Há 65 anos, começava a Guerra da Coreia
Em 25 de junho de 1950, tropas do Exército norte-coreano atravessaram a fronteira para o sul, iniciando a Guerra da Coreia.
Unidades do Exército da Coreia do Norte violaram a fronteira que dividia a península coreana desde a Segunda Guerra Mundial, na altura dos 38 graus de latitude norte. O Conselho de Segurança das Nações Unidas condenou o país comunista pela agressão e concedeu à ONU um mandato de intervenção militar. Quinze países-membros enviaram soldados para as tropas de apoio à Coreia do Sul, inicialmente comandadas pelo general norte-americano Douglas MacArthur.
A guerra durou quase três anos e causou drásticas perdas para ambos os lados. Primeiro, os comunistas avançaram até o extremo sul. Daí veio a contra-ofensiva dos aliados. Numa campanha relâmpago, a capital sul-coreana Seul foi reconquistada, sendo o exército norte-coreano quase completamente dizimado.
Em outubro de 1950, a ofensiva liderada pelos Estados Unidos chegou à fronteira entre a Coreia do Norte e a China. Os chineses entraram no conflito e, um ano depois, a situação se estabilizou, aproximadamente na linha geográfica em que começara o confronto.
Coreia do Norte perde território
Um dos principais defensores da intervenção dos EUA foi o então secretário de Estado norte-americano John Forster Dulles, adepto da política de contenção do comunismo. “Grandes guerras, em geral, começam em função de um erro e não com base num plano. A Coreia do Norte, que inicialmente conseguira o controle sobre toda a península, à exceção de uma cabeça de ponte no sul, foi forçada a recuar à sua base inicial e até perdeu território. O agressor teve enormes prejuízos, sem obter qualquer êxito”, disse Dulles, ao fazer um balanço do conflito.
O saldo do confronto militar foi desastroso: dois milhões de soldados e 1,5 milhão de civis coreanos foram mortos, feridos ou dados como desaparecidos e mais de 54 mil soldados norte-americanos morreram nos combates. O país foi arruinado por uma guerra que não teve vencedores. As negociações de paz entre as lideranças stalinistas do norte e o governo autoritário do sul arrastaram-se por dois anos.
A morte de Josef Stalin, a 5 de maio de 1953, provocou um relativo relaxamento da tensão e, a 27 de julho daquele ano, foi assinado um armistício. Por ocasião da assinatura do cessar-fogo, o presidente norte-americano Dwight D. Eisenhower disse que esse passo representava “um fim rápido à luta entre as tropas das Nações Unidas e o exército comunista.”
O cessar-fogo de 1953 foi assinado na aldeia fronteiriça de Panmunjom, situada exatamente nos 38 graus de latitude norte. A mesa verde de negociações, instalada num barraco de madeira, servia ao mesmo tempo de linha divisória entre as partes conflitantes: de um lado, estavam os representantes dos EUA e da Coreia do Sul e, do outro, os chineses e norte-coreanos. Apesar da pressão internacional, as duas Coreias nunca formalizaram um acordo de paz.
Troca de acusações
Os norte-coreanos acusam seus conterrâneos do sul de terem praticado, desde 1953, cerca de 300 mil transgressões ao cessar-fogo. Já a Coreia do Sul coloca 56 mil violações de fronteira na conta dos norte-coreanos. Em 1998, por exemplo, um minissubmarino de espionagem da Coreia do Norte foi capturado por redes de pescadores da costa sul-coreana.
O Pentágono também confirmou oficialmente algumas agressões brutais dos militares norte-americanos, como o massacre de centenas de civis em No Gun Ri. Décadas mais tarde, o Departamento de Defesa dos EUA descobriu um documento cuja existência era negada pelo Exército. Era uma ordem por escrito para “executar todos os civis que se aproximassem de posições norte-americanas.”
O comando militar dos EUA já causara problemas durante o conflito. Em 1951, o presidente Harry Truman afastou o general Douglas MacArthur, que pretendia acabar com a Guerra da Coreia, através do bombardeio de cidades industriais chinesas. O plano de MacArthur previa, se necessário, até o lançamento de bombas atômicas sobre a China.
A Coreia permanece ainda hoje dividida e é considerada um dos últimos resquícios da Guerra Fria.
FONTE: DW