Guerra entre China e Estados Unidos pode ser inevitável, segundo jornal chinês

42
71625_u-s-under-secretary-of-defense-for-policy-flournoy-meets-with-china-deputy-chief-of-general-staff-of-the-pla-ma-in-beijing

71625_u-s-under-secretary-of-defense-for-policy-flournoy-meets-with-china-deputy-chief-of-general-staff-of-the-pla-ma-in-beijing

Nesta terça-feira, a China lançou uma nova revisão de seu livro de estratégia militar. O documento fala em ‘projetar seu poder’ para além das fronteiras chinesas no mar e pelo ar

Clipping  Uma semana depois de a Marinha chinesa ameaçar um avião americano que operava voos de reconhecimento em águas internacionais, o jornal estatal chinês Global Times publicou um editorial dizendo que uma guerra entre China e Estados Unidos pode ser inevitável. O texto foi publicado em meio ao aumento da tensão entre os dois países no Mar da China Meridional, localizado no sul da China, parte do Oceano Pacífico. Na semana passada, Washington enviou aviões para espionar as ilhas artificiais construídas por Pequim no Mar da China Meridional – imagens de satélite mostram a construção de estradas, portos e o que poderiam ser postos militares nessas ilhas.

“Se a demanda dos EUA envolver a interrupção das atividades chinesas, uma guerra entre os dois países no Mar da China Meridional é inevitável”, diz o editorial. No mesmo texto, o jornal culpa Washington pelo acirramento do conflito entre dois os países na região: “Os Estados Unidos estão aumentando o risco de confronto físico com a China recentemente”.

Além da localização militar estratégica, o Mar da China Meridional é palco de disputas territoriais entre os países da região por apresentar áreas de pesca abundante e reservas potencialmente ricas em recursos naturais.

Defesa ativa – Nesta terça-feira, a China lançou uma nova revisão do livro branco de estratégia militar na qual ressalta o desenvolvimento de sua Marinha e o conceito de “defesa ativa” em plena escalada de tensões entre Pequim e Washington pelas águas do Oceano Pacífico. Segundo o documento, o Exército chinês, incluindo a Marinha e Força Aérea, poderá ‘projetar seu poder’ para além das fronteiras chinesas no mar e, mais assertivamente, pelo ar a fim de proteger suas áreas marítimas, de acordo com o jornal britânico Telegraph.

“Não atacaremos a não ser que alguém nos ataque, mas, com certeza, contra-atacaremos se nos atacarem”, disse em entrevista coletiva o coronel Yang Yujun, porta-voz do Ministério da Defesa. Trata-se do nono documento deste tipo desde 1998 e Yang assegurou que a novidade do atual é que é “mais estratégico e preventivo” em um contexto mundial de “mudanças sem precedentes e com a China em um ponto crítico de reforma e desenvolvimento”.

Apesar de enfatizar o compromisso da China com o desenvolvimento pacífico, o documento ressalta “domínios de segurança críticos”, entre eles: os oceanos, o espaço, o ciberespaço e a força nuclear, e adverte que a Marinha “mudará gradualmente seu enfoque”. As forças navais passarão de uma estratégia única de “defesa de águas litorais” para outra que também combine “a proteção de águas abertas”, assinalou o porta-voz.

FONTE: VEJA

0 0 votos
Classificação do artigo
Inscrever-se
Notificar de
guest

42 Comentários
mais antigos
mais recentes Mais votado
Feedbacks embutidos
Ver todos os comentários
Blackhawk
Blackhawk
9 anos atrás

Os EUA abriram a porta do “ataque preventivo”…
Ainda assim, o confronto entre duas potências não é benéfico pra nenhum dos lados, deve ser apenas trova.

Augusto
Augusto
9 anos atrás

O interessante é que ontem mesmo (26/5/15), em entrevista a CNN, Michael Morell (Former CIA Deputy Director) disse claramente que “viu recentemente um estudo sobre casos na História em que uma determinada potência ascendente (no caso presente, a China) começou a desafiar uma potência dominante (no caso presente, os EUA). Em 70% dos casos, historicamente, o resultado foi a guerra”.

E sentenciou, ao ser perguntado sobre a possibilidade de eclosão de uma guerra entre China e EUA: “Absolutely! It’s a risk, absolutely.”

Felipe Morais
Felipe Morais
9 anos atrás

O mais assustador disso tudo é que na contramão do mundo, o Brasil faz um corte substancial na área de defesa.
Nosso executivo é alheio a defesa. Nosso legislativo é alheio a defesa. A população é alheia a defesa. Ta chegando a hora em que as três forças serão alheias a defesa.
A primeira demonstração é a marinha investir o que tem e o que não tem no prosub, em detrimento de todo o restante. Lamentável.

Augusto
Augusto
9 anos atrás

Felipe Morais
27 de maio de 2015 at 13:56 #

O investimento nos submarinos foi uma iniciativa acertada e louvável, porque dota a Marinha de meios para a guerra!

Portanto, não faça avaliação errada, culpando o PROSUB pela escassez de recursos. As causas da falta de verbas são a corrupção e o amadorismo administrativo entranhados nos diversos órgãos do poder.

Quantas escoltas, meios para guerra de minas e caças novos teríamos se o Estado brasileiro não fosse saqueado diuturnamente?

Groo
Groo
9 anos atrás

“Pode ser inevitável”. Ou é ou não é, certo?

Lyw
Lyw
9 anos atrás

Diziam a mesma coisa da URSS e…

1 – A guerra fria foi uma via de escape, um jogo de xadrez mundial que adiou um confronto entre as duas potências disputando a hegemonia;

2 – A União Soviética ruiu e a guerra tão proclamada durante três décadas e meia não aconteceu.

Agora, claramente existem algumas diferenças da nova disputa hegemônica que contemplamos:

1 – Anteriormente você tinha não apenas uma disputa entre Estados, mas uma disputa entre dois modelos socio-econômicos (e políticos), agora a coisa é diferente, a China já não é mais comunista.

2 – A disputa é por mercados e recursos, será que o mundo é grande o suficiente para os dois (China e EUA)?

2 –

Corsario137
Corsario137
9 anos atrás

A coisa não é tão simples assim. Existe uma relação de dependência mútua entre EUA e China.

A China é um gigante já respeitado em todas as áreas, porém militarmente não demonstra ainda o potencial que já tem. É natural esse movimento de expansão. Em 2020/25 terão o PIB americano mas militarmente não terão a influencia que os EUA tem no mundo. Assim, ela também está buscando se expandir. Primeiro demonstrando claramente aos vizinhos quem é a potência dominante, e, em breve, se metendo em assuntos externos, como no Oriente Médio e, principalmente na África.

Com o Império Britânico foi assim, com os EUA e agora com a China.

A diferença básica, e que assusta o mundo ocidental, é que os dois primeiros impérios, mesmo que longe de serem bonzinhos, eram pautados por ideais de liberdade e respeito aos direitos individuais e de propriedade, algo que não é muito da filosofia chinesa.

O mundo caminha para uma nova bipolaridade com alguns feudos de independência como Rússia, Índia e Israel. De resto será mais ou menos dentro do guarda chuva americano ou chinês.

Felipe Morais
Felipe Morais
9 anos atrás

Augusto, a mesa está posta e nela, há algum tempo, já se encontram a escassez de recursos, a corrupção, o amadorismo, o saque ao estado brasileiro e demais problemas citados por ti.
Cabe ao Estado combater esses males e ao gestor público se adequar à realidade.
Sim, o submarino nuclear agrega bastante à força e é um excelente “meio de guerra”, mas não sozinho. Adianta ter esse aparato sem nenhuma escolta descente?
A realidade da marinha está ai…os meios estão sucateados.
Pelo andar da carroagem daqui 10 anos teremos uma marinha composta por 4 submarinos convencionais, 1 nuclear e alguns navios patrulha. Belos “meios de guerra”.
Por fim, primeiro vem o arroz com feijão, depois a salada com ovos. Essa grana do prosub daria para o o prosuper e uns sobressalentes. Ai sim era a hora de pensar no “plus”.

a.cancado
a.cancado
9 anos atrás

A China, agora, arrota: se a coisa descambar mesmo pro ‘vamos ver’, apesar de ser realmente muito poderosa, vai peidar na farofa.
Basta conhecer História, pra se ter certeza. Os eventos que levaram a Pearl Harbor, e que culminaram que a destruição da capacidade militar do Japão, são prova incontestável disso.
E a China ainda é comunista sim, do ponto de vista político; Do ponto de vista econômico, é o mais capitalista dos países capitalistas.

a.cancado
a.cancado
9 anos atrás

Ô Felipe, na boa, você acredita MESMO que pelo andar da carrUagem, daqui A 10 anos teremos uma marinha composta por 4 submarinos convencionais e 1 nuclear? Tá bom, então…Legal…rsrsrsrsrsrs

a.cancado
a.cancado
9 anos atrás

Se daqui a 10 anos ainda TIVERMOS uma Marinha, já estarei muito feliz…rsrsrsrsrsrsrsrsrsrsrsrsrsrsrss

Augusto
Augusto
9 anos atrás

a.cancado
27 de maio de 2015 at 19:16 #

“A China, agora, arrota: se a coisa descambar mesmo pro ‘vamos ver’, apesar de ser realmente muito poderosa, vai peidar na farofa.
Basta conhecer História, pra se ter certeza. Os eventos que levaram a Pearl Harbor, e que culminaram que a destruição da capacidade militar do Japão, são prova incontestável disso.”

Não é bem assim. Japão em 1941 com armamentos convencionais é uma coisa, China em 2015 com submarinos nucleares com mísseis balísticos intercontinentais (JL-2) é outra.

Oganza
Oganza
9 anos atrás

É tudo uma questão de Paciência.

Hj e durante os próximos 15 anos se China e EUA chegarem a algum ponto de inflexão e partirem para as vias de fato, o primeiro vai levar o farelo.

Mas daqui a 20-25 anos a coisa pode/vai ser diferente. Daqui a 20 anos ambos serão forçados a sentar e conversar.

A pergunta é: Como anda a ânsia dos Generais Chineses? Eles querem ser duvidosamente “Grandes” Hoje ou com certeza “Grandes” amanhã?

Minha preocupação não é quem vai ganhar, e sim quem vai ocupar o vácuo, mesmo que “temporário”, deixado pelos “dois” beligerantes. Pois independente de quem ganhe, ambos estarão arrasados.

Lembre-se que os EUA estavam praticamente falidos depois da 2ª Guerra e os dividendos econômicos da Vitória só vieram de fato 2 décadas depois.

Grande Abraço.

Marcelo
Marcelo
9 anos atrás

Corsario137 27 de maio de 2015 at 16:31 #

concordo com 99%, mas, Israel independente? Ele está no guarda-chuva dos EUA.

Abraços

Marcelo
Marcelo
9 anos atrás

“Lembre-se que os EUA estavam praticamente falidos depois da 2ª Guerra e os dividendos econômicos da Vitória só vieram de fato 2 décadas depois.”

Isso não é verdade. A década de 50 é considerada uma década de ouro para os EUA. O Plano Marshall capitaneado pelos EUA reergueu a Europa e estabeleceu sua esfera de influência.

Rafael M. F.
Rafael M. F.
9 anos atrás

Oganza
28 de maio de 2015 at 1:08

Concordo com o Oganza. E vou mais longe.

Em 1904, o Japão atacou preventivamente a esquadra russa do Extremo Oriente em Port Arthur pois tinha informações de que os russos aumentariam sua esquadra de 5 para 13 encouraçados. Foi um ataque com contra-torpedeiros ao melhor estilo Pearl Harbour, onde dois de seus melhores encouraçados foram gravemente danificados. Teve início a Guerra Russo-Japonesa, cujo resultado já conhecemos.

Os chineses estão em uma situação semelhante à dos russos há 111 anos atrás, só que dessa vez há nukes envolvidas.

Uma das consequências, IMHO, será a mudança da doutrina de defesa japonesa – não será mais uma força de autodefesa.

Outra, IMHO, será provavelmente o desenvolvimento da capacidade nuclear japonesa.

Uma terceira, IMHO, será um estreitamento ainda maior dos laços entre os governos do Vietnam e dos Estados Unidos – na verdade um processo que vem desde o governo Clinton.

Certa vez dei uma olhada em um forum vietnamita – através de tradutor. Eles falam o tempo todo a respeito da China. Encaram esse país com um imenso temor.

Penso que esse era o momento ideal para o Brasil aumentar seus investimento em defesa. Seria interessantíssimo para os Estados Unidos/Europa um Brasil militarmente forte nessa nova divisão de poder que se desenha.

Mas isso demanda um grau de comprometimento maior não apenas do governo, mas da sociedade como um todo, e não sei se essa está preparada.

a.cancado
a.cancado
9 anos atrás

Como sempre, os comentários inteligentes e bem formulados do Oganza iluminam a discussão.
Dessa vez, com o auxílio luxuoso do Rafael M. F.

a.cancado
a.cancado
9 anos atrás

Augusto, guardando-se as devidas proporções, do ponto de vista tecnológico, a situação e praticamente a mesma.
A própria China já deixou claro que, pelos menos até 2020, a supremacia dos EUA no Pacífico será simplesmente inquestionável.
Como eu disse, resta à China arrotar um poder que ainda não tem.

Rafael M. F.
Rafael M. F.
9 anos atrás

A propósito, leiam sobre a Guerra Russo-Japonesa. Há elementos geopolíticos muito semelhantes aos de hoje.

Oganza
Oganza
9 anos atrás

Marcelo,

o que vc tem que se perguntar é: De onde veio o Dinheiro?

Resumindo Grosseiramente: os EUA estavam quase falidos sim, se não fosse a Bomba, eles não aguentariam mais 6 meses de guerra… e Toda a guerra foi financiada pelos chamados Bônus de Guerra, que eram títulos do Governo vendidos aos cidadãos americanos.

O Plano Marshall foi um financiamento e não foi a fundo perdido… …financiamento esse, que no caso alemão, levou o “calote” na década de 60(?). Tal plano só foi possível pois a Bomba permitiu que os EUA pudessem usar a pouca grana que ainda tinham para dar de Garantia aos Bancos que financiaram o Plano Marshall.

A década de 50 foi financiada pelo Baby Boom e não pela Guerra propriamente dita, apesar de estarem intrinsecamente ligados. Mas tivemos tb as exportações americanas para uma Europa e Japão arrasados, mas isso é outra história.

Como se diz: follow the money.

Grande Abraço.

Soldat
Soldat
9 anos atrás

Hiii não se preocupem não!!!!

Os Âmis somente com um cowboy aramado com um 38 e uma Winchester é o suficiente para acabar com Chinas.

Como dizem os fanáticos os Chinas nem precisam entrar em campo porque a rapaziada USA já venceu!!!

Vader
9 anos atrás

EUA e PRC são profundamente interdependentes do ponto de vista econômico. Se um quebrar o outro vai à falência na hora.

Países com esse nível de interdependência não entram em guerra: fazem os outros guerrear por eles. 😉

Essa guerra é impossível. Estudem a Teoria dos Jogos, ou mesmo o bom e velho Sun Tzu, e constatarão isso.

Sds.

Corsario137
Corsario137
9 anos atrás

Marcelo,

Imaginava que a inclusao de Israel no “clube” dos independentes causaria algum estranhamento.

Explico: ainda que os EUA sejam e continuarão sendo grandes e generosos fornecedores de armamento para Israel, a politica externa Israelense nunca esteve tão desalinhada aos interesses americanos no Oriente Médio, pelo menos dentro da administração democrata, já que não sabemos como os republicanos lidarão com o tema Irã. Assim, Israel procura cada vez mais soluções, próprias ou não, que representem uma diminuição da dependência de armamento americano. Neste sentido Israel é independente porque possui uma política externa própria que tende a ser cada vez menos alinhada a dos EUA e menos ainda da Europa. Com indiscutivel capacidade militar, Israel pode e provavelmente fará atos nos próximos meses e anos que serão contrários aos valores e políticas ocidentais.

Complementando ainda este raciocinio, Israel tem e continuará tendo sozinho capacidade de se defender de qualquer agressão externa, seja das potencias, seja dos seus vizinhos, ainda que patrocinados por outras nações.

Sds!

Felipe Morais
Felipe Morais
9 anos atrás

Vader, to contigo. Não que eu não acredite que um dia possar haver um conflito franco entre os dois. Mas acho mais provável os embates serem entre outros atores.
Hoje acho mais provável que o centro dos conflitos seja na Ásia, algo entre Coreia do Sul e/ou Japão e/ou Taiwan vs Coreia do Norte e/ou Vietnam etc.

Mas considerando uma possibilidade de um conflito global, é uma imensa irresponsabilidade não melhorar e aumentar a atenção às nossas defesas. Não vejo um conflito global com a América do Sul alheia a tudo e todos. Principalmente por termos vizinhos conturbados e abertos ao Dragão. Imagine a vantagem estratégica da China com um posto avançado na América do Sul. Acho que nem precisariam barganhar muito para ter o apoio de alguns latinos, como Venezuela, Bolívia, Argentina, Equador, Cuba, Rep.Dominicana e Brasil?
Precisa falar, ainda, no quão importante é,para os EUA, em caso de conflito dessas dimensões, ter o Atlântico sob controle?
Na verdade, hoje, com a “globalização”, acho difícil qualquer parte do mundo ficar alheia a um conflito dessas dimensões.

tadeumar
tadeumar
9 anos atrás

Os EUA sao incontestavelmente muito, mas muito mais avancados cientifica e tecnologicamente que a China e o resto do mundo juntos.

A capacidade de deterrencia nuclear Americana e definitivamente assustadora, seja quem seja o adversario que se atreva a enfreta-los. Mas a maxima de Roosevelt ainda prevalence: Speak softly, and carry a big stick.

Tanto russos quanto os chineses muito sabem disso.

Atualmente somente a Russia poderia causar uma catastrofe nuclear em solo Americano.

A China esta muito longe disso, mas no entanto a US. Navy tem poder suficiente para fazer a China desaparecer em questao de minutos.

A China e um pais comunista, e selvagemente capitalista. A China e um inimigo mundial, repito: inimigo mundial.

Se os EUA desaparecem do mapa por algum ato de magica, o mundo inteiro ira sofrer nas maos dos chineses.

Eles ja estao na America do Sul, e estao correndo muito para aumentar sua influencia neste continente antes que os republicanos tomen novamente as redeas na Casa Branca.

Rafael M. F.
Rafael M. F.
9 anos atrás

Vader
28 de maio de 2015 at 17:50

Felipe,

É tentador a gente apostar na interdependência como um fator que possa impedir guerras entre potências.

Mas nesse aspecto, eu vou ousar discordar de você.

Interdependância em si não evita conflitos. Vou lhe recomendar dois autores excepcionais: Ivan Bloch e Norman Angell.

Bloch era um banqueiro judeu-polonês e escreveu “The Future of War” e “Is War Now Impossible?”. Bloch previu em 1899 (!!!!) com espantosa precisão como seria a I Guerra – 15 anos antes dela acontecer!!!

Angell era jornalista, escritor, membro do Partido Trabalhista no Parlamento, e escreveu em 1909 o clássico “A Grande Ilusão”.

Eles falavam justamente dessa interdependência.

Eu vejo diversas semelhanças entre hoje e o período pré-1914. Principalmente nesse discurso de “interdependência”.

Eu penso que se houver um conflito generalizado, este se dará possivelmente em dois lugares: Oriente Médio ou Mar da China (Meridional e Oriental).

O primeiro, por ser um saco-de-gatos, uma Terra de Marlboro – como eram os Balcãs em 1914.

O segundo, por razões de ordem estratégica.

Rafael M. F.
Rafael M. F.
9 anos atrás

Vou repostar um comentário que fiz aqui há alguns meses:

Posso até parecer preconceituoso, mas essa é a visão que tenho da China:

A China reúne o pior do capitalismo predatório com uma ditadura. São como uma praga de gafanhotos, por onde passam deixam apenas miséria. Seu capitalismo se assemelha muito ao capitalismo norte-americano do fim do séc. XIX.

E um sistema capitalista predatório gera graves tensões sociais, que no caso chinês estão sendo mantidas sob controle através de um gigantesco aparato repressivo-punitivo estatal. Mas esse sistema possui um calcanhar-de-aquiles: só se mantém em funcionamento enquanto o país mantém altas taxas de crescimento econômico.

Para a China manter seu crescimento econômico, precisa garantir sua segurança alimentar e seu acesso às fontes de matérias-primas e de energia. Daí as investidas no Brasil e na África. Precisa também garantir suas rotas comerciais e sua saída para o Pacífico, daí o ritmo alucinado de construção de navios de guerra.

O mapa abaixo mostra bem a delicada posição estratégica chinesa. Vejam a quantidade de ilhas com (US) e (Japão) à frente dos principais portos chineses, como Qingdao, Shanghai, Hong Kong, Guangzhou.

http://www.guiageo.com/pictures/mapa-asia.jpg

Será uma área interessantíssima nos próximos anos.

Eles sabem que uma ação militar na sua área de influência (Mar Amarelo, Mar da China Oriental, Mar da China Meridional), terá que ser rápida e decisiva. Coisa que eles não possuem condições de garantir atualmente, e tenho dúvidas se terão condições de garantir no futuro. Afinal países como Japão, Taiwan, Austrália e Estados Unidos não estão adormecidos.

Qualquer ação militar por parte da China e seu comércio é paralisado, e tenho dúvidas por quanto tempo ela aguentaria.

Tenho a opinião de que estratégia de dissuasão nipo-americana nos próximos anos será provavelmente a de garantir que esse tempo seja longo o suficiente para que a segurança alimentar e energética da China sejam gravemente comprometidas, dessa forma forçando as lideranças chinesas a sentarem-se à mesa de negociações.

Leonardo Crestani
Leonardo Crestani
9 anos atrás

Caros,

Não adianta culparmos a corrupção do PT, a lava jato, o lava prato e o lava calçada, enquanto o POVO não ir contra o governo e cobrar um país forte militarmente, estes cortes sempre irão acontecer, daqui a alguns anos não teremos mais FFAA.

O Brasil precisa de uma GUERRA pra acordar!

eparro
eparro
9 anos atrás

Eu fico imaginando a China, em guerra, como seria para alimentar os 1bi e 350mi de população!

Control
Control
9 anos atrás

Srs

Os próximos conflitos serão por alimentos, por territórios aptos para produzi-los.
E o chineses já definiram onde será o campo de batalha: a África e a América do Sul.
Observe-se que, apesar de todo o movimento em relação ao Mar da China e o aumento de forças norte americanas no Pacifico, os chineses focam os planos de criação de novas bases navais no Indico e no Atlântico Sul. Isto faz parte da expansão de seus interesses e influência na África e na América do Sul.
Isto é lógico ao se considerar que, ao mesmo tempo em que a população mundial cresce, as condições climáticas tendem a piorar prejudicando a produção agrícola. E, para a China, o suprimento de alimentos é essencial.
Assim, ela vem aplicando um intenso esforço para o controle destas regiões através do comércio, de financiamentos, ações diplomáticas e, principalmente, a pura e simples compra de terras. Hoje, já é dona de grandes áreas nestes dois continentes, tem grande influência em vários dos países da África e já se tornou o maior parceiro comercial dos dois maiores países da América do Sul.
Curiosamente, apesar de sinalizar claramente suas intenções de influir/controlar estes dois continentes, a China não tem enfrentado oposição em seu movimento.
Focado em seu esforço em garantir sua posição e apoiar seus aliados no Pacifico, o Tio Sam não tem mostrado muito interesse pela África e pela América do Sul e os governos dos países destes continentes tem recebido com entusiasmo a influência (principalmente, o dinheiro) dos chineses.
Conforme a situação evoluir e as condições climáticas piorarem, provavelmente, os países importadores de alimentos irão se aperceber do problema, mas se esta percepção demorar, o Dragão já terá a maioria das áreas agriculturáveis sob seu controle.
A III Grande Guerra já começou e ela está em nossas portas.

Sds

Rafael M. F.
Rafael M. F.
9 anos atrás

Control
30 de maio de 2015 at 7:12

Observe-se que, apesar de todo o movimento em relação ao Mar da China e o aumento de forças norte americanas no Pacifico, os chineses focam os planos de criação de novas bases navais no Indico e no Atlântico Sul. Isto faz parte da expansão de seus interesses e influência na África e na América do Sul.
Isto é lógico ao se considerar que, ao mesmo tempo em que a população mundial cresce, as condições climáticas tendem a piorar prejudicando a produção agrícola. E, para a China, o suprimento de alimentos é essencial.

Sua afirmação vai de encontro com a minha.

Mas eu tendo a acreditar que a prioridade chinesa atualmente será garantir suas rotas comerciais. A posição estratégica chinesa é delicadíssima, cercada em uma área de mar relativamente pequena. Um bloqueio naval e ela é levada à beira da fome. De nada adiantará garantir sua segurança alimentar se os recursos não puderem lá chegar.

A Alemanha perdeu a I Guerra por conta do bloqueio naval britânico. Os chineses não querem que o mesmo aconteça com eles.

Control
Control
9 anos atrás

Srs

Prezado Rafael

Certamente os chineses têm a preocupação de garantir o acesso a África e a América do Sul, daí a prioridade por estabelecer bases no Indico e no Atlântico Sul.
Há alguns pontos a considerar sobre a estratégia chinesa:
• O bloqueio a China é improvável, pois ela tem o seu arsenal nuclear, que não se compara ao norte americano, porém já é significativo. Isto impede conflitos e ações militares diretas, a não ser em última instância e, se ocorrer, causadas por algum erro (arsenais nucleares são para ameaçar e não para serem usados);
• A III Guerra Mundial, pelo menos no início, é econômica e, como na guerra fria, os conflitos que surgirem serão na periferia, no caso, África e América do Sul;
• O processo que adotaram para estabelecer sua influência na África e na América do Sul se assemelha as antigas técnicas que os ingleses (Companhia das Índias) usaram para controlar a Índia (acordos comerciais, apoio político a financeiro a governos e governantes em dificuldade, compra de territórios, etc.). Isto evita/reduz o risco de conflitos imediatos;
• A cultura chinesa está lastreada na antiga visão imperial, onde os povos da região periférica eram vassalos cooptados pela força e/ou por acordos. Isto pode representar um problema para os chineses se tal visão permanecer, pois implica em um esforço continuado para estabelecer a hegemonia sobre países rebeldes como o Vietnã;
• A disputa pelas ilhas do Mar da China e a intenção de estender a fronteira chinesa praticamente até as Filipinas cria um potencial de conflito que não é conveniente para a China, no momento. A dúvida é se seus governantes terão a cabeça fria para manter as reivindicações em baixa temperatura até que, pelo aumento de seu poderio, elas sejam “aceitas” pelos seus vizinhos.
Taiwan é outro ponto que exigirá frieza dos governantes chineses, pois a solução melhor é sua absorção através de acordos, o que exigirá tempo e habilidade diplomática (pressões e afagos bem ajustados);
• Outro problema para a China, assim como é/será para o novo Império Russo (sonho do Putin), é o renascimento muçulmano. O s dois impérios contam com uma grande população muçulmana em seu interior e a grande extensão de fronteiras com países muçulmanos. Isto pode gerar focos de tensões e dispersão de energia que podem prejudicar o andamento dos planos de expansão chinesa;
• Finalmente, a África é endêmica em conflitos tribais, visto que a maioria de seus países tem pouca identidade nacional. Tal situação vem se agravando na região meridional do Saara, o Sahel, devido ao efeito da expansão deste para o sul e a degradação das condições de vida resultantes. Os conflitos daí resultantes vem se agravando pelo componente religioso extremista muçulmano associado. Estes movimentos já vêm afetando os interesses chineses no Sudão do Sul e se continuarem rumo ao sul atingirão regiões de grande interesse dos chineses (regiões para a produção de alimentos). A China, mais cedo ou mais tarde terá que se envolver nestes conflitos e suportar guerras de atrito. Isto torna a América do Sul mais atrativa, pois não tem este problema, por enquanto.

Ou seja, apesar de todo o sucesso que está tendo, a China não tem a vitória garantida quanto a domínio das regiões produtoras de alimentos, pois há empecilhos que precisarão ser superados e grandes possibilidades de instabilidades futuras na África. Isto sem considerar a ação futura de outros países também necessitados de alimentos, caso da Índia, e o mais que provável acirramento das disputas por terras agriculturáveis que sobrarem conforme o clima reduzir a disponibilidade de tais recursos.
A III Guerra será longa e pode terminar só com perdedores.

Sds

Rafael M. F.
Rafael M. F.
9 anos atrás

Control
30 de maio de 2015 at 13:55

• O bloqueio a China é improvável, pois ela tem o seu arsenal nuclear, que não se compara ao norte americano, porém já é significativo. Isto impede conflitos e ações militares diretas, a não ser em última instância e, se ocorrer, causadas por algum erro (arsenais nucleares são para ameaçar e não para serem usados);

Concordo.

O problema começa a partir do momento em que a China começa a tornar-se mais agressiva na região – como tem acontecido nos últimos meses. Posturas agressivas aumentão as tensões regionais e podem facilmente evoluir para ações diretas.

Eu creio que hoje, se os chineses tentarem partir para uma ação mais direta, levarão a pior. Independente do seu arsenal nuclear. Até porque entre seus oponentes também há uma potência nuclear.

• A III Guerra Mundial, pelo menos no início, é econômica e, como na guerra fria, os conflitos que surgirem serão na periferia, no caso, África e América do Sul;

Como você, também creio que o próximo conflito entre potências não se iniciará do modo clássico, com invasões diretas de territórios como no passado. Será algo gradual, começando com uma guerra de influências.

Porém, quando eu olho as situações geopolíticas da América do Sul e da África, vejo um continente que não conhece uma guerra de larga escala há 145 anos (América), e outro continente bem menos instável politicamente do que era há 20 anos atrás (África).

Eu sou de opinião que o próximo conflito generalizado terá início ou no Oriente Médio ou no Mar da China. Com uma pequena aposta no Leste Europeu, caso o pretenso tzar Vladimir I comece a perder a noção.

• O processo que adotaram para estabelecer sua influência na África e na América do Sul se assemelha as antigas técnicas que os ingleses (Companhia das Índias) usaram para controlar a Índia (acordos comerciais, apoio político a financeiro a governos e governantes em dificuldade, compra de territórios, etc.). Isto evita/reduz o risco de conflitos imediatos;

De acordo.

Os problemas começam quando outra potência decide começar a fazer o mesmo. Embora eu ainda não veja nenhuma iniciativa nesse sentido da parte de norte-americanos e europeus.

Um país que provavelmente começará a agir nesse sentido nos próximos anos será a Índia – que possui problemas semelhantes aos da China.

• A cultura chinesa está lastreada na antiga visão imperial, onde os povos da região periférica eram vassalos cooptados pela força e/ou por acordos. Isto pode representar um problema para os chineses se tal visão permanecer, pois implica em um esforço continuado para estabelecer a hegemonia sobre países rebeldes como o Vietnã;

Não tenho dúvidas que essa visão permanecerá.

A China foi um dos mais poderosos impérios do Mundo Antigo, e era a maior potência há até menos de 500 anos. É uma visão de grandeza histórica que se reflete em suas lideranças políticas, e que não se esvanecerá.

Porém, eu às vezes penso que falta uma visão de grandeza desse tipo às nossas lideranças…

Bem lembrado sobre o Vietnam. Estendo isso às Filipinas, Taiwan, Indonésia, Cambodja, Coréia do Sul, e outros. A postura declaradamente imperial da China só faz esses países se atirarem no colo dos Estados Unidos.

O Vietnam, em particular, tem sido alvo de atenção dos Estados Unidos desde a administração Clinton.

A ameaça chinesa tem feito inimigos históricos como o Japão e a Coréia do Sul considerarem seriamente acordos de cooperação na área de defesa – com todas as polêmicas que isso traz.

• A disputa pelas ilhas do Mar da China e a intenção de estender a fronteira chinesa praticamente até as Filipinas cria um potencial de conflito que não é conveniente para a China, no momento. A dúvida é se seus governantes terão a cabeça fria para manter as reivindicações em baixa temperatura até que, pelo aumento de seu poderio, elas sejam “aceitas” pelos seus vizinhos.
Taiwan é outro ponto que exigirá frieza dos governantes chineses, pois a solução melhor é sua absorção através de acordos, o que exigirá tempo e habilidade diplomática (pressões e afagos bem ajustados);

No espaço de tempo de 20 a 30 anos eles terão um PIB equivalente ao norte-americano, e forças armadas equiparáveis às norte-americanas e, me arrisco em dizer, com a mesma capacidade de projeção de poder.

O melhor caminho é o da negociação. Uma postura agressiva por parte da China pode levar a um conflito que a fará retroceder suas pretensões em pelo menos 30 anos. Não creio que seus governantes seriam impetuosos a esse ponto. Não condiz, inclusive, com a cultura chinesa.

Eu vejo a China em ascensão na mesma posição da Rússia no início do século passado – e o Japão está na mesma posição de 110 anos atrás, só que dessa vez não são duas potências expansionistas, e sim apenas uma.

O problema entre a China e o Japão é que há antigos ódios adormecidos – os chineses nunca esqueceram as atrocidades japonesas na Manchúria durante a II Guerra. Não sabemos até que ponto isso pode influir na postura chinesa.

• Outro problema para a China, assim como é/será para o novo Império Russo (sonho do Putin), é o renascimento muçulmano. Os dois impérios contam com uma grande população muçulmana em seu interior e a grande extensão de fronteiras com países muçulmanos. Isto pode gerar focos de tensões e dispersão de energia que podem prejudicar o andamento dos planos de expansão chinesa;

Putin quer ser o Tzar do séc. XXI, mas a Rússia de 2015 não é mais a Rússia de Aleksandr I.

É um país em processo de envelhecimento, com uma decrescente população masculina – uma guerra mundial, uma guerra civil, uma ditadura de 70 anos e uma segunda guerra mundial cobraram seu preço sobre a população.

A expectativa média de vida do homem russo é de apenas 55 anos. Isso está começando a causar problemas sérios. A Rússia está a beira de um desastre demográfico.

Sem contar que o PIB russo é inferior ao PIB do Brasil, por exemplo. E isso em uma economia bem menos diversificada que a brasileira.

Vejo a relação Rússia-China da seguinte forma: a primeira garante a segurança energética dos chineses. A segunda apóia as pretensões russas no Leste Europeu.

Não mais que isso.

• Finalmente, a África é endêmica em conflitos tribais, visto que a maioria de seus países tem pouca identidade nacional. Tal situação vem se agravando na região meridional do Saara, o Sahel, devido ao efeito da expansão deste para o sul e a degradação das condições de vida resultantes. Os conflitos daí resultantes vem se agravando pelo componente religioso extremista muçulmano associado. Estes movimentos já vêm afetando os interesses chineses no Sudão do Sul e se continuarem rumo ao sul atingirão regiões de grande interesse dos chineses (regiões para a produção de alimentos). A China, mais cedo ou mais tarde terá que se envolver nestes conflitos e suportar guerras de atrito. Isto torna a América do Sul mais atrativa, pois não tem este problema, por enquanto.

Nesse ponto terei uma ligeira discordância. Hoje vejo uma África muito menos instável do que há 20 anos atrás. O crescimento econômico da região associado a criação de mecanismos regionais e continentais de cooperação – dentre os quais destaco a União Africana – tem contribuído para a gradativa estabilização do continente africano.

Lógico, é uma estabilidade ainda extremamente frágil.

Mas de fato não podemos ignorar o islamismo radical – embora nesse caso os chineses possuem algo “positivo”: eles não se prendem a convenções de qualquer tipo.

Um Boko Haram que bater de frente com eles será simplesmente aniquilado.

Rafael M. F.
Rafael M. F.
9 anos atrás

5 Places Where World War Three Could Break Out

It seems these days the world is literally on fire. Conflict continues on and off in Ukraine, there are tensions throughout the Asia-Pacific, Ebola is on the rampage, ISIS continues its bloody war of attrition throughout Syria, into Iraq and on and on. Yet, could something even worse be on the horizon—a conflict with more-severe global ramifications?

See more: http://nationalinterest.org/feature/5-places-where-world-war-three-could-break-out-11487

Vader
9 anos atrás

Caro Rafael, não creio que quando se fala em interdependência se possa traçar um paralelismo entre 1914 e a situação atual.

A globalização hoje é um processo infinitas vezes mais efetivo do que era àquela época.

A China Vermelha produz muita coisa, mas não cria nada. Não há nem uma única invenção genuinamente chinesa que tenha impactado a vida moderna. Talvez não seja para sempre assim, mas ao menos nas próximas décadas não veremos uma revolução tecnológica chinesa.

Os EUA podem hoje não produzir tanto quanto no passado, mas ainda são a maior reserva tecnológica do mundo. Ainda são o país que cria as tecnologias, e que exportam a produção sob licença apenas porque é mais barato produzir em outros lugares do que lá. Mas não duvide de que se quisessem poderiam produzir tudo lá mesmo.

Essa é a beleza da globalização. Ela impede uma guerra total entre grandes países.

Sds.

eparro
eparro
9 anos atrás

Bem, ter não significa operar!

Logo, possuir terras, não significa que a produção feita nestas terras chegue ao destino! Principalmente em caso de conflito.

alexandre
alexandre
9 anos atrás

Concordo com o Vader. Em virtude do processo de globalização, as grandes potências evitam o conflito direto, onde sairiam perdendo.

Mas como já foi comentado acima, nada impede de acontecerem guerras por procuração, onde outras nações compram as dores das potências.

O problema é que naquela região, as nações que poderiam comprar a briga, também estão com o dedo no gatilho. Vamos aguardar as próximas movimentações das peças no tabuleiro internacional. Abraço.

Rafael M. F.
Rafael M. F.
9 anos atrás

Vader
31 de maio de 2015 at 23:24

Milorde, eu concordo com tudo que você afirma. Mas há algumas pequenas considerções a fazer.

Porque eu traço um paralelismo?

Porque essa alta interdependência já existia em 1914, mas a nível de Europa – até porque esta era o centro intelectual e industrial do mundo, pois os Estados Unidos ainda estavam em ascensão.

A Europa pré-1914 era altamente integrada em comunicações e ferrovias. Os autores que citei tratam justamente dessa alta integração, afirmando justamente que ela – junto com a evolução dos armamentos e a alta interdependência econômica da Europa – seria o principal fator que impediria as guerras futuras.

Ingleses construíam seus navios com aço alemão. Alemães compravam fosfato dos ingleses. Russos forneciam trigo para os alemães. Franceses concediam linhas de crédito para os russos – a Europa dessa época já era fortemente dependente de crédito fornecido por bancos franceses e ingleses.

A Europa tinha uma rede integrada de comunicações sem fio, grças ao telégrafo sem fio de Marconi, criado em 1900.

Para se ter uma idéia de como a Europa era altamente integrada em comunicações, o Arquiduque Franz Ferdinand foi assassinado no final da manhã de 28 de junho de 1914. À tarde toda a Europa já sabia do acontecido.

No dia seguinte a notícia do assassinato do Arquiduque era primeira página dos jornais brasileiros.

E, com toda essa interdependência, tivemos guerra. Duas.

Por isso que sou cético com relação ao potencial que a interdependência econômica possui de evitar guerras. Mesmo nos dias atuais.

Espero que eu esteja errado, e que Milorde esteja certo.

Mas não era sobre isso que queria falar. Analisando um pouco o período pré-1914, podemos traçar alguns paralelos:

Tivemos antes de 1914 uma potência emergente buscando contestar a supremacia nos mares da maior força naval do mundo na época – a Royal Navy. O que certamente a colocou em rota de colisão com o Império Brtânico.

Hoje temos uma China buscando a supremacia naval na sua área de influência, o que certamente a colocará em rota de colisão com a maior força naval do planeta atualmente – a USN.

A ascensão alemã a tornou cada vez mais agressiva – não havia mais a moderação de um Bismarck – o que fez com que a França se atirasse no colo dos britânicos, formando a Entente Cordiale, que se transformaria posteriormente na Tríplice Entente.

A China, com sua atual postura agressiva, está fazendo os japoneses e os coreanos – inimigos ancestrais – se aliarem defensivamente, e jogando países como o Vietnam no colo dos Estados Unidos.

O império alemão tinha um sério calcanhar-de-aquiles – suas exportações e importações precisavam obrigatoriamente passar pelo Mar do Norte, o que o colocava em posição de ser bloqueado em caso de conflito com os britânicos – o que de fato aconteceu.

A China, em que pese ter mais litoral e ter um mar territorial maior, pode sofrer o mesmo tipo de problema. Bata ver a quantidade de possessões ultramarinas norte-americanas e japonesas que a cercam no Mar da China Oriental/Meridional. Isso por si só já explica o ritmo de construção de navios de guerra chineses.

A ascensão naval chinesa na Ásia se assemelha muito à expansão naval russa de 1904 (na mesma área), que fez com que o Japão atacasse os russos preventivamente.

O único fator diferente – e espero que seja um fator de estabilidade – é a capacidade nuclear atual.

Em suma, é um exercício de estudo comparativo interessante.

(Obs: Ivan Bloch previu com assustadora precisão como seria a I Guerra, 15 anos antes dela estourar não deixe de ler o livro dele: https://ia801404.us.archive.org/25/items/iswarnowimpossib00bloc/iswarnowimpossib00bloc.pdf)

tadeumar
tadeumar
9 anos atrás

Sou contra a globalizacao, porque a mesma esta destruindo as economias ocidentais.

Os resultados estao ai. Vejam o exemplo da China, que foi previlegiada com o status na OMC, e o Brasil contribuiu de certa forma para isso ao apoiar a China para entrar na Organizacao Mundial do Comercio (sem mercerer).

Um pais (China), que mantem sua modeda desvalorizda (Luan). Um pais que explora deshumanamente a sua classe trabalhadora.

Um pais que espiona, rouba e copia, tudo o que o Ocidente produz.

O maior poluidor do planeta e um sedento consumidor de materias primas.

Nos anos 50 a China era muito mais palperrima que hoje; mas pelo fato de ser comunista, ela recebeu ajuda russa para tornar-se uma potenica nuclear.

Meio seculo depois a China continua avancando militarmente, ameacando a estabilidade regional hoje, mas amanha sera a estabilidade mundial.

Temos que parar a China. Te um jeito, ou de outro.

Iväny Junior
9 anos atrás

Quanto mais tempo passa, mais a China fica poderosa. Não é demais lembrar que a maior economia do mundo é a chinesa.

A força de trabalho muito barata apoia os potentados chineses (principalmente os estatais). Concordo com a estimativa de tempo do Oganza no primeiro comentário.

EUA e China também são parceiros fortes economicamente, porém, o seguinte é esse: o mercado consumidor da China abriu e precisa dos produtos importados/empresas internacionais produzindo lá; esse processo faz com que os produtos chineses adquiram qualidade (trânsito de profissionais + copias).

Em algum momento próximo, os chineses estarão produzindo carros de qualidade com um custo-benefício altíssimo; o mercado americano, como o segundo maior do mundo, vai ser interessante e vai inevitavelmente ser um dos alvos dos produtos chineses; esse mercado já foi dominado por japoneses, coreanos e europeus (as montadoras americanas, antes símbolos do poderio econômico, hoje o são da decadência). E aí? como aliados incondicionais vão se comportar ao ver um bocado de chinês trazendo talher pra comer do bolo também?

Aí não tem como fechar a porta, porque, imagina, se os chineses fecham a porta deles também?

A guerra já está rolando, mas na esfera intelectual e estratégica economicamente. Não acredito que se chegará às vias de fato…

Saudações.

Lucas
Lucas
9 anos atrás

Provavelmente não ocorra uma guerra entre as duas grandes potências: a China é um país muito ocupado e não tem tempo em ficar batalhando contra os americanos. O país está se fortalecendo, cada vez mais poderoso, enquanto os EUA quer guerra para conseguir tornar-se mais ainda um país poderoso, como fez nas Guerras Mundiais. Vale lembrar que os chineses estão se tornando potentes sem dar um tiro. Se eclodir esta guerra, estaremos dentro (BRICS; somos o maior parceiro comercial com a China) e, não se sabe quem ganhará.

Marcos
Marcos
8 anos atrás

Até bem pouco tempo havia espaço para uma segunda potencia mundial disputar belicamente a vaga de primeiro lugar,hoje não mais. A terra ficou pequena,não cabe,não aguenta uma terceira guerra mundi.