Ucrânia inspeciona comboio de ajuda russa

Guardas de fronteira verificam material, enquanto veículos do Exército russo são vistos perto da fronteira

KIEV — Os guardas ucranianos iniciaram nesta sexta-feira a inspeção de um controverso comboio humanitário russo destinado às pessoas afetadas pelos combates no Leste da Ucrânia entre separatistas pró-Moscou e forças do governo central de Kiev. A inspeção está sendo realizada na altura de um posto de fronteira com a Rússia e vem um dia após áreas do centro de Donetsk — controlada por rebeldes — serem bombardeadas pela primeira vez desde o início dos confrontos.

— A inspeção começou às 10h (horário local) na fronteira de Donetsk. Do lado ucraniano, participam 59 representantes, 41 guardas de fronteira e 18 aduaneiros. A carga será direcionada a Luhansk — indicou à agência AFP o porta-voz militar ucraniano Leonid Matiujin.

Jornalistas da AFP na cidade de Kamensk-Shakhtinski, onde se encontrava desde quinta-feira o comboio de quase 300 caminhões, a cerca de 30 quilômetros do posto fronteiriço de Donetsk, observaram, no entanto, que ainda havia veículos estacionados no local.

Acompanhado por representantes do Ministério de Situações de Emergência da Rússia, os repórteres puderam abrir dezenas de caminhões e constataram que no interior havia sacos de farinha e açúcar e garrafas de água.

A viagem do comboio tem sido problemática desde sua saída na terça-feira de uma base militar perto de Moscou. A Ucrânia e as potências ocidentais temem que o comboio transporte suprimentos militares para os rebeldes e que sirva de desculpa para uma intervenção militar, uma acusação que a Rússia rejeitou categoricamente, chamando-a de “absurda”.

Na quinta-feira, dois repórteres disseram que viram veículos do Exército russo dirigindo-se a um território ucraniano controlado pelos rebeldes. Autoridades de segurança ucranianas relataram também ter visto uma coluna de veículos blindados e caminhões militares cruzando a fronteira.

O governo russo negou que esteja armando diretamente ou treinando os rebeldes, que desencadearam o conflito em abril ao tomar o controle de várias cidades no Leste da Ucrânia.

FONTE: O Globo, com Agências Internacionais / FOTO: Maxim Shemetov-Reuters