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MAC MARGOLIS – O Estado de S.Paulo

ClippingNa diplomacia, o Panamá não é exatamente um peso-pesado. Uma pequena tripa do istmo centro-americano, o país tem a população de Espírito Santo e um PIB menor do que o faturamento do Walmart. Teve seu momento de glória há um século, quando o Theodore Roosevelt traçou o canal do Atlântico ao Pacífico. Hoje, o Canal do Panamá depende de reformas urgentes, mas o diminuto país continua a surpreender.

Agressivo e altivo, o governo panamenho fala quando o resto da região silencia e não foge de brigas com vizinhos graúdos. O estilo choca-se com a comedida diplomacia da América Latina, onde a condescendência é a regra até com vizinhos que atropelam direitos humanos e o único inimigo consensual é Washington.

Pela atitude pouco companheira e a recusa ao nacionalismo barato, o governo panamenho já foi acusado de fantoche dos gringos. Assim foi na semana passada, quando o Panamá pressionou para que a deputada venezuelana María Corina Machado falasse ao Conselho Permanente da Organização dos Estados Americanos (OEA).

Líder importante da oposição ao governo de Nicolás Maduro, a deputada pretendia expor ao colegiado regional o que se passa nas ruas conflagradas da república bolivariana, onde pelo menos 31 pessoas morreram em confrontos ocorridos em meio à recente onda de protestos antichavistas.

A OEA vetou María Corina. Talvez pela afinidade latina com o socialismo do século 21 de Hugo Chávez. Ou, quem sabe, para não arriscar a mesada companheira – os 110 mil barris diários de petróleo barato que Caracas envia a 17 países amigos no programa Petrocaribe.

Foi a senha para o presidente panamenho, Ricardo Martinelli, que convidou a oposicionista venezuelana para integrar sua delegação nacional na OEA, cedendo-lhe o assento do próprio embaixador. Assim, reprisou um gesto dos anos 80, quando a oposição do Panamá pediu o apoio da Venezuela para expor na OEA a repressão do então ditador Manuel Antonio Noriega.

No entanto, não assim foi desta vez. Possessos, os bolivarianos manobraram para sufocar a insurreição. Na sexta-feira, a poucos minutos do início da reunião, o conselho decidiu, por 22 votos a 11, fechar as portas da OEA ao público. Para “não criar um circo”, o Brasil votou com os bolivarianos, trocando a lona pela mordaça.

Sem limites

Pode haver um componente pessoal na rusga entre Caracas e Cidade do Panamá, na qual os dois mandatários só faltam xingar a mãe um do outro. “Lacaio rastejante”, o presidente Maduro chamou seu colega panamenho. “Imaturo”, revidou Martinelli, fazendo graça com o nome do venezuelano, a quem acusou de conduzir seu país “à falência”.

No entanto, não é apenas o fígado que fala. Conservador e capitalista desenvergonhado, o panamenho nunca escondeu seu desprezo pelo enclave chavista, que vai de La Paz a Havana.

Em julho, Martinelli provocou um paroxismo continental quando mandou apreender o cargueiro Chong Chon Gang, que saíra do Porto Mariel, em Cuba, rumo à Coreia do Norte. Oficialmente, o navio carregava açúcar. Os fiscais do canal desconfiavam de cocaína. Acharam uma verdadeiro arsenal.

Especialistas das Nações Unidas encontraram um sofisticado esquema de contrabando de armas. Nos contêineres, havia seis plataformas lançadoras de mísseis, dois caças MiG-21 desmontados, armas e munição. Mesmo assim, o governo de Cuba esperneou, escorado pelos companheiros bolivarianos, que alegaram ingerência por encomenda dos gringos.

A festa de desaforos entre os dois países continua. No início de março, o Panamá pediu à OEA que debatesse os confrontos nas ruas da Venezuela. Maduro deu o coice: expulsou o embaixador panamenho e rompeu o comércio bilateral. A OEA curvou-se à decisão.

Os bolivarianos conseguiram calar a deputada María Corina dentro do colegiado já famoso pelo silêncio obsequioso. Fizeram-lhe um imenso favor, levando-a ao palco internacional, o mais novo para-raio da tempestiva revolta contra o chavismo.

É COLUNISTA DO ‘ESTADO’ E CHEFE DA SUCURSAL BRASILEIRA DO PORTAL DE NOTÍCIAS VOCATIV

FONTE: O Estado de S. Paulo

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Baschera
Baschera
10 anos atrás

O Governo Brasileiro é que serviu de lacaio do senhor Girafales….

Que vergonha !

Ficando quatro para um bananeiro cucaracha e maluco que fala com passarinhos… mas que na verdade não passa de um ditadorzinho corrupto que está levando um dos países mais ricos do mundo a bancarrota e a falência.

Vergonha !!!!!

Sds.

Reinaldo Deprera
Reinaldo Deprera
10 anos atrás

Governo panamenho. Me representa.

Save Ferris!

Vader
10 anos atrás

Parabéns ao pequeno Panamá, que tem governo de verdade.

O resto da América Latrina só serve pro mar cobrir…

Colombelli
Colombelli
10 anos atrás

Resultado do PT no governo: os campanheiros vem sempre antes de tudo.

Rafael M. F.
Rafael M. F.
10 anos atrás

Venezuela é cortina de fumaça. Olhem o que La Loca está aprontando:

http://guardianlv.com/2014/03/argentina-to-host-russian-military-bases-while-america-sleeps/

Edgar
Admin
10 anos atrás

Desse jeito, os “reacionários” do Panamá serão expulsos da Organização dos Estados Bolivarianos.

Se houver perpetuação destes desGovernos, fujam para as colinas!

Antonio M
Antonio M
10 anos atrás

O Barão de Rio Branco deve estar se revirando no túmulo a tempos !!!

Antonio M
Antonio M
10 anos atrás

correção: Barão do Rio Branco

geobosco
geobosco
10 anos atrás

Até que enfim alguém nessa bagunça política da América Latina mostrou ter um pouco de consciência política. É muito triste ver governos metidos a ditadores comandando países ricos como a Venezuela – comandado por um ex-motorista de ônibus que foi colocado no poder por um coronel golpista. Gostaria de saber até quando os povos desses países vão aguentar esses ditadores de república das bananas que se apoiam em “líderes políticos duvidosos” mandando em seus países, apoiando-se em medidas sociais que no fundo atendem apenas a seus interesses e tratam os maias pobres com desdém……..