O LMV em detalhes – parte 6
Veículos leves 4×4 do EB
Por Guilherme Poggio
É chegado o momento de se fazer uma pausa na história do LMV e contar a história, mesmo que de forma sucinta, dos utilitários leves 4×4 adquiridos e utilizados pelo Exército Brasileiro (EB) após a II Guerra Mundial. Ênfase foi dada aos veículos leves com capacidade de emprego tático.
Por décadas o veículo básico 4×4 do Exército Brasileiro (EB) foi o Jeep Willys em suas diferentes versões e modelos, tanto fornecidos pelos Estados Unidos quanto fabricados no Brasil pela Willys e pela Ford, entre 1954 e 1983. Esse veículos realizavam diversas missões como ligação, transporte leve, remoção de feridos do campo de batalha, reconhecimento e outras ações táticas.
Cabe destacar que na função tática alguns jipes foram armados com metralhadora 0,50 pol. e até mesmo com canhão sem recuo de 106 mm (como no caso o modelo M151A1, também utilizado pelo EB).
Nas décadas de 1980 e 1990 o Exército já buscava um substituto para a “família jipe”, cuja fabricação pela Ford, no Brasil, cessou em 1983. A frota remanescente, tanto dotada dos velhos motores Willys BF-161 de 6 cilindros quanto dos mais recentes Ford OHC de 4 cilindros (derivados do Maverick, e que equipou a família a partir de 1975) chegou a passar por remotorização com motores GM 4 cilindros (que até a virada para os anos 1990 ainda equipavam o Opala e utilitários Chevrolet). Esse trabalho foi realizado pela Bernardini, mas era evidente que o ciclo de vida dos velhos jipes estava chegando ao final.
Procurou-se prestigiar a indústria nacional para um substituto dos tradicionais jipes. Já no ano de 1982 a Envemo, uma empresa paulista que havia sido adquirida pela Engesa, desenvolveu uma viatura 4×4 de 3/4 de tonelada. O veículo utilizava o chassi de picape da Chevrolet, mas com suspensão modificada e tração nas quatro rodas. O veículo recebeu a denominação EE-34 e mais de 800 unidades foram fabricadas entre 1982 e 1985. Em 1989 uma nova versão com novo chassi foi produzida, mas em números mais modestos.
Outro veículo produzido no Brasil (mas nesse caso por montadora multinacional) e encomendado pelo EB ainda na década de 1980 foi o Toyota Bandeirante. Assim como o EE-34 ele também teve versões militares para a execução de missões táticas, as quais foram equipados com metralhadora de calibre 7,62 mm.
Já no começo da década de 1990 o grupo minerador EBX, do empresário Eike Batista, adquiriu os direitos de produção do jipe A3 da francesa Auverland (atual Panhard). Os veículos sofreram pequenas modificações e receberam o nome JPX no Brasil. Foram produzidas cerca de 2800 unidades na cidade minera de Pouso Alegre entre 1993 e 2001. Destas, cerca de 500 seguiram para as Forças Armadas.
O Land Rover Defender é outro utilitário 4×4 que continua sendo utilizado pelo EB. Sua produção no Brasil ocorreu entre 1998 e 2006, quando era montado em São Bernardo do Campo/SP nas instalações da Karmann-Guia. Cerca de 800 unidades eram montadas por ano e boa parte da produção destinou-se ao EB e à PMSP (Polícia Militar do Estado de São Paulo). O veículo chegou a ter 68% de componentes nacionais. Por diversos motivos todos estes veículos mencionados acima não foram introduzidos em larga escala.
O Marruá entra em cena
Já na primeira década do Século XXI o EB decidiu adotar o Agrale Marruá como o veículo leve fora de estrada padrão do EB, incluindo o mesmo na função de VTL (Viatura Tática Leve). Atualmente, o tipo de veículo leve 4×4 mais utilizado pelo EB é o Agrale Marruá. Foram mais de quatro mil unidades incorporadas desde 2006. Diversas são as versões do Marruá em uso, incluindo o jipe AM2 (VTNE ½ t 4×4), um veículo de reconhecimento AM11 (VTL Rec), uma picape AM21/23 (VTNE ¾ t 4×4), um veículo de Comando e Controle e uma ambulância.
A história do Marruá começou quando um grupo de ex-funcionários da antiga Engesa fundou a Columbus Internacional Ltda. no início da década de 1990 (ver revista Forças de Defesa número 6, página 106). Tendo como base o antigo veículo fora de estrada EE-4/EE-12, a empresa aprimorou o projeto. A Agrale S/A, empresa nacional com longo histórico na produção de tratores (ver página 110 da revista já mencionada acima), adquiriu os direitos do projeto e deu o nome “Marruá” ao veículo.
Dentre as diversas versões do Marruá adquiridas pelo EB estava a AM11, desenvolvida sobre chassi longo e capaz de receber um reparo para metralhadora calibre 7,62 mm. Esta versão recebeu a nomenclatura militar “Viatura Tática Leve de Reconhecimento” (VTL Rec). Esta viatura é, na atualidade, o principal veículo leve empregado pelo EB nos seus Pelotões de Cavalaria Mecanizado. Na próxima parte do texto traremos informações sobre estes pelotões.
Para ler os textos anteriores clique nos links abaixo
- O LMV em detalhes – parte 1
- O LMV em detalhes – parte 2
- O LMV em detalhes – parte 3
- O LMV em detalhes – parte 4
- O LMV em detalhes – parte 5
O editor Guilherme Poggio viajou a Sete Lagoas a convite da IVECO/CNH.
O EB também empregou nas décadas de 80 e 90, o Bernardini Xingu (uma cópia do Toyota) e uma versão militarizada da Rural. Nessa época, a Brigada Paraquedista lançava o EE-4 (ou EE-12) com CSR 106 mm por paraquedas.
Tinha um jipe da CBT também não? O Javali.
Pesquisei um pouco mais sobre o assunto e descobri que o EB também usou nesse período as viaturas 4×4 Dodge M37 e Chevrolet Engesa C14/C15.
http://www.armasnacionais.com/2018/05/chevrolet-engesa-c10-c14-c15.html
https://pmsantoangelo.abase.com.br/site/noticias/semana-da-patria/43723-desfile-militar-encerrou-a-semana-da-patria#fotos%5B0%5D/2/
O EB empregou o M151 MUTT?
Sim, vi fotos dele em operações lá no Sul do país no começo da década de 80.
Poggio, acabei de postar no post da Batalha da Floresta de Hürtgen que hoje 15/10 às 22:30 no National Geographic vai passar um documentário sobre ela. Se me permite, gostaria de sugerir que se fizesse um post c/ essa informação, pois esse texto teve mais de 100 comentários e assim poderia ser visto por muitos dos frequentadores do site.
Abs.
Faltou o título:
Os Segredos Por Trás Da Segunda Guerra Mundial – Vestígios da Batalha Mais Sanguinária da Guerra.
Matéria interessante sobre os M151 do EB
https://jipeseforasdeestrada.blogspot.com/2017/12/ford-kaiser-m-151a1c-mutt-no-brasil.html
O EB empregou também o Niva não? Vi um em Picos
Provavelmente como viatura administrativa.
O EB precisa abandonar a doutrina da WWII .
Quase todos os seus veículos modernos tem essa haste corta cabos.
Ou seja, hiper atrasado !
Se você for para o confronto real com esses veículos, você terá que fazer gambiarras.
Tipo isso: https://encrypted-tbn0.gstatic.com/images?q=tbn%3AANd9GcQFH8v-tnPklf_TlrqCB9eHOpeMl5xWVnkMyB9QDrFvhBtX_5D3
Ou, tipo isso: https://encrypted-tbn0.gstatic.com/images?q=tbn%3AANd9GcTrXLQbc7Ya2CfNo-JKpxnyGAMjJNa0AWCCSnE3OStSioJ-U_kN
Viaturas 4×4 do EB nas décadas de 80 e 90:
Jeep
Ford F-85 (versão militar da Rural)
Dodge M37
Chevrolet Engesa C14/C15
Bernardini Xingu
Toyota Bandeirante
Engesa EE-12 (versão militar do EE-4)
Engesa e Envemo EE-34
JPX (adquirido em meados da década de 90)
M151
Unmanned Ground Vehicle, pra quem pensa que drone somente voa…
(https://www.snafu-solomon.com/2019/10/qinetiq-north-america-and-pratt-and.html)
Se o fardo estiver muito pesado, ele carrega!!!!
(https://www.snafu-solomon.com/2019/10/grizzly.html)
Estrela de cinema:
(https://www.snafu-solomon.com/2019/10/ripsaw-m5-robotic-combat-vehicle.html)
Uma versão anterior apareceu em “Velozes & Furiosos”.
Seria interessante um jipe Agrale Marruá todo fechado e blindado 4×4 estilo o IVECO Lince.