PainelWW

O Painel WW de William Waack volta a tratar de questões internacionais. E traz três especialistas em Segurança Internacional – um deles residente nos Estados Unidos, para cujo governo já prestou serviços de inteligência.

O Brasil já sonhou em ser forte fabricante de armamentos, mas acabou se restringindo – e muito bem – com a Embraer. Mas o que interessa, hoje, são as novas formas de guerrear, que não necessariamente envolve armas, e sim inteligência, estratégia, tecnologia, softwares, hackers e muito mais.

Como fica o Brasil diante das mudanças em tecnologia bélica que definirão o novo cenário de equilíbrio militar?

• ALEXANDRE FUCCILE
Professor de Relações Internacionais na Universidade Estadual Paulista, a UNESP, e ex-presidente da Associação Brasileira de Estudos de Defesa, a ABED

• HUSSEIN KALOUT
Cientista Político, é Pesquisador da Universidade de Harvard, nos Estados Unidos, e colunista da Revista Época. Foi Secretário de Assuntos Estratégicos da Presidência da República

• SALVADOR RAZA
É o criador da metodologia do “Critical Redesign”, utilizada em todo mundo para reformas institucionais da segurança e defesa. Veterano da Marinha brasileira, trabalhou para o Departamento de Defesa dos Estados Unidos. É Professor da Análise de Conflitos e Projeto de Força. Também presta consultoria em Transformação Estratégica e Tecnológica. E dirige o CeTris Internacional, com sedes no Brasil, Guatemala e Estados Unidos

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Antoniokings
Antoniokings
5 anos atrás

‘O Brasil já sonhou em ser forte fabricante de armamentos, mas acabou se restringindo – e muito bem – com a Embraer. Mas o que interessa, hoje, são as novas formas de guerrear, que não necessariamente envolve armas, e sim inteligência, estratégia, tecnologia, softwares, hackers e muito mais.’

E o pior é que o Brasil também está muito atrás nessa área.
Eu considero que a guerra no futuro terá altíssimo nível de automatização (ou automação, como queiram) e uso de inteligência artificial.
O Brasil, infelizmente, ainda está engatinhando nessas áreas.

WVJ
WVJ
Responder para  Antoniokings
5 anos atrás

Em 34:30 Salvador Raza fala sobre mísseis hipersônicos como novo elemento de dissuasão, coisa que não se vê à venda ainda e que o Brasil, com esforço concentrado, pode correr livre pra experimentar e desenvolver a partir do 14-X.
Bora por a mão na massa Brasil!

Space Jockey
Space Jockey
Responder para  WVJ
5 anos atrás

Nisso concordo.

Dodo
Dodo
Responder para  Antoniokings
5 anos atrás

Negativo meu caro amigo, em guerra cibernética, o exercito está evoluindo bastante, tendo em suas equipes, grupos mto bem treinados de “hackers do bem” como eles mesmos se auto intitulam, inclusive ano passado foi inaugurado a escola de defesa cibernética, onde novos hackers militares estão neste momento sendo treinados

WVJ
WVJ
Responder para  Dodo
5 anos atrás

Além disso tudo que falou, o que precisamos conseguir é um meio de navegação por mapa imune a interferência eletrônica. Pra defesa basta isso pois nosso relevo é todo mapeado, ou não? Mapa + alguém pra iluminar a aproximação final nos daria certeza do resultado e pontaria.

Gabriel BR
Gabriel BR
Responder para  Antoniokings
5 anos atrás

Isso para quem tem dinheiro, no caso dos países abaixo da linha do Equador haverá um GAP tecnológico enorme.

Luiz Paulo
Luiz Paulo
5 anos atrás

A visão do Salvador Raza vai bem mais a frente, é mais ampla e atual. Os outros dois parecem ainda ter vestígios do “Brasil Potencia”.

O Alexandre imaginava que os países sul-americanos se aliaram como Estados na questão de defesa. Mas esqueceu a UNASUL era sim uma “aliança” puramente ideológica, que não vejo como poderia o Brasil aproveitar para sua base industrial de defesa.

O conceito de “clusters”, “nós” do Raza é muito bom para analisar essa area de defesa a nível global. Foi bem também ao falar sobre como as coisas tem caminhado para o compartilhamento de boa parte da base industrial, reservando-se as tecnologias criticas (vide F-35). Os outros ainda tem a ideia de fazer boa parte aqui. O Raza lembrou bem. “E a escala?”

Ótima entrevista. William sempre mandando muito bem.

tomcat4.0
tomcat4.0
Responder para  Luiz Paulo
5 anos atrás

O Raza matou a pau, tbm o cara vive neste meio e respira este assunto diuturnamente. Os outros dois meio que se perdiam em seus comentários e ,creio eu, ainda teem dor de cotovelo pela nossa saída da Unasul(que sabemos ,seria um bracinho armado bolivariano).

carcara_br
carcara_br
5 anos atrás

Um participante é ridiculamente defensor dos interesses americanos no Brasil, no final ao ser acuado e ter sua lógica colocada em cheque diz em alto e bom som desistam de desenvolver plataforma as comprem de quem já produz, perfeitamente alinhado aos métodos americanos de oferecer armamento a preços módicos via fms para países que de outra forma poderiam ter interesse em desenvolvê-los. Assumidamente uma estratégia para impedir o surgimento de industrias bélicas capazes…

Luiz Paulo
Luiz Paulo
Responder para  carcara_br
5 anos atrás

Em que planeta vc vive? Os americanos já mostraram um norte na produção compartilhada do F-35. Nenhum pais, nem eles, suportam produzir tudo em casa. Então, não tem nada a ver isso de “alinhados aos métodos americanos”. Eles podem se dar ao luxo de produzir muita coisa em casa, mas é outro contexto, não aplicável a nós.

Simplesmente o “gap” tecnológico nas mais diversas áreas é quase impossível para um país como Brasil conseguir tirar o atraso e desenvolver suas próprias plataformas sozinho. Pelo tempo (o modelo de guerra estar mudando) e pelo dinheiro que não temos. Aliás o próprio William informa em dado momento, quando foi dar uma palestra em algum lugar onde haviam vários oficiais da Aeronáutica, eles falaram “perdemos o tempo”, algo assim.

Agora é focar em tecnologias emergentes, em partes criticas (rede 5G, hipervelocidade, Satélites, IA, etc) e produzir o possível (financeiramente) aproveitando a nossa base já existente, e os itens disponível no mercado global.

Sempre essa ladainha de EUA “impedir o surgimento de indústrias bélicas capazes”. Ninguém quer que outros se desenvolvam. E pra fazer isso é necessário investimento pesado em PeD durante décadas, ter uma boa base, e ter escala. Não fizemos isso por culpa de políticos até hoje, então isso tem nada a ver com “culpa dos Eua”. Faça-me o favor….

carcara_br
carcara_br
Responder para  Luiz Paulo
5 anos atrás

Fui ler meu comentário pra ver se de fato eu culpo os EUA por alguma coisa e não. É o interesse deles vs os nossos. Não acho que sejam compatíveis…

Claudio
Claudio
Responder para  carcara_br
5 anos atrás

O brasileiro precisa evoluir mentalmente,pois vocês dificilmente verá um chinês ou um russo defendendo interesse americano no país deles, e se ver , é considerado traidor

Sagaz
Sagaz
Responder para  Claudio
5 anos atrás

E vc falando de brasileiro em terceira pessoa? Não é brasileiro? Será isso uma doença?

Atirador 33
Atirador 33
5 anos atrás

Interessante ver que passam tendências, tecnologias e métodos de enfrentamento, e os players globais não chegam as vias de fatos entre si, hora pelo poder nuclear, mas principalmente pela integração econômica, e nessa a China e o EUA, vão morrer abraçados. Quem perde nesse jogo, são os Irãs, coreiras, Vietnãs, Afeganistão, Síria, Libias e Ucranias da vida, que veriam massa de manobra política militar, mas entre as potências, nenhum enfrentamento em mais de 70 anos.
Abs

Fernando "Nunão" De Martini
Fernando "Nunão" De Martini
5 anos atrás

Ótimo painel.

Eu só discordo da ênfase exagerada em dizer que o foco tem que mudar radicalmente de hardware pra software (mesmo concordando com a importância fundamental deste, hoje e no futuro).

Porque se o hardware não funcionar, o diacho do avião não voa, o blindado não roda, o navio não zarpa, o míssil não lança. E aí o software da arma mais disruptiva que ainda vão inventar não servirá pra nada, não chegará fisicamente à distância de engajar um alvo real, físico, e não virtual.

Ainda é necessário investir em desenvolvimento das plataformas. Mesmo que sejam compradas fora, é especialmente importante investir na capacidade de mantê-las, e pra isso é preciso produzir hardware, na forma de peças de reposição. Você vai passar décadas mantendo a plataforma, e se a pecinha mais insignificante de hardware pifar, o avião cai, o navio fica à matroca, o blindado atola, e o míssil hipersônico de milhões de dólares dá chabu.

Tá cheio de exemplos por aí hoje de equipamentos sofisticados e parados por dificuldade (não somente técnica, mas financeira e de planejamento equivocado) de manutenção de hardware. A baixíssima disponibilidade do Eurofighter na Alemanha é um dos óbvios exemplos.

Fawcett
Fawcett
5 anos atrás

Volta e meia o William Waack aborda temas que dificilmente seriam tratados na TV. A sua demissão da Globo foi positiva neste sentido, dando mais liberdade ao jornalista. Ele é um dos poucos que produz conteúdo útil no YouTube.

Space Jockey
Space Jockey
5 anos atrás

Será que seria possível algo da família do 14-X entregar uma ogiva de uns 500 kg ?
pelo que li o projeto está ativo.

Mauricio R.
Mauricio R.
5 anos atrás

Ah acordaram para o 14-X!!!! Aquela sucata francesa reciclada, ou MANSUP está “desolé”… Falta acordarem para o DF-21D.

Space Jockey
Space Jockey
Responder para  Mauricio R.
5 anos atrás

Seja mais específico por favor.

Tadeu Mendes
Tadeu Mendes
5 anos atrás

O painel foi bom. Os comentários aqui estão ótimos ótimos (uma excepção).

Tirando o aspecto do jôgo de xadrez geopolítico, o denominador comum em um futuro conflito está totalmente alicerçado em tecnologias avançadíssimas.

Mas me estranha que nenhum dos participantes do painel tenham mencionado a Nanotecnologia e nem a robótica.

Eu penso que a nanotecnologia, a computação quântica, a robótica e a IA, serão as revoluções tecnológicas de maior impacto nos futuros campos de batalha, tanto real, quanto virtual.

Eu acho que o Brasil tem chances muito boas de pegar êsse bonde.

tomcat4.0
tomcat4.0
5 anos atrás

Muito interessante, a questão da integração de sistemas( junto a produção de itens de maior desgaste das plataformas, sejam aéreas, terrestres ou navais ) e o treino das equipes que utilizarão estes sistemas modernos e complexos, o nosso 14-X , o qual já está pra ser lançado se não me engano e que ,tem que continuar e ser efetivado, pois mísseis hipersônicos serão os “caras” do futuro em matéria de armas e dissuasão. Já vi comentaristas desdenharem da tinta que diminui o RCS ,no caso em aviões, mas imaginem esta tinta aplicada no Gripen E o qual já possui um RCS bem pequeno, poderia “quase” igualá-lo ao F-35 por exemplo na questão de furtividade e nisso teríamos nosso vetor furtivo a 1/5 ou menos do custo de se manter um F-35, fora a opção de poder aplicar esta tinta em qualquer plataforma a disposição de nossas forças armadas.

Gabriel BR
Gabriel BR
5 anos atrás

Minha visão sobre os desafios da Defesa Nacional no tema forças terrestres:
1º Nossa infraestrutura de transporte e comunicações é deficiente e cara, isso limita ou até mesmo inviabiliza nossa permanência em combate.
2º Estruturação dos serviços nacionais de inteligência e informações.
3º Dependência de fornecedores estrangeiros em áreas estratégicas da economia como agricultura e pecuária (A química fina dos nossos defensivos, remédios de uso animal, assim como os fertilizantes são em grande parte importados e sujeitos a embargos de potências estrangeiras e devem ser nacionalizados o quanto possível).
4º Estrutura de armazenamento de grãos e combustível insuficiente para garantir abastecimento em caso de crise prolongada.
5º Não somos autossuficientes em refino de petróleo.
6º Solucionar a crise hídrica do Nordeste de maneira a tornar a região autossuficiente na produção de alimentos( Megaprojetos de irrigação).

A principal ameaça ao Brasil são as SANÇÕES ECONOMICAS e o principal desafio é fazer o país não ter convulsões sociais , escassez generalizada e paralização da economia.

Alex Barreto Cypriano
Alex Barreto Cypriano
5 anos atrás

Bom programa.
Waack é um exemplo de inteligência clássica: usa, sempre, o conselho pascalino de exigir contas à memória do trecho lido ou ouvido, o que ajuda a fixar conteúdo pelo reforço.
No caso do INF, fiquei na dúvida se EUA saiu do acordo por causa da China – ainda que ela possa atingir o Alaska com um intermediate range missile – ou apenas pra retirar de vez essa pauta da lista de atritos com a Rússia, que, de toda forma, já desenvolvera capacidades de alcance intermediário. Pros EUA, mísseis de alcance intermediário baseados em terra não fazem sentido senão se apontados pra America do Sul ou extremo leste da Ásia…
Num mundo de nós (grumos) de composição variável, não dá pra planejar nada porque tudo muda em curto tempo, não só pros players regionais mas até pros grandes (lembrem como essa mudança ‘matou’ alguns programas da USN -os LCSs e os DDG-1000-?). Esse conceito é contraditório e temporário: uma hora dessas, a confusão da transição, o tal interregno, passa, a neblina se dissipa e tudo volta pra lógica tradicional ou o mundo vai se arrastar pra uma guerra de todos contra todos pelo motivo mais besta imaginável (como na I GM). Esse é o grande perigo que deve ser combatido com prudencia e paciência.

Alex Barreto Cypriano
Alex Barreto Cypriano
Responder para  Alex Barreto Cypriano
5 anos atrás

Hummm, mas parece que faz sentido o desenvolvimento de mísseis antinavio balísticos e de cruzeiro de alcance intermediário e curto/médio baseados em terra como alternativa barata à aquisição de fragatas, contratorpedeiros e aeronaves justamente no cenário do combate litorâneo.
https://www.usni.org/magazines/proceedings/2019/september/give-marines-and-soldiers-better-antiship-fires
Como esta alternativa mais em conta no âmbito do USArmy e USMC poderia afetar o orçamento, a pesquisa/desenvolvimento e aquisições da USN?…

jose luiz esposito
jose luiz esposito
Responder para  Alex Barreto Cypriano
5 anos atrás

Taiwan voltará a China , anote aí , se tens esperança em contrário , essa esperança é ZERO !