Presença de militares na Maré custa R$ 1,7 milhão por dia
Convocadas em abril para ocupar o Complexo da Maré, como parte do processo de pacificação da região, as Forças Armadas não fugiram à luta. No entanto, a mobilização de cerca de 2.500 militares (incluindo 200 PMs) tem um custo: cerca de R$ 1,7 milhão por dia. O valor foi revelado no Diário Oficial da União, com a publicação de uma medida provisória (número 642), assinada pela presidente Dilma Rousseff, autorizando um crédito extraordinário de R$ 200 milhões no orçamento do Ministério da Defesa. A quantia tem de ser aplicada especificamente, como diz o texto, “no apoio logístico às forças de segurança pública do Rio”.
O prazo inicial de permanência de Exército e Marinha na região, com apoio de carros de combate e helicópteros, acaba em 31 de julho. No entanto, nos bastidores, os governos federal e estadual já articulam uma saída para que os militares fiquem até o fim do ano (ou seja, depois das eleições). Há dois motivos para isso. Primeiro, a Secretaria de Segurança não tem material humano, no momento, para dar prosseguimento ao processo de pacificação (a Maré vai ganhar uma UPP). Depois, o Tribunal Regional Eleitoral (TRE) acha temerário instalar urnas numa região ainda conflagrada. Nas eleições passadas, o TRE pediu que a Maré fosse ocupada por forças federais.
São 130 mil habitantes em 15 comunidades espalhadas por cerca de dez quilômetros quadrados. Lá dentro, três facções criminosas ainda disputam poder, com armas de guerra — metralhadoras, fuzis e lança-granadas. Operações policiais na área costumam afetar o trânsito em três das mais importantes vias expressas da cidade: as linhas Vermelha e Amarela, além da Avenida Brasil.
As Forças Armadas chegaram com tanques à região no dia 5 de abril. Estão sendo empregados na Força de Pacificação da Maré 1.900 militares do Exército (Brigada de Infantaria Paraquedista), 400 da Marinha (Corpo de Fuzileiros Navais) e 200 da PM. Os resultados já estão aparecendo. Até agora, mais de cem suspeitos foram presos. Os militares também apreenderam fuzis e pistolas, além de terem feito 54 registros de drogas recolhidas em bocas de fumo.
Os militares têm buscado o apoio da população. Através do Disque-Pacificação (3105-9717), já foram recebidas 152 ligações com informações que levaram à localização de pontos de venda de drogas e esconderijos de traficantes.
“Ainda há traficantes no Complexo da Maré. São criminosos do terceiro escalão. As informações que temos recebido são de que ainda existem criminosos na área, mas que o seu efetivo se encontra bem mais reduzido”, afirmou o general Roberto Escoto, comandante-geral da Força de Pacificação.
De uma forma geral, as comunidades da região estão dominadas pelos militares. A única região que ainda preocupa é a parte sul do complexo, onde estão localizados o Conjunto Esperança, as vilas do João, Pinheiros e a Favela Salsa e Merengue. Nesses locais, o Exército e a Marinha ainda encontram bocas de fumo funcionando e costumam enfrentar criminosos armados.
FONTE: O Globo
A maioria das pessoas que frequentam o Forte já sabem que essa política de UPPs é financeiramente insustentável.
O estado do Rio já não consegue dar conta do custo e transferiu parte dele para a União.
Se é que há algo de “bom’ nessa notícia, é que a União está arcando com, pelo menos parte, dos gastos das FAs. Pior seria se estivesse saindo do orçamento delas e sem reposição alguma.