‘Missão Bolívia’ revela os bastidores da operação de resgate do senador Molina

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Roger-Pinto-Molina

Documentário de Dado Galvão tem lançamento para agosto, com presença de autoridades internacionais

 

Roger-Pinto-Molina

Clipping  A saga do senador boliviano Roger Pinto Molina, que passou mais de um ano asilado na Embaixada do Brasil em La Paz e depois entrou clandestinamente em solo brasileiro, virou documentário. A obra “Missão Bolívia, dialogar e documentar” é do cineasta Dado Galvão, que vai fazer o lançamento do filme em agosto, na sede do Jornal Estadão, em São Paulo.

Nos relatos do senador Pinto Molina, ele afirma que passou a ser perseguido pelo governo do presidente Evo Morales depois de divulgar e oficializar denúncias envolvimento membros do governo com o narcotráfico. O documentário, que tem pré-produção da jornalista Pilar Celi Frias e do fotógrafo Arlen Cezar, retrata em detalhes os desconfortos na relação diplomática entre Brasil e Bolívia, logo após o governo brasileiro aceitar o pedido de asilo político do senador Pinto Molina. O estudo feito por Dado e apresentado no filme, que acompanhou de perto os desdobramentos das negociações entre os dois países, traça também um paralelo com a prisão dos torcedores do Corinthians na Bolívia, no ano de 2013, acusados pela morte do adolescente de 14 anos Kevin Espada, atingido por um sinalizador no estádio em Oruro, durante a partida entre Corinthians e San José, no dia 20 de fevereiro, pela Libertadores da America.

Há um ano o presidente da Bolívia, Evo Morales, protagonizou um episódio que culminou em uma crise diplomática envolvendo vários países. Morales teve o seu avião interceptado e proibido de sobrevoar o espaço aéreo da Itália, França, Espanha e Portugal, sendo obrigado a pousar na Áustria, onde foi revistado pela Polícia Nacional, no retorno de uma viagem oficial à Rússia. Na época, o governo americano caçava exaustivamente o ex-consultor da Cia, Edward Snowden, após ele denunciar o esquema de espionagem a cidadãos por agências da Inteligência. A suspeita era de que Snowden estivesse no avião de Morales.

A reação de Morales à revista trouxe à tona outra situação ocorrida há nove meses antes. O presidente boliviano havia “caçado” um avião da Força Aérea Brasileira (FAB), que levava a bordo o ministro da Defesa, Celso Amorim, retornando de Santa Cruz de La Sierra, onde cumpria a agenda oficial. Policiais bolivianos entraram na aeronave com cães farejadores e fizeram uma revista cuidadosa. Desse vez o procurado não era Snowden, mas o senador boliviano Roger Pinto Molina. A informação mantida em segredo por meses foi revelada ao Jornal do Brasil por fontes do governo brasileiro, que também comentaram sobre uma carta emita pelo Itamaraty à Morales, repudiando a atitude radical do governo boliviano. Morales retornou com um simples pedido de desculpas.

Um dia após o JB publicar a matéria com exclusividade, uma nota do Ministério da Defesa confirmou que a revista ao avião da FAB aconteceu, mas no ano de 2011, antecedendo ao pedido de asilo político feito pelo senador. Dois dias depois, o presidente Evo Morales pediu desculpas ao governo brasileiro pela vistoria. Morales se mostrou surpreso com as informações divulgadas pela imprensa brasileira. “Pedimos desculpas ao povo brasileiro e ao governo, somos sinceros”, notificou o presidente boliviano. Na véspera, a ministra da Comunicação da Bolívia, Amanda Dávila, comentou as acusações contra o governo do país, com relação ao caso, especialmente sobre a revista ter sido feita de forma truculenta e não autorizada. Segundo a ministra, a ação não foi ordenada por nenhuma autoridade do governo Evo Morales e deve ter ocorrido “um incidente operacional”, porque o “avião brasileiro não foi identificado como um veículo diplomático”.

Dado Galvão tentou entrevistar o senador Pinto Molino na embaixada e foi proibido pelo Itamaraty, que justificou a negativa como manutenção da ordem na representação governamental. Dado, num ato de repúdio, entregou o seu passaporte, juntamente com o do fotógrafo Arlen, ao Itamaraty, que até hoje não os devolveu, segundo o documentarista. Dado esteve com a família do senador Molina no início de 2013, quando foi informado de que Molina estava com as visitas na embaixada restritas a familiares e um advogado boliviano desde março de 2013. Com isso, aumentou o isolamento do político dentro da representação brasileira em La Paz.

Preocupado com o estado de saúde do senador, Dado contratou o advogado brasileiro Fernando Tibúrcio para tentar resolver o imbróglio internacional. Tibúrcio impetrou um habeas corpus utilizando como precedente uma decisão da Suprema Corte dos Estados Unidos, que concluiu como “cabível e aplicável” o direito desse tipo de solicitação. A causa americana foi favorável a um prisioneiro em Guantánamo. Na época, o jurista explicou ao JB que a medida obrigava o governo brasileiro colocar à disposição do asilado na embaixada um “Veículo Diplomático”, representado por um carro oficial considerado como extensão do território brasileiro, durante todo o percurso até o embarque, que devia ser na fronteira do Peru. Assim, Molina poderia deixar a Bolívia sob a jurisdição do Brasil e em segurança. O caso seria o primeiro do gênero no Brasil. O habeas corpus nem chegou a ser julgado pelo Tribunal Superior de Justiça

No dia 25 de agosto uma operação coordenada pelo diplomata brasileiro Eduardo Saboia, sem o conhecimento dos governos brasileiro e boliviano, levou o senador até da embaixada brasileira até a fronteira do Brasil, onde foi resgatado pelo senador brasileiro Ricardo Ferraço. No mesmo dia, o Pinto Molina conversou em primeira mão com o JB e deu detalhes sobre a sua chegada ao Brasil. “Se tudo deu certo foi graças aos funcionários da embaixada do Brasil em La Paz, na Bolívia. Temos que ‘tirar o chapéu’ para eles”, disse emocionado o senador ao JB.

O documentário “Missão Bolívia” conta com os depoimentos de autoridades que participaram das negociações para transferência do senador para o Brasil, entre eles Eduardo Saboia (diplomata), Carlos Mesa (ex-presidente Bolívia), Jorge Quiroga (ex-presidente Bolívia), Roger Pinto (senador), Marcel Biato (diplomata) Ricardo Ferraço (senador), Alvaro Dias (senador), Sérgio Petecão (senador), Jerjes Talavera (diplomata), Fernando Tibúrcio (advogado). Alguns deles já confirmaram presença no evento de lançamento em agosto.

FONTE: Jornal do Brasil

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Soldat
Soldat
10 anos atrás

Maneiro é sempre bom ver os Vermelhos se darem mal rsrs…

eparro
eparro
10 anos atrás

Soldat 21 de julho de 2014 at 8:55 #

Concordo em gênero, número e grau!
Aliás, não fosse o esforço heróico de uns poucos, parece-me que a diplomacia brasileira não existiria.