Técnico militar: banalizar ação do Exército é perigoso
Gabriela Valente
Brasília
O Ministério da Defesa não se pronunciou em relação à possibilidade de tropas do Exército atuarem para reocupar o complexo de favelas do Alemão, depois da morte de três agentes das Unidades de Polícia Pacificadora (UPPs) do lugar somente este ano (ou 10, se somados os policiais que perderam a vida em todas as favelas pacificadas desde o início do programa). No entanto, técnicos da área defendem que o Exército não pode ser enviado aos estados em uma situação que deveria ser controlada pela Polícia Militar.
“Banalizar as ações do Exército é uma coisa muito perigosa” ponderou uma fonte, sob condição de anonimato. “É o reconhecimento do governador de que não deu conta de resolver a questão”. Apesar de serem contrários ao envio das tropas, técnicos explicam que a decisão cabe apenas à presidente Dilma Rousseff. E reconhecem que a proximidade entre a mandatária e o governador Sérgio Cabral pode favorecer a colaboração.
A presidente foi muito sensível ao primeiro pedido de Cabral. O envio de tropas deve seguir um rito oficial. O governador tem de requisitar formalmente à presidente a atuação do Exército. Segundo fontes do governo, isso ainda não foi feito.
FONTE: O Globo via Resenha do Exército
A incompetência de Cabral é notória. Um enganador, atochador. Mas cada povo tem o governo que escolhe e merece.Tenho pena do Beltrame, que esta sendo usado como um idealista bobo. Pula fora logo Beltrame.
Quem não viu que a UPP era uma farsa, mantida a custa de elevados efetivos que jamais poderiam atuar em todas as favelas? Quem não sabia que o tráfico continuava solto, agora com segurança estatal contra os bandos rivais? Quem não intuiu que um dia iam começar a testar o dispositivo e rompe-lo?
Agora que o modelo faliu, vão fazer o que? Usar a tropa para ocupar o morro? Por quanto tempo? indefinidamente não pode ser. O que irão por no lugar? Serão mais 350 milhões pagos por nós em sub-rogação ao contribuinte carioca de forma indevida para daqui dois anos voltar tudo ao “normal”.
Afora isso, haverá, como bem dito, a banalização do emprego de força militar. Onde estão os generais que não se levantam contra isso e o risco que representa?
Omissão e falta de coragem moral generalizada. e por parte dela e dele, o governador e presid”anta”, falta de comando e competência
E os gastos com a criação da Força Nacional que é arremedo das Guardas Nacionais de outros países?
Cultura do desperdício de dinheiro público, muito dinheiro jogado fora em ações de marketing eleitoral.
Perfeito Colombelli mas te pergunto. Será que o que os generais querem é justamente que dê m#$%a pra depois poderem soltar o proverbial: “eu te disse”?
A ideia da UPP é boa: estreitar os laços da polícia com a comunidade, sair do modelo de polícia aquartelada e passar a uma ação pró-ativa ao invés de ações reativas.
O problema é que ela sozinha não irá solucionar o problema da violência no Rio.
Faz-se necessárias ações no sentido de cortar as linhas de financiamento do tráfico e seus meios de lavar o dinheiro. Faz-se necessário identificar e eliminar os pontos de entrada de drogas e armamento. Faz-se necessário investigar e punir os policiais que agem em conluio com o tráfico.
Faz-se necessário a melhoria dos salários e do treinamento da Polícia Militar, assim como a melhoria da infraestrutura e o investimento em novas tecnologias e doutrinas, como o uso dos drones.
Faz-se necessário a modernização do judiciário, a fim de agilizar o processo de julgamento.
Faz-se necessária a modernização e ampliação do sistema carcerário.
E, acima de tudo, Faz-se necessário tratar o bandido pelo que é.
Perfeito Rafael, mas sabe quando isto vai mudar: Quando a galinha criar dente, pois como disse o personagem Capitão Nascimento: ” sistema meu amigo, o sistema, e quem paga a conta somos todos nós”.
Grande abraço
Juarez, eu também não acredito em qualquer mudança, e sabe por que?
Porque acredito que a maior lavanderia de dinheiro sujo do tráfico de drogas é a igreja evangélica. Casos como o do Pr. Marcos são apenas a ponta do iceberg.
Dízimo não é tributado. Nem rastreado. E qualquer medida no sentido de se ter algum controle sobre esse tipo de rendimento será barrado pela bancada evangélica do Congresso.
Certa vez o jornal “O Dia” daqui do Rio fez uma reportagem sobre o envolvimento de pastores da IURD em esquemas de lavagem de dinheiro do tráfico. Foi rapidamente abafado.
O dia que fizerem uma investigação séria, muita coisa interessante será descoberta.
Mas quem quer bater de frente com a bancada evangélica?
Rafael M. F.
11 de março de 2014 at 8:44
Concordo plenamente e isso também é resultado do tratamento dados à educação básica pública no Brasil desde a década de 60, envolve os militares inclusive que não deveriam ter permitido que a educação caísse nas mãos dos “pegagogos dos oprimidos”.
Conheci pessoas que estudavam nessa época e era o contrário de hoje, para se manter no ensino público era necessário estudar e prestar vestibulares e qdo não se conseguia aprovação, iam para uma escola privada e hoje em dia pagamos caro pela péssima formação que temos, refletindo na cidadania e mão-de-obra.
Exemplo disso é a Coréia do Sul.
abçs..
correção: “pedagogos dos oprimidos”.
Mayuan
Acho que muitos dos generais hoje são apagados, sem força moral e preocupados com o salário somente e as transferências para embolsar um dinheiro a cada dois anos.
As UPPs nunca vão funcionar. Aliás, parafraseando o Cap Nascimento: “A polícia militar do RJ tem que acabar”. A solução começa por ai.
Apareceu agora a pouco no JN, policiais sendo hostilizados por vagabundos na Rocinha. Armados e sendo agredidos sem nenhuma cerimônia. Perdoem a expressão, mas so faltou passarem a mão na bunda deles e não reagirem a bem da “nova política”.
Tão pernicioso quanto um policial que usa da violência de forma gratuita ou exagerada é aquele que não se faz respeitar por renunciar ao exercício da violência quando imprescindível e nos estritos limites da lei. No Rio parece que so temos os dois extremos.
Já começaram errado com a premissa da parificação de armas, como se tivesse de destruir um inimigo. Ou é uma força policial (servir e proteger) ou é uma guerrilha do Estado. As duas coisas juntas não dá. Resultado: os dois lados, vagabundos e polícia usando armas de guerra de longo alcance e grande capacidade de perfuração, quando a situação pedia, por parte da polícia, o contrário, ou seja baixa perfuração e alcance mais reduzido (até pelos campos de tiro curtos), vale dizer, o calibre .40.
Não vejo solução a curto prazo, salvo umas vinte equipes bravo comandadas pelos respectivos cap Nascimento.
Concordo plenamente, Colombelli.
E faço um adendo, com o racha entre o PT e PMDB no Rio, acho difícil o MD fornecer militares para “pacificar as comunidades”.
Colombelli
11 de março de 2014 at 23:58
Eu já penso um pouco diferente.
Aquilo foi uma ação claramente provocativa do tráfico, e os policiais agiram corretamente em não reagir, pois o que havia de defensor “dusdireituzumanos” doido para que os PM’s largassem o dedo não tava no gibi.
Quatro dos elementos foram identificados e já tinham passagem pela Polícia por tráfico.
As imagens foram ótimas para mostrar o nível de safadeza e atrevimento de traficantes.
A verdade é que esse governo de merda do Cabral se recusa a entender o óbvio: há uma guerra não-convencional em curso com ações claras de guerrilha urbana. E ações não-convencionais não se combatem com métodos convencionais.
E isso não é tráfico. É ação de terror, com o claro objetivo de solapar gradativamente o moral da PM. E terrorista está fora de qualquer convenção, sendo assim, passível de eliminação direta.
Me pergunto: quem está treinando esses canalhas?
Eu acho a estratégia das UPP’s interessante, mas certamente ela está sendo realmente testada é agora. Eu vejo as UPP’s como unidades de ocupação, exército e o BOPE como os fuzileiros, unidades de choque. Um bota os caras para correr e o outro ocupa o terreno. Eu acho que falta um terceiro item, algo que seguisse a idéia do “guerrilha se combate com guerrilha”. Um grupo pequeno, disfarçado e infiltrado na favela só para infernizar a vida do tráfico. Talvez um franco-atirador e um spotter. Quem não fica à vontade nem para abrir a janela não arma emboscada para PM. O problema seria a “engenharia jurídica” para fazer isso.
De certa forma o governo do Rio está pagando o preço de ter deixado tantos criminosos fugirem em 2010 e, pior ainda, não ter afetado a estrutura logística que mantém os caras. Certamente existe um monte de gente que ganha com o tráfico. Como agravante essa estrutura logística não é unificada e sempre tem alguém querendo “entrar no esquema.
E aí que as fraquezas da estrutura policial pegam: não há integração efetiva entre as unidades policiais (que se incluem PRF, Civil, Federal etc.) para afetar a logística criminosa e, principalmente, a coisa parece pegar na parte de inteligência. O tráfico consegue se infiltrar e cooptar agentes dos estado com uma eficiência desesperadora e o estado não parece ser capaz de fazer o mesmo. O estado sequer consegue isolar os comandantes, ordens continuam a sair das prisões. As acões de inteligência parecem limitadas a espionar comunicações.
De qualquer forma eu vou ficar muito feliz se estiver errado.
Rafael, eu concordo que isso é terrorismo, mas não acho que exista um treinamento para isso como algo estruturado. A internet está cheia de informação, sendo a fonte perfeita para quem está disposto a aprender sozinho e atuar como multiplicador, mesmo que seja para os piores conteúdos. Um problema que estruturas formais como governos tem é justamente para lidar com essas cadeias pouco estruturadas, a rede Al-Qaeda é um exemplo. Tempos atrás li um texto americano relatando a dificuldade que o US Army tem para lidar com guerrilhas, obrigando que a cada guerra eles tenham que reaprender doutrinas.