Gastos militares globais continuam altos em US$ 1,7 trilhão
ESTOCOLMO – O total de gastos militares mundiais subiu para US$ 1,739 trilhão em 2017, um aumento marginal de 1,1% em termos reais em relação a 2016, de acordo com novos números do Instituto Internacional de Pesquisa para a Paz de Estocolmo (SIPRI).
As despesas militares da China aumentaram novamente em 2017, continuando uma tendência ascendente nos gastos que duraram mais de duas décadas. Os gastos militares da Rússia caíram pela primeira vez desde 1998, enquanto os gastos dos Estados Unidos permaneceram constantes pelo segundo ano consecutivo.
“A continuação dos altos gastos militares mundiais é motivo de séria preocupação”, disse o embaixador Jan Eliasson, presidente do Conselho de Administração do SIPRI. “Isso prejudica a busca de soluções pacíficas para conflitos em todo o mundo”.
Após 13 anos consecutivos de aumento de 1999 a 2011 e gastos relativamente inalterados de 2012 a 2016, o gasto militar global total aumentou novamente em 2017*. Os gastos militares em 2017 representaram 2,2% do produto interno bruto (PIB) global ou US$ 230 por pessoa.
“Os aumentos nos gastos militares mundiais nos últimos anos foram em grande parte devido ao crescimento substancial dos gastos dos países da Ásia e Oceania e do Oriente Médio, como China, Índia e Arábia Saudita”, disse o Dr. Nan Tian, Pesquisador do SIPRI e Armas e Despesas Militares (AMEX). “No nível global, o peso dos gastos militares está claramente se distanciando da região euro-atlântica”.
China lidera aumento contínuo de gastos na Ásia e Oceania
As despesas militares na Ásia e na Oceania aumentaram pelo 29º ano consecutivo. A China, o segundo maior gastador global, aumentou seus gastos militares em 5,6% para US$ 228 bilhões em 2017. Os gastos da China como parcela das despesas militares mundiais aumentaram de 5,8% em 2008 para 13% em 2017.
A Índia gastou US$ 63,9 bilhões em suas forças armadas em 2017, um aumento de 5,5% em comparação com 2016, enquanto os gastos da Coreia do Sul, US$ 39,2 bilhões, aumentaram 1,7% entre 2016 e 2017. “As tensões entre a China e muitos de seus vizinhos continuam impulsionando o crescimento gastos militares na Ásia”, disse Siemon Wezeman, pesquisador sênior do programa SIPRI AMEX.
Gasto cai drasticamente na Rússia, mas aumenta na Europa Central e Ocidental
Com US$ 66,3 bilhões, o gasto militar da Rússia em 2017 foi 20% menor do que em 2016, a primeira queda anual desde 1998. “A modernização militar continua sendo uma prioridade na Rússia, mas o orçamento militar foi restringido por problemas econômicos que o país experimentou desde 2014”, disse Siemon Wezeman.
Conduzidos, em parte, pela percepção de uma crescente ameaça da Rússia, os gastos militares na Europa Central e Ocidental aumentaram em 2017, em 12 e 1,7 por cento, respectivamente. Muitos países europeus são membros da Organização do Tratado do Atlântico Norte (OTAN) e, nesse contexto, concordaram em aumentar seus gastos militares. O gasto militar total de todos os 29 membros da OTAN foi de US$ 900 bilhões em 2017, representando 52% dos gastos mundiais.
Gastos mais altos da Arábia Saudita impulsionam aumento no Oriente Médio
Os gastos militares no Oriente Médio aumentaram 6,2% em 2017. Os gastos da Arábia Saudita aumentaram 9,2% em 2017 após uma queda em 2016. Com gastos de US$ 69,4 bilhões, a Arábia Saudita teve o terceiro gasto militar mais alto do mundo em 2017. Irã (19%) e Iraque (22%) também registraram aumentos significativos nos gastos militares em 2017.
“Apesar dos baixos preços do petróleo, conflitos armados e rivalidades em todo o Oriente Médio estão impulsionando o aumento dos gastos militares na região “, disse Pieter Wezeman, pesquisador sênior do programa SIPRI AMEX. Em 2017, o gasto militar como parcela do PIB (conhecido como “ônus militar”) foi mais alto no Oriente Médio, com 5,2%. Nenhuma outra região do mundo destinou mais de 1,8% do PIB aos gastos militares.
EUA não estão mais em declínio
Os Estados Unidos continuam a ter o maior gasto militar do mundo. Em 2017, os EUA gastaram mais com as suas forças armadas do que os sete países que mais gastaram juntos. Em US$ 610 bilhões, os gastos militares dos EUA permaneceram inalterados entre 2016 e 2017. “A tendência de queda nos gastos militares dos EUA que começou em 2010 chegou ao fim”, disse o Dr. Aude Fleurant, diretor do programa SIPRI AMEX. “Os gastos militares dos EUA em 2018 deverão aumentar significativamente para apoiar o aumento de pessoal militar e a modernização de armas convencionais e nucleares.”
Outros desenvolvimentos notáveis
- A China fez o maior aumento absoluto nos gastos (US$ 12 bilhões) em 2017 (a preços constantes de 2016), enquanto a Rússia registrou a maior queda (-US$ 13,9 bilhões).
- Os gastos militares na América do Sul aumentaram 4,1% em 2017, principalmente como resultado de aumentos notáveis dos dois maiores gastadores na sub-região: Argentina (alta de 15%) e Brasil (alta de 6,3%).
- Os gastos militares na América Central e no Caribe caíram 6,6% em 2017, em grande parte devido ao menor gasto do México (queda de 8,1% em relação a 2016).
- As despesas militares em África diminuíram 0,5 por cento em 2017, o terceiro decréscimo anual consecutivo desde o pico dos gastos em 2014. Os gastos militares da Argélia caíram pela primeira vez em mais de uma década (queda de 5,2 por cento em relação a 2016).
- Sete dos dez países com maior gasto militar estão no Oriente Médio:
* Omã (12 por cento do PIB),
* Arábia Saudita (10% do PIB),
* Kuwait (5,8 por cento do PIB),
* Jordânia (4,8% do PIB),
* Israel (4,7% do PIB),
* Líbano (4,5% do PIB) e
* Bahrain (4,1% do PIB).
Para ler o relatório do SIPRI em PDF, clique aqui.
Como pode-se ver, gastamos mal o orçamento militar. Não é questão de ter um “caça barato”, ou não ter porta-aviões, mas sim com o que devemos gastar nosso orçamento militar. Nem de longe temos a capacidade operacional que tem Itália, Austrália, Canadá e Turquia, afora outros que nem foram citados na matéria, mas que estão muito melhor equipados e treinados.
Ah, mas o problema é que “a classe política não disponibiliza o orçamento necessário”, será mesmo?!?! Enquanto isto, em alguma ensolarada praia brasileira…… tem algumas pessoas curtindo uma grande e gorda pensão, sem ter contribuído para isto.
Obs: Pensão é uma coisa, aposentadoria (ou reserva remunerada) é outra.
E na ativa o número de altos oficiais também aponta a ineficiência estrutural. É muito mal gasto o nosso dinheiro.
exato. o gasto com pensão, que passa para esposa, filhos até 24 anos é imenso e chega assustar.
O pior é que estes são um dos primeiros a criticar as forças armadas, mas vivem a custa dela.
E agora para cortar essa “teta”? Simplesmente não dá.
Infelizmente nesse país, e acredito que somente nesse país, existe um dispositivo nas leis, o qual nunca encontrei, mas que existe, denominado “Direito Adquirido” uma vez conquistado uma benesse, nunca mais a perde. Vou dar uma exemplo prático, em uma cidade no Interior do estado do MT, existe um casal de servidores municipais, onde ele é motorista e ela não sei a função mas ambos não tem nível superior. Ambos conseguiu a alguns anos com um prefeito um aumento substancial em seus salários, que permitiu uma rende de aproximadamente R$ 10.000,00 para cada. Enfim para finalizar a história, de la para cá já se passaram 3 administrações e nenhum dos três prefeitos conseguiram derrubar esses super salários na justiça. Os juízes julgam como direito adquirido.
Isso ocorre nas pensões militares.
Abs
Esse comparativo está distante da realidade.
U$ 610 bi de gasto militar para os EUA, inclui somente o orçamento básico mais o orçamento para missões no exterior.
Não está incluso o orçamento do Department of Veterans Affairs.
Que representa uma soma enorme de dinheiro para pagamento de ‘aposentados’.
Por outro lado, o orçamento de U$ 29 bi do Brasil, está incluso o pagamento dos ‘aposentados’.
E isso representa quase 50% do nosso orçamento.
O SIPRI precisa adotar duas medidas para apresentar um relatório mais próximo da realidade:
1) Os países que incluem o gasto com ‘aposentados’ no orçamento militar, o SIPRI deve excluir este valor e considerar somente o gasto com pessoal da Ativa, custeio, investimentos, etc.
Deste modo, o gasto do Brasil cairia de U$ 29 bi para próximo de U$ 15 bi. E obviamente, ficaríamos mais abaixo no ranking.
2) Outra medida que colaboraria para um comparativo mais justo e real, seria considerar o método PPC para os países que produzem seus próprios armamentos.
Caso de Rússia e China, por exemplo.
Estes países não adquirem equipamentos militares em dólares americanos.
E os gastos militares desses países são SUBESTIMADOS devido à desvalorização de suas respectivas moedas frente ao dólar americano.
Pelo método PPC, o gasto militar da China ficaria em torno de U$ 440 bi.
E o gasto militar da Rússia ficaria em torno de U$ 180 bi.
Faria muito mais sentido.
Gastamos 80% com aposentadorias e pensões… Sobra muito pouco.
Nao deveriam ser calculados como gastos militares. I posicao do Brasil como o 11 lugar no ranking mundial dos gastos coma defesa, nao passa de uma ilusao otica projetada no grafico.
Alias, as pensoes dos militares deveria sair dos cofres de outros ministerios. O orcamento da defesa deveria ser gastocom a Defesa, e nao para a manutencao de aposentados e outros dependentes parasitarios.
Boa a sua analise, no caso da Russia isso explica o porque eles estão conseguindo produzir cerca de 100 caças ao ano, fora os submarinos etc
Valendo salientar que a Russia e a China quando vendem esses equipamentos para o exterior são em dólar.
Excelente observação!
Seria interessante se algum colega conseguisse analisar se o aumento de 6,3% nos gastos do Brasil (em dólar) tiveram algum reflexo em investimento, ou se decorreu majoritariamente de aumento salarial (ativos e aposentados) e demais itens do custeio, ou de flutuação da cotação do dolar. Também se os dados são aderentes ao Portal da Transparência. Gostaria de fazer esse trabalho, mas não vai dar tempo.
“O peso dos gastos militares está claramente se distanciando da região euro-atlântica”.
Um tapa na cara dos esquerdistas que criticam o “militarismo capitalista colonialista”.
.
“O gasto militar da Rússia em 2017 foi 20% menor do que em 2016”.
E o povo se rasgando, contra ou a favor, do Putin(ho).
.
Submarino afunda, sem caças… cadê os tais 15% de aumento da Argentina ?
Quanto ao Brasil, o aumento está ótimo. O problema aqui é contábil, tem que tirar os pensionistas da Defesa.
.
Oriente Médio o de sempre.
Delfim concorodo plenamente. Os pensionistas fazem com que o nosso custo com pessoal seja uns dos mais altos dos top 20
Se os esquerdistas criticam o “militarismo capitalista colonialista”, por que a redução do peso dos gastos militares na região euro atlântica seria um tapa na cara deles? Está ocorrendo justamente o que eles, na sua visão, desejam.
Há um fator aqui. Gastamos em média 1,3% do PIB.
Se gastássemos 2%, o custeio significaria menos.
Outro aspecto.
Quando 1/3 da 5a Bld Bld vai para um exercício em Saica, gasta em transporte e exercício 200.000 litros de combustível, em 1200 Km de distância.
Se uma Bda da França andar 1200 Km, ela estará dentro do Vizinho do vizinho.
Ou seja, nossas dimensões, missões e peculiaridades geram custos q outros não tem.
Sds
Bem colocadas estas despesas relativas.
Interessante. Mas é apenas pra comparação simples. O nível de proficiência das FFAA não se vê pelo gasto.
Uma observação. Os dados oficiais dizem que o Brasil gasta em torno de 1,4% do PIB mas com as contingências orçamentárias este valor cai. Teve um ano, se não me engano 2015, que caiu para 0,6% do PIB. Esta diferença é levada em conta pelo SIPRI?
1,5% do PIB é a média do que gastamos. O que é contingenciado não entra no cálculo, pois simplesmente não foi gasto.
Welligton.
Obrigado pela resposta.
Minha dúvida era exatamente esta entre o que se propaga e o que efetivamente é gasto.
Acho que nem na época do regime militar se chegou a 2% do PIB.
No regime militar chegamos a 2,5% do PIB e o efetivo ativo de quase 400.000
O Brazil continua sendo umas das 20 nacoes que mais gasta com defesa mas tem um retorno muito baixo em termos da qualidade da defesa. O custo com pessoal continua sendo uns dos mais altos dos top 20 contando com 70%+ do orcamento. Realmente uma vergonha.
É sabido o déficit devido a pensões, cabidão de empregos nas FAAs, e por aí vai.
Falta peito pra resolver isto!
E quanto mais tempo isso fica assim, menos teremos em equipamentos e condições…
Simples assim.
Lamentável o atraso humanitário que vivemos ainda hoje.
Já imaginaram todo este dinheiro sendo canalizado para a exploração do espaço?!
Já teríamos saído de nosso sistema solar e explorado riquezas minerais inéditas em outras bandas, gerado empregos, novidades tecnológicas limpas e resistentes utilizando menos matérias primas.
Afinal as guerras são travadas com objetivo final justamente sobre esses recursos.
Seria uma boa também, mas, se eu pudesse decidir, voltaria os olhos pro nosso planeta mesmo: investimentos globais em saneamento básico e energia seriam uma medida excelente que nos garantiria muitos anos aqui sem a necessidade de explorar o espaço.
No poder naval revela-se que em breve podemos ficar sem navios em nossa marinha de guerra e por aqui que os gastos militares deste mesmo país tiveram aumento no último ano, ai lembro que gastamos 85% do ultimo orçamento com pessoal e explica-se o triste quadro so não explica como alguns acham que são exatamente os militares os nossos salvadores k.k.k.k.
Reforma da Previdência militar Urgente.
Vejam isso.
Tem garoto que entrou no 1º ano do Colegial com 15 anos.
Cursou 3 anos de colegial, 4 de faculdade e mais 23 como oficial.
E com 45 anos aposentou com salário Integral.
O servidor civil paga 11% do salário para aposentadoria.
O militar paga menos, paga 7%.
Ai o pagamento das ‘aposentadorias’ são alocadas no Orçamento Militar.
Resultado: Hoje, cerca de 50% do orçamento é destinado ao pagamento de Inativos e Pensões.
Sobra somente 50% do orçamento.
Com um contingente grande, gastamos mais da metade do que sobra para pagamento de salários / soldos do pessoal da Ativa.
O que sobra para custeio e aquisições ?
Pouco.
Ai chegam os cortes, contingenciamentos.
Nos salários, é claro que não pode mexer.
Como fica o orçamento para custeio e aquisições?
Muito pouco.
Não acho que a reforma da previdência dos militares seria a solução. Os militares não tem um monte de benefícios que civis e servidores públicos tem. Disponibilizam 100% do seu tempo para as forças armadas. Se estiverem de férias e o comando chamar para uma missão não podem nem reclamar e no dia seguinte já tem que estar em forma no batalhão.
Para mim uma solução mais viável e justa com os militares seria diminuir parte do efetivo de militares de carreira e praças.
Diminuir alguns setores da MB, FAB e principalmente o EB, e focalizar em areas mais necessárias.
Sinto que os próprios militares não se importam tanto assim com a situação e nem pensam em se reestruturar.
Se na época da ditadura as forças armadas não eram tudo isso porque iriam melhorar agora ?
Concordo plenamente que os números precisam ser diminuídos*, porem precisa ser revisto o sistema de previdência, é necessário que seja separado do orçamento anual, tem que ver como outros países trabalham essa questão e implementar um sistema igual ou semelhante ao que for considerado mais efetivo, pois boas ideias devem ser copiadas e replicadas.
*O difícil é diminuir nesse momento, pois como o desemprego está em alta e é ano eleitoral já viu né?!
Já houve um fundo, mas virou $$ pra obras do GF… já era… como “devolver” tudo q todos descontam corrigido?
Acredito q o q dá pra fazer é diminuir o efetivo, o q está sendo feito.
Sds
Prezado
O pior é o quanto custaria. São 3.000 militares q vão pra reserva ao ano, sendo q muitos estão muito perto do teto da previdência. A economia seria mínima.
O principal já mudou, mas muitos ainda estão vivos.
Porém, se o militar de igualar ao civil na inatividade, será igualado na ativa. Ai… ferrou!
Mesmo diminuindo o efetivo, são pelo menos 300.000 na ativa recebendo o q os civis ganham…. O MD e a FGV já fizeram a conta. Dá em média 60 bilhões a mais por ano em salário pra ativa.
A enorme maioria da ativa não irá pra reserva remunerada, então não faz diferença a mudança pra eles no final.
Sds
Na prática essa pesquisa é enganosa, já que a China, por ter um custo muito menor que o americano, ao menos medido em dólar, pode produzir o mesmo número de artefatos qualitativamente semelhantes com uma qtd de dinheiro muito menor. Sei que a Marinha chinesa produz bem mais navios, incluindo submarinos, que a americana. Acredito que seja verdade tb na Força Aérea e Exército, mas os dados disponíveis sobre isso são poucos.
Off Topic: https://g1.globo.com/mundo/noticia/nacionalistas-ucranianos-capturam-brasileiro-que-combateu-com-separatistas.ghtml
Acho que em breve será o fim dele. Duvido que o Brasil ou Russia mexam uma palha por ele.
O governo brasileiro??? O governo brasileiro é famosíssimo por deixar seus cidadãos no exterior na mão, na hora da maior necessidade.O máximo que podemos esperar é uma declaração lamentando o sucedido.
Por mim o Brasil deveria gastar, no mínimo, 2% do pib em defesa, mas em nada adiantaria se essa grana fosse para cobrir gastos com pessoal. Na minha humilde opinião os salários e as pensões dos nossos militares não deveriam ser descontados do orçamento destinado ao setor, mas sim ter uma origem distinta. Do jeito que tá pega-se o orçamento prioriza-se o pessoal e o pouco que sobra, é destinado para a manutenção e para o treinamento dos nossos soldados.
O problema do mal gasto do dinheiro público não se resume às forças armadas. O Brasil possui a justiça mais cara do mundo! Não é a toa que temos mais faculdades de direito que os EUA, a Europa e a China somados. Todos querem uma fatia desse bolo burocrático. Também gastamos 0,20% do PIB só para manter o Congresso Nacional, local de trabalho de duns 700 deputados. Imagine se somarmos esse valor com os gastos de todos os legislativos estaduais e municipais do país. Nosso país precisa passar por uma imensa reforma estrutural que diminua os gastos com burocracia, fazendo com que assim sobre mais dinheiro para investir naquilo que realmente importa.
O Estado Brasileiro como um todo é inchado e mal gerido, e possuí diversas “castas” de funcionários públicos privilegiados. Soma-se a isso nossa burocracia e corrupção e chegamos nessa situação de hoje.
Temos 16.000 juízes muito bem remunerados, mas ao mesmo tempo cheios de serviço. Uma causa de Direito de Consumidor (ex: a bicicleta do seu filho que não chegou a tempo pro aniversário dele) é julgado por um juiz que ganha 25-30 mil reais o mesmo salário (dependendo da comarca o mesmo juiz) que presidirá o julgamento de um homicídio qualificado.
Um deputado/senador ganha 33 mil reais de salário + auxílio moradia + 39 servidores + aproximadamente 40 mil reais de verba parlamentar!
Mesmo nas forças armadas. Nossa Marinha tem mais que o dobro do contingente da Marinha Britânica. É preciso dizer mais?
Não estou falando que os funcionários públicos, civis ou militares, sejam de má índole, é natural do ser humano buscar melhores condições. Mas o maior sinal que nós fizemos tudo errado, é que os empregos/cargos públicos (mesmos os menos glamourizados) sejam melhores que a iniciativa privada.
Serviço público deveria ser similar ao judiciário/promotoria americana, algo que você iria por vocação ou para criar nome, e o dinheiro graúdo estar na iniciativa privada.
Problema é mudar tudo isso, quando quem tem poder para tal, são aqueles a quem não interessa a mudança.
Pensem só numa coisa: “Se Bill Gates ou Steve Jobs fossem brasileiros, eles provavelmente seriam concursados no Judiciário”
“Serviço público deveria ser similar ao judiciário/promotoria americana, algo que você iria por vocação ou para criar nome, e o dinheiro graúdo estar na iniciativa privada”.
Concordo contigo. Mas é preciso tomar em consideração o seguinte:
A iniciativa privada brasileira adota um modelo em que a imensa maioria dos trabalhadores recebe salários muito baixos e uma pequena casta tem rendimentos altíssimos.
Se pegar as grandes bancas de advocacia, verá que seus donos ganham muito, mas muito mais do que qualquer juiz ou desembargador. Dirigentes de grandes empresas também.
Isso não seria problema se o restante dos trabalhadores tivesse um ganho maior do que o atual (que não passa, em média, de 2 salários mínimos por mês, ou cerca de R$ 2 mil mensais).
Peguemos exemplos de países da Europa, o Japão, o Canadá, a Austrália e outros e veremos que não existe um fosso tão grande entre os empregados mais subalternos e os que ocupam os principais cargos gerenciais. No Japão, que já tive o privilégio de conhecer, um diretor ou gerente de uma indústria ganha 2 a 3 vezes mais que o auxiliar de produção. Aqui no Brasil, ganha de 10 a 30 vezes mais.
Com uma iniciativa privada que remunera tão mal a grande maioria das pessoas (e que quer cada vez mais acentuar isso), o serviço público acaba se inserindo como um grande atrativo. Quem passa num concurso de técnico judiciário com vencimento R$ 6 mil por mês já vai ganhar o triplo da média salarial da iniciativa privada.
Excelente colocação! Conseguir vencer esse “fosso” é o principal desafio, falo por experiência própria, estou nessa luta.
Off topic: Exercito vai as compras nos EUA via FMS, foram autorizados 200 blindados de comando M557A2, 6 blindados de resgate M88A1, 40 blindados remuniciadores M992, 120 obuses M198, 4 aviões C-23B Sherpa segundo o site do DSCA, além dos 100 M-109A5 no total.
Essa questão de pessoal, o ruim é que todos nós só vimos “contas de padaria”. Eu nunca vi, e seria legal que se alguém aqui soubesse divulgasse, algo tipo: de todo investimento militar dos países, quando efetivamente é gasto com pessoal (separando ativa, reserva, pensionistas e lei da anistia – que sai dessa caixa) dividido pelo número do efetivo.
A ideia seria tirar o relativismo das contas pra pensar no seguinte: gastamos muito com pessoal ou o que nos é dado pra manter o efetivo deste tamanho não permite outros gastos?
Esse cálculo suscitará outras perguntas, como:
– o nosso gasto com pessoal é realmente alto?
– precisamos de um efetivo de qual tamanho? E isso custa quanto?
– o Brasil não investe por causa das pensões ou por que não gerencia adequadamente o dinheiro?
E com certeza vamos parar de ouvir chutes sobre custos e pensões. Pode ser que a conclusão é: gastamos igual a todo mundo ou semelhante quanto a pessoal, só que o montante que os outros recebem pra um efetivo menor gera um peso menor e sobra pra investir, ou realmente atestamos o “credo popular” que realmente gastamos mal.
Quanto ao investimento, temos leis que amarram tanto que muitas vezes não basta ter planejamento e vontade, a burocracia simplesmente trava. E isso é decorrência da roubalheira generalizada, que não permite agilidade e oportunidade pra investir bem o dinheiro.
E ainda, passa por um problema de planejamento – ele não é centralizado e diluído em vários anos, com continuidade. Cada um que chega quer mudar tudo. Aí não tem quem resista.
Bille,
Especificamente sobre os militares na reserva e pensões essa matéria do G1, com fonte em dados do TCU de 2016, tem bastante informação:
“https://g1.globo.com/economia/noticia/gasto-com-militar-inativo-e-17-vezes-maior-que-com-aposentado-comum-aponta-tcu.ghtml”
Acredito que a carreira militar e sua remuneração, não podem ser equiparadas ao funcionalismo civil, ou a regra geral do INSS, visto que os militares não estão sujeitos aos benefícios das 8 horas de trabalho diárias, HE com adicional, fins de semana, FGTS e etc… Todavia não significa que o Estado/Sociedade simplesmente deva fechar os olhos aos custos, cada vez maiores, e simplesmente pagar a conta sem buscar mais eficiência e corrigir alguns erros, como a clássica pensão as filhas solteiras.
Existe bastante informação pública atual, principalmente referente aos países ocidentais, mas uma análise possível de ser feita seria:
Exemplo Marinha:
Quantidade de Bases + Quantidade de meios / Quantidade de homens
Faça isso com a MB, Marinha Real, US Navy e Marinha Francesa por exemplo, e poderemos ter uma noção se temos mais ou menos pessoal que a média. Logicamente tendo cuidado de descontar eventuais efetivos de Fuzileiros ou Brigada Navais, caso não sejam uma força independente.
Isso é possível de ser feito na Força Aérea também, sendo um pouco mais trabalhoso no Exército, mas são análises possíveis de serem feitas.
A Austrália é continental igual o brasil se não me engano tem um orçamento parecido com o do Brasil e consegue ter uma força moderna.
Tem menos tropas ? Tem, mas são mais efetivas.