Sistema de Proteção Ativa: US Army compra o Trophy enquanto Europa testa sistemas
No dia 29 de setembro de 2017, o Exército dos Estados Unidos decidiu comprar uma quantidade desconhecida de sistemas Trophy como pedido de material urgente. A General Dynamics Land Systems é responsável por adequar o sistema aos tanques de batalha principais (MBTs) M1A2 SEP v2 de uma Armored Brigade Combat Team (ABCT).
Ainda não foi revelado se todos os noventa tanques Abrams da ABCT receberão o APS Trophy – mas parece bastante provável. O Jerusalem Post afirma que o sistema tem custos estimados de cerca de US$ 350 mil por tanque. Em março de 2019, todos os M1A2 SEP v2 cobertos pelo contrato deverão ter recebido o APS Trophy. Os tanques devem ser desdobrados na Europa até 2020.
O Trophy é um sistema de proteção ativa Hardkill (APS) desenvolvido pela empresa israelense Rafael Advanced Defense Systems. Ele usa quatro painéis de radar planos fornecidos pelo IAI Elta Group para detectar mísseis anti-tanque (ATGMs) e granadas propulsadas por foguete (RPGs).
Uma vez que o vetor e a velocidade de um projétil atacante seja rastreado e atinja a distância de intercepção, uma contramedida MEFP – Multiple Explosively Formed Penetrators – é disparada contra ele, penetrando no projétil no ar, danificando e detonando sua ogiva antes que ele atinja o veículo.
As ogivas de carga dirigida (shaped charge warheads), como as encontradas na maioria dos ATGMs e RPGs, perdem quase toda a sua potência de penetração quando o invólucro moldado da carga é danificado. Estudos demonstraram que uma única perfuração do invólucro moldado da carga por um fragmento de metal reduz o poder de penetração em mais de 70% – a nuvem de fragmentos criada pela contramedida MEFP do Trophy deve perfurar a ogiva várias vezes e detoná-la a vários metros de distância do veículo, deixando essencialmente nenhuma capacidade de penetração restante.
Isso não significa necessariamente que o Exército dos Estados Unidos adote o APS Trophy em uma escala maior: este é apenas um pedido de material urgente, os EUA ainda estão interessados em desenvolver e implementar uma arquitetura comum do sistema de proteção ativa modular (MAPS), que está planejado para combinar sistemas softkill e hardkill e pode fazer uso – devido à sua abordagem modular – de vários tipos diferentes de contramedidas derivados dos projetos APS atualmente disponíveis.
No entanto, deve-se notar que as solicitações de materiais urgentes às vezes são usadas pelos militares de diferentes países para contornar testes mais longos e – em alguns casos – também a competição. No entanto, o último não parece ser o caso com o US Army que optou pelo Trophy. Os militares dos EUA têm citado a maturidade do sistema como um fator-chave. Ao contrário dos outros tipos de APS testados pelos militares dos EUA, o Trophy foi montado em veículos de combate operacionais, como o Merkava 4M MBT e o transportador de pessoal blindado Namer (APC) da IDF.
Antes de pedir o Trophy, o Exército dos EUA aparentemente encontrou alguns problemas ao tentar integrar os componentes do sistema de proteção ativa no MBT M1A2 Abrams. Um fator chave foram os desequilíbrios de peso, que também afetaram a performance da torre, conforme relatado pelo Inside The Army no início de setembro. No final de agosto, o Trophy APS só havia sido testado em um tanque estacionário, no entanto, os testes completos que representam vários cenários da vida real, incluindo o disparo em um tanque em movimento, deveriam durar apenas 30 dias adicionais.
Os MBTs M1A2 SEP v2 Abrams equipados com o Trophy destinam-se a equipar as unidades do US Army na Europa. Os avanços da tecnologia militar russa e a crescente agressão relacionada à anexação da Crimeia deram ao Exército dos EUA uma razão para se concentrar novamente em veículos terrestres e capacidades de conflito simétrico.
Como o APS Trophy, os militares americanos optaram por atualizar um número de ICV Stryker para a nova variante Dragoon apenas para não ser superados na Europa pelos militares russos. Além disso, a variante básica do ICV Stryker será equipada com lançadores de Javelin, enquanto uma série de opções estão sendo consideradas para a defesa aérea de curto alcance (SHORAD).
O Exército dos EUA ainda está trabalhando para testar o APS Iron Fist das indústrias militares israelenses e o APS Iron Curtain, a última instalação foi projetada pela empresa norte-americana Artis após um contrato da DARPA. A Artis instalou o APS Iron Curtain em um veículo Stryker, e espera-se que o teste dure até meados de dezembro, quando o US Army decidirá comprar esse sistema ou instalar outro APS no Styker – em geral o sistema de proteção ativa Trophy está também disponível para o Stryker e seria benéfico reduzir o número de novos tipos de APS a serem adquiridos pelas forças armadas, pois isso facilitaria logistica e custos mais baixos; no entanto, a contramedida MEFP do Trophy é considerada menos do que ideal para uso em APCs e IFVs. O APS Trophy foi instalado no tanque M1 Abrams mais cedo devido ao financiamento já disponível em 2016.
Os EUA também planejaram testar o Sistema de Defesa Ativa (ADS) da ADS – Gesellschaft für aktive Schutzsysteme mbH, “joint venture” das empresas alemãs Rheinmetall e IBD Deisenroth Engineering, mas não teve o orçamento para financiar o teste de todos os sistemas ao mesmo tempo. Atualmente, não é conhecido quando ou se o ADS será testado pelo US Army – tudo depende do orçamento. Conforme relatado pelo Defense News, o Exército dos EUA ainda está interessado em pelo menos outro sistema – entendido como o ADS –, mas não conseguiu testar quatro tipos diferentes de APS simultaneamente.
Se o US Army tivesse o orçamento, poderia testá-lo agora. A Rheinmetall aproximou-se do Exército dos EUA depois que as negociações com os outros três concorrentes já estavam em andamento, mas demonstraram várias vezes as capacidades do sistema na Europa. Na última demonstração conhecida, que aconteceu no final de junho na Suécia, o ADS conseguiu derrotar seis de seis ATGM disparados contra um veículo. Em um teste anterior em maio de 2017, dois RPGs disparados de uma distância muito curta foram interceptados pelo ADS, enquanto comprovou que os sensores ignoram ameaças menores, como projéteis de 7,62 mm.
A Rheinmetall sugeriu encaixar o ADS no Stryker, mas os EUA optaram por testar o APS Iron Fist no Bradley. Devido à limitação do Bradley em relação à energia elétrica, espaço e peso disponível, testar a adoção do APS Iron Fist – provavelmente na configuração leve – foi favorecido para esta plaforma. Os primeiros testes adequados do APS Iron Fist no Bradely ainda estão a vários meses de distância, já que o veículo precisa ser atualizado primeiro.
Os Países Baixos decidiram avaliar o APS Iron Fist para adoção no IFV CV9035NL. A BAE Systems foi contratada para integrar esta medida de proteção em um CV9035 para servir como um protótipo, que deverá ser concluído no início de 2018.
Este protótipo será então submetido a testes pelo Exército Holandês, que então poderá pedir mais sistemas Iron Fist para pelo menos uma parte de sua frota de veículos de combate de infantaria CV90 ativa, se os resultados dos testes forem positivos.
Na exposição de defesa IDET 2017 na República Tcheca, a BAE Systems apresentou um CV 9030 equipado com o sistema Iron Fist Light Configuration (IF-LC) pela primeira vez, embora isso possa ter sido uma máquina não operacional. Quando instalado no CV9030, o APS IF-LC consistiu em dois lançadores de dois canos para granadas de alto explosivo, que podem derrotar ATGMs e RPGs.
Enquanto isso, a Alemanha está avaliando o sistema de proteção ativa ADS para adoção no APC Boxer, confirmado por um porta voz da empresa na DSEI 2017. Embora a Alemanha não seja conhecida por planejar a adoção de um APS no Leopard 2 MBT em um futuro próximo, um recente documento de tese publicado pelo Kommando Heer do Exército Alemão exige a adoção de um sistema de proteção ativa e uma nova blindagem reativa, especificamente com a capacidade de proteger a parte superior de tanques e AFVs contra ATGM de ataque superior. O ADS possui contramedidas e unidades de sensores especiais montadas no tetp para proteger contra tais ameaças.
Um dos CRV Boxer enviados para a Austrália também está equipado com o sistema de proteção ativa ADS para fornecer proteção contra ATGMs e RPGs. Durante os testes, alguns dos protótipos ADS foram capazes de vencer os projéteis APFSDS – incluindo alguns dos tipos mais recentes de acordo com nossas informações – as variantes atualmente oferecidas deste APS ainda não são adequadas para lidar com penetradores de energia cinética.
Muito provavelmente, o ADS também será oferecido como parte (opcional) do projeto de extensão de vida do Challenger 2 (Challenger 2 LEP), já que a Rheinmetall – uma das duas empresas selecionadas para fornecer uma solução de atualização – também é proprietária da maior parte da ADS – Gesellschaft für aktive Schutzsystem mbH. Entre maio de 2005 e dezembro de 2006, o Reino Unido teve um contrato com a Åkers Krutbruk Protection AB, uma empresa sueca pertencente ao BID Deisenroth (outro proprietário da ADS) para um programa de demonstração de tecnologia do sistema de proteção ativa ADS Hardkill para o FRES (Future Rapid Effect System). O programa foi cancelado quando o financiamento para o FRES foi reduzido.
Em setembro, a China revelou o sistema de proteção ativa hardkill GL5. Este sistema é em geral uma concepção bastante semelhante ao Drozd soviético e ao novo APS Afghanit russo. Consiste em quatro painéis de radar (um montado em cada quadrante de um veículo ou a torre de um tanque) e quatro “mastros” fixos montados no teto da torre ou nos lados da torre.
Cada mastro segura três contêineres lançadores de contramedidas, ajustadas em ângulos ligeiramente diferentes. Isso permite que o APS cubra o azimute completo de 360° do tanque com contramedidas, mas deve-se notar que o sistema de hardkill GL-5 não oferece a capacidade de derrubar mísseis de ataque superior – suas contramedidas cobrem apenas 20° de elevação. Um único display no interior é usado para controlar o sistema.
O sistema usa granadas de fragmentação de alto explosivo (HE) capazes de interceptar ATGMs, RPGs e projéteis HEAT disparados de canhões de tanque. O ponto de intercepção está localizado a cerca de 10 metros (± 1,5 m) do veículo protegido.
O radar tem um alcance de cerca de 100 metros – se um projétil de voo rápido, como um ATGM, entra na área coberta pelos painéis do radar, ele será rastreado pelo radar e o computador calculará seu vetor. Se o projétil estiver em uma trajetória para atingir o veículo, as contramedidas são lançadas em um ponto de intercepção predeterminado.
Nas simulações 3D do fabricante chinês, uma única contramedida é lançada para derrotar um ATGM – na filmagem em câmera lenta (imagem acima) de um teste de tiro real, há no entanto duas contramedidas lançadas para derrotar um único ATGM atacante – isso pode ser uma falha que ainda precisa ser corrigida ou uma fraqueza do sistema, o que poderia exigir duas contramedidas em alguns casos.
FONTE: Below The Turret Ring
Fodastica esta tecnologia
Os brinquedos estão ficando cada vez mais caros e o Brasil ficando para trás.
É como se os EUA estivessem operando F-104 e o Brasil de biplano.
Off, nem tanto
http://internacional.estadao.com.br/noticias/geral,arabia-saudita-intercepta-missil-balistico-sobre-capital-do-pais,70002072111
Só há um grande efeito colateral relacionado ao uso dessas tecnologias de defesa ativa….
Tudo o que estiver a volta do blindado vai para o conhecido “beleléu” !!
Isso é a defesa antiaérea de ponto entendida de modo extremo e definitivo.
Hoje se pode classificar as defesas antiaérea como sendo capazes de enfrentar ameaças aéreas, mísseis balísticos, C-PGM, morteiro, foguete e projéteis de artilharia (C-RAM), anti míssil cruise, anti UAV e agora anti granadas antitanques.
E ontem eu revi o filme Fury…..teria sido de grande valia naquele TO, rs
Interessante.
R$ 1 milhão por carro não seria nada do outro mundo, se houvéssemos optado por um CC mais caro como o ‘Leopard 2’… Contudo, por esse preço, creio que seria possível adquirir no mínimo mais dois carros ‘Leopard 1’ no mercado pelos dias de hoje. E se é assim, ao menos nesse caso eu preferiria apostar na quantidade…
Um sistema como esse é interessantíssimo em cenários de conflitos de baixa intensidade, notadamente em área urbana. Pessoalmente, considero um custo/benefício bom para proteger um investimento maior como o Guarani ( R$ 3,6 milhões por viatura ), que terá considerável emprego nesse tipo de combate. Ao menos uma parcela dos veículos poderiam ser atualizados, com melhor proteção balística e uma defesa ativa como essa.
Buenas!
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Essas soluções impressionam.
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Problema pro Brasil é que, com o contingenciamento de recursos, há de se escolher se o pessoal faz manobra e a tropa vai pra campo, emprega o que tem com maior qualidade, ou se se investe nesse tipo de equipamento.
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Teria que ter uma proporcionalidade de carros com e sem tal dispositivo, numa estratégia que permita maximizar a potencialidade diminuindo o custo.
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Não sei se é mais interessante, com os recursos que temos, investir em mais CC Leopard ou M60 do que comprar sistemas desses. É aquela questão: vale mais apena proteger os meios que temos ou ter mais meios para repor mais rápido? É uma questão de estratégia bastante complexa.
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Aí o estudo da ameaça é que faz diferença. Pra um TO na América do Sul, acredito que ter superioridade numérica conta mais que sistemas avançados. Se fosse contra um país muito superior, a conta muda.
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Abraço
“_RR_ 5 de novembro de 2017 at 8:43
Um sistema como esse é interessantíssimo em cenários de conflitos de baixa intensidade, notadamente em área urbana.”
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Eu discordo.
Nos últimos conflitos em área urbana, Siria e Iraque, a ameaça era irregular. Com a infantaria ao lado dos blindados como vc “deixa ligado” um sistema como esses ?
Outro ponto de discordância…
Com os mísseis AT portáteis, como o Kornet, os sistemas ativos de defesa são tão uteis, se bobear até mais, em áreas abertas quanto em ruas apertadas de uma cidade…
http://edition.cnn.com/2017/11/04/middleeast/saudi-arabia-ballistic-missile/index.html
FONTE: Below The Turret Ring
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Esse Blog é muito bom!
O APS é mais para proteger a tripulação do que o carro de combate em si. O tanque você repõe rapidamente, a tripulação não.
Um MBT novo, representa:
– Melhor relação blindagem x peso, devido avanços em engenharia de materiais;
– Melhor relação peso x potência x consumo, devido os avanços das tecnologias de materiais, suspensão, motorização e transmissão. Tudo isso vai impactar na mobilidade e no custo de operação.
– Eletrônica no estado da arte: Optrônicos de última geração, Capacidade Hunter-Killer, Gerenciador do Campo de Batalha, sistema de controle de tiro e demais avanços;
– Maior capacidade de autodefesa bem como melhor consciência situacional e integração com outros meios da força;
– Sistemas de proteção no estado da arte;
– Melhor compartimentação e aproveitamento do espaço interno, que acrescenta a sobrevivência e na previsibilidade para modernizações futuras.
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Será que no longo prazo, é “caro demais” ter um blindado novo, com um ciclo de vida de várias décadas a disposição, representando algo que é o mais puro estado da arte?
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Será que é realmente barato ter blindados ultrapassados de segunda mão, baratos de comprar mas com logística complicada e de dias contados?
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Com as capacidades que um sistema de Gerenciamento do Campo de Batalha pode proporcionar, de que adianta ter diversos blindados baratos e ultrapassados espalhados pelo terreno, sem a devida consciência situacional, quando um MBT moderno, atuando em rede poderia ser mais efetivo no ataque ao inimigo convencional?
Com certeza os Russo, chineses e Iranianos junto aos seus cientistas já devem ter preparado alguma arma capaz de passar e destruir os carros de combate que estão com esse sistema Trophy e os outros sistemas Europeus(ADS, EDS, EEE etc… etc…)
Enfim com Trophy ou sem Trophy será capult………….
Esse sistema Trophy faz lembrar os russos quando usaram blindagem reativa na Chechênia…
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O que os chechenos faziam: metralhavam os tanques russos para explodir os tijolinhos de blindagem reativa e só depois atiravam com seus RPGs.
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Em uma guerra de verdade (não essas invasões de Gaza) a infantaria inimiga ia tentar arrumar um jeito de descarregar o Trophy, para só então atacar com munição Tandem de um RPG-29 ou coisa parecida. Até porque, segundo o fabricante, essa seria a única maneira de se obter um Kill de um tanque israelense.
Pessoal,
Havendo infantaria desmontada do lado de fora dentro do raio de ação do sistema é só desligarem o sistema. Não há drama.
E estando a infantaria exposta as chance desses mísseis e granadas serem lançados contra o carro são reduzidas e pode-se simplesmente meter o dedo no botão liga/desliga. Se não tiver o sistema não se pode fazer absolutamente nada.
E sim. Esses sistemas de proteção ativos são muito interessantes em operações urbanas pelo simples fato que nesse tipo de operação há mais possibilidade de “aparecer” um cara do nada armado com um RPG. Numa guerra campal as chances disso ocorrer são muito menores.
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Sub,
Em tese a blindagem reativa não é detonada e nem pode ser danificada com tiro de armas leves.
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Não sejamos dramáticos. Esse é só mais um sistema de proteção que se soma às outra formas já consagradas e não quer ser infalível. Se ele funcionar em 10% das vezes são 10 carros que se safarão, serão 40 homens que continuarão vivos e serão cerca de 50 milhões de dólares que não irão pro ralo.
Correção: Se ele funcionar em 10% das vezes em 100 vezes…
Alfredo Araujo ( 5 de novembro de 2017 at 12:24 );
Lança rojões e similares fazem parte do pacote de forças irregulares.
Até posso imaginar que uma carga oca, ao impactar com o veículo, acabe restringindo a maior parte da capacidade de estrago de sua ‘warhead’ a blindagem ao invés do que seria se fosse detonada no ar, mas isso não elimina o risco de vítimas fora da viatura que estejam próximas. No final das contas, penso que tanto faz. Se o inimigo atirar , lascou-se de qualquer jeito pra quem tá fora…
Mas seja como for, não se pode negar que esse sistema possa protejer a viatura quando em deslocamento e até a proximidade da área de ação, quando então se desembarca a infantaria.
A experiência israelense em área urbana, até onde já li, denota a usabilidade do sistema nesse cenário.
Alexandre Galante ( 5 de novembro de 2017 at 12:55 );
Penso o contrário.
No meu entender, o APS tem por finalidade safar o veículo.
Carros de combate e viaturas especializadas não se produzem da noite para o dia; e mesmo considerando estoques em outros países, dificilmente haverá rápida entrega. Logo, a menos que já se tenha uma reserva prévia, dificilmente haverá reposição em tempo para tomar o lugar do carro perdido…
Tripulações, por outro lado, podem ser repostas com maior rapidez. Sempre haverão reservas humanas capazes para além do que haverá de carros…
Bardini ( 5 de novembro de 2017 at 13:32 );
Pelo preço de cerca de R$ 500 mil por carro, é possível comprar várias vezes mais veículos do que seria se fosse um CC novo ( mais de 1 X 10 )… É ainda uma vantagem dificil de bater, no nosso caso.
Os fatores que haverão de determinar a substituição do ‘Leopard 1’, se constituem, penso eu, justamente em logística e o custo necessário para atualiza-lo, quando então será mais vantagem adquirir um ‘Leopard 2’ ou similar; e/ou também, quando ( ou “se”… ) os nossos potenciais adversários no continente se equiparem com algo ao menos uma geração a frente e em quantidade suficiente para neutralizar nossos números ( o que nada indica que acontecerá no futuro previsível ).
Nesse meio tempo…
Mesmo que a performance desse CC seja algo bem primário, ainda nos serve… Possuí o básico na forma de um bom sistema de controle de fogo e visão termal e noturna.
Soldat ( 5 de novembro de 2017 at 14:40 ),
Interferir na detecção é difícil… Esses dispositivos normalmente fazem uso de radares de ondas milimétricas.
Seja como for, já tem uma forma de neutralizar o sistema: saturar… Mas isso seria coisa para veículos especialiados de ataque ou artilharia.
Penso que dificilmente uma infantaria seria capaz de faze-lo. Teria que encontrar uma situação onde estivesse em imensa vantagem tática para posicionar seus soldados de forma a atacar o CC com mais de um petardo… Aliás, a razão de ser desses dispositivos APS seria justamente minimizar a vantagem obtida pela infantaria com o uso de armas AC portáteis.
A bem da verdade, penso que o emprego de outras táticas, que contemplem explosivos plantados em solo, se constituiriam em melhor opção, visto que não expõem o atacante.
Bosco ( 5 de novembro de 2017 at 16:14 );
Salvo melhor juízo, os russos, com relação aos veículos dotados do ‘Arena’, buscam manter os infantes distantes uns trinta metros do veículo dotado do dispositivo, de modo que os mesmos não sejam atingidos por qualquer descarga do sistema…
O engraçado nisso tudo é que Baghdad em 2003 foi tomada por um ataque blindado tem até um livro contanto sobre, “Thunder Run: The Armored Strike to Capture Baghdad”, e na que época insurgentes armados com RPG e outros mísseis já era uma grande ameaça e não nada de soft ou hard kill, só a blindagem e a estratégia e tática.
_RR_, dificilmente haverá entusiastas para tripular blindados na guerra moderna, na perspectiva de virarem churrasco dentro de um carro de combate.
Alexandre mas guerra é guerra não tem querer, bota o cara lá e mandar fazer.
Pergunta: Se nossos Leos entre tantas deficiências tem sua vulnerabilidade maior na blindagem a adoção de uma sistema Trophy em pelo menos uma centena de Leos não transformaria de sobremaneira nossa força blindada sem precisar de um MBT mais moderno e ou pesado?
Augusto, em muitos países o serviço militar não é obrigatório.
A maioria dos sistemas de proteção ativos são passíveis de saturação. Isso é possível lançando dois “projéteis” um logo atrás do outro (questão de metros) como é possível com o lança rojão russo RPG-30, com duas “granadas” lançados uma atrás da outra.
Outro modo de saturar o sistema é lançado dois mísseis simultaneamente, como os russos fazem habitualmente com o Kornet lançado por veículo.
Outro maneira do projétil ludibriar o sistema de proteção é utilizar uma trajetória que o sistema é incapaz de engajar, como por exemplo utilizando mísseis que atacam por cima, como o Javelin; ou utilizando granadas que utilizam o modo EFP (explosively formed penetrator), como por exemplo o KSTAM, disparado pelo Black Panther.
http://i.imgur.com/V0blq4z.jpg
Até agora os sistemas de proteção ativos têm se mostrado eficazes em deter “granadas” com trajetória tensa e subsônicas – ou com baixa velocidade supersônica (abaixo de Mach 2)
Nesse vídeo às 3:35 é possível ver 2 Kornets sendo lançados contra o mesmo alvo. https://www.youtube.com/watch?v=3HiQqf98vs8
E pra quem não conhece, o RPG-30: http://img.bemil.chosun.com/nbrd/data/10040/upfile/201504/20150422200544_1.png
Bosco 5 de novembro de 2017 at 16:14
Bosco 5 de novembro de 2017 at 21:53
Bosco, no caso do Javelin, após o disparo, durante algum tempo, a trajetória é “praticamente linear”! Próximo ao alvo é que ele faz uma curva ascendente para detonar por cima do alvo, não é isto?
Talvez, a calibragem para uma maior distância de aquisição de alvo, pudesse ser uma resposta a trajetória do Javelin.
Forte abraço
Eparro,
Há dois modos de operação do Javelin: direto e parabólico.
O operador escolhe o modo antes do lançamento. É opcional.
Contra um veículo protegido dentro de um abrigo ou embaixo de um viaduto escolhe-se o modo direto, claro. Nesse modo o míssil sobe um pouco (60 metros) e depois segue direto contra o alvo.
Esse também é o modo escolhido para atingir edificações. Por exemplo: uma certa janela de um prédio.
No modo parabólico (ou indireto) o míssil sobe muito (cerca de 160 metros) logo que sai do tubo lançador, depois nivela nessa altitude e depois mergulha numa trajetória muito inclinada, acima de 70 graus.
Contra um tanque em campo aberto o modo indireto é sempre utilizado.
Modo direto: http://www.alternatewars.com/BBOW/Weapons/JavelinDirectPath.gif
Eparro,
Essa manobra que você citou é muito comum no míssil Harpoon. É chamada de “pop-up”. O Harpoon segue rente à superfície do mar mas quando chega a cerca de 2 km do navio alvo ele sobe a mais de 1 km de altura para depois mergulhar sobre ele, tentando enganar as defesas de ponto.
Manobra pop-up: http://www.sistemasdearmas.com.br/asv/harpoonperfil2.jpg
Bosco 6 de novembro de 2017 at 11:09
Bosco 6 de novembro de 2017 at 11:14
Entendi! Agradeço a presteza e a atenção.
“…as variantes atualmente oferecidas deste APS ainda não são adequadas para lidar com penetradores de energia cinética.”
Mas e a armadura Chobham, não seria uma boa resposta, se usada com o APS?
Forte abraço
Eparro,
A blilndagem Chobham, criada há 40 anos, revolucionou na época já que multiplicava a capacidade da blindagem constituída única e exclusivamente por aço. Uma blindagem Chobham com 10 cm oferece a mesma resistência à penetração que uma chapa de aço de 1 metro.
O problema é que os penetradores cinéticos estão tendo cada vez mais poder de penetração, mas até agora a blindagem passiva é a melhor defesa já que nem a blindagem reativa e nem os sistemas de proteção ativos têm se mostrado efetivos.
A vantagem para a defesa é que a munição cinética perde velocidade diretamente proporcional à distância e aí quem tem o conjunto canhão/blindagem passiva mais equilibrado consegue ficar fora da distância de destruição efetiva do projétil cinético do inimigo.
Geralmente a capacidade de penetração dos projéteis cinéticos é aferida na distância de 2 km. A queima roupa qualquer blindagem passiva por melhor que seja seria perfurada mesmo por um canhão de menor calibre, como por exemplo o de 90 mm.
Das blindagens passivas a chamada Chobham é a mais capaz de deter um projétil cinético (pelo menos é a mais famosa no Ocidente). Agora, o M-1 incorporou chapas de urânio exaurido que combinado com a Chobham melhorou mais ainda a capacidade da blindagem passiva.
Numa guerra convencional de alta intensidade no futuro no final das contas a questão vai ser resolvida na base da troca de tiros entre carros de combate, como foi na SGM.
Parece que o link que mostra a trajetória alta do Javelin não saiu: http://www.inetres.com/gp/military/infantry/antiarmor/Javelin/Javelin_top2.gif
Bosco 6 de novembro de 2017 at 11:52
Legal!
Obrigado Bosco.
Forte abraço
O que não entendo, é porque demoram tanto para desenvolver algo para um caça poder se defender de forma similar….
carvalho2008 ( 6 de novembro de 2017 at 13:41 );
Na teoria, o sistema DAS do F-35 pode funcionar do mesmo jeito. Ele capta o alvo ( aeronave e/ou mísseis ) em 360°, processa a informação, e pode fornecer dados para orientar o disparo de mísseis.
Bosco 6 de novembro de 2017 at 11:09:”Esse também é o modo escolhido para atingir edificações. Por exemplo: uma certa janela de um prédio.”
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Bosco, apesar de hoje o Javelin possuir uma ogiva multipropósito (MPWH) – ainda assim, mais voltada para infligir pessoal – que possa atacar estruturas, o Ocidente possui algum sistema portátil devidamente voltado para a destruição de edificações?
Rafa,
Tem vários sistemas portáteis efetivos contra edificações. Quase todos os atuais sistema de armas lançadas de ombro têm versões antiestrutura, antibunker e abridores de brechas em paredes, geralmente com cabeças de guerra semiperfurantes, HESH ou termobárica. Cito alguns: M141, MATADOR, ATS (versão do AT4), FFV509 (Carl Gustav), etc.
O míssil mais conhecido é a versão “Bunker Buster” do TOW
Realmente o tanque tem que se defender de uma gama de armas,se torna mais sofisticado tendo que enfrentar misseis antitanques ,RPG,canhoes antitanquesmoutros tanques.Na síria o leopardo sendo destruídos por misseis anticarros por um único combatente.Sem contar que ele pode ser alvejado por misseis lançados por helicóptero e caças. Talvez me atrevo a dizer ele não tem que ir na frente,como em guerras anteriores.ele teria que fazer parte de um pacote.Sendo que os tanques super protegidos bem pesados com todos os sistemas de proteção iam abrindo o caminho para os menos capaz.Isto faz me lembrar dos super tanques alemães.Será que no futuro haveria essa possibilidade.
Neste quesito o T-14 Armata esta bem avançado , segundo os russos tem ate proteção contra explosivos enterrados.
Bosco
A blindagem passiva segundo o senhor é melhor para proteger de projeteis sintéticos, e a reativa , como a do T-90 seria melhor para proteger contra mísseis anti tanque como o Kornet ou o TOW?
Na Síria os T-90 resistiram a muitos disparos de RPG e aquele que foi atingido pelo TOW , a tripulação saiu ilesa e o tanque não foi muito danificado , e logo voltou ao combate.
Na matéria feita pelo canal TVZvezda mostra que o T-14 consegue se defender de misseis como o javelin, se consegue mesmo ninguém sabe..
Léo, me entrometendo, a blindagem reativa é bem mais fraca que a chobam inclusive não tem eficácia contra projetos de carga em tandem. O m1a2 é o único tanque que consegue resistir a um ataque de kornet na frente até uns 2 mil metros.
Os relatos de projéteis que atingir os t-90 empregados na Síria e a blindagem ‘segurou’ não devia usar cargas tandem. Só pra você ter ideia na invasão do Iraque Challenger britânicos que possuem blindagem chobam chegaram a levar 94 hits de RPG em não foram colocados fora de ação, com certeza era projetos sem carga em tandem
Amigo Audusto!
Algumas correções (sem mudar o raiz do problema) :
– blindagem reativa não é mais fraca.Ela possui um efeito similar ou superior para muitos dos meios de ataque AC. So que as duas possuem pontos positivos e negativos.Logo ..
– para uma proteção melhor TODOS os principais tanques do mercado usam as ambas(!!!) na forma combinada (inclusive M1 e Challenger 2)
– a blindagem inglesa chama-se Dorchester (uma Chobham melhorada)
– mesmo com Dorchester e ERA os Challengers foram “atravessados” pelo RPG (basta so digitar no google 🙂 ) Exemplo : http://www.telegraph.co.uk/news/uknews/1551418/MoD-kept-failure-of-best-tank-quiet.html
– foram beeeem mais que 94 hits! So um deles levou (dizem , pelo menos ) 70.
– tanto Relikt como Malakhit foram projetadas para combater os tandens (basicamente são duas camadas de ERA).
– a sobrevivência de um CC no campo da batalha depende muito da blindagem.Mas , dependendo da situação , agilidade e tática vale mais que as 75 toneladas de Dorchester nas costas.
Um grande abraço!
Scub eu disse me referindo ao T-90 que não tem uma blindagem em nível de rha tão espessa quanto a do Abrams, isso fato, assim como as era usados pelos Challenger não chegam ao grau de rha da blindagem chobam deles mas servem pra completar. Os 94 acertos de RPG foram em um tanque só, é claro deveriam ser RPGs sem uso de carga em tandem. https://en.m.wikipedia.org/wiki/Challenger_2 . Na parte “operational história” explica tudo.
Pelo que eu sei não existe blindagem reativa contra cargas em tandem, o que pode fazer efeito é a era + a blindagem do veículo criarem um rha superior a capacidade de penetração da ogiva. Contra RPGs que chegam a 700 mm de rha de poder de penetração não deve ser difícil para um tanque moderno e bem protegido (blindagem composta+era) mas aguentar um míssil AC já complica mais.