Ex-agente da CIA é preso por suspeita de informar chineses
Por ADAM GOLDMAN
WASHINGTON – Um antigo oficial da CIA (Central Intelligence Agency) suspeito por investigadores de ajudar a China a desmantelar as operações de espionagem dos Estados Unidos e identificar os informantes foi preso, disse o Departamento de Justiça na terça-feira. O colapso da rede de espionagem foi um dos piores erros de inteligência do governo americano nos últimos anos.
A prisão do ex-oficial, Jerry Chun Shing Lee, de 53 anos, marcou um intenso inquérito do FBI (Federal Bureau of Investigation) que começou em torno de 2012, dois anos após a CIA começar a perder seus informantes na China. Os investigadores confrontaram um mistério duradouro: como os nomes de tantas fontes da CIA, entre os segredos mais caros da agência, acabaram em mãos chinesas?
Alguns oficiais da inteligência acreditavam que um agente duplo dentro do CIA estava expondo sua lista de informantes. Outros pensaram que o governo chinês tinha hackeado as comunicações secretas da CIA com conversas com fontes de informação estrangeiras.
Ainda outros antigos funcionários da inteligência também argumentaram que a rede de espionagem poderia ter sido prejudicada por uma combinação de ambos, bem como por trabalhos desleixados de agentes da agência na China. A investigação de contra-inteligência sobre como os chineses conseguiram perseguir agentes americanos foi uma fonte de fricção entre a CIA e o FBI.
O Sr. Lee, que deixou a CIA em 2007, vive em Hong Kong e trabalha para uma bem conhecida casa de leilão. Ele foi preso no aeroporto Kennedy em Nova York na segunda-feira e acusado no tribunal federal no norte da Virgínia com a retenção ilegal de informações de defesa nacional.
Ele apareceu no tribunal federal do Brooklyn na terça-feira e está sendo mantido lá enquanto espera a transferência para a Virgínia. Ele não tem um advogado, disse um funcionário do Departamento de Justiça. O FBI aparentemente, soube que o Sr. Lee estava viajando para os Estados Unidos e se preparou para acusá-lo no sábado.
O Sr. Lee já havia viajado para os Estados Unidos em 2012 para morar com sua família na Virgínia. Foi durante essa viagem que agentes do FBI revistaram sua bagagem no hotel em que permaneceu no Havaí e Virgínia e encontraram dois pequenos livros com notas manuscritas que continham informações secretas. Mais tarde, ele voltou para Hong Kong depois de ser questionado por agentes do FBI em 2013.
Não está claro por que o Sr. Lee decidiu arriscar a prisão ao chegar nos Estados Unidos este mês.
Nos livros encontrados pelos agentes, o Sr. Lee havia escrito detalhes sobre reuniões entre informantes da CIA e agentes secretos, bem como seus nomes reais e números de telefone, de acordo com documentos judiciais. Os promotores disseram que o material nos livros refletia a mesma informação contida nas comunicações secretas que o Sr. Lee havia escrito na agência.
Mais de uma dúzia de informantes da CIA foram mortos ou presos pelo governo chinês. O desvendamento da rede de informantes, relatado no ano passado pelo The New York Times, foi um golpe devastador para a CIA.
Oficiais disseram que o número de informantes perdidos na China rivalizou com perdas na União Soviética e na Rússia durante as traições de Aldrich Ames e Robert Hanssen, anteriormente da CIA e o FBI. Eles divulgaram operações de inteligência a Moscou por anos.
A CIA recusou-se a comentar a prisão de Lee.
De acordo com documentos judiciais, o Sr. Lee serviu no Exército dos Estados Unidos de 1982 a 1986 e se juntou à CIA em 1994 como agente. Funcionários ex-agência disseram que também atuou na China durante sua carreira. Aqueles que o conheceram disseram que deixou a agência desapontado pois não foi promovido em sua carreira.
Os promotores disseram que, antes e depois, ele e sua família voltaram para os Estados Unidos em 2012, o Sr. Lee teve contato com antigos colegas da CIA e outros funcionários do governo.
Quando a agência começou a perder ativos na China, não estava claro, em primeiro lugar, que as perdas eram sistemáticas, mas, à medida que os desaparecimentos aumentavam, a comunidade de inteligência americana finalmente percebeu que tinha um grande problema.
O caso havia frustrado funcionários de contra-inteligência no FBI e na CIA na medida em que procuraram determinar como os chineses haviam interrompido as operações da agência no país.
O FBI suspeitava que um insider revelara informações sensíveis ao governo chinês, uma teoria não inicialmente abraçada pela CIA O Sr. Lee acabou se tornando um dos principais suspeitos na busca de um traidor.
Oficiais de inteligência anteriores disseram que o FBI atraiu o Sr. Lee para os Estados Unidos como parte de um ardil e foi entrevistado cinco vezes em maio e junho de 2013. As autoridades disseram que ele nunca revelou os dois livros, descritos como um livro de endereços e uma agenda, para os investigadores.
Antigos oficiais disseram que ficaram surpresos com o fato de o Sr. Lee ter retornado aos Estados Unidos em 2012, sabendo que ele poderia estar sob suspeita do FBI. Detalhes sobre da operação do FBI para atraí-lo de volta são guardados firmemente, mas ex-funcionários da inteligência disseram que ele voltou com a promessa de um possível contrato com a CIA. Muitos ex-agentes deixam a agência e depois retornam ao trabalho em contrato. Em algum momento depois que o FBI o entrevistou, o Sr. Lee retornou a Hong Kong.
Por que o FBI não prendeu o Sr. Lee depois de encontrar originalmente o material secreto em seus cadernos, ainda não está claro. O FBI recusou-se a comentar.
Os oficiais estão preocupados que o caso do Sr. Lee e pelo menos um outro representam um padrão preocupante da inteligência chinesa visando os ex-funcionários da agência, uma tarefa mais fácil do que tentar recrutar oficiais atuais da CIA.
Em junho, um antigo oficial da CIA foi acusado de fornecer informações secretas à China e fazer declarações falsas. Os promotores disseram que o ex-oficial, Kevin Patrick Mallory, de 60 anos, de Leesburg, Virginia, tinha documentos secretos e mensagens incriminatórias em um dispositivo de comunicação que ele trouxe de Xangai.
Em março, promotores anunciaram a prisão de um funcionário do Departamento de Estado de longa data, Candace Marie Claiborne, acusada de mentir aos investigadores sobre seus contatos com autoridades chinesas. De acordo com a queixa criminal contra a Sra. Claiborne, que se declarou inocente, os agentes chineses transferiram dinheiro para a sua conta bancária e providenciaram presentes de milhares de dólares.
FONTE: The New York Times
O agente duplo sempre existiu e vai continuar a existir, se alguem não tem escrúpulos para ser espião também não terá na hora que for oferecido dinheiro pelas suas informações pelo lado oposto.
Se vc cria cobra, sabe que existe a possibilidade de ser picado por alguma, é a natureza do animal.
É o jogo. Faz parte.
Provavelmente ele voltou para os EUA porque a China percebeu que o Sr. Lee estava “queimado”, sem mais serventia, e o mandou de volta sob ameaça. Afinal era um agente da CIA. A China ainda fica bem porque entregou um traidor. E para o Sr. Lee, uma prisão americana é melhor que uma chinesa.
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A traição de um agente sino-americano pode ter feito a alegria dos WASP (White, Anglo-Saxon, Protestant) xenófobos.
A base da força americana é sua multietnicidade, mas com o Trump tal diversidade pode estar em xeque.
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Será que a CIA tem direito de ficar em atritos com o FBI por não tomar conta dos seus agentes ?
Seria interessante saber quantos espiões chineses morreram nessa “brincadeira” de espiar o outro. Mas os amarelos não irão fazer feito os Estados Unidos e abrir a boca. Uma pena.
Lembrei o caso dos agentes da Abin presos por um policial militar:
https://oglobo.globo.com/brasil/em-pe-policia-prendeu-4-agentes-da-abin-que-espionavam-campos-diz-revista-8705861
Pois é…existem agência e agências.
Abraço
Por que não aconteceu nada em 2013 quando acharam os “livros”?
1) Pro Sr Lee ficar 4 anos plantando desinformação, já q tinha credibilidade…
2) Pra levantar os contatos e agentes chineses
3) Pra articular operações para levantar outros envolvidos
o q mais q estou esquecendo?
Sds
Agnelo pode ter razão, um agente duplo trabalha para quem lhe paga mais, pode ter traido agora os chineses em troca de dinheiro e uma pena pequena nos EUA, esta gente envolvida em espionagem não vale nada.
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Emmanuel, outra coisa engraçada foi a PF que alugou uma casa para usar como centro de inteligencia e a PM desbaratou, cercando com mandado da justiça.
. http://politica.estadao.com.br/noticias/geral,vizinhos-sabiam-que-casa-era-usada-pela-pf,20020329p55831
Walfrido Strobel 17 de Janeiro de 2018 at 14:02
Pode até não ser por $. Ameaças à família, medo da prisão, segredos íntimos pra não serem revelados… Vai saber…
O Brasil investi pouco em inteligência essa abim não é nem decima parte que foi o sni não estou defendendo o SNI apenas comparando que poderíamos ter uma ag~encia com milhares de agentes e com aparelhagem de ultima geração.Sem partidarismo mas um presidente do brasil foi grandiados seus imail num outro episodio foi grapeada em conversa com lula,depois ganhou um telefone criptogravado. e os nossos políticos que nem podem falar em celular que a policia federal divulga em mídia,sem uma posterior investigação,não estou defendendo ninguém mas as comunicações no Brasil são hackeadas sem contar nas empresas estatais é um absurdo.
Falando de espionagem: Morte de coronel em Canoas durante a ditadura é reconhecida como crime político e ideológico.
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https://g1.globo.com/rs/rio-grande-do-sul/noticia/morte-de-coronel-em-canoas-durante-a-ditadura-e-reconhecida-como-crime-politico-e-ideologico.ghtml
Ivanmc 17 de Janeiro de 2018 at 15:13
Também deverão indenizar a família
Me lembra do caso do traidor Jonathan Pollard. Causou um dano irremediável aos Estados Unidos, pois o suposto “ALIADO” Israel vendeu dados da US Navy à então USSR. Deveria ter sido fuzilado, mas vergonhosamente foi posto em liberdade…
https://en.m.wikipedia.org/wiki/Jonathan_Pollard
Ronaldo de souza gonçalves
Cara a ABIN é exatamente igual ao SNI,inclusive mtos dos ex agentes do SNI migraram pra ABIN,as redes de informacoes e mtos contatos peemanecem os mesmos,a diferenca é que a ABIN opera em um ambiente democratico e conectado do sec 21,algo bem diferente aos obscuros anos de 1900 e la vai fumaça. A galera mais velha tem que parar com essa historia de “na minha epoca tudo era melhor”, tem uma musica mto boa da elis reguna que critica justamente essa ideia de “na minha epoca”(como nossos pais),sugiro que muitos forristas aqui ouçam essa musica
Pessoal tem um livro, que fiz questão de comprar, chama ” o grande inimigo” e fala de quatro traidores norte americanos, que entregaram todos os agentes que a CIA, recrutara. Não só dinheiro, mas tbm desapontamento levam as pessoas a trair. Sun Tzu já dizia isto.
A maioria dos agentes russos, estavam desiludidos com o comunismo. Já outros traem para sentir a emoção e “ter poder”. Fazer o que, o ser humano ė complexo, por isto dominamos o mundo.
João Moita Jr.
Os EUA são o país mais espionado por Israel.
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Tiger 777
Todos os agentes secretos são sondados pela contra-inteligência em busca de pontos fracos. Muitas vezes tais pontos fracos são falsos, para expor a contra-inteligência. Sim, existe contra-contra-inteligência.
Dodo, fiquei curioso, qual seria a música. Gostaria de ouvir.
Luiz Guilherme 18 de Janeiro de 2018 at 7:52
“Dodo, fiquei curioso, qual seria a música. Gostaria de ouvir.”
‘Como Nossos Pais’
A música é do Belchior, mas a versão da Elis é belíssima. Creio que ela (a letra da música) atinge a vida de todos nós.
Referente a ABIN ela é uma agência relativamente nova criada em 1999 e recebendo algum investimento de vulto no governo Lula. No governo Dilma toda a política externa foi colocada de lado infelizmente e isso refletiu na Agência. Com Temer alguns erros foram corrigidos e maiores investimentos começam a acontecer.
A ABIN herdou o que sobrou do SNI, mas não deve ter sido muita coisa, pois a antiga agência tinha sido praticamente desmantelada desde a década de 80. A atual trabalha estritamente sob a CF/88 e leis infraconstitucionais. Investigar os candidatos a Presidência da República é um dever seu.
Sob os casos dos grampos: o primeiro mostra que a agência precisa urgentemente de maiores investimentos. O segundo (Lula/Dilma) não há o que falar, pois era uma decisão de escuta judicial, exceto talvez pela inadequada divulgação.
A ABIN deve ter tido importante participação no desmantelamento da célula terrorista antes da Copa, apesar de nós, ‘simples mortais’, não podermos saber exatamente. Para visão dos agentes sobre o episódio, leiam a revista da ABIN nº 12.
Em OFF, tem um pessoal aqui que precisa melhorar o Português, pelo amor de cristo.
Graças a agentes duplos que a ÚRSSia (a URSS e sua versão reeditada, a Rússia) e China conseguiram bombas nucleares, “projetar” e construir certos aviões e outras naves, desenvolver certa tecnologia bélica, etc. Alguns deles são muito parecidos com os ocidentais.
Há certos governos de alguns países que simplesmente assassinam os agentes que colocam coisas a perder ou traem suas instituições, mesmo que seja uma suspeita sem comprovações (pequeno estímulo para a lealdade)…talvez alguns mestres em assassinatos políticos, como a França ou Israel?
Será que esse agente sino-americano (tirando o “Jerry”, ele tem o nome completo em chinês – todos os chineses que vivem no Ocidente ou lidam com ocidentais possuem um prenome ocidental, mas, entre eles, só usam o nome chinês e conheci vários casos assim, o mesmo ocorrendo entre muitos judeus e árabes) não foi recrutado e “encaminhado” pelo governo chinês para ser recrutado pela CIA?
Essa foi uma das vaciladas conhecidas da CIA. Com certeza, haverá outras. Os serviços de inteligência militares não seriam mais leais e menos falhos? Quem poderia me informar? (A bomba do Rio Centro não vale…)
Off topic necessário:
https://extra.globo.com/casos-de-policia/sargento-do-exercito-preso-com-19-fuzis-41-pistolas-municao-cocaina-na-via-dutra-22302087.html
Seria efeito das frequentes ações GLO no RJ? Penetração de “oportunidades de negócios ilícitos” na força devido ao contato com facções criminosas do RJ?
Poxa, Fred, ta de sacanagem? De farda e tudo, né. Vergonha!!!
https://www1.folha.uol.com.br/mundo/2018/02/mulher-que-explodiu-aviao-sul-coreano-em-1987-ainda-espera-perdao.shtml