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RICARDO VÉLEZ RODRÍGUEZ 

Há 50 anos eclodia a intervenção militar de 1964. Embora cogitada inicialmente como uma correção de rumo na desastrada ladeira por onde havia enveredado o populismo janguista, o regime castrense terminou durando mais do que se imaginara inicialmente e acabou por desgastar as Forças Armadas, em governos de força que se estenderam ao longo de duas décadas. Esse é um período suficientemente longo como para imprimir num país diretrizes novas e, também, para cometer erros conjunturais e estratégicos. Ora, ambas as coisas precisam ser analisadas, notadamente no ambiente universitário, que deve ser, nas sociedades hodiernas, o celeiro de ideias novas, bem como o filtro por onde passam os acontecimentos à luz crítica da razão, a fim de que, com esse patrimônio de ilustração, se beneficiem as gerações futuras.

No caso da avaliação do regime militar, não foi isso exatamente o que ocorreu no Brasil. As universidades brasileiras, em especial as públicas, controladas a partir da abertura democrática pela esquerda raivosa, acabaram fazendo da memória de 1964 ato indiscriminado de repúdio aos militares e às diretrizes por eles traçadas, fazendo com que uma cortina de fumaça terminasse pairando sobre essa importante etapa da nossa vida republicana.

As coisas não mudaram com a chegada dos esquerdistas ao poder, notadamente no ciclo do lulopetismo. A criação, pelo atual governo, da “Comissão da Verdade” visando a uma “omissão da verdade”e que coloca sob os holofotes a repressão praticada pelo Estado sem, no entanto, relembrar nada do terrorismo praticado pela esquerda radical, está a revelar que pouco se progrediu nesse terreno. A finalidade prevista coma tal comissão é clara: torpedear a Lei de Anistia, que abriu as portas para a volta dos exilados e firmou o início da abertura democrática.

Falemos, inicialmente, dos desacertos de 1964. A grande falha consistiu, a meu ver, no viés autoritário do regime militar, decorrente do fato de que os profissionais das armas não estão habilitados para a chefia do Estado, toda vez que são preparados – como lembrou com propriedade o saudoso amigo Paulo Mercadante (1923-2013) em Militares e Civis: a Ética e o Compromisso (Rio de Janeiro: Zahar, 1978) – para defender com coragem e eficiência os interesses soberanos da Nação, à luz da ética de convicção weberiana, que se caracteriza pela fidelidade aos princípios, sem que haja preocupação com o resultado da ação. Falta aos nossos homens de armas a sensibilidade da ética de responsabilidade, que exige que o governante calcule, nas decisões tomadas, as consequências que decorrerão para a comunidade, sendo esta, segundo Weber, a ética dos políticos.

Em segundo lugar, anotaria mais este ponto: por formação, os militares estão preparados para gerir a unanimidade decorrente da hierarquia e da obediência do profissional das armas. Afinal, ninguém realiza assembleias no front, quando as balas silvam sobre a cabeça dos soldados. Eles cumprem as ordens dadas por seus comandantes, sem discussão. Ora, a política é o reino do dissenso, em decorrência da nossa natureza racional essencialmente dialética, condição já apontada por Aristóteles (384-322 a. C.) na sua Política. A organização da comunidade politicamente estruturada deve ser pensada como construção de consensos a partir do dissenso, não como eliminação pura e simples deste. Esse é o difícil trabalho dos homens públicos, que precisam armar sede dose infinita de paciência a fim de conciliar os interesses dos seus representados, os cidadãos que votaram neles.

Anotemos sumariamente os aspectos positivos do regime de 1964: a intervenção militar evitou que os comunistas tomassem o poder, instaurando uma ditadura do proletariado, com o banho de sangue que isso provocaria num país de dimensões continentais como o Brasil. A opinião pública sabe que o que a extrema esquerda buscava era isso. O Brasil não teve a sua “República das Farc”,com que se debate até os dias de hoje o governo colombiano, depois de meio século de guerra, graças à corajosa intervenção das Forças Armadas, notadamente do Exército, que aniquilou a possibilidade de um território controlado pelos terroristas, sendo essa a finalidade perseguida pela guerrilha do Araguaia.

No que tange à economia, o Brasil transformou-se num país industrializado. Consolidou- se a indústria petroleira e desenvolveu-se a petroquímica, bem como a siderurgia e a fabricação de maquinaria pesada. A engenharia deu um grande salto para a frente, com as obras públicas que pipocaram pelos quatro cantos do território nacional.

Acelerou-se, por outro lado, a indústria bélica – em que pese o fato da falta de continuidade de uma política para o setor, como tem sido analisado oportunamente por Expedito Bastos, do Centro de Pesquisas Estratégicas da Universidade Federal de Juiz de Fora (UFJF). Efetivou-se, com o fantástico desenvolvimento das telecomunicações e com a política de abertura de estradas, a denominada – por Oliveira Vianna (1883-1951)–”circulação nacional”, unindo ao centro nevrálgico do poder as regiões mais afastadas e ligando estas às mais importantes áreas metropolitanas do País. O regime militar tinha um propósito, em que pese o viés autoritário evidentemente criticável. Mas hoje, 30 anos após os governos militares, carecemos de um projeto estratégico que nos indique para onde irá o País nas próximas décadas. Este é o grande desafio: costurarmos uma proposta estratégica, no contexto da democracia que conquistamos, superando o vezo tutorial que empanou o regime de 1964.

MEMBRO DO CENTRO DE PESQUISAS ESTRATÉGICAS DA UFJF E DO INSTITUTO HISTÓRICO E GEOGRÁFICO BRASILEIRO, É PROFESSOR EMÉRITO DA ESCOLA DE COMANDO E ESTADO-MAIOR DO EXÉRCITO (ECEME)

FONTE: O Estado de S. Paulo via Resenha do Exército

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Carlos Alberto Soares
Carlos Alberto Soares
10 anos atrás

Concordo em parte, discordo em alguns pontos.

Certamente os erros de Português no texto não são de tradução.

Estranho, ministra aulas na ECEME.

Deve ter algo de errado.

Dia 30 de Março, bandeira Nacional exposta e visível na fachada da minha casa.

Dia 31, alto e bom som:

Hino Nacional, Hino da Independência, Hino da Proclamação da República, outros Hinos, Marchas, Dobrados e Canções Militares.

Dia 02 de Abril, recolhe-se a Bandeira.

Quem não gostar, vá reclamar pro Bispo.

Brasil acima de tudo.

aldoghisolfi
aldoghisolfi
10 anos atrás

Salve de novo, che!

Fiquei triste de ver que ninguém mais comentou sobre o contra-golpe e resolvi não te deixar sozinho.

Não chego a tanto comemorar como tu, mas sempre levanto um brinde aos ausentes, àqueles que o tempo levou e são, na lembrança dos que ficamos, a justificativa para continuarmos na peleia. Sem saudosismo… Até que nós mesmos sejamos outras lembranças que, talvez não tenham quem as saúde.

AOS AUSENTES!

Carlos Alberto Soares
Carlos Alberto Soares
10 anos atrás

AOS AUSENTES!

NOSSAS REVERÊNCIAS CARO ALDO.

Carlos Alberto Soares
Carlos Alberto Soares
10 anos atrás
Carlos Alberto Soares
Carlos Alberto Soares
10 anos atrás
Carlos Alberto Soares
Carlos Alberto Soares
10 anos atrás

Batismo do Bandeirantes, Embraer …. onde tudo começou ….

http://www.youtube.com/watch?v=A3FJdZzLc_8

Carlos Alberto Soares
Carlos Alberto Soares
10 anos atrás

Quando o respeito e a Ordem e Progresso eram presentes:

http://www.youtube.com/watch?v=1hJJVvTW9SA

Carlos Alberto Soares
Carlos Alberto Soares
10 anos atrás
Carlos Alberto Soares
Carlos Alberto Soares
10 anos atrás

Estamos a caminho de um golpe que nos colocará na ditadura sindicalista:

http://www.alertatotal.net/2014/02/critica-ao-voto-politico-que-poupa.html

Carlos Alberto Soares
Carlos Alberto Soares
10 anos atrás

Os motivos do contra golpe, a verdade:

http://www.youtube.com/watch?v=UeXIrPc_O8o

Renato.B
Renato.B
10 anos atrás

Eu gostei muito da analise, me lembrou o trabalho do Elio Gaspari em sua série sobre a ditadura.

Mas tocou num ponto especialmente interessante que é o fato que foi a última vez em que o país teve um projeto com visão de longo prazo. um real projeto de país. O que realmente falta hoje.

O que temos hoje é basicamente um arremedo da visão deles.