O século XXI e a arte da guerra: a defesa da coesão nacional
Por TC Daniel Mendes Aguiar Santos
Este artigo trata da evolução do cenário mundial pós-Guerra Fria e da sua influência na ‘arte da guerra’, evidenciando o potencial da ‘guerra híbrida’ para a erosão da coesão nacional. Parte-se da premissa de que a política é a ferramenta que dirige o poder no Estado, no intuito de atingir os interesses nacionais, tendo a guerra como instrumento de contingência para o uso legítimo da força. Contudo, o uso da força não se restringe à violência física, podendo alcançar a violência econômica, psicológica, diplomática, etc. (Clausewitz, 1976; Bobbio, 1987).
A guerra sustenta-se pela concreção de uma trindade: a mobilização do povo, a organização da força militar e a direção política. Com a sinergia dessas forças, o Estado enfrenta a ‘fricção’ e a ‘névoa da guerra’, conceitos clausewitzianos, que representam os óbices e as incertezas nos conflitos. O core da trindade está na ‘coesão’. Tal vocábulo reúne quatro significados: aderência; união; qualidade de uma coisa em que todas as partes estão ligadas umas às outras; e harmonia (Priberam, 2019). Sociologicamente, a coesão é o meio pelo qual os indivíduos mantêm-se integrados a um grupo social, compartilhando crenças, ideias, objetivos e ações. Sua antítese é a desintegração social, causa da extinção do grupo social (Bodart, 2016).
Historicamente, a guerra mostra-se em constante evolução (Lind, 2004). Em uma 1ª geração, estão as guerras baseadas no princípio da massa, travadas desde a Paz da Vestefália (1648) até a Guerra Civil Americana (1861), com destaque à concentração de soldados em linhas sucessivas. A seguir, a 2ª geração reúne as guerras centradas no poder de fogo e no combate linear, adotada pela França, durante e após a 1ª Guerra Mundial. Na 3ª geração, estão as guerras baseadas no movimento e na manobra, com o amplo emprego de blindados, aviões e rádio. A Alemanha foi a precursora dessa vertente, antes e durante a 2ª Guerra Mundial, enxergando a não linearidade na batalha.
Isto posto, cabe evidenciar que após a Guerra Fria, a bipolaridade deu lugar a um cenário complexo, deflagrando reajustamentos: Guerra do Golfo, Guerra Civil Iugoslava, guerras na África e conflitos no antigo espaço soviético. Pari passu, os anos 1990 foram palco do encurtamento das distâncias (com a evolução das comunicações e transportes), da intensificação da internacionalização da economia e da percepção do conhecimento como matéria-prima. Logo, o processo da globalização foi acelerado, promovendo a conectividade mundial por meio de uma ‘Revolução Informacional’. Contudo, o ideário da globalização foi impactado pelos atentados terroristas de 11 de setembro (2001) e, a seguir, degradado com o curso das Guerras no Afeganistão (2001), no Iraque (2003) e na Síria (2011).
Neste recorte, observou-se a ascensão de uma 4ª geração, guerras que evidenciam a relevância da tecnologia na composição do poder militar (computador, internet e robótica), alcançando os domínios cibernético e espacial. Ainda, a 4ª geração foi caraterizada pelo robustecimento de organizações terroristas e criminosas, que passaram a desafiar os Estados, arrastando a batalha para uma fricção assimétrica/irregular e implicando no fim do monopólio estatal sobre a guerra.
A seguir, a Guerra da Síria (2011) e a Guerra contra o ISIS (2014) passaram a evidenciar espécies de conflitos que transcendem os espaços geográficos e alcançam fronteiras virtuais, cibernéticas e sociais. Tornou-se recorrente a dualidade advinda da alternância de cenários de ‘guerra’ e ‘não guerra’, além da presença de atores transnacionais no espaço de batalha. Assim, com ou sem o patrocínio do Estado, a capacidade e a letalidade de grupos armados não estatais têm aumentado e, inevitavelmente, instigado modelos de guerra não tradicionais.
Atualmente, enxerga-se uma guerra de 5ª geração, que avança a tecnologia da 4ª geração (drones, biotecnologia e nanotecnologia) e apresenta o uso da ‘guerra híbrida’ como um catalizador, conjugando capacidades convencionais, táticas de guerra regular/irregular, ações terroristas, coerção e indução da violência. A ‘guerra híbrida’ tem sido ativada tanto por Estados quanto por atores não estatais capazes de mobilizar o aparto necessário. Em particular, as forças clandestinas de uma ameaça híbrida não podem ser alcançadas por leis internacionais, impossibilitando a limitação da violência e, portanto, ampliando a sua liberdade de ação (Hoffman, 2007).
Esta dinâmica tem alterado as relações de poder tanto de atores conhecidos (ONU, OTAN, e ONGs) quanto dos novos players (crime organizado transnacional, grupos terroristas, movimentos radicais e mercenários). Logo, os Estados passaram a lidar com o robustecimento de organizações clandestinas, crises humanitárias e, principalmente, com ações de erosão que visam degradar a coesão e relativizar a soberania nacional. Sob este ângulo, a ‘guerra híbrida’ nos remete aos escritos de Sun Tzu – ‘A Arte da Guerra’. Nas suas reflexões, o estrategista chinês apresenta “a arte de semear a discórdia”, evidenciando que o principal segredo para vencer consiste em semear a divisão: nas cidades; no exterior; entre inferiores e superiores; de morte; e de vida.
No Brasil, a Política Nacional de Inteligência (2016), atenta ao cenário do século XXI, identificou 11 ameaças à segurança nacional, dentre elas: ações contrárias à soberania, ataques cibernéticos, corrupção, criminalidade organizada, interferência externa e terrorismo. A resposta a tais ameaças vem da conjugação dos meios da nação, acionados pela vontade nacional, na forma do Poder Nacional, integrando as expressões política, militar, econômica, psicossocial e científico-tecnológica. Para isso, a coesão nacional é a amálgama que capacita a obtenção e a manutenção dos objetivos nacionais (ESG, 2009).
Neste sentido, cabe destacar a Diretriz de Comandante do Exército, de 2019, que estabeleceu como primeira premissa “o fortalecimento da imagem do Exército como instituição de estado, coesa e integrada à sociedade”. Neste esforço, o lema do Exército, ‘Braço Forte, Mão Amiga’, é uma ferramenta informacional ímpar para o fortalecimento diuturno da coesão nacional, seja na defesa ou no desenvolvimento do Brasil.
Como conclusão, cabe enxergar que contrariamente às realidades universais da guerra, a sua natureza subjetiva sempre muda, em diferentes ritmos e épocas, indicando que “a guerra é mais do que um verdadeiro camaleão” (Clausewitz, 1976). Portanto, o estudo diuturno da ‘arte da guerra’ é crucial para a defesa do maior capital que um Estado pode ter – a coesão nacional. Fé na missão!
Referências
- BOBBIO, N. Estado, Governo, Sociedade: para uma teoria geral da política. Rio de Janeiro: Paz e Terra, 1987.
- BODART, Cristiano das Neves. O conceito de coesão social. Blog Café com Sociologia. Agosto, 2016. Disponível em: https://cafecomsociologia.com/para-entender-de-uma-vez-o-que-e-coesao-social. Consultado em: 06 maio 2019.
- BRASIL. Decreto Presidencial nº 8.793, de 29 de junho de 2016. Fixa a Política Nacional de Inteligência. Diário Oficial da União, Poder Executivo, Brasília, DF, 30 jun. 2016.
- CLAUSEWITZ, C. On War. Princeton: Princeton University Press, 1976.
- DICIONÁRIO PRIBERAM DA LÍNGUA PORTUGUESA. ‘coesão’. [on line] 2019. Disponível em: https://dicionario. priberam.org/coes%C3%A3o. Consultado em: 06 maio 2019.
- ESCOLA SUPERIOR DE GUERRA. Manual Básico: assuntos específicos. Rio de Janeiro: Escola Superior de Guerra, v. 3, 2009.
- EXÉRCITO BRASILEIRO. Diretriz do Comandante do Exército. Gen Ex Edson Leal Pujol. 2019. Disponível em: http://www.eb.mil.br/. Consultado em: 06 junho 2019.
- HOFFMAN, F. G. Conflict in the 21st Century: the rise of hybrid wars. Arlington: Potomac Institute for Policy Studies, 2007.
- LIND, W. S. Understanding fourth generation war. Military Review, Fort Leavenworth, v. 84, n. 5, p. 12, set. /out. 2004.
- SANTOS, Daniel Mendes Aguiar et al. A arte da guerra no século XXI. Coleção Meira Mattos: Revista das Ciências Militares, Rio de Janeiro, v. 13, n. 46, p. 83-105, abr. 2019.
- TZU, Sun. A arte da guerra. Tradução de Sueli. Barros Cassal. Porto Alegre: L&PM Editores, 2006.
FONTE: Agência Verde-Oliva/CCOMSEx
E, dentro em breve, teremos (ou já temos) a 6ª geração, não de guerra propriamente dita, mas de conflitos.
Será um cenário onde não serão disparados tiros e sim utilizados um conjunto de pressões políticas e econômicas que tentarão subjugar os adversários.
Pelo menos no que tange às grandes nações.
Já em conflitos assimétricos, poderemos encontrar algumas refregas militares.
Não sei se adianta porque vários países embargados e sob forte pressão política e diplomática continuam aí, alguns fazendo armas nucleares.
Até adiantaria se o povo desses países tivesse poder de escolha, mas em ditaduras não resolve muitas vezes. Com os governantes preferindo ver o povo morrer de fome do que aceitar que perderam.
Essa é uma a questão.
O equilíbrio chegou a tal ponto que alguns países ‘protegidos’ não são atacados pela super-potência adversária por causa das greves consequências políticas e econômicas decorrentes disso.
Eu acho engraçado e alguns países poderosos e arvoram em ter quantas armas nucleares quiserem e impor aos demais que não tenham no oriente médio os árabes e persas são policiados e não podem ter tais armas enquanto Israel tem centenas de bombas nucleares
António, mas isso sempre ocorreu, a diferença é que agora as nações começam a demonstrar-se mais propícias a responder.
Peter nine-nine
Na década de 1940, os EUA adotaram algumas medidas econômicas contra o Japão, bloqueando seu desenvolvimento, e isso levou a uma guerra entre os dois.
Atualmente, os EUA estão tentando algo parecido com a China e estamos assistindo uma guerra comercial.
Sem conflitos militares.
Mesmo porque, atualmente um conflito deste nível, poderia destruir o Mundo inteiro.
Concordo com Peter.. isso sempre aconteceu, ou vcs acham que a Pérsia deixava Atenas comercializar com os povos da Asia menor durante o período de guerras? Porem agora os mercados são globais e as potencias precisam ser ainda mais forte politicamente e militarmente para embargar e subjugar outras nações.
Tem razão, vejo isso nos ultimos 40 anos…
Na parte de guerra guerra cibernética acredito que o EB devia melhorar, se sabe que existe uma unidade que só cuida disso, mas não temos noção da capacidade de atuação deles, poderíamos trazer ex membro do 8200 da IDF para nos ensinar ou treinar com eles, a guerra cibernética vai ser tão importante quanto a infantaria no solo.
é pra ser secreto,porque vc quer que divulguem nossa capacidade pro inimigo.
não precisa divulgar tudo, o nós sabemos a capacidade do EB, qual MBT usa, fuzil, Artilharia, Blindados, queria saber a capacidade e não tudo que eles podem fazer, eu sei que a 8200 existe e a NSA existe, mas não sei tudo que eles podem fazer.
para o bom entendedor meia ………….
Quem planejou os ataques de 11 de setembro, tinha em mente arrastar todas as grandes potências e seus aliados, para uma guerra de logo prazo, onde os desdobramentos e efeitos seriam incalculáveis.
Hoje células terroristas transitam entre campos de batalhas convencionais, guerra cibernética, e atuação através de células ativas e inativas.
Podendo ficar meses e até anos esperando uma chance de atacar.
Conseguir monitorar e prevenir estas ações é o grande desafio dos governos atuais.
Hoje terroristas podem estar combatendo no front pelo ISIS, no Iraque ou Síria e meses depois estar assistindo um jogo de futebol em qualquer estádio europeu.
Tomara que esta praga chamada terrorismo não chegue até o Brasil.
inevitalvemente a medida que o brasil for se inserindo no tabuleiro da geopolitica global assim como no passado vai enfrentar esse tipo de problema,se na guerra fria tinhamos que combater insurgentes e guerrilheiros de orientação comunista que foram inseridos por potencias estrangeiras.Nada pode impedir que no futuro tenhamos o mesmo problema so que no contexto totalmente diferente
Não vejo razões para os jihadistas se aventurarem por estas bandas, não tem nada estratégico aqui para eles, diferente da Europa, África, OM e América do Norte. O maior problema do Brasil é o tráfico de drogas aumentar seu poderio bélico, aí sim teremos dores de cabeça maiores. A única coisa que pode impedir isso é a descriminalização das drogas. Se continuar do jeito que está, eu não queria estar na pele da polícia ou dos moradores de zonas dominadas pelo tráfico num futuro próximo.
Jhiradistas talvez não mas facções que atuam hoje no Brasil podem muito bem se sofisticarem com ajuda externa e dependendo do interesse da potência estrangeira podem atuar de maneira organizada para desestabilização do governo.
Tem vários estudos afirmando que descriminalizar as drogas não resolve. Não tenho conhecimento para afirmar muito, mas segundo algumas pessoas que combatem o tráfico no Brasil alguns países que descriminalizaram se arrependeram ou tiveram aumento na criminalidade.
Fonte: Times New Roman. Huehueheueu
Pedir informação a quem combate é idiotice, os caras criaram ódio do tráfico, jamais espere qualquer racionalidade dessa gente, suas ações e seus objetivos são puramente sentimentais. Vão continuar como cachorros atrás da própria cauda, sem efeito prático, à não ser o aumento dos cadáveres por causa do mercado negro das drogas.
E a questão das drogas é uma questão de liberdade, se eu posso encher minha cara de álcool, Joãozinho também pode encher a cara dele do que quiser. É também uma questão de economia, nunca ouvi falar da Bayer trocando tiros com outra empresa qualquer por causa da heroína farmacêutica vendida legalmente nos EUA.
Desculpe, mas não deveria fazer piada com o trabalho de profissionais qualificados que não conhece.
Fala sem saber….
Só para o seu conhecimento legalizar drogas não acaba com mercado negro. Talvez no caso do Brasil até diminua a violência, mas no caso de outros países há sim controvérsia sobre a eficácia dessas medidas.
E também drogas não se resumem apenas a maconha.
Pedir informação para quem combate e estuda o assunto é “”idiotice”” Deve ser, especialistas em segurança pública, psicólogos e psiquiatras são uns inúteis.
Melhor escutar os usuários ou aquela turma que defende bandido em troca de voto nas comunidades….
Vamos pegar dados do Uruguai e ver como a taxa de homicídios por 100 mil habitantes evoluiu por lá, sendo importante rememorar que a maconha foi legalizada em 2013.
2012: 7,8 homicídios para 100 mil habitantes
2018: 11,8 homicídios para 100 mil habitantes.
Esses números indicam claramente que a criminalidade no Uruguai não diminuiu após a legalização da maconha; ao contrário ela aumentou substancialmente.
pra liberar as Drogas antes tinha que privatizar o SUS, pois drogado fica doente psicologicamente, sofre acidentes, adquire várias doenças, ou é agredido, essa conta tem que ser pagos por eles e não pela população.
Isso é verdade, assim como fumantes, alcoólatras, diabéticos, hipertensos, todos irão pagar pelos seus vícios e abusos. Perfeito! Liberdade com responsabilidade.
Mas esses aí já contribuem, periodicamente, para o Sistema Universal de Saúde!
Liberdade com responsabilidade, exatamente!
Diabéticos e Hipertensos?????? E patrulhismo…
O abuso do consumo de certos alimentos industrializados podem causar essas doenças. Se o fulaninho não pode usar o SUS por que encheu a cara de cocaína e está pagando o preço por seus vícios, beltraninho também não pode usar para tratar a cirrose adquirida pelo abuso de álcool, nem da diabetes pelo abuso no consumo de açúcares, e nem a da hipertensão ou o colesterol alto pelo abuso de certos alimentos gordurosos. É igualdade segundo o Estado né meus amigos? Podem patrulhar os drogadinhos, mas os alcoólatras, fumantes, comedores de doces e gorduras e usuários de medicamentos tarja preta não podem ser patrulhados? Cadê a igualdade perante o Estado?
Está faltando a sociedade apoiar o enfrentamento ao tráfico.
Hoje em dia, a mídia, alguns políticos, algumas instituições parecem aliadas do tráfico e informações inimigos da sociedade.
Podem colocar Deus nesta guerra, vai perder e feio. É a guerra do parasitismo e do totalitarismo estatal contra o empreendedorismo e a inovação, muito embora traficantes gozem de um monopólio concedido pelo estado.
Caro Colombelli,
As FARC tem grande parte de seu financiamento através do tráfico de drogas, contra isso seu governo conservador/cristão/testosterona high/blábláblá nada pode fazer. Se insistirem nesta guerra continuarão a amargar milhares de inocentes vítimas da violência criada pelo mercado negro das drogas, incluindo sua amada PM.
Texto muito interessante, sobre tema de altíssima relevância e bem escrito. Eu compreendo que o conflito contra o Isis e a guerra na Síria são usados como exemplos de guerra híbrida, mas acredito que o que se passa na Ucrânia também é um caso de guerra híbrida.
Na verdade é preciso diferenciar “Guerra hibrida” de “Guerra Assimétrica”, na guerra hibrida um dos atores não é estatal. Guerra Assimétrica é algo na linha das “guerras brasílicas” e sim fomos nós brasileiros que a inventamos!
Na verdade é preciso diferenciar “Guerra hibrida” de “Guerra Assimétrica”, na guerra hibrida um dos atores não é estatal. Guerra Assimétrica é algo na linha das “guerras brasílicas” e sim fomos nós brasileiros que a inventamos!
—-
Na guerra na Síria, há uma enorme presença do estado do lado dos opositores do regime de Assad.
Caças turcos abateram um combatente sírio alguns anos atrás. Os grupos turcos contam com o apoio direto da Turquia, tanto como assessores e voluntários, quanto como armas. E não apenas grupos turcomanos. A Turquia ocupou parte do território sírio.
Grupos curdos são apoiados pelos americanos. Aviões americanos derrubam a Síria. Parte do território da Síria, ocupado pela coalizão ocidental.
As monarquias do Golfo Pérsico são apoiadas por grupos jihadistas.
Então, na Síria, uma presença estatal muito grande.
Acho que a Ucrânia sim, guerra assimétrica como a participação de uma força regular dando apoio e cobertura. Muitas vezes até participando das batalhas.
Eu pessoalmente acho estranho o Exército ser usado para fins que não a guerra convencional.
Um dos fatores do despreparo argentino e consequente derrota em 1982, foi o fato de suas FA’s serem usadas na repressão interna, o que levou a uma derrota perante um poder militar externo.
Uma instituição deveria ser criada especificamente para essas novas formas de guerra.
Prezado
Bom dia
Não se entende mais a guerra como convencional ou não.
Há ações de alta e baixa intensidade, ao mesmo tempo que ocorre pacificação, apoio à Def Civ etc.
É o Amplo Espectro da Guerra Moderna.
As Forças Armadas de todo mundo estão verificando isso. Como ser preparado para Alta Intensidade, baixa, pacificação e GLO?
Hoje, não se prepara como antes, sendo o preparo baseado em Capacidades.
Sds
O que ele quis dizer é que não acha eficiente um Exército ser usado para fins de guerra híbrida, já que a ação militar seria justamente a última parte do cenário em que todos os métodos não-convencionais foram usados e não obteve êxito.
Pense bem, as guerras não são mais declaradas e, tendo começado, seguem de acordo com um modelo desconhecido. O foco dos métodos aplicados de conflito foi alterado na direção do amplo uso de medidas políticas, econômicas, informativas, humanitárias e outras medidas não-militares – aplicadas em coordenação com o potencial de atingir o objetivo de conquistar aquilo que deveria ser conquistado.
Tudo isso é complementado por meios militares de caráter oculto, incluindo a realização de ações de conflito informacional e as ações das forças de operações especiais. O uso aberto de forças – muitas vezes sob o disfarce de manutenção da paz e regulação de crises – é usado apenas em um determinado estágio, principalmente para alcançar o sucesso final no conflito. Os soviéticos foram exímios jogadores de guerra híbrida do século XX na qual mascaravam invasões a países com exercícios militares e desinformação como foi com a Checoslováquia em 68, aliás isso era uma doutrina levado muito a sério na URSS, por isso no exercício Able Archer 83 da OTAN, os soviéticos quase começaram uma guerra imprudentemente na qual pensaram que seriam invadidos por justamente esta ser a característica fundamental da doutrina soviética.
A Rússia detém uma visão de guerra moderna totalmente útil, isso foi influenciado pela doutrina Gerasimov(chefe do Estado-Maior russo), na qual afirma que: “o papel dos meios-não militares de alcançar objetivos políticos e estratégicos cresceu e, em muitos casos, eles excederam o poder da força das armas em sua eficácia”. A estratégia de “guerrilha” na qual todos os métodos são inseridos e aplicados como desinformação, sabotagem econômica e industrial, táticas cibernéticas e outras não são mais a ponta de lança, mas sim a forma real de vencer um oponente sem usar o exercício da força militar e subjugar o inimigo sem lutar no campo de batalha. Um bom exemplo dessa doutrina é a guerra na Ucrânia na qual separatistas ucranianos foram armados e financiados pelos russos e mascarados russos foram vistos no cenário de guerra híbrida com total desinformação por parte do Kremlin negando os fatos relatados por viveres da guerra e divulgados na imprensa ocidental, esta foi a doutrina Gerasimov em prática e a mesma coisa acontece na Síria todos os dias.
Os Estados Unidos são o alvo mais recente. O estado de segurança russo os define como o principal adversário. Os russos sabem que não podem competir – economicamente, militarmente, tecnologicamente – para criar novos campos de batalha. Eles não pretendem se tornar mais fortes que os estadunidenses , mas enfraquecê-los até que sejam equivalentes. A Rússia pode não ter hackeado as máquinas de votação americanas, mas ao amplificar seletivamente desinformação nas mídias sociais – às vezes usando materiais adquiridos por hackers – e forjar alianças de informações com certos grupos nos Estados Unidos, sem dúvida ganhou uma batalha significativa sem que a maioria dos estadunidenses estejam percebendo que já aconteceu. O sistema eleitoral dos EUA é o coração da democracia mais poderosa do mundo, e agora – graças às ações russas – estão presos em uma discussão nacional sobre sua legitimidade. Os russos criaram um campo de batalha na qual nem um único tiro foi disparado e a gerra é entre os próprios cidadãos dos EUA.
“O espaço da informação abre amplas possibilidades assimétricas para reduzir o potencial de combate do inimigo”, escreve Gerasimov.
Isto é bem diferente do cenário da Guerra Fria, na qual o exercício militar vinha em primeiro lugar e que todos os outros conceitos e métodos eram auxiliares das práticas militares, e que o Exército era formado para vencer batalhas táticas e não estratégicas. Pense na doutrina militar dos EUA na Guerra Fria, principalmente na época de Ronald Reagan, na qual os pensamentos de aperfeiçoar suas habilidades de contra-insurgência ou de uma busca para descobrir a melhor forma de participar de empreendimentos de manutenção da paz(Haiti) e construção de nações(Iraque pós-2003) estavam longe de suas prioridades doutrinárias, e que o desafio era vencer qualquer cenário de guerra soviética concebível, seja ela convencional ou nuclear, isso transformou as forças armadas dos EUA ao final da Guerra Fria na qual eram uma força formidável e grande em tamanho e muito bem equipados, os resultados dessa doutrina foram mostrados na Primeira Guerra do Golfo. Porém sua doutrina havia mudado com a queda da URSS e isso criou paralelos na questão do uso das forças armadas e desvirtuou o longo processo criado na era Reagan, o exemplo tomado são as guerras do Afeganistão e Iraque, no que se pode dizer que foram de tudo, menos decisivas mesmo com o uso da força, ganhando apenas vitórias táticas e não estratégicas.
É relativamente fácil para as forças armadas dos EUA derrotar as forças convencionais, pois são basicamente alvos que podem ser identificados e destruídos em faixas seguras. Lidar com insurgentes é uma tarefa muito mais difícil porque os insurgentes se escondem entre civis e atacam de grande vantagem. Somente quando as apostas forem muito altas, o público americano tolerará as medidas duras, muitas vezes brutais, e os sacrifícios significativos que precisam ser mantidos ao longo dos anos para suprimir insurgências. Novos manuais que repetem velhas verdades sobre o fornecimento de segurança, infra-estrutura vital, bom governo e oportunidades econômicas para as populações locais, a fim de isolar e derrotar o inimigo furtivo, não eliminam esse teste de vontades. A doutrina dos militares dos EUA deveria ser evitar combater as contra-insurgências e os tornar aptos a vencer guerras híbridas na qual o exercício da força deveria ser garantir vitórias estratégicas.
Nesse parâmetro, as forças armadas russas estão bem a frente de qualquer exército, e me atrevo a dizer que o exército russo hoje é bem superior com muito mais capacidade e melhor equipado do que o exército soviético, apesar de esse ter sido mais numeroso.
Caro Delfim, os Argentinos perderam apenas para uma das 5 forças mais bem treinadas do Planeta, foi só isso que aconteceu.
Que quase apanhou dos argentinas, nação subdesenvolvida.
Nos dias de hoje na maior parte dos casos basta uma mala bem recheada de dinheiro para as pessoas certas que vc toma um país sem disparar um único tiro…
Na verdade a guerra sempre foi hibrida e nesses últimos tempos o que mudou foi a sofisticação e proporção do envolvimento de “instrumentos não convencionais” na totalidade do conflito. Por exemplo: O que chamamos de Fake News existe a milênios e o que mudou foi a sofisticação dos meios pelos quais ela é propagada…enfim a guerra é um fenômeno politico , com causa politica , viabilizada pela politica…
Me lembro do Sivam quando tinha um processo nos EUA onde foi detectado irregularidades, a própria CIA colocou panos quentes para na afetar um aliado, agora com o governo de esquerda com a história da URSAL etc a CIA não mediu esforços para colocar o barbudo na cadeia.
Lembro da visita à sede da CIA pelos dois heróis do Brasil, lembro das declarações recentes (vazadas das conversas no Telegram) de que o FHC é um aliado etc etc
Conclusão é tudo farinha do mesmo saco nessa sacanagem!!
Não sou de esquerda nem de direita, mas também não sou tonto ao acreditar nessa gentalha, pra mim todos são ladroagem!
Acho estranho esses textos dos militares Brasileiros, cheio de dedos para não melindrrar os comuno-globalistas . Por isso, sempre parecem monumentos teórico ao nada. Ora, dentro da própria politica Brasileira existe toda uma corrente centro e esquerda que outra coisa não fazem do que desagregação pela corrupção e pela criação de inúmeras divisões artificiais no território e no povo. Uma ameaça, o trafico e consumo de drogas, responsável por 80% da violência que mata 60.000 por ano , deveria ser combatida firmemente, mas o EB nem quer ouvir sobre isso. Um fator de coesão e defesa da Pátria, decisivo atualmente, nem é citado: um Serviço de Inteligência e contra-inteligência agindo ofensivamente pelos interesses Nacionais. Medo de críticas pelos bons serviços prestados pelo saudoso SNI?
Essa imagem me lembrou, a grande mídia nunca mais falou da Síria né?
Tudo muito bonito, mas alguém reparou que a idéia de guerra se expandiu a ponto de não se diferenciar de dinâmicas sociais? Chegamos ao ponto em que tudo é expressao de guerra, da disputa pela biqueira de fumo passando pela eleição do síndico até a submissão de operadores e decisores da economia e politica nacionais a interesses exógenos. Chegou-se à essa hibris justamente pelo condão do tal globalismo, que apaga fronteiras, explora brutalmente recursos naturais e translada ou mata populações inteiras sob os mais descabidos pretextos nobilitantes. O Estado nacional coeso é apenas uma ilusão retrospectiva…
Muito Excelente!
MMHPD!!
Enfrentamos um cenário pior no Brasil, porque aqui tudo que visa o nacionalismo popular e taxado como “comunismo” e a classe média, a bucha de canhão dos Lemmans da vida, instaura desde o primeiro momento a luta em defesa de tudo o que a verdadeira elite quer. É passado essa coisa de tomar as fábricas e afins, o que precisamos aqui é agir como o G8 age lá fora, ou melhor, como Trump age nos EUA, COM APOIO INCONDICIONAL da nossa direita: O país em primeiro lugar. O interessante é ver que o que recebe aplausos de nossa direita e conservadores em relação ao que é feito nos EUA pelo Trump, aqui é taxado de “comunismo” e anti cristão. De 2014 a 2016 fomos alvo de uma “revolução colorida”, bem aos moldes do que aconteceu em outros países não alinhados aos EUA, infelizmente, fomos derrotados. Temos que lutar contra os inimigos externos e os internos, porque, aqui, boa parte de nosso povo sonha em ser yanke e viver em Miami e o país que se exploda!
Cansamos de ser roubados pela esquerda e direita, com corrupção extrema nunca vai ter união. Nem limpar os partidos dos corruptos os caras fizeram. Porque nem podem pois estão todos comprometidos.
Se elegeram para mudar o país, acharam que eram donos do Brasil e se apropriaram do sistema corrupto em benefício próprio.
Os caras fazem apologia aberta ao comunismo e escolhem uma vice do partido comunista, além de pregar a luta de classes….
Querem ser taxados de quê?
Já faz um tempo que afirmo que milícias e movimentos “independentistas” nas nossas fronteiras do Paraguai, Bolívia e Colômbia são nossas principais ameaças.
Assim, tenho afirmado que precisaremos de uma força de infantaria mecanizada de maior envergadura, em detrimento das Bgda Bld, que vão ficar eternamente chafurdando em Saicã.
Pois bem, agora ao ponto:
Muitos têm criticado, e com certa razão, o tamanho do EB e suas “regalias”. Mas este texto me faz pensar na importância de termos um exército com grande capilaridade e penetração na sociedade, inclusive com a “massa salarial” que lhe dá suporte.
Vou pensar nisso com mais atenção.
Como já dizia o Figueiredo, precisamos evitar a “pororoca social”
Aqui no Brasil essa coesão da sociedade festa cada vez mais distante. A propria mula que usa a faixa de presidente alimente diariamente o confronto entre brasileiros. Sem falar que o seu grupo e apoiadores estão se lixando para questão de soberania. lutam pra sermos vassalos de Israel e EUA. L A M E N T A V E L
*sociedade estÁ cada vez mais distante..CORREÇÃO
Com todo respeito ao autor, não gosto desse tipo de texto.
Não diz nada com nada.
É comum esse tipo de texto, com enumerações extensas, supostas verdades universais e pouco conteúdo ou análise.
Aprendi algumas coisas com o texto.
Mas me parece muito texto para pouco
conteúdo.
O que aprendi: sobre a coesão e as divisões internas – nos estados unidos e no Brasil grupos de extrema esquerda estão tentando desestabilizar governos para tentar impor suas “ditaduras”.
Não se trata de meras críticas ou de oposição.
É perseguição noite e dia e com a desinformação como meio de confundir a população e formar militantes zumbis.
Temos aqui uma interessante proposta de análise, em linhas gerais, da evolução da guerra como prática social. A linha abordada pelo autor foca na guerra como uma prática do Estado, que a linha de Clausewitz. Isso se vincula, como ele defende, a ideia de nação e é um reflexo do período ao qual o prussiano viveu,especialmente no contexto europeu. Muitos dos elementos que ele coloca da guerra híbrida já existiam isolados em outros momentos da história da guerra, porém a combinação dos mesmos é, talvez, a grande singularidade.
No entanto, ele nao leva em conta a abordagem do John Keegan (que sugiro com veemência aos interessados sobre os estudos da história e teoria da guerra!), que vê a guerra como prática cultural….que precede o Estado! Na visão institucional, a ação do Exército Nacional só encontra razão de ser no Estado/nação. Daí o temor de uma sociedade globalizada, com múltiplos referencias culturais e questionadora dos símbolos tradicionais de patriotismo e identidade nacional.
Outro ponto que enriqueceria a argumentação seria a dificuldade de profissionalização do EB ao longo de sua história, que viria realmente a tomar maior coesão há mais ou menos 100 anos (se considerarmos que o Estado brasileiro tem quase 200, há um “atraso” de 100 anos), da Missão Militar Francesa para cá (embora que foi no período Vargas que a coisa andou com força).
Por último e nao menos importante, há o lento processo de formação de uma identidade nacional, mais recente ainda que a profissionalização do EB. O Estado brasileiro demorou de alcançar todos seus cidadãos de maneira positiva (se é q alcançou) a ponto desses vincularem a participação na FFAA a um ato identitário, como ocorreu na Europa já no século XIX, ou outros atos cívicos em mais ampla escala.
ps: para os que nao percebem a utilidade de um debate desses, o estudo da guerra é muito maior do estudar ordens de batalha, dispositivos militares, unidades, armamentos e biografias de comandantes. Sugiro que leiam os recentes trabalhos que pesquisadores civis e militares produzem!
O livro A Terceira Guerra Mundial lançado em 1980 pelo General Sir John Hackett, já tratava sobre o assunto.
Segue o jogo…
O povo do gorro preto tem feito muita merda ultimamente.
Os conflitos serão longe das áreas urbanas?
Tu leu isso em algum lugar ou é resultado de um lampejo de criatividade???
Provavelmente o objetivo seja esse, acabar com o espírito combativo, uma forma de guerra assimétrica!