Polícia Militar muda acesso e, agora, soldado pode chegar a oficial

28

FormaturaPM

Ideia do comando segue modelo americano, em que se chega ao topo da carreira vindo de baixo

ANDRÉ BALOCCO

ClippingRio – É como fazer uma revolução sem usar armas. Reivindicação antiga entre especialistas em segurança pública, a possibilidade de que praças e soldados cheguem a oficiais na Polícia Militar do Rio de Janeiro vai se transformar em realidade este ano.

A medida, na fase final de elaboração pelo Estado-Maior da corporação, permitirá, por exemplo, que um soldado, caso estude e se especialize durante sua carreira, chegue a coronel e até a comandante-geral da PM. Hoje, o máximo a que se pode chegar, quando se entra como aspirante, é a sargento ou oficial de segunda linha.

“A carreira fica mais atrativa e a polícia aproveitará seus melhores quadros”, disse o chefe do Estado-Maior, coronel Robson Rodrigues — que se tivesse entrado na Polícia Militar como praça, não teria chance de chegar ao cargo que ocupa. “Teremos apenas um concurso, uma única entrada, ao contrário de hoje, em que existem dois separando praças e oficiais.”

Pela novo estatuto, que precisa ser aprovado pela Alerj, todos terão de passar pela mesma porta de entrada. Aprovados, fazem um curso básico de 27 semanas. Depois, podem optar pelo curso de oficial. “Será um curso de tecnólogo feito no Ensino à Distância (EAD), reconhecido pelo Ministério da Educação e com provas presenciais, coisa que hoje não acontece com quem se forma oficial”, continua Robson. “O policial terá mais atrativos, terá de se especializar e ganhará mais conhecimento.”

Segundo o policial, o concurso para oficial da Polícia Militar, que aconteceria este ano, já foi suspenso para se adaptar às novas regras.

Diretora do Centro de Estudos de Segurança e Cidadania (Cesec), da Universidade Candido Mendes, a doutora em Ciência Social Sílvia Ramos classificou a medida como “revolucionária.” Para ela, a reformulação na estrutura da Polícia Militar do Rio mudará os parâmetros de segurança pública do país, e tende a se espalhar por todos os estados.

“É uma reivindicação antiga. Hoje, temos duas polícias dentro da PM: a dos oficiais e a dos praças”, afirma. “É muito importante que isso comece pela polícia do Rio, até pelo simbolismo.”

Ela usa o exemplo da carreira policial nos Estados Unidos para defender a medida, e lembra que o mesmo acontece na Inglaterra. “Nos Estados Unidos, o chefe de polícia, um dia, dirigiu o carro como praça. Isso é fundamental para tornar a carreira atrativa e evitar esta separação atual, em que um jovem aspirante a tenente nunca dialogou com o soldado em sua formação. Este é um modelo que só existe no Brasil.”

FONTE: Jornal O Dia

Subscribe
Notify of
guest

28 Comentários
oldest
newest most voted
Inline Feedbacks
View all comments
Blackhawk
Blackhawk
9 anos atrás

Grande notícia para a corporação.
Só tende a aumentar a competição por esta função de respeito. Aqueles que continuarem sua instrução, subirão.
Todo mundo ganha, a população um profissional mais preparado; os policiais, uma carreira de verdade.

SpaceJockey
SpaceJockey
9 anos atrás

Demorou 200 anos, mas que bom. Ainda tenho que ver pra crer(vinte milhao na parma da minha mao)mas é um bom começo. Isso tinha que acontecer em todo esse Brasilzao cheio de castas.

Como incremento ao que diz no texto, um PM em minha cidade disse que existiam 4 policias: Oficiais, Praças, Canil e GOE ! rsrs

ALDO GHISOLFI
ALDO GHISOLFI
9 anos atrás

Muito bom!

Rafael M. F.
Rafael M. F.
9 anos atrás

Antes tarde do que nunca!

Uma das minhas críticas mais ferozes, e uma das maiores idiossincrasias herdadas do Exército: formação separada para praças e oficiais.

Vinícius Almeida
9 anos atrás

Concordo, acho um grande erro o oficial se formar de forma separada, isso cria oficiais sem o minimo de preparo para lidar com a tropa…

rsbacchi
rsbacchi
9 anos atrás

Não entendi!!!

O material do jornal O Dia é pessimamente escrito, confuso, e não explica nada.

Meu deu a impressão que continua exatamente como era: feita seleção, quem passa, faz o curso de oficial.

Não vejo nada de novo nisto.

Delfim
Delfim
9 anos atrás

Agora só falta acabar com o concurso separado pra Delegado, oura aberração.

Rubão
Rubão
9 anos atrás

A forma atual que ainda continua valendo separa a “elite” da “ralé” na corporação policial, o que vem desde o Brasil Colônia. Se essa mudança realmente vier, será muito bem vinda, tornando todos os brasileiros que ingressarem na força policial independente de sua classe social iguais perante o Estado

Celso
Celso
9 anos atrás

Em minha opiniao, o q resolve mesmo eh a unificacao das policias e isso se resume sempre na selecao dos melhores desde o inicio do processo seletivo tal qual uma carreira na iniciativa privada. Alem disso a economia de recursos eh brutal e o resultado sera muito, mas muito melhor mesmo. Infelizmente desde o regime militar certas coisas foram modificadas e para pior. O maior cancer hoje eh o corporativismo destas instituicoes (policia militar e civil) q so prejudicam a seguranca publica e os cidadoes pagadores de pesados impostos… PS pqe policia militar…….ateh mesmo esta denominacao esta incorreta para os… Read more »

Alber
Alber
9 anos atrás

A ideia eh excelente! (como o ECA foi um dia… – sic!), mas vindo do Rj… recebo com desconfianca!….

Para mim uma ideia (no papel), maravilhosa! Acho q todos sempre aspiraram por essa mudança!

A denominacao de “policia militar” se faz pq se forem MILITARES, nao tem o direito de greve…

Qqqq “epoca da ditadura!”, esquece isso!!! – Nem foi “ditadura” e sim estado de exceção….

Delfim
Delfim
9 anos atrás

Incrível como às vezes instituições militares podem ser mais democráticas que as civis.

Hj em dia vejo delegados com idade pra serem meus filhos e sem experiência policial prévia.

Até hj quero saber o que passou na cabeça dos Constituintes ao colocar a admissão ao cargo de Delegado por concurso externo e não admissão interna.

Agnelo
Agnelo
9 anos atrás

A primeira colocada na formação de soldado PM, destacou-se na sua entrevista ao Jornal mandando um: “pra mim estar ” … Ela será o exemplo dos q tornar-se-ão oficiais? Aqueles q tomam decisões serão formados em um curso a distância? Muitas gratificações remuneratóreas e funcionais podem ser dadas aos praças para a melhora de suas motivações. Não é questão de manter privilégios, mas depois de quanto tempo um praça tornar-se-á tenente? Depois de 10 anos de serviço? Só se for para que os oficias fiquem mais longe da ponta da linha, deixando de fiscalizar a execução do que é planejado,… Read more »

Marcelo Rob Silva
Marcelo Rob Silva
9 anos atrás

Pessima ideia, agora a meritocracia, NECESSÁRIA, que se obtinha atraves da lisura do concurso público foi para o lixo. Pelo menos através do processo da Academia, apenas os melhores e mais preparados podiam chegar ao topo da carreira, demonstrando competência e esforço. Acho que essa foi a melhor forma que a esquerda corrupta encontrou para destruir o que sobrou da policia militar. Qualquer um, mesmo sem competência ou preparo, poderá comandar… Só falta agora o Governador escolher quais serão os promovidos. Essa demagogia socialista tinha que vir do Rio de Janeiro, um Estado que tem demosntrado como o poder da… Read more »

orts
orts
9 anos atrás

Ótima idéia. Achei que não fosse viver para testemunhar, só fortalece a segurança pública e institui uma real meritocracia, em alguns estados exigem bacharelado em direito para oficial.

Silva
Silva
9 anos atrás

O que interessa mesmo ninguém fala a respeito. Quando é que vão desmilitarizar e reestruturar as polícias no Brasil?

Não precisamos de duas polícias, militar e civil, mas de uma polícia única, eficiente e bem treinada, que saiba servir e proteger a população. Do contrário, continuaremos a vivenciar descasos e tragédias pelas ruas desse país, causados pelo despreparo e a desorganização das forças policiais brasileiras.

orts
orts
9 anos atrás

Silva, já é um feito e tanto a carreira única nos moldes da PRF, também acho que só deveria existir uma polícia, talvez até municipalizadas, mas isso vai exigir uma revolução 100 x maior que a que ocorre no RJ, uma reestruturação completa do modelo de segurança pública do Brasil, inclusive com alterações na CF 88 acho que mais mudanças só daqui outros duzentos anos.

Vader
9 anos atrás

Lembram do “Tropa de Elite 2”, quado o Cap Nascimento diz na ALERJ que a PMERJ tinha que acabar??? Pois é, finalmente alguém resolveu ouvir! 🙂 Uma pena pro povo fluminense é que vai acabar e não vão colocar nada no lugar! Ou melhor: vão colocar uma PM de mentirinha, comandada por praças. No Brasil do PT/MDB é assim: ao invés de se procurar fortalecer os cursos de oficiais, para se extirpar os maus elementos dos quadros da PM, se nivela por baixo, se “democratiza” a instituição (eles adoram esta palavra) e se faz dos praças oficiais! Voilá! Não que… Read more »

Celso
Celso
9 anos atrás

Prezado Silva, eh exatamente isso o q tem q comecar…primeiro a mudanca na lei e depois a estruturacao com a efetiva participacao da sociedade…..policia unificada, o resto eh mentalidade deturpada e retrograda……se pode melhorar pqe nao fazer……. Prezado Vader, o correto mesmo eh uma unica instituicao q sirva aa populacao, ainda bem a temos as constituicoes estaduais q dao ainda poderes ao governador para q faca uso de suas prerrogativas…e uma delas eh justamente esta possibilidade de unificar as policias da qual eh o comandante, lembre-se q Mario Covas tentou e quase foi linchado por estas mesmas policias q reclamam… Read more »

rsbacchi
rsbacchi
9 anos atrás

Vader, pode me informar de onde você tirou estas informações e conclusões?

Porque da nota do O Dia, eu não cheguei a conclusão nenhuma (ao contrario de meus colegas que entenderam tudo, e se alegraram com isto).

Por favor, você pode me auxiliar?

orts
orts
9 anos atrás

o pessoal que é contra está exagerando um pouco, da mesma forma que um tenente nao vira coronel em 2 anos o mesmo nao ocorrerá com praças. Provavelmente haverá tempo minimo em cada posto e concurso interno para se tornar oficial.

Borges
Borges
9 anos atrás

A meu ver, não serão as praças que tornar-se-ão oficiais em 2 anos. São os oficiais, que antes de galgarem postos mais altos, terão antes que experimentar as asperezas sofridas por aqueles que são perseguidos por uma sociedade hipócrita, que invertendo valores, exaltam bandidos em vez de defenderem os que têm por profissão defendê-los. Experimentem antes os rigores de um Regulamento Disciplinar arcaico, que não contempla os avanços da Constituição Federal. Que experimentem o quão desumano é o tratamento dado às praças, para não repetirem o erro quando estiverem na condição de Chefes, Comandantes ou Diretores.

Rafael M. F.
Rafael M. F.
9 anos atrás

Ainda não foi definido como será o critério de elevação de patente, mas vou tender a discordar da análise do mestre Sith. Desde já afirmo que não sou especialista em segurança pública, então peço perdão por qualquer incoerência que eu cometer, e peço que me corrijam. Um dos maiores problemas da PMERJ já foi explicitado na matéria: a falta de integração entre praças e oficiais. E ainda há um outro problema: provavelmente a maioria dos oficiais que saem do CFO da PMERJ não são policiais de carreira, então caímos na seguinte situação: temos moleques imberbes de 21, 22 anos dando… Read more »

Rafael M. F.
Rafael M. F.
9 anos atrás

Olhando novamente a reportagem, esse ponto me chamou a atenção:

Aprovados, fazem um curso básico de 27 semanas. Depois, podem optar pelo curso de oficial.

Não sei se houve um erro na reportagem, mas acredito que deva se exigir um tempo mínimo de carreira nas patentes inferiores antes de se requerer o ingresso no curso de oficial.

Porque, pela lógica, se for como foi mostrado na reportagem, todos tentarão ser oficiais.

E vai faltar soldado…

Em suma, é uma medida que vejo com muito bons olhos, mas precisa ser implementada gradativamente, do contrário, haverá um gap de oficiais.

Brigadiano
Brigadiano
9 anos atrás

Prezados amigos, li com atenção os comentários e gostaria de expor minha opinião como policial militar, da Brigada Militar do estado do Rio Grande do Sul, acho desnecessária a unificação das polícias, essa teoria vem sido defendida por muita gente sem conhecimento nenhum na área de segurança pública, ou pelo menos só em teoria. o problema não é a militarização ou não das polícias, mas sim a falta de investimento dos estados e a completa ausência do governo federal em matéria de repasse de verbas. Quanto melhor for a preparação e o treinamento das PMs melhor será a sensação de… Read more »

Rafael M. F.
Rafael M. F.
9 anos atrás

Na verdade essa desmilitarização é defendida por setores de esquerda – tanto que a PEC 51 é de autoria do Lindbergh Farias.

Há uma marotice na PEC 51 que passou despercebida por muita gente: a criação de um comando centralizado a nível nacional.

Isso significa que as decisões sobre a segurança pública ficarão a cargo do Planalto – leia-se PT.

Isso vai funcionar em um país de 201 milhões de habitantes? Duvido.

Rafael M. F.
Rafael M. F.
9 anos atrás

Aqui abro um parêntese:

Gostaria de agradecer à Trilogia por ter novamente fechado os comentários.

Prefiro 10 comentários de alto nível do que 100 comentários que pouco ou nada têm a acrescentar.

rsbacchi
rsbacchi
9 anos atrás

Que eu saiba a Trilogia não fechou os comentários.

Aliás, jamais via a Trilogia fazer isto.

Eu acho que a Trilogia está devendo um esclarecimento sobre este assunto, pois como escrevi na primeira mensagem, a noticia no jornal é bastante confusa e pouco esclarecedora.

Repito que escrevi: eu não entendi nada!!!

Rafael Oliveira
Rafael Oliveira
9 anos atrás

Bacchi,

Creio que o Rafael M. F estava se referindo aos comentários estarem abertos para pessoas que não possuem cadastro e senha junto à Trilogia. Eles foram fechados.

E, apesar de eu não ser editor da Trilogia posso prestar um esclarecimento sobre a reportagem.

– Não existirá acesso separado para praças e oficiaism tal como é hoje. Quem pretende ser oficial terá que ingressar na carreira como praça. Depois, pode evoluir com novos cursos até se tornar oficial.

No mais, concordo que faltou explicar melhor vários outros pontos dessa unificação de acesso.