Exército Brasileiro prevê ter seus próprios aviões operando em até cinco anos
Roberto Lopes
Exclusivo para Forças Terrestres
Dezesseis meses depois de ter iniciado, formalmente, os estudos para implantar a sua primeira unidade aérea dotada de aviões, o Comando do Exército Brasileiro, finalmente, deu, a si próprio, um prazo para que isso se torne realidade: o ano de 2019.
O Plano Estratégico do Exército 2016-2019, divulgado às vésperas do Natal, incluiu “a criação de Unidade Aérea de Asa Fixa” entre as providências de “Mobilidade Estratégica” que devem garantir à Força Terrestre brasileira capacidade de “Pronta Resposta Estratégica” – uma das nove “capacidades militares terrestres” elencadas como prioritárias nesse período.
No cenário da América do Sul, o Brasil é (ao lado do Paraguai) o país mais atrasado no emprego de aviões pela Força Terrestre.
Todos os principais exércitos sul-americanos possuem aeronaves de asa fixa, normalmente reservadas às missões de ligação e observação, transporte e lançamento de paraquedistas. O Exército boliviano, por exemplo, utiliza aviões desde a década de 1980.
No primeiro semestre de 2013, o Comando de Operações Terrestres (COTER) sugeriu ao Estado-Maior do Exército (EME) que esse órgão tentasse viabilizar a formação da unidade de asa fixa da corporação por meio de um artifício: apresentar a novidade como um “subprojeto do SISFRON, com emprego dual na Logística de Aviação do Exército”.
A justificativa do benefício ao Sistema Integrado de Monitoramento de Fronteiras (SISFRON) ficaria por conta de oficiais da 2ª Subchefia do EME, de Planejamento Operacional.
A 6 de agosto daquele ano, a portaria nº 155/2013 do EME criou o “Grupo de Trabalho para estudo de viabilidade de projeto para a implantação de aeronaves de asa fixa no âmbito do EB”.
Aeronaves e dúvidas – Os oficiais do Exército se fixaram em ao menos dois tipos de aeronaves para dar início às operações de sua Aviação de Asa Fixa: o americano Cessna 208 Caravan, na Força Aérea Brasileira (FAB) conhecido como C-98, e o europeu CASA C-295, na Aeronáutica denominado C-105A Amazonas. Mas a incorporação desses modelos deve obedecer a um cronograma de efetivação por fases – a “implantação faseada”, como o Exército chama –, que, possivelmente, terá início com os vôos do Caravan.
O Exército irá explorar ao máximo a possibilidade de empregar as mesmas aeronaves já utilizadas pelo Comando da Aeronáutica. A “comunalidade de meios” facilitará um dos objetivos dos chefes da Força Terrestre: obter que seus aviões possam ser acolhidos para revisão, manutenção (preventiva e intempestiva) e modernização em oficinas de grande porte da Força Aérea, como o PAMA-SP (Parque de Material Aeronáutico de São Paulo).
Alguns oficiais que participam do grupo de trabalho incumbido de organizar a implantação da Aviação de Asa Fixa no Exército, defendem que, no futuro, todo o serviço técnico requerido pelas aeronaves seja feito em organizações do CAVEX (Comando de Aviação do Exército), mas chegou-se à conclusão de que esse objetivo requer um prazo para ser alcançado.
Há outras questões a serem equacionadas, como a da cooperação com a Força Aérea Brasileira.
Os oficiais do Exército examinam, por exemplo, a conveniência de suas unidades de asa fixa compartilharem o espaço de bases aéreas hoje operadas pela FAB, usufruindo, assim, de hangares e da infraestrutura logística já existentes. E analisam também a possibilidade de emprego do seu pessoal na coordenação do espaço aéreo.
O Exército está certo de que terá a cooperação da Aeronáutica e da Marinha para a formação dos seus pilotos de aviões, mas investiga a utilidade de criar a sua própria escola de formação de oficiais aviadores.
O período de implantação será, certamente, o mais difícil. Especialmente no tocante à formação de recursos humanos.
O Exército terá que decidir se abrirá a pilotagem de aeronaves de asa fixa aos atuais pilotos de helicópteros da corporação; se aceitará a transferência de aviadores da Força Aérea para os seus quadros, e também se irá recrutar pessoal de vôo no meio civil.
Pelotões de Fronteira – O Exército identificou o Comando Militar do Oeste – onde está sendo implantando o projeto-piloto do SISFRON –, o Comando Militar da Amazônia, a Brigada de Infantaria Paraquedista do Rio de Janeiro (em processo de transferência para o estado de Goiás) e o Comando de Logística do Exército como os principais usuários dos seus aviões.
As mesmas análises estabeleceram um grupo de “demandas doutrinárias” que se apresentam à Aviação de Asa Fixa: a ligação de comando; a observação aérea; o controle de danos; as atividades relativas à chamada Segurança de Área de Retaguarda (SEGAR); os desdobramentos exigidos pela Logística da Aviação do Exército; os rodízios e o apoio logístico às regiões de fronteira e aos Pelotões Especiais de Fronteira; e as missões subsidiárias e de misericórdia.
Mas está claro que, por sua capacidade de carga consideravelmente maior que a dos helicópteros, essas aeronaves terão um papel preponderante no apoio aos destacamentos fincados nas áreas de divisa internacional consideradas mais remotas e necessitadas de aprovisionamento. O grupo de trabalho que estuda a implantação da Aviação de Asa Fixa na Força Terrestre prevê que, de início, 1/5 das horas voadas por seus helicópteros sejam atribuídas aos aviões.
Os aviões da Força Aérea Brasileira abastecem os Pelotões de Fronteira uma vez por mês, ou, em alguns casos, uma vez a cada três semanas. A entrada em operação dos aviões do Exército permitirá que tais vôos sejam mais freqüentes.
Os destacamentos de fronteira lidam com muitas adversidades derivadas de sua condição de isolamento: necessidade de evacuação aeromédica de urgência, problemas no funcionamento dos geradores a diesel que garantem o fornecimento de energia elétrica (durante algumas horas ao dia), e dificuldades de comunicação, já que, em certas regiões, a captação do sinal de internet é absolutamente precário.
O mais interessante do PEE 2016-19 não é a aviação de asa fixa. É o fato desse documento mencionar a aquisição de helis de ataque.
Principalmente helis de ataque para estabelecer uma nova doutrina no EB, agora escolher o mesmo heli de ataque que a FAB opera é fazer a alegria dos russos.
Pois é senhores,
Quando bem mais jovem, eu cheguei a sonhar literalmente falando, em ver o C115 com o cocar do EB. Na época iria cair como uma lluva as necessidades da força.
Tais necessidades não mudaram…. eu ficaria com os dois ….Caravan para ligação e o Amazonas para os deslocamentos táticos …
Quanto ao AH como eu disse no post sobre os Esquilos/Fennec, penso que o Mangusta está na frente seguido de perto pelos AH 1J/S em quantidades em Tucson.
CM
Vai um Kc-390 ae ??? To na expectativa da (futura) divulgação do futuro AH puro sangue do EB, isso sim vai ser bacana e já passou da hora de termos por aqui.
Bom dia,
Os foristas Rafael e Edcarlos estão com percepções corretas.
Apesar de, na minha opinião, a criação da Aviação de Asa Fixa ser muito mais importante, do ponto de vista institucional, para o Exército, o maior entusiasmo de alguns é com a aquisição dos helicópteros de ataque.
Para colaborar com o debate, uma informação: no início do ano, quando o Departamento de Defesa autorizou uma oferta ao Brasil de 6 ou 8 helicópteros pesados Chinook, da Boeing, mencionou-se a possibilidade de, nesse pacote, ser oferecido ao EB um lote de aeronaves Bell OH-58A Kiowa (não sei se na versão Warrior).
Em continuação:
Parte dos Kiowa oferecidos haviam visto ação real na Operação Tempestade no Deserto, em 1992, e talvez por sua antiguidade não tenham despertado muita atenção.
Aparentemente os oficiais brasileiros desejam incorporar helicópteros concebidos para o ataque, como o Super Cobra e o Apache, e não os chamados “helicópteros armados”, como os Kiowa.
A hipótese russa, do Mi-35, parece encontrar resistências no Exército, especialmente depois de alguns relatos, nos últimos dois anos, acerca do esforço da FAB para receber os Mi-35 que lhe faltavam.
Muito OFF TOPIC já foi enviada a primeira remessa da revista???
Amigos,
Na minha opniao, se o Brasil comprar helis de ataque dos EUA, as opcoes estao abertas,
Ou compram os Super Cobras ou compram os Apaches.
Estes sim sao helicopteros de ataque puro. Sendo os Apahces um excelente matador de tanques.
Os MI-35 nao passam de banheiras voadoras, armadas ate os dentes.
Não me convenço, caro Roberto, de que a aviação de asas fixas deveria ser uma prioridade para o EB. Penso, por exemplo, se a substituição da artilharia de tubo de 155 mm e parte da de 105 mm não deveriam ser precedentes. Acredito até que os helicópteros de combate deveriam vir primeiro. Então, quando penso que nem todos os esquadrões de cavalaria blindados estão com sua dotação completa, menos importância dou aos aviões desejados pelo Exército.
O Exército pode até ser aviões de asa fixa, mas pra mim o C-295 é superdimensionado.
Pra mim a preferência deveria recair em aeronaves de ligação e de transporte leve (payload de 3 t no máximo???).
Bosco! A Ala realista do EB, que graças a Deus é maior do que os “Marcianos” também pensa desta forma como tu muito bem colocou. Este negócio era para ter rodado no primeiro semestre deste ano, mas por falta absoluta de recursos não aconteceu.
O EB deverá operar com Gran Caravan e algo na linha do C 212. e ou Bandeirante refit.
Grande abraço
Existe o jeito fácil e econômico de fazer isso: o MD determinar a transferência alguns aviões e pilotos da FAB para o EB ou, ao menos subordiná-los ao EB, que também seria o responsável por todos os gastos envolvidos, inclusive soldos.
E existe o jeito difícil e caro de fazer isso: o EB comprar novas aeronaves (do treinador básico até o KC390, passando pelo Gran Caravan e pelo C-295), criar uma escola de pilotos e de mecânicos, criar bases aéreas e parques de manutenção exclusivos.
Acho que, no final das contas, ficará num meio termo entre essas duas linhas.
PS: o EB bem que poderia focar em aquisições mais úteis, ainda mais em tempos de orçamento mais magro. Mas nossas Forças tem sempre outras prioridades menos úteis e deve ter muito oficial querendo “passear” de avião sem depender da FAB.
Rafael, se ficar restrito aquilo que o
EB pode operar, ou seja Gran Caravan e por aí, no problem, uma vez que o EB deve operar a partir de Taubaté e de bases da FAB. A formação de asa fixa será feita também pela FAB.
A manutenção deveria ser feita pelo PAMA(partindo do principio que comprem Caravan).
Grande abraço
Faz todo sentido o EB utilizar diretamednte Brasílias ou gran caravans para apoiar os pelotões de fronteira. Agora quanto ao deslocamento de batalhões blindados e equivalentes acho que e mais complicado; manteria a atual base EB/FAB.
Tomara Juarez que prevaleça o bom senso descrito por você. Mas não tem como pegar uns Gran Caravan da FAB não? rsrs.
Acho que leio sobre esse desejo do EB ter seus próprios “avioãozinhos” desde o tempo das listas de e-mails do Poder Naval no Yahoo groups… hehehehehe
Tomara que dessa vez o desejo vire realidade.
Parece uma boa notícia exceto pela criação de mais uma escola que ensinaria o que já se ensina nas outras. No meu entendimento, dentro do possível, as forças armadas deveriam conjugar o máximo de recursos possíveis: oficinas de manutenção, centros de pesquisa em algumas áreas, escolas de formação e outras estruturas. A grana que sobraria, findas as redundâncias, os militares poderiam aproveitar em outras coisas que fossem prioridade para cada força.
Uma solução na contra mão:
Ao invés de dotar o EB e logo em seguida a MB, de aeronaves de asa fixa, desbandem a FAB.
E dividam os pedaços entre sí.
Uma aviação de asa fixa para o EB é muito bem vinda, principalmente no apoio aos pelotões de fronteira. Já fui a alguns PF, e a necessidade de apoio é muito grande, pois a vida lá é bem difícil. os C-295/Caravam, cumpririam muito bem esse papel de apoiar os PFs e quem sabe até uns 6 C-130 para o EB apoiar as principais unidades do EB pelo país, o que iria desafogar um pouco a FAB nessas tarefas. O mesmo diria para a MB, que poderia operar uns 3 C-130 com o mesmo propósito ou aumentar o total de aeronaves da FAB para cumprir essas funções. quanto aos helis de combate, penso no APACHE para o EB/FAB e os SEA COBRA para o CFN, que já é uma versão naval e apropiada para navios e com capacidade mais que comprovada de combate.
Algo parecido c/ o esquema inglês, aonde a RAF opera os meios pesados (C-130, A-400, C-17 e CH-47) e a RN junto c/ o Exército os meios médios (Merlin, Puma) e leves (Lynx) pode ser interessante pois não haveria superposição de meios e funções.
Custa menos e é mais eficiente.
A FAB vai cortar as asinhas do EB.
Podem escrever aí.
Aguardemos e veremos.
Pensando nos PF e locais parcos, GC e Bandeirante(tá sobrando na FAB) retrofitado(fazemos aqui dentro com o apoio do Tio David) são ótimos.
Acho que os Bandeirantes que a FAB não utiliza plenamente seriam uma boa opção dentro da afirmação acima.
O mais complicado nessa história será superar a guerrinha de vaidades que tanto já prejudicou e atrasou a nossa Marinha na questão da aviação embarcada.
Não seria bacana se a Brigada Paraquedista pudesse operar seus próprios KC-390? Qual o problema nisso? Por que o EB não pode ter seus helis de ataque? Que se danem as vaidades dos Brigadeiros, os interesses do país estão acima de tudo e de todos!
Se sou o Presidente da República chamo os comandantes das três forças mais o minstro da Defesa e diria apenas uma coisinha: “manda quem pode, obedece quem tem juízo”. E zéfini! E quem ficar de beicinho que vá prum cantinho, enfie o dedo e rasgue até a garganta, mas faça o que o Comandante em Chefe das Forças Armadas Brasileiras mandou. Simples assim! E quem não gostar, porta da rua é serventia da casa, como já dizia meu avô.
Fico na torcida para que nosso Exército possa finalmente entrar no século XXI.
Um ótimo 2015 para todos vocês.
Que venham as aeronaves que há tanto tempo o EB prescindi,chega de monopólio nas asas fixas pelo filho ingrato (FAB).
O EB está certissimo em buscar inicialmente nos modelos Caravan e o C 295 .
E que o pai(EB) e a mãe(MB) voltem a usar suas aerovaes de asa fixa pra não ficarem só na dependência de seu filho.
“Não seria bacana se a Brigada Paraquedista pudesse operar seus próprios KC-390?”
Virou Brasil, virou bagunça, chamem o síndico!!!
É imprescindível que o EB precise de mais mobilidade, especialmente para os pelotões de fronteira, entretanto sou veementemente contra do EB possuir suas próprias aeronaves de asa fixa. Talvez, no máximo, aeronaves de ligação como o Carava.
O EB deveria ficar apenas com helicópteros de todos os tipos e tamanho, é esta a Arma especializada na operação de helicópteros de grande porte, por isso sou favorável aos Chinook.
Se for para aquirir mais C-295, que o façam então para a FAB, criando mais esquadrões para usar estas aeronaves, ou então que substituam e/ou incrementem os que hoje operam aeronaves menores (C-95).
Uns 50 C-295, espalhados em diversos esquadrões pelas fronteiras nacionais (Belém, Boa Vista, Porto Velho, Campo Grande e Santa Maria) estaria de muito bom tamanho. Poderiam reviver a ideia do Brig. Bueno de implantar uma nova indústria aeronáutica que pudesse atender tanto esta demanda militar, quanto uma versão civil para a aviação regional (o GF tem muito interesse nisso, é só aproveitar a vontade política que a FAB consegue mais este presente). Vale lembrar que o C-235 tem versão civil, o mesmo pode ser feito para o C-295 se assim quiserem.
Teremos aeronaves maiores, em mais quantidade, atendendo tanto a FAB, quanto as demandas do EB e da MB. Não é preciso reinventar a roda, apenas melhorá-la. Pelo menos é o que eu penso.
Até mais!!! 😉
Sonhadores de plantão ! O Brasil não consegue nem fazer a Petrobrás funcionar como empresa de primeiro mundo , e vcs querem dar asinhas para o EB ? VAMOS POR PARTES , PRIMEIRO ARRUMEM A CASA , DEPOIS , vamos fazer o que o EB necessita , alguém sabe qual é a disponibilidade das aeronaves existentes no BAVEX? PAREM DE FALAR BOBAGENS ! ! !