Como um soldado britânico ajudou a nomear 90 mortos de guerra argentinos, 35 anos após a Guerra das Malvinas
Por Ben Farmer
Assim que Geoffrey Cardozo decolou das Ilhas Falkland em 1983, o jovem oficial do Exército Britânico partiu com uma tristeza incômoda de que sua tarefa estava incompleta.
Ele tinha chegado no rescaldo da luta e passou meses tentando coletar e identificar os corpos da guerra de mortos argentinos encontrados nos campos de batalha varridos pelos ventos das ilhas.
Em uma era antes dos testes de DNA, e sem registros dentais ou quase sempre sem plaquetas de identificação, era freqüentemente um trabalho impossível. Apesar de meses de trabalho cuidadoso, muitos dos corpos que acabaram por ser enterrados no cemitério militar argentino da ilha foram declarados apenas “soldado argentino conhecido por Deus”.
No entanto, 35 anos depois, o coronel aposentado vai na segunda-feira voltar para as ilhas ao lado de centenas de parentes dos mortos argentinos, após peritos forenses da Cruz Vermelha terem sido capazes de conseguir em seus esforços meticulosos, identificar formalmente 90 corpos.
Sua compaixão pelos mortos de seu antigo inimigo e seus esforços para garantir que as mães e os pais devem saber onde seus filhos estão enterrados viram o veterano de 68 anos de idade ser homenageado na Argentina.
Ele e os parentes vão seguir em voos raros diretos da Argentina para as ilhas para o cemitério Hillside perto de Darwin para ver as placas anônimas serem substituídas por nomes.
“Eu nunca teria imaginado 35 anos depois que iríamos conseguir esse tipo de sucesso”, disse ele. “É formidável, milagroso.”
O oficial do Royal Dragon Guards chegou com o comando militar no rescaldo da luta e encontrou-se incumbido de cuidar da disciplina, mas também lidar com corpos argentinos à medida que eles fossem encontrados.
Ao todo, 649 argentinos e 255 soldados britânicos, marinheiros e aviadores morreram na guerra de 10 semanas.
Os prisioneiros argentinos supervisionados foram os primeiros responsáveis por coletar e enterrar seus mortos. Mas os prisioneiros foram para casa e os corpos continuaram sendo encontrados quase diariamente, principalmente por engenheiros tentando tornar a ilha segura.
Os corpos estavam no início “sumariamente enterrados” em sepulturas temporárias onde poderiam ser encontrados e recuperados mais tarde. Quando o governo argentino se recusou a repatriar qualquer um dos corpos, argumentando que eles já estavam em solo argentino, Margaret Thatcher decidiu colocá-los em um cemitério construído com esse propósito.
Ao coronel Cardozo, que deixou o exército em 2004, foi dado o trabalho de organizá-lo, e recolhendo todos os corpos, usando uma equipe de agentes funerários.
Seus registros cuidadosos de quais restos foram encontrados em quais locais, bem como a sua decisão perspicaz de enterrar cada corpo em três sacos, resultou que quando os peritos forenses exumaram os corpos no ano passado, eles foram capazes de identificá-los facilmente a partir de provas de DNA.
Ele disse: “na época, eu percebi, Deus, nós não vamos ser capazes de identificar metade desses caras. Eu tenho que envolvê-los não em apenas um saco de corpo, eu tenho que colocá-los em três sacos para que eles talvez sejam preservados para os próximos anos, quando quisermos exumá-los.
“Eu não sei o que passou pela minha cabeça, eu não sou um cientista, eu não sabia que isso ia acontecer, eu só tinha um palpite de que talvez esta fosse a maneira de preservá-los.
“Realmente me irritou muito ter que enterrar esses caras sem suas mães saberem onde eles estavam.”
FONTE: The Telegraph
“Quando o governo argentino se recusou a repatriar qualquer um dos corpos, argumentando que eles já estavam em solo argentino, Margaret Thatcher decidiu colocá-los em um cemitério construído com esse propósito.”
Isto é mais um fato da falta de caráter, ombridade e respeito que o então “desgoverno” argentino na época ousou contra seu povo.
(…) falta de caráter, ombridade e respeito dos militares argentinos (…)
Não generalize!
Não é uma generalização, é uma adjetivação.
Pois é, os inimigos deles tiveram muito mais respeito pelos mortos do que o próprio comando argentino, que preferiu ficar de politicagem patética.
Isso aí pegou super mal pro Governo Argentino! Quiserem dar uma de espertos, mas os ingleses foram mais inteligentes; ficou “mais bonito” para Londres.
(Minha humilde opinião)
Com certeza…
Argentinos “espertus” não quiseram arcar com os custos da guerra.
Argentina cometeu um grande erro quando atacou o Reino Unido. Argentina é um dos maiores países do mundo, vão cuidar do seu povo e dos seus problemas internos.
Ainda bem que o Brasil não apoiou os argentinos…nada contra os argentinos, sou contra o governo argentino da época.
Geoffrey Cardozo, parabéns!
(…) os militares argentinos cometeram um erro ao atacar (…)
Lamentavelmente você está generalizando os militares! Nem todos os militares argentinos da época compactuavam com a ditadura feroz e genocida de Galtieri e asseclas, e os que morreram na guerra ilegítima pelas Falklands ainda assim merecem respeito.
Não estou generalizando, estou adjetivando o governo, pra deixar claro que quem fez o que fez (tema da matéria) foi um governo de militares!
Um piloto argentino de A-4 morreu de hipotermia, no seu bote, após a ejeção. Seu corpo só foi encontrado anos depois do conflito.
Cel Rinaldo, não teria sido o piloto do Canberra abatido pelo HMS Exeter?
Creio que não. Um livro argentino que li recentemente, comprado em Buenos Aires, afirma que era um piloto do Grupo 5 (ou 4).
Não posso duvidar do que Você leu, porém acho pouco provavel um corpo ser encontrado em um bote anos depois do conflito.
O mar naquela região é bem “grosso”, muito dificilmente um bote não seria emborcado nas grandes tempestades que deve ter passado na região. Apesar de não saber que tipo de cobertura esse bote possa ter e que nível de segurança e estanqueidade ele permite em caso de tombamento.
Vou buscar na internet sobre esse fato, agora fiquei curioso sobre essa historia. Espero que tenha sido verdade, mas acho muito difícil que seja. Abraço!!
o bote deve ter emborcado atingido pelos fortes ventos e o piloto morreu congelado na água
Lidar com cadáveres foi uma preocupação em maior ou menor grau ao longo da história. A maior parte das preocupações giram ao redor de questões sanitárias e religiosas. Os mortos em combate são elemento de culto, um “tributo de sangue” pela pátria e pela glória, ao menos nos discursos oficiais. Nossa última experiência em maior escala com mortos foi com a FEB, que, seguindo o modelo norte-americano, constituiu um Plt de Sepultamento. Este tinha como função recolher, identificar e sepultar os corpos dos soldados brasileiros e inimigos encontrados dentro das áreas sob responsabilidade da FEB (mas uma das utilidades dos… Read more »
Luciano, envie o documento para alexgalante@fordefesa.com.br
Acabei de enviar um e-mail com ele para vc
Hoje que trata disso é o DICA (Direito Internacional dos Conflitos Armados). O MD e as Forças realizam, regularmente, cursos e seminários sobre o tema.
Só quem combate sabe.
Os mortos precisam ser identificados também por questões civis de sucessão, hereditária ou legatária.
Bravo ao Cel. Cardozo!
Os combatentes mortos deveriam voltar às suas terras natais. Os militares argentinos cometeram burrice nessa também.
Os militares dos outros foram mais burros e menos honrados do que os nossos.
MSilva, um desaparecido em uma guerra é oficialmente declarado morto depois de um periodo e identificar os corpos agora não muda nada legalmente, só pode trazer algum conforto as famílias. Mesmo quem desaparece sem guerra é considerado morto, aqui no Brasil um desaparecido é declarado morto após 1 ano em caso de morte mais provável, como o caso de um passageiro de um avião desaparecido ou 2 anos nos casos mais duvidosos, como um trabalhador que sai de casa para trabalhar e nunca mais volta. A excessão foi o acidente aéreo da Air France onde uma lei ou decreto, não… Read more »
Os Ingleses são muito especiais.
Os grandes exércitos do Mundo possuem tradições muito especiais. Dentre Eles incluo as Forças Armadas Brasileiras que também nunca esquece “dos seus”.
Segue relato das ações que a USAF tomou quando o Exercito Brasileiro achou os destroços de um B-24 na década de 90 perto da cidade de Macapa no meio da floresta amazonica.
https://tokdehistoria.com.br/2013/05/12/a-busca-pela-tripulacao-da-b-24-perdida-na-amazonia/
Os Americanos não deixam ninguém para trás…
Respeitando a humanidade que há no inimigo. Honra, dever, retidão, virtudes que a sociedade abandonou, mas que os militares mantém.
Eu acho esse negocio de respeitar a humanidade dos inimigos meio limitado, eu não respeitaria um SS, mataria na hora, se fosse um soldado aliado e visse um, mesmo que rendido.
Augusto, boa noite. Algumas associações de veteranos e encontros nao convidam ou reconhecem os SS como tais. Essas tropas ficaram com uma imagem muito ruim já durante os anos finais da guerra e depois do conflito isso se agravou.
Então ..caras como Cardozo mostram que atrás do rifle …tem um ser humano e na mira …outro, ambos vítimas da política levada às suas últimas consequências!
Galante, vc viu o documento?
Eu sou historiador formado pela Universidade do Estado do Rio de Janeiro (UERJ) e quem tiver interesse em aprender mais sobre história é só acessar minha página eletrônica no seguinte endereço eletrônico, a saber: https://www.historiahumana.com.br.
Grande exemplo de respeito pelo próximo e pelo inimigo. As guerras acabam, mas atrocidades não. Exemplo de soldado e caráter.
O exercito argentino, a exemplo de outros da america latina, não tinha NADA DE PROFISSIONAL na guerra das malvinas…apenas um show de vaidade e “quem manda sou eu”, mal equipado e pessimamente treinado. se parece muito com um certo exercito que conheci…