Sobre Urutus e Cascavéis…
Em matéria publicada no início do mês de maio, cujo título era “Navegação fluvial com VBTP-MR Guarani”, alguns dos melhores comentaristas aqui do blog levantaram e discutiram diversas questões sobre o VBTP Urutu, veículo que será substituído pelo Guarani. O Editor Guilherme Poggio resolveu dar destaque maior para o mais recente comentário do nosso querido amigo Reginaldo Bacchi, sem sombra de dúvida uma das pessoas que mais conhecem o tema no Brasil.
Rommelqe 5 de maio de 2016 at 23:15
“… Caro Alexandre: o Urutu tem (tinha) uma limitação relativa ao disparo lateral com o canhão Bofors (30 mm), devido ao “balanço” em torno do eixo longitudinal na condição em que estivesse navegando. …”
RJSB: O Urutu jamais foi mobiliado com canhão de 30 mm. O armamento mais pesado que recebeu nas versões anfíbias produzidas em série, foi: 14,5mm KPV e 20mm Hispano-Suiza 804.
A ENGESA teve interesse em participar do Programa Hydracobra para o exército dos EUA. Devido a um dos requisitos deste programa, foi instalado em um Urutu, a torre ET-90 com o canhão EC-90 de comprimento de recuo de 300 mm. O veículo fez teste de navegação em mar aberto, em frente ao Campo de Provas da Marambaia, e durante a navegação fez disparo contra alvo, com pleno sucesso.
Rommelqe 5 de maio de 2016 at 23:15
“…Algo similar ocorria com o Cascavel, sendo uma limitação para disparos laterais com o canhão 90mm se o CCR estivesse sobre um talude limite (dentro daquele estabelecido no conceito estipulado); essa instabilidade lateral foi suplantada na condição limite com implementando uma bitola maior ( aumento na distancia entre rodas ). Essa versão do CCR era inclusive conhecida como o CCR ‘gordo’…”.
RJSB: O aumento de bitola, e também de distância entre eixos (não mencionado por Rommelqe), se deve, não a instabilidade causada pelo tiro do canhão, e sim pela necessidade de se obter espaço no Cascavel para montagem da torre H-90 com o canhão DEFA D-921 de 90 mm.
Rommelqe 5 de maio de 2016 at 23:24
“…Por exemplo, os esforços decorrentes do recuo de protótipos de canhões em torre considerada para o Osório simplesmente destruía a engrenagem de giro. …”.
RJSB: Se o canhão não fosse centrado na torre até que isto poderia acontecer, pois iria causar um momento torcedor na torre a ser absorvido pela caixa de giro. Como o canhão era centrado, jamais ocorreu.
Rommelqe 7 de maio de 2016 at 2:11
“…Caro Bosco, realmente é isso. A grande maioria dos Urutus e, certamente, os Guaranis, destinam-se apenas a atravessar pequenos cursos d’água. Nos Urutus do exercito não havia sequer hélices para propulsão nágua;
o armamento instalado também era uma função da versão produzida, sendo o canhão de 30mm instalado apenas em algumas delas. Os Urutus dos fuzileiros inclusive possuíam, alem dos hélices, anteparos para defletir ondas, bombas de drenagem, escotilhas superiores mais amplas e até um teto mais alto (porque os FN possuem equipamentos, armamentos e procedimentos especificados mais amplos e complexos, exigindo mais espaço, pois eles tem que considerar um tempo de autonomia em combate maior do que do exercito).
ma ocorrência curiosa foi um exercício efetuado na baia de Guanabara, quando um Urutu dos FN navegava em “mar de almirante”, dia ensolarado, mar calmo e com escotilhas abertas. De repente ele “subiu” numa duna submersa, e quando embicou na água de novo, naufragou devido à agua que entrou pelas escotilhas abertas..o motorista da Engesa quase morreu afogado, mas se safou graças a uma pequena escotilha (a única de teto que estava fechada) que essa versão tinha acima do seu banco. O restante da tripulação que estava no carro se safou simplesmente saindo para cima e nadando.
Foram pensados e produzidos dezenas de protótipos e versões com caixa de transferência manual, com acionamentos pneumáticos, sistemas anti- incêndio, tubos tipo snorkel (da MB/FN ) trocadores de calor especiais (nas versões fuzileiras, ao contrario as do exercito, a navegação no mar requer tempos de permanência sob a agua muito maiores, e nessa condição o resfriamento do motor é feita através tubos aletados dispostos em um nicho lateral). …”.
RJSB: Mais uma vez informo: o Urutu jamais usou (nem testou) canhão de 30 mm.
Houve dois casos de afundamento do Urutu. O primeiro se deu numa represa perto da Fabrica da ENGESA em São José dos Campos. Isto foi causado pelo fato de o casco ter na parte inferior orifício para drenagem da água que podia entrar por pequenas fendas na estrutura. Tinha sido feita a drenagem numa navegação anterior e esqueceu-se de fechar o orifício. Quando foi feita nova navegação começou a entrar água, fato que não foi notado no inicio, e que levou a inundação e afundamento do carro. O segundo afundamento, foi na Baia de Guanabara, e foi devido ao motorista, inadvertidamente, ter aberto a tampa do motor.
Os Urutus do exercito inicialmente foram encomendados sem hélice. O EB acreditava que só a rotação dos pneumáticos seria suficiente para deslocar o veiculo em curtas travessias. Depois de experiência negativa de transposição de rios, o EB solicitou o retrofit de hélices para os Urutus já fornecidos, e fornecimento dos carros com hélices, em entregas futuras. Todos os Urutus, repito: todos, foram entregues com anteparos para defletir ondas e bombas de drenagem. Se lerem o manual de instrução do exército, referente a travessia de cursos d’água, vão encontrar a menção destes equipamentos.
Rommelqe 7 de maio de 2016 at 2:33
“… Caro Wwolf22 , nas versões marítimas não creio que devam ser instalado misseis hellfire, por exemplo, fixos em suportes externos porque a linha dagua fica uns parcos 15~30 cm abaixo do teto. >>> Um míssil Tow deve resultar em um recuo razoavel…”.
RJSB: Um sistema de lançamento de misseis guiados anti carro, dependendo de seu peso, possivelmente não permitiria ao Guarani manter suas propriedades anfíbias. Esta é uma discussão acadêmica, pois no momento não está prevista uma versão anti carro do Guarani. Está prevista, porém, uma versão anti carro para o veiculo blindado leve 4X4 [Ver: Requisitos Operacionais Básicos nº 02 / 01, Viatura Blindada de Combate, Anticarro – Leve, de Rodas (VBC / AC – LR)]
Nenhum dos misseis guiados anti carro que conheço tem recuo sensível no lançamento. Tanto que seu disparo é feito, nas versões de infantaria, sobre simples tripé, sem nenhum mecanismo de absorção de recuo. Eu assisti bem de perto a disparos dos mísseis guiados anti carro MILAN e Leo, e posso testemunhar isto. Quem tiver dúvida, é só ver como é o sistema de disparo dos misseis TOW etc. Normalmente, afim de minimizar a força de recuo, os misseis são lançados por uma carga de ejeção, que lança o míssil a uma distância segura, até a entrada em ação do motor principal.
Rommelqe 8 de maio de 2016 at 11:00
“…Creio que a Columbus manteve o mesmo conceito no Guarani.
Bosco: na versão FN o Urutu era navalizado, sendo previstos inúmeros itens em materiais resistentes à corrosão. …”.
RJSB: A Columbus (firma de projetos de Odilon Lobo de Andrade Neto, ex diretor técnico da ENGESA0, não teve absolutamente nada a ver com o projeto do Guarani. O projeto deste veiculo foi feito pelos técnicos do EB e da IVECO.
Todos os Urutus que saíram da linha de montagem eram navalizados, não só os poucos fornecidos ao CFN.
Ate que enfim uma foto de empego correto do CG usando o carro como escudo. Um carro no ataque nada mais é que um escudo gigante. Mtr não atira em ângulo baixo. So tem que lembrar os EV que adversário pode estar em “tocas” ja ultrapassadas na retaguarda e que não adiante todo mundo cuida a frente pois só dois podem atirar nesta direção. Ademais, o abrigo da defesa atira em ângulo e não frontalmente de forma que o foto do GC deve ser disparado nas direções 2 a 10 horas.
A proposito, posso estar errado mas a foto de chamada é uma transposição do acude do RCB de São Luiz Gongaga-RS. Reparem que um dos elementos está com um Mauser. Arrêgo.
Prezados Alexandre e Guilherme Poggio parabéns pelo espaço dado aos comentários do Reginaldo Bacchi. Estão corretíssimos os dados fornecidos por ele que, concordando com vocês, é uma das pessoas que mais conhecem o tema “blindados”, particularmente sobre os empregados pelo EB e pela MB. Conheço de longa data as suas colocações sobre o tema, sempre precisas e coerentes. Faço esse comentário com base na experiência e no conhecimento obtidos em mais de quarenta anos no Exército Brasileiro (continuo a trabalhar mesmo depois de passar para a reserva) onde servi em 04 OM de Cavalaria Mecanizada. Parabéns, mais uma vez, ao espaço concedido para a verdade e pelos excelentes Forças Terrestres e Defense Forces/Forças de Defesa. Grande Abraço
Sobre o comentário do Colombelli, de 26 MAIO 16, a voto da navegação com a VBTP EE-11 Urutu foi tirada no 3º RC Mec em Bagé-RS, e não é antiga, deve ter no máximo um vinte e poucos anos, podendo ser bem recente (veja o uniforme camuflado da tropa). Sobre o fato de 2 ou 3 militares na foto (ou todos, não dá para ter certeza) estarem utilizando “um Mauser”, não há nada de errado. Vejam que essa foto foi tirada durante uma instrução na OM ou mesmo durante um circuito de “oficinas de instrução”, onde diversas instruções são ministradas às frações de tropa por rodízio, nessas oficinas. Em todas as OM de Cavalaria Mecanizada (e seguramente nas demais OM também) existe uma boa quantidade de Mosquetões 7mm M954 Mauser desativados, sem ferrolho e bandoleira, chamados pelos soldados de “paú de fogo”, que são utilizados nas instruções de maneabilidade da tropa no terreno (pistas de combate, rastejos, etc), particularmente na instrução básica, no início do serviço militar obrigatório, para proteger os Fz 7,62 mm M 964 FAL (já bem idosos) da ação destrutiva e corrosiva dos recrutas. Grande Abraço.
Sobre Urutus e Cascavéis…
Parece que a Jararaca se foi!!!
Isso mesmo Colombelli, faz lembrar os alemães na Segunda Guerra, que iam todos atras do carro, como está documentado nas milhares de fotos.
Refutação calcada em argumentos feitos por quem entende do riscado, é sempre um alento para os simples entusiastas como eu.
Mais um post irretocável do FORÇAS DE DEFESA. Meus agradecimentos ao Eng. Bacchi.
A propósito Srs editores, há previsão de lançamento da próxima edição impressa?
Sabe como é, sou das “antiga”. para mim só a mídia eletrônica não basta.
Abraços.
Com a propagação das armas anti-carro, essas viseiras laterais do blindado para tiro,seria inútil num campo de batalha, manter todos os atiradores dentro do veículo.
Jacobina, o que me chamou a atenção não foi tanto a presença do mosquetão em si, comum nas instruções que exigem “ralo” do armamento, especialmente no período básico. Aliás, me cortava coração ver aquelas armas daquele jeito e pensar em como tinham sido. O que me chamou a atenção foi o fato de que alguns estão com o FAL e outros com o pau de fogo. Normalmente quando se usa o armamento de ralo é todos com ele. Enzarelha o FAL, e se distribui o vovô. Por curiosidade aos civis que não tiveram o desgosto de conduzir um em bandoleira, tinha também o “para pau”. Quando o elemento apronta uma feia se poe a bandoleira em um tronco de arvore que passa a ser a arma do sujeito.
Seal esta realidade passou a ser sentida desde 1967 quando os israelenses tiveram severas baixas no interior de blindados. Tens razão. Hoje atacar embarcado é suicídio. As seteiras so tem alguma utilidade em operações de urbanas de baixa intensidade ou em revide de emboscadas quando não dá pra desembarcar. É so mais um componente pra gerar complicação
Precisa ter coragem pra operar aquela .50 do Urutu no meio de um combate…
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Pelo menos nos Guaranis já estão revendo isso.
Podia mandar alguns para as polícias do RJ.
Sobre Urutus e Cascavéis eu diria que ambos são bem frágeis, ambos podem ser postos fora de combate por uma Mtr. 12.7mm(munição perfurante) , e o Urutu é ainda mais frágil, que em certas partes pode ser penetrado por um fuzil 7,62×51(munição perfurante), disparada de 300m abaixo, claro que frontalmente, graças à angulação isso é improvável de ocorrer tanto com o EE-9 quanto com o EE-11. Mas em caso de uma emboscada seriam pouco úteis, seriam caixões de metal, simplesmente obsoletos, nasceram já obsoletos.
Boa noite grande matéria que ainda sanou mais algumas dúvidas desse “burro infante Pára-quedista ” sobre o comentário dos infantes atrás do veículo Urutu ,ainda é usado amigos no Haiti fizemos várias missões assim , quando chegava em algum local ,onde havia troca de tiro e não tinha onde se abrigar os blindados serviam como nossa proteção ,ai vinha um artilheiro do blindado colocava a ponto 50 para “cantar” na direção das milícias que atiravam na gente e rapidamente a “calmaria” voltava , depois a gente ia lá conferir os estragos literalmente os caras sumiam só achava alguns pedaços de carne .
Alexandre, essas coisas não são ventiladas na mídia, que divulga que a MINUSTAH foi paz e amor.
Que satisfação poder ler matérias em que as dúvidas são esclarecidas cabalmente. Linguagem simples e clara. Direto aos pontos.
Parabéns Guilherme Poggio.
Saudações Sr. Reginaldo Bacchi!
Caro Delfim missões de Paz , quem pensa que a situação é tranquila por lá nunca é , a parte mais difícil é no começo quando os capacetes azuis chegam no país e tem que ganhar a confiança da população , no Haiti o grande desafio foi desarmar as milícias , tinha várias por lá algumas entregava as armas voluntariamente outras não , e fui na segunda Minustah até quinta Minustah ouve troca de tiros com os nativos ,depois foi tudo “dominado” e as FA do Brasil ficou mesmo fazendo mais papel de polícia no país e ajuda humanitária com médicos , uma coisa que me enchia de orgulho é que soldado brasileiro realmente se preocupava com a população de lá sempre tratando cordialmente os nativos e as crianças , já as demais tropas de outros países não eram muito amistosas com os haitianos qualquer coisa batiam no pessoal por nada , não sabiam lidar com pequenos conflitos tipo uma briga em família,aconteceu , por isso quando eles o haitianos quando tinham algum problema sempre procurava o soldado brasileiro.
Prezado Bayardo Vellozo Jacobina e demais
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Não precisam agradecer. Vocês é que fazem o site!
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Nós só lançamos os temas para discussão e dos comentários é que vão surgindo as trocas de ideias. Conheço pessoas que começam lendo o blog pelos comentários e só depois passam para a matéria propriamente dita. Eu sei que em certos casos há comentários mal educados e agressivos, mas são minoria podem apostar.
Prezados,
Os Urutus foram desenvolvidos no inicio da decada de 70; quando estagiei na Engesa, inicio de 1974, havia varios prototipos. Algumas soluções estavam sendo experimentadas e muitas delas foram simplesmente descartadas. So de caixas de transmissão, por exemplo, quase todas fabricadas na propia Engesa, foram avaliadas uma porrada. Os eixos para acionamento dos helices (aquela época basicamente destinados aos FNs), os atuadores pneumaticos para trocas acionamentos (terra para agua) foram, entre inumeros outros detalhes e sistemas, objeto de varias versões. No inicio muitos componentes não eram “navalizados” e somente com as varias versões de produção em serie foram fixadas as soluções comercializadas. Estou falando de protótipos, não de produtos prontos, ja desenvolvidos apos anos de estudos e aplicação fisica no campo de provas. Tentando me lembrar de 42 anos atras, o Bofors realmente não foi produzido no calibre 30mm; talvez o prototipo do qual estava me referindo tenha sido dotado com um Defa 550 ou mesmo um Oerlikon. Vou perguntar para o “pancho” meu colega na POLI-USP, que trabalhou anos na Engesa, assim como pelo menos outros cinco amigos da mesma turma. Quando o Bachi entrou na Engesa esta atividades de desenvolvimento estavam quse no fim, após anos de trabalho do Eng Odilon, que estava lotado no setor de enga exoerimental, cujo responsavel era o major Eng. Catarino, aquele que pode-se chamar de pai destes blindados. Tive a oportunidade de ver uma memoria de calculo contendo analise do Urutu na condição de navegação.
Os desenvolvimentos e estudos relativos ao Osorio foram muito mais intensos e complexoa do que publicado e vivenciado por alguns. Por exemplo, o Brasil produzia canos de canhão com deposito de aço em seu núcleo por meio de eletroslag , em processo patenteado e pouco divulgado. A Eletrometal, que produzia estes tubos, possuia um setor exclusivo para esta fabricação especifica. O Jairo era um dos responsavel pelo desenvolvimento de uma torre totalmente brasileira e cujo canhão estava tambem sendo concebido. A engrenagem de giro era um dos pontos mais criticos, porque o recuo do canhão danificava o mecanismo; foram desenvolvidas varias versões de freios de boca na tentativa de reduzir esse efeito. Infelizmente, nas versoes adotadas nos prototipos do Osorio foram instaladas torres não brasileiras. O problema financeiro da empresa, causado principalmente pela falta de pagamento de alguns clientes e pelo altíssimo custo de torres importadas e suspenção pneumaticas europeias, em detrimento de soluções nacionais, levaram ao fechamento da Engesa. O eng. Jose Guilherme, um dos donos, não devia jamais ouvir conselhos de gente de “obras” prontas. Deu no que Abs
Melky, lembro de um episodio que me foi contado, em que clientes foram testar com tiros reais a blindagem de um Urutu. O funcionario da Engesa entregou um FAL com munição para o cliente efetuar o teste. A primeira coisa que ele fez foi trocar o pente por outro, cuja munição ele mesmo trouxe. Não perfurou ….
O eng. Catarino tinha ao lado da mesa dele umas chapas arregaçadas por tiros de varios calibres. É impressionante.
Enfim, alguns gostaram desses blindados, não é mesmo?
Abs
Rommelqe, depois de ter escrito as criticas aos seus textos enviei o meu comentário a Riccardo Furlan para obter a confirmação do que tinha escrito. Para quem não o conheça, Furlan foi contratado pela ENGESA para trabalhar nos projetos do Cascavel e Urutu no inicio destes projetos. Depois, fez carreira na fima no departamento de testes e protótipos, assumindo a chefia deste. Foi diretamente responsável por todos os protótipos construídos na ENGESA, bem como pelo acompanhamento dos testes dos mesmos. Furlan confirmou tudo aquilo que eu tinha escrito. Portanto, Rommelqe, procurei compensar o fato de que somente comecei a trabalhar na ENGESA em Setembro 1977.
Você continua insistindo (coisa que neguei) naquele item de dano a caixa de comando de rotação da torre. Agora para completar, está pondo freio de boca nos canhões ROF L7 de 105 mm e GIAT G 1 de 120 mm que mobiliaram os protótipos do Osorio, coisa que jamais aconteceu.
A ENGESA nunca autorizava tiros de teste nos seus produtos. Para quem quisesse fazer teste disponibilizava placas do material empregado. A placa que você menciona com o então Major Catarino ficava normalmente no laboratório de Controle de Qualidade, e mostrava a influencia dos tiros de vários calibres sobre a chapa.
Sinceramente, ainda não consegui entender onde você quer chegar com estes comentários!!!
O Bacchi, quem disse que foi testado no veiculo? Os freios de boca foram concebidos para serem empregados em prototipos de canhão brasileiro, que não chegou, infelizmente, a ser utilizado no Osorio. Naquela época do Osorio eu não estava há tempos na Engesa, mas la trabalhavam mais de duzentos engenheiros uma dezena dos quais meus amigos até hoje. O JN chegou a testar varios propelentes e projeteis para s diversas munições que se pretendia adotar nestes prototipos; alguns dos testes foram, logicamente, na restinga de Marambaia.
Os canhoes importados, assim como a suspensão pneumatica adotada nos prototipos do Osorio fizeram um importante papel na tentativa de venda do mesmo. A suspensão original, que utilizava braços de torção, foi trocada pela pneumatica apos uma visita à Inglaterra. Excelentes produtos, sem duvidas, mas quando tomaram a decisão de adota-los perdeu-se a oportunidade de dar continuidade ao desenvolvimento de varias frentes de trabalho em projetos.
Prezado Riccardo acho que não te conheci, mas parabens pelo seu trabalh; voce pode tambem falar com o Joel, com o Arnaldo, com o Eliezer, com o…..
No primeiro movimento do EE-25 eu estava la na boleia. Junto com o Jose Guilherme Whitaker Ribeiro, que foi o primeiro a dirigi-lo. Vendeu-se 600 unidades antes de ser noticiado pela imprensa. Maravilha!
Pessoal, a ENGESA nao era composta por um unico engenheiro dono de todas as verdades.
Felismente havia muito mais gente competente.
Nunca, repito nunca, houve ideia de se ter um canhão de projeto brasileiro para usar no Osorio, e mais ainda, jamais se trabalhou neste projeto.
Canhão brasileiro, fabricado pela ENGESA foi o EC-90, que era o Cockerill Mk 3 fabricado sob licença. Para fabrica-lo, foi comprado equipamento de usinagem para a fabrica da ENGEX em Salvador, Bahia. O material do mesmo era fornecido pela Eletrometal, de acordo com o sistema eletro slag. As raias do canhão eram feitas no Arsenal de Guerra de São Paulo, em Barueri. Este canhão foi usado no Cascavel, e na versão com canhão do Urutu. Tinha freio de boca.
Quanto a suspensão hidropneumatica:
“… Fui (Reginaldo Bacchi) responsavel pela escolha da suspensão hidro pneumática. Eu fui, junto com outros engenheiros, à “Defence Components Exhibition” em Brighton na Inglaterra. Visitei sozinho o Stand da Dunlop, e lá o Major Peter Gudgin (Combateu no 48º RTR durante a 2º Guerra Mundial – autor de vários livros sobre armamento e carro de combate), me fez uma apresentação do equipamento, que, combinado com o que eu sábia sobre este tipo de suspensão, selou a minha opinião que devíamos usá-la. Procurei na Exposição o Eng. Paulo André Del Negro (na época gerente técnico do programa do Osório), e expus minha opinião. Inicialmente Paulo André não aceitou minha sugestão, pois considerava que já tínhamos escolhido suspensão à barra de torção, e não queria mudar esta decisão. Convenci-o todavia a visitar o Stand da Dunlop, e lá diante do que foi dito e do que viu, e após visita a fabrica da Dunlop em Leicester, dois dias depois, convenceu-se a rever a decisão sobre a suspensão….”.
Caro Reginaldo, obviamente eu ja havia lido este seu texto a respeito da sua escolha em favor da Dunlop para a suspenção do Osorio. Na sua opinião, quais seriam as vantagens mais relevantes para ter convencido o André a adota-la?
Alguem aqui pode imaginar que a ENGESA nunca cogitou o uso de um canhão de seu projeto? Inclusive ter imaginado um up-grade para os calibres 105 ou mesmo 120mm? Prezado Riccardo, pergunte ao Jairo.
A suspensão do Urutu foi um avanço enorme para a época, tendo sido sido patenteada e motivo de orgulho para a ENGESA.
Já os principais rivais do Osorio ( inclusive o Leopard) na epoca da concorrencia da qual participou, eram dotados com suspensão baseada em barras de torção, solução essa que estava em desenvolvimento no Brasil. Essa solução brasileira era tão ruim assim? Os diversos produtos da ENGESA tinham muita qualidade, por que essa suspensão não?
Bacchi, nao tanto quanto vc, mas tambem falei com pessoal que foi junto com o UNICO chassis enviado de forma precursora para os tests nas arabias. Nestes primeiros testes a torre era fake e fazendo as vezes de canhão foi instalado um tubo A-120 rsrsrs. Para que a distribuição de massas fosse similar ào veiculo versão ” final” de teste, foram utilizados pesos distribuidos em pontos estrategicos. A turma da ENGESA timha apenas um motor, versão desenvolvida aqui no Brasil, o que foi otimo porque se dessem mais tempo tambem seria substituido por algum motor totalmente estrangeiro.
Reginaldo, a “sua” suspensão foi um sucesso! Isto não impediu a suspenção das exportações da ENGESA.
Senhores, peço desculpas mas não vou participar mais deste assunto.
Não aguento mais!
Guilherme muito obrigado por sua gentileza.
Bardini, a rigor a MTR não atira em ângulo muito baixo. Por conseguinte é utilizada a maior distância, como apoio de fogo quando a tropa não pode atuar sob o abrigo do carro, como seja quando há um posição com arma AC. A Mtr dispara de longa distância, inclusive sobre tropa, fazendo fogo de supressão e base de fogos para apoiar a progressão. Ou seja, na foto seu emprego não reflete a realidade. Elemento por a cara a tapa como o operador esta fazendo na fogo, será cortado ao meio por uma saraivada de adversários abrigados.
Uma pena que não foi pra a engesa seria o motor da nossa economia e tecnologia nacional, como sempre nossos líderes sempre com essa máxima de politicagem em vez de políticas de crescimento nacional.
Hoje a Engesa, Avibras e muitas outras poderiam estar fabricando e vendendo produtos nacionais com Boa qualidade e preços atraentes. Temos condições de fabricar equipamentos de ótima qualidade so precisamos de atores que coloquem o Brasil em primeiro lugar. Hoje teríamos como diminuir essa avalanche de desemprego que está devastando o nosso país. Uma postura internacional mais ativa ajudaria a impulsionar as vendas exteriores dos nossos produtos. Se estivéssemos ainda produzindo esses produtos hoje garanto a qualquer um que estaríamos em um grau de qualidade muito melhor que os chineses tem em seus produtos militares hoje.
Bacchi, tenho quase certeza que a primeira demonstração do EE-T1 na Arábia Saudita foi o P1, com canhão L7. O P0 jamais, muito menos com a torre fake! Quanta baboseira! Aliás, a Engesa fez um catadão (no bom sentido) do que havia de bom e moderno na época. Você deve lembrar que meu pai foi para a Alemanha e por muito pouco o Osório não ficou com o 120mm de Leopard 2; daí foram pra Giat, que pir sinal equipou o AMX-40 com o mesmo canhão. Eu vou visitar meu pai esse final de semana e se conseguir roubar as fotos dele, acabo com essas bobagens. Ah, o Odilon sim desenvolveu algo pós-Engesa, que foi o Marruá, que superou até o Land Rover nos testes do EB na Restinga da Marambaia. Com o produto prontinho, vendeu o projeto para a Agrale. Canhão próprio da Engesa pro Osório? No máximo uma licença do L7 e olhe lá! Abraços e fica com Deus.
Gean, o Rommellqe deve ser alguém que guardou alguma magoa com a ENGESA, pois de maneira disfarçada só falou mal da mesma e de seus produtos. Semeou mentiras. Eu parei de discutir com o mesmo depois de perceber sua intenção maldosa.
Eu discordo de você num ponto: não vejo possibilidade de usar o canhão da Rheimetall de 120 mm no Osorio, devido a força de recuo deste canhão, para um carro de 40 toneladas. O GIAT G1 foi projetado para o AMX 40 (1983), cuja tonelagem era a mesma do Osorio. Para reduzir a força de recuo o GIAT G1 teve o curso de recuo aumentado em relação ao Rheinmetall. Assim o GIAT G1 ficou com força de recuo de 37 toneladas contra 61 toneladas do Rheinmetall.
Hoje a Rheinmetall tem o canhão LLR de 120 mm, com curso de recuo maior ainda, usando como adição, freio de boca. Tudo para diminuir mais ainda a força de recuo.
A ENGESA fez contrato tanto com a ROF, como com a GIAT, para produzir seus canhões no Brasil, caso as quantidades tornassem isto economicamente viavel.
Abraços
Senhores,
Mesmo com algumas divergências absolutamente normais e até mesmo bem vindas, pois sem elas tudo seria muito “monocromático”, gostaria de parabeniza-los por tudo o que estamos aprendendo aqui.
Se puder fazer um pedido, não parem…. este é o tipo de boa discussão que mais atrai os que verdadeiramente sãao apaixonados pelo assunto defesa.
Um assunto que a cada dia mais cai na vala do esquecimento. Moderno, hoje, é falar de abobrinhas sobre celebridades fúteis e roubalheira politica.
PS: Grande abraço ao Bacchi que já me elucidou cavalheirescamente muitas duvidas e questões neste e em outros espaços.
Sds.
Baschera, muito obrigado.
Apesar do que você diz, eu quero parar com este assunto desagradável.
Felizmente não é sempre que se encontra pessoas dispostos a jogar disfarçadamente lama em pessoas que muito fizeram por este pais.
Muito bons os comentários, e é bom ver o pessoal da Engesa em peso aqui, nos dando informações que de outra maneira não teríamos.
Ah, se o Brasil fosse um país sério. Abraço a todos.