Cinco perguntas sobre os limites da atuação das Forças Armadas no Rio
Ex-secretário Nacional de Segurança, coronel José Vicente da Silva Filho responde cinco perguntas sobre a ajuda do Exército na segurança da cidade
Qual é o papel das Forças Armadas numa atuação urbana como agora deve ser vista no Rio?
— É uma força boa para ocupar território. Mas, depois, sua atuação na manutenção deve ser rápida. Ela deve ficar no território dois meses no máximo e deve, em seguida, passar para a força policial do estado a segurança.
O Exército pode fazer o patrulhamento nesses territórios ocupados?
— Não tem a menor condição de essa estrutura fazer patrulhamento. O potencial de risco para as Forças Armadas e para a população é alto. O militar não está acostumado com certas sutilezas que o policial está acostumado. Como, por exemplo, quando ofendem e jogam pedras nos agentes. O policial tem mais experiência, ele é treinado para avaliar o grau correto de risco e a resposta adequada. Os militares têm um repertório de respostas muito restrito, que é basicamente atirar e não atirar. Conflitos não letais não fazem parte do treinamento. Muitos não sabem que não podem dar tiro numa pessoa que está fugindo.
Após ocupar o território, como os militares podem apoiar as forças policiais?
— No Complexo da Maré, por exemplo, há várias entradas e as Forças Armadas podem ficar estacionadas nesses locais para apoiar o policiamento, mas com os policiais fazendo o patrulhamento. Eles podem ficar em áreas de controle, nos acessos, mas sem patrulhar e junto com a PM.
O militares do Exército, então, não podem abordar a população?
— Não. No máximo, o que poderiam fazer é reforçar o patrulhamento. Por exemplo, três militares com cinco policiais na patrulha. Os policiais fazem a abordagem e os militares ficam na retaguarda, fazendo a cobertura. Eles não agem, não abordam pessoas.
O novo Manual de Garantia da Lei e da Ordem do Ministério da Defesa, editado no fim do ano passado, define esse tipo de atuação?
— Não. Essa atuação está em aberto. De maneira geral, o que a Constituição diz é que quando o estado declara a falência de ação das suas forças policiais ele deve reconhecer por escrito ao presidente da República essa incapacidade de resposta do seu aparato de segurança. A força que comparece ao estado passa, então, a comandar a segurança do estado. É uma situação anômala, de extrema gravidade. Isso seria mais claro de observar numa greve da polícia. Quando se requer uma atuação pontual numa área contra um segmento do crime organizado, entramos num terreno pantanoso, sem muitas definições legais. O manual não têm poder de lei, apenas regulamenta. É para uso interno da força, não pode incluir como ela deve atuar.
FONTE: O Globo
Tenho o maior respeito e admiração por nossas Forças Armadas, mas não acredito que banalizar o seu emprego seja uma boa idéia. Em momentos críticos como o que vivemos, o apoio logistico e da comunidde de informações é sempre bem vindo, mas, não existe lugar que as forças policiais do Rio de Janeiro não sejam capazes de atuar. O que a polícia precisa é de apoio político, de seu comando, da população, da imprensa… Quando os fuzis começaram a aparecer nas comunidades, a polícia, em particular a militar, ainda incursionava as comunidades com um revólver calibre .38 com 5 munições… Read more »
Justamente Ernani, muito correta tua abordagem. A solução nunca passou pela busca de uma paridade de armas, que só multiplicou o numero de balas perdidas. As favelas não tem campos de tiro longos a ponto de justificar o uso de um fuzil e quando isso fosse necessário, snipers poderiam suprir a necessidade com baixo risco para a população. Hoje oque se vê é uma orgia de disparos de ambos os lados, com projéteis percorrendo até 3 Km e indo atingir quem nem sonhava estar em perigo. Se a polícia adotasse o calibre .40 em carabinas e pistolas como armas de… Read more »
Quer o Exército na rua, fazendo papel de polícia, pra ACABAR com a criminalidade?
Simples: que o GF faça sua parte e decrete estado de defesa no RJ. Com direito a toque de recolher e tudo.
Sabem quando isso acontecerá?
Nunca.
População do RJ, querem viver com (um pouco de) paz?
MUDEM-SE! Porque com os seus políticos vocês NUNCA terão nem o gostinho disso.
E olha que o resto do Brasil não é muito melhor. A única diferença é que em alguns lugares a polícia PRENDE os bandidos, ao invés de os espalhar…
Acho curioso colocarem o RJ como um local pior em termos de segurança do que outros do país. Por isso mesmo não acho que a solução seja sair da cidade uma vez que outras grandes cidades e capitais do país não exibem índices muito melhores que os do RJ. As capitais do Norte e Nordeste tem taxas de assassinatos por 100 mil habitantes muito maiores que as nossas. Os latrocínios em SP são muito mais frequentes em SP que no RJ. Cada uma das capitais tem lá suas mazelas, umas mais, outras menos, incluindo o RJ. A única coisa em… Read more »
Mayuan De fato os indices de violência em outra cidades são até piores, mas a diferença é que no RJ, com a polícia e marginais armados com armamento militar, ninguem, nem dentro de casa, está seguro, em nenhuma parte do Rio, pois todos os locais estão a menos de 3 km de uma favela, e dentro do alcance dos tiros. A UPP é uma mentira gigantesca. Elas tem efetivos de 300 a 500 homens. É inviável manter várias unidades com efetivos de praticamente um batalhão em cada. É a custa de efetivos grandes e não do método diferente que elas… Read more »
Isso está ocorrendo exclusivamente como “remédio de efeito rápido” para a Copa do Mundo.
Passada a mesma, quero ver o que vai acontecer, continuidade ou abandono …
E se o Brasil perder? O Marin já está com o .. na mão por causa dessa possibilidade.
Alguém já parou para pensar o por quê que as sedes das UPP são feitas de contêineres de aço ao invés de alvenaria, igualmente às UPAS que muitas vezes estão localizadas próximo a hispitais convencionais?