Amizade ou interesse?
Por Cel Swami de Holanda Fontes
Não existem países amigos; não há amizade. O que existe são interesses. Aliás, as nações estão em eterno conflito de interesses. Contraditório? Não.
Amigo é o indivíduo com o qual se mantém relação de afeto, consideração, respeito, lealdade e espírito de ajuda. Países não possuem nem sentimentos, nem remorsos. Mesmo que tenham ressentimentos, não dispõem de atributos afetivos. Contudo, isso não significa que sejam inimigos e que não exista cooperação entre eles.
Existe relação profícua quando há algo importante, útil, vantajoso, benéfico ou conveniente entre as partes. Assim, os povos relacionam-se na busca de obterem ganho. Às vezes os interesses colocam-nos em situações opostas, o que amplifica as divergências.
Ocorre desavença na falta de entendimento, na divergência e na contestação entre os envolvidos. Segundo o Manual de Campanha Estratégia – C 124-1, conflito “é o enfrentamento intencional entre oponentes, predispostos a usar variado grau de violência. Possui ampla faixa de abrangência que vai do conflito entre indivíduos ou grupos de indivíduos ao que ocorre entre Estados ou grupos de Estados. A guerra é o conflito no seu grau máximo de violência.” Dessa forma, países somente estão em situação de hostilidade quando há violência, em maior ou menor grau. A teoria do manual é estrita e contribui para limitar o conceito.
Atualmente, as disputas devem ser observadas num espectro mais amplo, pois “guerras ou divergências” acontecem, diariamente, nos diversos campos do poder, e não exclusivamente pelo uso da força ou da violência. Dentro de um mesmo território, também pode haver desentendimentos. Como exemplo, no Brasil, criou-se o conceito de “guerra fiscal” entre Estados ou cidades que aprovam incentivos fiscais com o objetivo de atrair empresas. Evidencia-se, nesse caso, clara disputa econômica entre governos estaduais ou municipais.
O conflito de interesses é a situação gerada pela discordância de algo importante entre os envolvidos. É nesse sentido que se explica o porquê de as nações estarem em eterna desavença. Normalmente, ela é vencida por aqueles que possuem maior poder para impor sua vontade.
Essa capacidade tem origem no potencial que o país tem de articular, de forma inteligente e criativa, seus diversos campos do poder, barganhando para atender a seus objetivos. O emprego de diferentes áreas do poder chama-se estratégia. E uma boa estratégia diminui as possibilidades de conflito.
No tocante à situação de divergências, podemos mencionar a ausência de relações diplomáticas entre China e Nicarágua e a disposição chinesa em investir num canal naquela região. Nesse caso específico, a China não reconhece a independência de Taiwan, adotando a postura de não manter relacionamento diplomático com governos que reconhecem a ilha como país.
A Nicarágua, que mantém relações diplomáticas com Taiwan, tem intenção em construir um canal para fazer frente ao do Panamá. Portanto, é candidata a receber investimentos chineses para a abertura dessa nova passagem pela América Central, unindo os oceanos Atlântico e Pacífico. A China, que é grande exportadora e importadora, é interessada nesse possível empreendimento, pois permitirá encurtar distâncias, barateando o custo dos fretes. Percebe-se, portanto, a existência de divergência política e interesse econômico entre as duas nações.
Algumas disputas não se resolvem sozinhas, por isso, há necessidade de conciliadores, mediadores, tribunais, comissões, organizações e instituições, entre outros, para a solução dos conflitos. Mesmo que os países possuam fortes relações comerciais, nada impede que haja, por exemplo, divergências em taxações de produtos negociados entre eles. Nesses casos, é preciso que organismos busquem uma solução para essas controvérsias de menor intensidade.
Como se observa, ainda que povos não estejam em guerra, podem entrar em conflito em outros campos, normalmente, no econômico. Ainda que haja parcerias econômicas, sempre serão questionados se há vantagens mútuas ou “soma zero” entre eles. “Ganha-ganha” ou jogo de “soma não zero”, no contexto da teoria dos jogos, são aqueles em que todos os participantes se beneficiam de forma cooperativa. Segundo a mesma teoria, o jogo de “soma zero” refere-se ao ganho de um jogador que implica, necessariamente, na perda do outro. É possível que nas relações internacionais o jogo de “soma zero” esteja mais próximo da realidade, mesmo que no dia a dia essa situação não seja ostensiva e tão explícita.
O biógrafo grego Plutarco, nascido há quase dois mil anos, escreveu diversas obras, entre elas, “Como tirar proveito de seus inimigos”. Apesar de o livro tratar do aperfeiçoamento moral entre homens, fazendo analogia simplista em relação à convivência entre nações, pode-se considerar, como reflexão, um dos seus pensamentos: “É próprio de um homem ponderado tirar proveito de seus inimigos”.
Desse modo, não significa que os países sejam inimigos, mas é de sua natureza a busca de vantagens. Eles sempre procuram obter ganhos quando se relacionam, sendo obrigados a ceder em algum ponto. É verdade que pode haver afinidade entre povos, seja por ligações culturais, seja pela origem comum ou conveniência, mas os benefícios nacionais serão prioritários. Nas relações internacionais, reza a máxima “amigos, amigos, negócios à parte”. O que existe são os interesses de cada um, afinal, “uma coisa é a relação de amizade, outra é a comercial”.
FONTE: Agência Verde-Oliva/CCOMSEx
Com certeza! E tem um certo país ai, que não acorda para vida e não se equipa como deve! Tantos países de olho em nossas riquezas e nossas forças armadas a cada dia se deteriorando mais ainda! Hoje estamos em paz, mas vai chegar um tempo que não estaremos e não teremos meios necessários em nos proteger de algum invasor forte!
Não temos que investir em independência tecnológica e militar
Devemos agradar bastante ou os EUA, ou a China ou a Rússia, aí um desses países serão nossos amigos e nos ajudarão de boa fé à nos protegermos e se desenvolver
Sinceramente, que comentário infeliz.
Fui sarcástico, pra tentar evidenciar o quanto é absurdo o pensamento de muitos no Brasil, inclusive em nossa elite “intelectual” e política
Kkkkkkk boa Camillo! Esse é o pensamento de muitos comentaristas adoradores Americanos ou Russos desse blog, que venda tudo, venda tecnologia desenvolvida (vide Embraer), nao compre transferência tecnologica é bobagem, compre só o produto e se possível americano. Ou cabeças pequenas ou espiões das duas uma, é espantosa a falta de nacionalismo.
Camillo foste perfeito ! Eu coloco isto em quase todos os comentários que faço , repare bem que não temos Política Externa , com este governo então . Repare não existe equidistância entre o Brasil e as principais Potências , estamos sempre atados ao nosso Mui Amigo do norte , durante o Governo LULA tivemos sim um Ministro do Exterior brilhante , penso que PEDRO II estava feliz em sua Tumba , mas a partir de Dilma desgraçadamente os Ministros do Exterior e notadamente o atual , estão no Cargo por Empreguismo , o atual faz até um papel ridículo , andando atrás dos EUA para fazer um belo acordo caracu para a Base de Alcantara !
Leitura obrigatória para muitos tomadores de decisões de política externa no Brasil. Belíssimo texto. Parabéns.
Amizade é quase amor, e amor só de mãe.
Canal cortando a niicarágua ? Não pode! Os ambientalistas não vão deixar.
Amizada e interesses em nivel de relações internacionais, não podem, ser medidas com parâmetros de relações intra pessoais.
O pessoal da política externa do Brasil deveria obrigatoriamente ler este texto,na verdade todos no GF em todas as instancias . Nos falta patriotismo, mas creio que vem de berço, pais levando os filhos pra ver desfile de 7 de Setembro já ajuda bastante a estimular as crianças ao invés de levar em parada gay e etc.
Sem patriotismo o povo nunca vai apoiar investimento em defesa, até aqui no blog se vê gente sempre defendendo que se tem que investir nisso e naquilo em detrimento da defesa de onde saem várias tecnologias que beneficiam a vida de todos e em várias áreas.
Há somente pouco mais de 20 países que ainda reconhecem Taiwan como ‘nação’. Destes 20 e poucos, imagino que o Vaticano seja o ‘mais valioso’ pela sua significância geopolítica, se bem que o Vaticano também tem seus interesses: assim como os demais países tão de olho no mercado doméstico chinês de 1 bilhão de consumidores, o Vaticano ‘enxerga’ um mercado de alguns milhões de ‘almas’ (e outras tantas ainda a serem convertidas, kkkk).
Tá na cara que quando o tal canal sair do papel, a Nicarágua vai se bandear pro lado da China continental: será esse o ‘preço’ que o país (do ‘temido sandinista’ Ortega, kkkkkk) vai cobrar dos chineses para o reconhecimento diplomático.
Quanto ao pensamento que norteia o artigo do Coronel, que se baseia na frase do Churchill refira-se a amizade (ou ‘inimizade’) entre países baseada numa relação entre iguais, sem que haja alguma coerção forçosa seja de âmbito militar ou econômica.
Um belo texto sobre política externa, serve também para relações entre agências de inteligência, mas analisando os ministros de relações exteriores dos últimos governos dá pra ver a causa de sermos considerados anões diplomáticos.
Sensacional esse texto Geopolítico.
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Minha opinião Brasil acima de tudo e de todos.
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O Brasil tem que fazer que nem a China comprar armamento e fazer engenharia revesa, espionagem enfim tudo para o pais ser independente, construir a bomba, desenvolver misseis intercontinentais etc….
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Agora minha opinião sobre a Nicarágua eu acho repito eu acho que a china vai conseguir construir esse canal!!!!; Infelizmente não posso dizer o porque senão terrei meu comments wiped out.
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Invasão a Nicarágua está próximo!!!
Bom texto. Só não concordei com o “biógrafo”. Lucio Mestrio Plutarco foi muito mais.