião! Forte abraço!