Brasília ganha Curso de Altos Estudos em Defesa – Entrevista com General Schons, Comandante da ESG
Ao conduzir a aula inaugural do Curso de Altos Estudos da Escola Superior de Guerra – Campus Brasília, qual a reflexão sobre a importância do Instituto de Pesquisa e Estudos de Defesa para o País?
Gen Schons – A Escola Superior de Guerra (ESG) tem por missões conduzir estudos e pesquisas, ministrar cursos e preparar líderes e assessores para o trabalho no mais alto nível político e estratégico, nos diversos órgãos e nas agências dos três poderes da República. A permanência da ESG no Rio de Janeiro, quando da mudança da capital para Brasília, veio a dificultar o atingimento desses objetivos por parte dos altos escalões, dos três poderes no nível federal. Essa situação começou a ser enfrentada em 2011, com a criação do Campus Brasília da ESG. Hoje, damos prosseguimento a essas ações com o funcionamento do Curso de Altos Estudos de Defesa (CAED) em Brasília, iniciativa que irá, em poucos anos, completar essa lacuna.
De que forma a proximidade da ESG com a sede do poder público poderá influenciar nos estudos e debates realizados pelo Campus Brasília?
Gen Schons – A proximidade com os órgãos centrais da Administração Pública (Adm Pub) no nível federal é, sem dúvida, grande elemento facilitador para que esses estudos e debates sejam conduzidos no mais alto nível e estejam perfeitamente sintonizados e atualizados com a realidade nacional. Por outro lado, a permanência, ao longo de um ano, de estagiários civis integrantes dos mais altos níveis da Administração Pública, convivendo lado a lado com oficiais de alto nível das três Forças Armadas (FA), será um tremendo fator de integração entre os militares e os servidores civis, fazendo com que estes últimos adquiram melhor compreensão do que é a Defesa e do papel que desempenhem as FA na vida nacional.
Quais os órgãos pilares da ESG?
Gen Schons – A ESG assenta suas bases, primeiramente, nos tradicionais Cursos de Altos Estudos de Política e Estratégia (CAEPE), de que são exemplos o CAEPE no Campus Rio e o Curso de Altos Estudos de Defesa (CAED), que iniciamos agora no Campus Brasília.
Em segundo lugar, temos a atividade do Instituto de Doutrina de Operações Conjuntas (IDOC), cujo papel é importante no desenvolvimento da Doutrina de Operações Conjuntas e na condução de diversos cursos nos níveis estratégico-operacionais, sob a demanda do Estado-Maior Conjunto das Forças Armadas (EMCFA), que é um dos nossos principais clientes.
Falemos, a seguir, do Instituto Cordeiro de Farias (ICF), que tem por missão oferecer os novos cursos; e do Programa de Pós-Graduação em Segurança Internacional e Defesa (PPGSID), mestrado acadêmico em processo de reconhecimento pelo MEC.
O Centro de Estudos Estratégicos (CEE) é o “think tank” da ESG e do Ministério da Defesa (MD), pois é encarregado de organizar e de participar de atividades diversas, como seminários, mesas redondas, painéis, sempre versando sobre assuntos de alto interesse na vida nacional. Além disso, o CEE produz estudos e presta assessoramento a altas autoridades do MD, mediante requisição destas.
O mais recente órgão, ainda em fase de implantação, é o Instituto Álvaro Alberto, que irá se debruçar sobre os temas de Ciência, Tecnologia e Informação (CT&I), os projetos de forças, o preparo por capacidades e o ciclo de vida de materiais no nível conjunto.
Por último, consideramos que a Associação dos Diplomados da Escola Superior de Guerra (ADESG), entidade civil parceira e presente em mais de cem cidades brasileiras, é o sexto pilar da ESG, pelo excelente trabalho de divulgar ao público em geral a metodologia da ESG, a par de excelentes noções de civismo e patriotismo para a nossa sociedade.
O cenário atual relativo à segurança pública demanda maior atenção das instituições e da sociedade. Como a ESG tem acompanhado e contribuído para o País neste momento?
Gen Schons – A ESG tem cumprido seu papel de servir como palco de discussões abertas, a fim de cooperar na busca de soluções para esse momentoso tema. Assim sendo, têm sido promovidos seminários, debates e estudos sobre essa problemática, envolvendo não apenas o corpo permanente, mas também os estagiários, profissionais detentores de excelentes currículos e experiências nessa área, que poderão oferecer “insights” e agregar valor aos estudos conduzidos.
Sobre Defesa Nacional, há mais de um século o Brasil não sofre ameaças externas. Vivemos, portanto, em um país pacífico. Essa conjuntura contribui para que não haja um entendimento amplo sobre Defesa Nacional por parte da população?
Gen Schons – De fato, a falta de percepção imediata de ameaça à segurança externa do País pode gerar certo descuido e desconhecimento do tema por parte da população em geral. É preciso sempre lembrar que, se o Brasil vive, hoje, em paz com seus vizinhos sul-americanos, isso se deve à competência de nossos diplomatas e à eficiência dos nossos militares. O sucesso do nosso pessoal nas operações de paz e os recentes desdobramentos na área de segurança pública trouxeram à baila a importância de Forças Armadas bem preparadas e equipadas para enfrentar desafios tanto no campo interno, quanto no externo. A prova de que o povo brasileiro aceita nossas FA e tem alto grau de respeito por elas pode ser obtida pela simples verificação dos altíssimos níveis de aprovação obtidos em todas as pesquisas de opinião já há bastante tempo.
De que modo o tema Defesa poderá ser inserido mais facilmente na vida do cidadão? Como a população pode participar desse processo de conscientização?
Gen Schons -. Há necessidade de desenvolver campanhas mais proativas de comunicação social, para que o cidadão brasileiro tenha conhecimento da existência, da missão e da imprescindibilidade das FA, como órgãos de Estado, permanentes, regulares e dedicados à defesa da Pátria.
FONTE: EBlog/Agência Verde-Oliva/CCOMSEx
Falando sobre estudos na área militar…em agosto vai ocorrer o III Simpósio Nacional de História Militar, na Escola de Comando e Estado-Maior do Exército.
http://portal.eceme.eb.mil.br/eventos/index.php/SNHM/SNHMIII/index
É permitido o ingresso de civis no curso de mestrado e doutorado?
Concluo Ciência Política este ano e tenho muito interesse na especialização…
Sim, é permitido.
“É preciso sempre lembrar que, se o Brasil vive, hoje, em paz com seus vizinhos sul-americanos, isso se deve à competência de nossos diplomatas e à eficiência dos nossos militares. (…)”
Com a devida venia, mas essa explicação pertence a um tempo e espaço de outro período histórico e se presta mais como uma resposta protocolar.
Hoje, essa “paz” se deve unicamente à decadência econômica dos vizinhos mais próximos ao Brasil, em grau maior que este, que lhes impede serem militarmente uma ameaça crível enquanto Estados Soberanos, mas essa mesma decadência econômica, e por consequência social, fomenta alguns de seus nacionais a buscarem solução nos conhecidos crimes de atacado que transbordam suas fronteiras, provocando eventuais “guerras irregulares” ou persistentes “guerrilhas urbanas”, quer na fronteira ou dentro do território brasileiro.
Não há “paz” alguma nas fronteiras da América Latina! Ao menos se essa palavra for referida na sua exata dimensão e não numa simplória convenção . . . Data maxima venia, General Schons!
“ sempre esse comentário de que vivemos em paz com nossos vizinhos “
“ sempre esse comentário de que vivemos em paz com nossos vizinhos “
Realmente. Essa realidade se deve mais a situação de bagunça geral e desnorteio desenfreado dos possíveis rivais militares do Brasil. Como sempre, vejo na república tupiniquim um quadro de oficiais superiores muito bem capacitados, comandados por uma corja de políticos ladrões, incompetentes e criminais. Mas, o que fazer???
Pena não haver ainda a definição quanto à equivalência ao C-PEM… valeria cursar caso assim fosse decidido….