Mais Brasil, menos Cuba
A presidente Dilma Rousseff transformou em realidade ontem, em Cuba, o que no Brasil ainda não passa de discurso ou sonho distante. Ao inaugurar a primeira etapa do Porto de Mariel, a 45km de Havana, ela aumentou sua dívida com a dura verdade de atrasos e ineficiência do setor portuário brasileiro, um dos campeões mundiais em custos e falta de capacidade operacional.
O porto cubano, com moderno terminal de contêineres, custou US$ 957 milhões, dos quais nada menos do que US$ 683 milhões saíram de cofres brasileiros, financiados em condições favoráveis pelo Banco Nacional de Desenvolvimento Econômico e Social (BNDES). E, segundo anunciou a presidente, para a segunda etapa do projeto, a ser implantada em seguida, não faltarão recursos: “Vamos financiar US$ 290 milhões para implantar zona especial de desenvolvimento”. Sem dúvida, é o sonho de muitas cidades brasileiras, portuárias ou não.
A inauguração do porto cubano ocorre pouco menos de um ano depois que a Sunrise, uma das maiores tradings chinesas importadoras de soja, comunicou ao exportadores brasileiros o cancelamento de uma encomenda de 2 milhões de toneladas do grão, em razão de atrasos inaceitáveis no Porto de Santos. A mercadoria deveria iniciar viagem para a China em fevereiro, mas, na melhor das hipóteses, seria acomodada a bordo em abril. Os chineses, que já haviam tido prejuízos com o atraso de dois embarques anteriores, preferiram abrir mão do preço do grão brasileiro em favor do melhor funcionamento dos despachos pela Argentina.
Pior: na festa do Porto Mariel, não é certo que Dilma e sua alegre comitiva tenham se lembrado — menos ainda se constrangido — da distância que separa aquela celebração com a pompa e a circunstância que marcaram os primeiros dias de dezembro de 2012, quando foi lançado o até então ousado Programa de Investimentos em Logística (PIP). Somente para o setor portuário, estariam reservados R$ 54,2 bilhões.
A “salvação” dos portos brasileiros foi anunciada em detalhes em 6 de dezembro daquele ano. E a montanha de dinheiro não viria sozinha, pois obras de melhorias rodoviárias e ferroviárias dariam novo enredo ao escoamento da produção nacional, incluindo facilidades de acesso aos principais terminais portuários. Para isso, a iniciativa privada, que deixaria de ser vista como vilã, seria muito bem aceita.
Não foi o que aconteceu. Não houve até agora nada parecido com a boa vontade e a rapidez com que se viabilizou a aplicação do dinheiro do BNDES em Cuba. Pelo contrário, os exportadores brasileiros de soja já se preparam para mais uma safra de problemas a partir das porteiras de suas lavouras. Este ano, o Brasil vai colher mais uma supersafra de grãos (196,7 milhões de toneladas). Só a soja responderá por 90 milhões de toneladas, podendo superar, pela primeira vez, a colheita dos Estados Unidos.
A prioridade aos investimentos em infraestrutura, para destravar o crescimento da economia brasileira — que vai para o terceiro ano de taxas constrangedoras de expansão do Produto Interno Bruto (PIB) —, foi uma das promessas da presidente aos investidores em Davos. O mundo, além dos brasileiros, está esperando que ela vá além do discurso e aplique mais no Brasil o dinheiro dos brasileiros e, com isso, recupere a confiança do capital internacional no país.
FONTE: Correio Braziliense – 28/01/2014
Empréstimos no exterior feitos pelo BNDES são classificados como “secreto” e, portanto, não tem nenhuma fiscalização.
E ao anunciar esses outros US$ 290 milhões, da segunda etapa, pega o BNDES de surpresa, pois nem projeto há.
Depois tem gente que não acha certo eu propor “corda” para esse tipo de coisa.
Enfim foi inaugurada a maior obra do governo do PT nesses doze anos: um porto em… Cuba!
Falar o que? Como pela própria incomPeTência o ParTido não consegue governar o Brasil, mesmo contando com a maior base aliada da história da República no Congresso, o negócio é auxiliar a ditadura cubana a governar sua ilha-prisão.
O povo brasileiro merece o que tem.
Marcos, os empréstimos internacionais feitos pelo BNDES não são, necessariamente, secretos. Salvo engano, somente aqueles feitos para Cuba e Angola, o ministério competente resolveu tornar sigiloso.
Se os contratos fossem abertos, soubéssemos o conteúdo e ele fosse vantajoso para o Brasil (gerando empregos e impostos), eu até consideraria válido o investimento. Aliás, tirando commodities e um ou outro produto, como os aviões da Embraer, o Brasil só consegue exportar produtos e serviços para países subdesenvolvidos. Então, de uma forma torta, até que o PT acabou trazendo algumas vantagens, ao se relacionar com países atrasados, pois eles compram nossos produtos atrasados. O problema é que, em vez de negócios, a coisa parece mais uma negociata de amigos, na qual os governos e os amigos empresários saem felizes. E o povo banca que se lixe.
Vader, verdade seja dita, a maior obra inaugurada pelo PT foi a hidrelétrica de Jirau (que está incompleta, tal como o porto de Mariel).
Rafael
De fato. Só são secretos os negócios feitos para países companheiros,sem fiscalização nenhuma. Normalmente nesses negócios estão juntas as conhecidas empreiteiras.
No que se refere aos nossos produtos, diga-se, nós temos excelentes produtos, alguns melhores que made in UA, Germany, Uk, entre outros. São poucos, evidente, mas há. De resto, nessas negociatas, o
REZO para que estas pessoas entreguem o governo após as eleições e que o eleito (ajuda, Deus!) tenha topete e rabo solto o suficiente para auditar estas bandalhas todas.
Prezados,
Tecer longas e demoradas críticas políticas a este ou aquele partido nunca será construtivo. Agora, discutir o real impacto de uma medida séria como esta (investimento externo), poderá nos ajudar a enxergar por entre as fumaças do partidarismo e de fato monitorar a eficiência das ações de um governo que foi eleito democraticamente.
Lanço um desafio ao querido Vader: ouvir esta breve matéria da CBN sobre este assunto.
http://cbn.globoradio.globo.com/comentaristas/kennedy-alencar/2014/01/28/INVESTIMENTOS-NO-PORTO-DE-MARIEL-EM-CUBA-FAZ-BRASIL-OCUPAR-ESPACO-ECONOMICO-EM-OUTROS-PA.htm
Leonardo
Então a tua lógica é a seguinte: ganha-se economicamente fora através de um porto estrangeiro ao passo que se perde economicamente aqui por falta de investimento em nossos portos.
Resultado do exercício; vantagem econômica e política para a nação= 0
Vantagem política para os sacripantas do governo e econômica para os os seu apaniguados= uma ajudinha ao companheiro fidel.
Medida séria e este governo são termos que nunca poderão estar juntos. Vou acreditar que você esta querendo ser irônico só.
Aliás, so pra te lembrar, Cuba é uma ditadura, com presos políticos, e se houvesse um pingo de coerência por parte da camarilha que estava naquela viajem junto com aquela senhora ( todos capitães-do-mato do quadrilheiro chefe), não estariam fazendo, eles que se dizem defensores dos direitos humanos, negócios com uma ditadura.
Mas como é de esquerda ai tudo pode. Nestas horas penso na falta que faz um Harvey Lee Osvald e um manlicher carcano.
Oi Colombelli,
Acredito que não tenha ouvido a matéria. Enquanto comentários sem a tentativa de enxergar além de uma única dimensão, continuarem sendo a justificativa para o BNDES não investir em empresas brasileiras que estão se internacionalizando, nunca conseguiremos ter uma discussão construtiva.
Depois de ouvir a matéria, terei grande prazer em discutir com você qual a minha lógica. Antes disso, ficaremos no seguinte impasse: eu tentando discutir economia e política pro-ativa; você querendo justificar suas posições simplistas com reacionarismo a um governo de esquerda.
E depois dona Dilma vem reclamar de espionagem.
Jânio Quadros com suas condecorações à Che Guevara acabou se colocando em posição delicada mesmo que seus deensores diziam que não era uma aproximação política e sim, comercial pois com o embargo aumentariam as chances de aumentar exportações para a ilha e não me lembro de falarem em investimentos de infraestrutura.
Mas é como foi dito acima, aparentemente seria uma chance de “ocupar espaços” mas, usando de dinheiro público nosso a perder de vista, sem garantia de retorno se torna mera peça políticagem mesmo e ainda, querendo posar de “enfrentamento ao imperialismo”.
E me faz lembrar da usina de Itaipu, abertamente e largamente atacada por boa parte dos atuais integrantes do GF por ser uma obra megalomaníaca e “sub-imperalista” por tratarmos outro país da AL de forma a submetê-los a nossa vontade e blá blá blá. Apesar de ainda termos tantos problemas de infraestrutura, se não fosse Itaipu a muito estaríamos racionando energia, assim como a ilha !!!!
E ao saber que 92% dos municípios brasileiros são deficitários,ou seja, nem mesmo arrecadam o que gastam, entre outros problemas, ratifica a importância que o Bolsa-família tem como curral eleitoral; ver os políticos fazendo seu proselitismo político contraditório indo à Davos “passar o pires” e em seguida literalmente, ir à Cuba posar de mega-investidor e isso nem mesmo arranhar suas possível reeleição, realmente é de perder as esperanças………
Leonardo, ouvi a matéria.
Algumas informações do Kennedy são interessantes. O BNDES só levou calote em dois empréstimos internacionais. Um para empresa dos EUA e outro para empresa do Chile.
Eu também gostaria de analisar os benefícios econômicos desse empréstimo.
Porém, o governo do PT resolveu colocar em sigilo os empréstimos à Cuba e Angola, o que me impede saber quais foram as condições, taxa de juros, garantias, se o pagamento está em dia, etc. Por isso é difícil tirar alguma conclusão séria sobre a vantagem econômica desse investimento.
Também causa-me desconforto ver a situação dos portos nacionais, após quase 12 anos de PT sem qualquer construção de destaque no setor, e ele investir em um porto em Cuba (se fosse nos EUA eu também ficaria revoltado).
Quanto à vantagem do Porto de Mariel por estar próximo do Canal do Panamá eu tenho lá minhas dúvidas. Qual seria essa vantagem? Os navios trocarem de carga em Mariel? Porque não trocariam no próprio porto do Panamá?
Em relação à vantagem de estar posicionado em Cuba, qual é o volume de importações e exportações de Cuba? Quanto desse volume conseguiríamos captar para nosas empresas? Tenho muitas dúvidas.
Saudações.
Oi Rafael, bom dia.
Fico extremamente feliz em estabelecer uma linha de diálogo construtivo com alguém. Até que enfim.
Não tenho informações concretas (ainda não tive tempo de pesquisar no site do BNDES) sobre esta informação sobre sigilos de contrato entre Cuba e Angola.
Sei que sigilo entre acordos comerciais internacionais bilaterais normalmente são definidos para resguardar empresas durante a parte de negociação. Preços, listas de fornecedores, quantidades de insumos e etc., são informações de luxo. Imagine se você, proprietário de ações de uma empresa na bolsa que negocia cimento, descobre os valores que uma empreiteira pretende aplicar para uma obra de grande porte? Crer que o sigilo é estabelecido apenas para resguardar práticas de corrupção ou negligência, é uma análise simplista e unidimensional.
Quanto aos investimentos em portos no Brasil, tenho alguns dados interessantes: na última década foram abertos processos para novos portos (ao menos 3 que tive paciência de achar na internet) e de reestruturação (concessões). Precisamos de mais portos? Vinha visão é que não. Precisamos de mais políticas pró-ativas, menos burocracia e mais tecnologia nos portos que já existem. No entanto, projetos de novos portos (considerando as licenças ambientais) e execução destes projetos não são atividades que se resolvem em 6 meses. São projetos de 3 a 6 anos de realização.
Quanto ao posicionamento do porto em Cuba, sou totalmente ignorante sobre logística marítima para opinar; mas me dou a liberdade de analisar que projetos, obras, construções e vendas, por si só, justificariam o intento para o financiamento do BNDES.
Tenho grandes críticas à eficiência dos portos nacionais. É inadmissível uma carga ficar esperando dias por falta de um fiscal de vigilância sanitária (que é de responsabilidade do governo estadual, não do federal).
Minha maior e sempre perene crítica é quanto a eficiência. Precisamos de profissionais mais capazes, mais conscientes de suas responsabilidades individuais. É complicado você ver um técnico da receita não liberar a sua carga porque faltam 15 minutos para o horário do almoço… Para isso, não existe política de estado que baste.
Bom dia, Leonardo.
Agradeço o elogio e o retribuo.
Sobre a transparência do BNDES, desejo-lhe boa sorte, pois este não é o forte do banco. Aliás, algo natural, dada a questão do sigilo bancário que, legalmente, já limita o acesso a diversas informações.
Porém, em se tratando de um banco público, eu acredito que o sigilo bancário deveria ser mitigado em favor do interesse público. Se o empresário quer manter o sigilo, que procure um banco privado. Mas, reconheço, que isso não é admitido pelas leis brasieiras, atualmente.
Sobre os empréstimos à Cuba e Angola serem sigilosos, houve ampla divulgação na imprensa e manifestação do ministro à época, dizendo que o sigilo foi a pedido dos contratantes. O fato de serem dois países com regimes ditatoriais e de esquerda, permitem-me questionar os empréstimos. Não é questão de ser simplista ou unidimensional. É questão de querer saber para onde o dinheiro público está indo e se está voltando.
Sobre o investimento em portos nacionais, de fato, houve o investimento em vários terminais privados, dentro dos portos públicos, além de iniciativas de portos privados, como os terminais da Vale e os do Eike Batista (que ainda não foram inaugurados e que também não são mais dele).
Porém, a ineficiência é sintomática. Culpa, talvez dos estivadores geridos por OGMOs, da vigilância sanitária, da Receita Federal, acesso congestionado aos portos (ferrovias, rodovias) ou da falta de capacidade dos portos. Confesso que também me falta conhecimento a respeito´para opinar com segurança sobre a necessidade ou não de construir outros portos.
Sobre o tempo de construção de um porto, lembro que o PT está há 12 anos no Governo. E, lembro mais, FHC construiu Pecém durante seu mandato. Pior, Cuba construiu o seu durante o mandato o PT. Então tempo não é desculpa para isso, caso um porto seja necessário.
Quanto ao Brasil financiar a exportação de serviços e produtos eu concordo com você. Isso é importante para gerar empregos e impostos no país (apesar de achar questionável os juros serem subsidiados pelo Tesouro Nacional).
E em relação aos servidores públicos, apesar de existirem exceções, sem dúvida que não o PT que os tornou ineficientes e preguiçosos. Mas o governo poderia cobrar mais os seus servidores para que trabalhassem melhor, fixando metas, por exemplo.
Oi Rafael,
Adorável troca de idéias, a nossa.
Concordo com você que processos onde o dinheiro público é utilizado devem ser transparentes por natureza; e não considero unidimensional a sua análise. Pelo contrário: como diria o Garganta Profunda do caso Watergate: follow the money.
No entanto, continuo com a idéia de que processos como esses não acontecem apenas porque um governante quer. O Itamaraty possui seus procedimentos e processos para intermediar estas negociações, o BNDES possui seus funcionários de carreira e normativa burocracia para julgar o interesse do investimento face ao retorno em juros. Se existem os empréstimos, existem processos de aprovação. E se existem processos, existem critérios. E se forem estes atingidos, não consigo entender porque não tocar o projeto.
Mas entendo e faço coro junto com você, de que esta prática é minimamente suspeita; mas me amparo em dois fatos: 1) temos uma imprensa praticamente de oposição ao governo, o que facilita a fiscalização, 2) de acordo com a Lei de Acesso, esses dados deixam de ser sigilosos em até 5 anos. Claro que com o tempo “Inês é morta”, mas o processo que aprovou estes documentos não, e na eventualidade de dúvidas, a sociedade terá o dever de chamar quem for, estando onde for, a prestar explicações.
Por estes fatos, que não são opiniões, não acredito que por serem empréstimos secretos, devem ser totalmente duvidáveis. Conto que o Congresso faça valer seu mandato e fiscalizar o Executivo, coisa que aí sim duvido muito.
Minha visão é que hoje a democracia é refém do Legislativo. A sociedade aperta, e eles apertam o Executivo. Só que ao invés de apertar por melhorias, apertam por mais cargos e mais ministérios. E se não der, choverão pedidos de impeachment e CPIs. Extremamente lastimável o nível de pessoas que temos nestas duas casas.
Em outro ponto, ao contrário do que qualquer um possa imaginar, tenho convicção que o governo do FHC fez coisas excelentes para a Nação. Também fez coisas temerosas e duvidosas; exatamente como o PT.
No entanto, no que tange a infraestrutura portuária, os anos do PT foram definitivamente mais benéficos. Mas não única e exclusivamente porque foram do PT, mas pelo fato que o comércio interno e externo foram consideravelmente maiores, o que obrigou um investimento mais contumaz por parte do PT. Tenho dúvidas que se fosse o FHC seria diferente, ele não é louco.
Meu ponto de vista é que o principal problema logístico dos portos, não são os portos em si. A logística de acesso, tecnologia de gerenciamento e baixa qualidade produtiva da mão de obra, sim.
Deveríamos ter melhores estradas de acesso, melhor engenharia de trafego. Mas não posso jogar a responsabilidade sobre o GF, pois estes pontos são de única e exclusiva responsabilidade dos Governos Estaduais e Municipais. O máximo que o GF pode fazer é criar linhas de financiamento e fomento para projetos de expansão e melhorias destas malhas, e é aí onde o diabo mora.
Há dezenas de anos que estes entes federativos não investem sequer 1 centavo em projetos de melhoria e expansão. Se não tem projeto, não tem como colocar o dinheiro do GF no lugar; e aí o cachorro fica correndo atrás do rabo. E como a política é uma arte de convencimento, é muito fácil depositar a culpa no Palácio do Planalto, ao invés dos Palácios estaduais e municipais. Mais fácil xingar o vizinho quando este está na outra rua.
Em relação aos servidores públicos, outro ponto onde estamos na mesma página. É simplesmente inadmissível continuarmos com uma gestão tão rudimentar, tão “anos 70”. Todas as esferas de governos – e neste ponto tenho para mim que os municípios possuem maior responsabilidade – deveriam desenvolver métodos de avaliação e gratificação pela eficiência. Infelizmente os sindicatos e entidades de classe encontram na meritocracia um vilão ao empregado, o que nos coloca na ciranda da ineficiência.
Acredito que a uma maneira de tratar estes processos seria “seguir o dinheiro”. Por que o Governo de SP não investe em projetos de melhoria de acesso e gestão no Porto de Santos? Por que a câmara municipal de Santos não fiscaliza o tempo de entrada e estadia de navios? Por que a prefeitura do Rio de Janeiro não fiscaliza o tráfego na Linha Amarela (em referência ao “acidente” de ontem)? Se “seguirmos o dinheiro”, acharemos o ponto de ação. Se continuarmos acusando o Presidente da República ou um Ministro de Estado, continuaremos servindo de cortina para a ineficiência e corrupção que está a nossa porta.
“Ninguém mora na União, nem no Estado. Mora-se no Município.” – Ulysses Guimarães
Leonardo se você acha que “internacionalizar” em Cuba é um bom investimento não temos nada a discutir mesmo.
Estou vendo o quanto você entende de “política “pro-ativa” e economia repetindo a cartilha do partido.
Informe-se sobre o volume de negócios de Cuba antes de falar de um porto lá. Cuba não tem nada a dar ao Brasil senão agentes infiltrados. Quer investir, vá a África.
A propósito, aqui não há incautos que acreditam no mundos dos hobbits.
Leonardo,
Vou dar continuidade a nossa conversa cordial pelo fim.
“Ninguém mora na União, nem no Estado. Mora-se no Município” – Aí começa uma das primeiras contradições do nosso país: a excessiva concentração de dinheiro nos cofres da União em detrimento dos Municípios e, até mesmo, dos Estados.
Isso não é de hoje e, para quem está no poder, não é interessante mudar. Dinheiro é poder. Por isso temos dezenas de Ministérios para distribuir o dinheiro para os prefeitos e governadores aliados. Chega a ser ridículo um prefeito ter que ir à Brasília pedir dinheiro para comprar uma mísera ambulância. O que se gasta com passagens e hospedagem acaba sendo um desperdício de dinheiro.
O ideal seria que o destino dos tributos fosse mais justo. Até porque é mais fácil cobrar prefeitos e vereadores do que presidentes e congressistas. Mas entre o que é ideal para a população e o que é ideal para os políticos há uma distância muito grande.
Dito isso, esse é o principal argumento para a crítica ao Governo Federal. Se ele tem o dinheiro, ele passa a ser o responsável por resolver os problemas. Não tem como a prefeitura de Santos implementar melhorias no acesso ao Porto (isso sem querer entrar no mérito da competência legal para o Município atuar nessa frente).
Aliás, sobre o acesso ao Porto de Santos, uma das razões para ele ser superlotado é exatamente o fato do acesso a ele, feito pelo governo do estado de São Paulo, ser melhor do que o acesso para outros portos (não que a distância mais próxima, em relação a outros portos do sul e do sudeste, não pese a seu favor, mas os pedágios encarecem bastante esse trajeto e a qualidade das estradas paulista acaba pesando em favor da escolha do Porto de Santos).
Frise-se que aquela fila de caminhões na estrada estadual que vai até o porto não é um congestionamento em razão da estrada. É resultado da fila de navios esperando para atracar no porto. Se o navio não chegou, o caminhão não pode entrar no porto. A deficiência maior é do porto em si, seja em razão da capacidade de atracação, da falta de mão-de-obra ou dos serviços públicos de fiscalização. Então, nesse ponto, a culpa maior seria dos portos e de quem legisla sobre eles, que é a União.
Outrossim, pode ser feita uma crítica ao Governo Federal por ele, após mais de uma década, ainda não ter concluído as ferrovias Norte-Sul ou Leste-Oeste. Qualquer uma delas já diminuiria e muito o problema do escoamento da soja do centro-oeste brasileiro. Mas, esses e outros tantos projetos de infraestrutura evoluem em uma velocidade limitadíssima, em que pese existir recursos para tal. Sinceramente, não sei o que causa tantos atrasos.
Sendo justo, atrasos acontecem em várias obras públicas, independentemente da esfera e do partido, e o metrô de SP e o rodoanel são exemplos claros disso. Só que governadores têm a desculpa de dizerem que não têm dinheiro. O GF não tem essa desculpa (não que os recursos sejam ilimitados, mas o BNDES tem caixa, via Tesouro, para bancar essas obras).
Aí vai outra crítica ao PT. Porque ele demora tanto para tomar certas decisões? Porque a concessão dos aeroportos só aconteceu no ano passado? Se ele não fizesse a concessão e o serviço continuasse uma porcaria, pelo menos ele seria coerente com sua posição de “o Estado tem que tomar conta de tudo”. Mas, não. Enrolou, gastou, enrolou, gastou e agora fez a concessão.
Sobre o Congresso Nacional, de fato, seus integrantes são uma lástima e pouca coisa de útil sai de lá. A preocupação maior é com o curral eleitoral e com os financiadores de campanha. E isso vale para todos os partidos.
Quanto às diferenças entre o PT e o PSDB eu concordo que são muito poucas, do ponto de vista econômico. Talvez o PT gaste mais, o que foi bom em tempos de crise, mas, no longo prazo, é ruim. Também vejo uma certa diferença no fato do PT tentar atender melhor os mais pobres e os mais ricos, enquanto o PSDB tem como público alvo preferencial a classe média, também sendo um pouco mais conservador em alguns posicionamentos relativos aos direitos civis, enquanto o PT é um pouco mais “moderninho” nesse ponto.
Também me chama atenção o fato do PT se dispor a fazer muitas coisas ao mesmo tempo e entregar poucas. Só de grandes projetos que vem a cabeça agora temos a transposição do Rio São Francisco, as hidrelétricas de Rondônia e Belo Monte, a refinaria Abreu Lima, refinaria no RJ, as ferrovias Norte-Sul e Leste-Oeste, o trem-bala, usina nuclear de Angra 3, sendo que dessas, só a usina de Jirau foi entregue e, ainda, parcialmente.
Ao meu ver, o PT também faz mais propaganda do que fez e de suas promessas (muitas delas longe de serem cumpridas) do que outros partidos.
Sobre os contratos cubanos, o sigilo colocado pelo ministro Pimentel não dura apenas 05 anos. Mas, sim, até 2027 – segundo reportagens da época. Aí Inês não servirá nem para exumação e perícia.
Por último, ainda que o BNDES tenha protocolos, existem muitos casos questionáveis e, não há protocolo 100% eficiente. O caso do frigorífico Independência é um deles. Ademais, creio que exista uma certa interferência da cúpula dos partidos para a aprovação de empréstimos que, ainda que lícitos, são questionáveis, como o destinado a Oi (nem menciono o suposto envolvimento do Lulinha, estou falando simplesmente de financiar a compra de uma empresa, com juros subsidiados, cujo efeito imediato é uma maior concentração de mercado e sem benefícios sociais, como aumento de empregos, pelo contrário, a fusão reduziu o quadro de empregados).
Agradeço pelo interessante debate.
Saudações!
PS: a resposta ao Colombelli, em outro post (questão de consciência), terá que ficar para depois,
Oi Rafael,
De fato, uma prosa boa vai muito longe.
Continuando seu encerramento, seria excelente continuarmos a troca de ideias, pois consigo ver nelas um desejo claro de olhar para frente, em todos os seus pontos. Ademais, tenho certeza que a equipe da Trilogia irá nos brindar com muitos posts polêmicos pela frente.
Cordiais saudações!
Colombelli,
Meu ultimo comentário para você, não para o meu contentamento, continua válido. Não consigo entender onde chegaríamos se eu enveredasse na mesma linha das suas argumentações.
Então informe-se sobre Cuba e se coloque na condição de um empresário que tivesse dinheiro para investir e veja se vc investiria em um lugar que não tem nada para oferecer.
Veja: mas dinheiro se não do contribuinte. Faze caridade com o chapéu alheio é fácil
Simplismo é vir defender um ato nitidamente político, inegavelmente político partidário, sem pesquisar minimamente o que economicamente isso trará ao Brasil. Repito de novo também meu comentário anterior, veja o volume de negócios de Cuba e você vai entender o desperdício destas centenas de milhões que não acrescem nada econômica e politicamente ao Brasil, pelo contrário. Pense um pouco também em “política pro ativa” onde ela rende: Africa, mas não nos parceiros ideológicos.
Por ora, sigamos nossas linhas, você defendendo a cartilha do partido e eu fazendo coro com o resto do mundo que não poria um centavo em Cuba.
Mas se tua linha de argumento é tão boa, explique o motivo de o empréstimo ser sigiloso ou fuja do debate quando confrontado com a realidade como “eles”, que fazem estes ótimos negócios para o Brasil, fazem sempre, escondendo-se em mentiras e “sigilos” e fazendo da res publica o quintal do partido. . .
“seu” digo, e “fazer”
Aliás quem ganhou com isso: Aposto que tem empreiteiras brasileiras na obra, grandes, alguma(s) talvez que tenha(m) pago alguma das 30 viagens do cidadão aquele ao exterior depois que deixou o governo.
Acaso não foi esta a praxe do BNDS em financiamentos nos parceiros bolivarianos e “parceiros ideológicos” na África: dar um apoio a quem “colabora” na campanha. Conheço bem esta estória.
Enquanto isso, aqui o empresário pena para conseguir algo nem de longe semelhante de apoio.
Leonardo, por mim a discussão pode seguir. Sò que, às vezes, demoro um pouco para responder.
Colombelli creio que toda a política do BNDES pode ser questionada. Como ele empresta dinheiro subsidiado, os empréstimos deveriam ser mais claros e seguir os princípios da administração pública.
A empreiteira do porto cubano é a Odebrecht. Aliás, hoje, qual grande empreiteira não financia campanhas? Diga-se de passagem, costumam financiar até adversários na mesma campanha, porque o negócio deles é ficar ao lado do vencedor. É uma questão de negócios. Espúria, é verdade.
Outra coisa, ultimamente pegar dinheiro no BNDES não é tão difícil assim para os empresários. O número de empréstimos é absurdamente alto.
Sobre o porto em si, caso a flexibilização econômica siga em frente, pode ser um bom negócio para o Brasil explorar o mercado cubano, que, apesar de pobre, pelo menos itens básicos são consumidos. Desde que paguem pelas compras, não vejo problema em vender para eles.
O problema é saber se são negócios ou se é caridade.
Saudações.
Rafael
Tudo é custo benefício (ainda mais com dinheiro público). Com o dinheiro posto lá podem ser elencados uns 10 negócios que seriam mais rentáveis econômica e politicamente para o Brasil ( e com menor risco), seja aqui ou fora.
Ademais, os portos brasileiros não estão uma maravilha para justificar serem preteridos. Não teria sido melhor financiar uma uma obra destas aqui, quiçá com aumento ainda maior de exportações do que se irá se conseguir e qualquer projeção, por mais otimista que seja, em relação a Cuba?
Não seria o caso de financiar uma obra no oeste da África, continente que tem muito a oferecer tanto econômica quanto politicamente, nos fornecendo uma posição no baluarte oposto do atlântico? Lá, e não em Cuba, há oportunidades econômicas e políticas em aberto.
Quanto à questão de ser mais fácil aqui pegar empréstimos, pergunto: quais os juros pagos por Cuba e quais os pagos por um empresário nacional?
A alocação de dinheiro em Cuba é nitidamente motivada por política, e política de cunho partidário/ideológico. Nestas horas o GF esquece que Cuba é uma ditadura. Os conceitos e posturas tem sempre dois pesos e duas medidas, uma pros amigos e alinhados e outra para o resto. Qual o motivo da sigilosidade senão este?
So haverá real flexibilização em Cuba o dia que os castro perecerem ( tomara seja logo). O dia em que isso ocorrer, os EUA irão retomar Cuba como parceiro em dias e os cubanos os receberam de braço abertos, pois há milhões de cubanos e descendentes nos EUA. Cuba será inundada de investimentos norte-americanos e turistas e eles terão prioridade em relação a nós lá. Os paises que apoiaram a ditadura castro serão vistos como inimigos pelo povo Cubano pelo próprio povo. Escrevam o que eu digo.
A presença de uma empreiteira daquelas que pagou viagens ao ex não me surpreende, é a segunda via agindo, o toma lá dá cá. Eu te financio para te retribuir a contribuição, mas tem que ser em um país “cumpanheiro”. isso são fatos irretorquíveis, palmares.
Esta obra em Cuba espelha o que há de mais podre hoje na política nacional, tanto interna quanto externamente.
acima leia-se receberão ao invés de receberam. Lembrei-me do filme Scarface, onde se retrata a debandada de cuba no início dos anos 80 e fins dos 70
Caro Colombelli,
O grande problema do empréstimo para Cuba é que ele é sigiloso. Eu não tenho como responder, com segurança, qualquer quesionamento seu a respeito do empréstimo.
Aqui eu faço uma ligação clara com aquela outra discussão que estamos travando sobre o regime militar. Quando as coisas são sigilosas, podemos pensar muitas coisas e não temos condições de concluir nada.
Todos os pontos que você elencou podem ser verdadeiros, pois se “encaixam” nos fatos que vieram à tona (relações PT-Cuba e PT-Odebrecht, uso do BNDES).
Por isso eu tenho ojeriza ao sigilo. Por isso eu também tenho nojo desse aspecto dentro do regime militar.
Porque, com o sigilo, somos ainda mais objetos do que sujeitos. Somos expectadores de um show, que não sabemos se é real ou se é ilusionismo.
Bom, depois que o PT deixar o poder, pode ser que os seus sucessores instalem alguma Comissão da Verdade para apurar esses fatos. Isso seria muito interessante.
PS: lembro-me vagamente de Scarface. Preciso assistir de novo.
Rafel,
O governo militar tinha os seus porões, mas ao menos não eram questões que envolviam ajudas a “amigos”. Não lembro de negócios que fossem sigilosos que não tivessem, de fato, um motivo realmente relacionado a segurança nacional. Posso estar errado, mas era criança no fim do governo militar e os escândalos de corrupção não eram nem 10% do que são hoje, e ainda que na época se possa dizer que não dava pra investigar o fato é que todos os governos que vieram depois reviraram tudo e não acharam nada que não fosse de conhecimento geral. .
O negócio em Cuba viola os princípios da publicidade, impessoalidade, e eficiência, previstos no artigo 37, caput da CF/88. Viola a publicidade porque injustificadamente é sigiloso. Outras operações semelhantes foram feitas em outros locais e não houve sigilo. Neste caso houve porque o PT quer esconder que esta fazendo ajuda a ditadura castro com dinheiro público e retribuir favores a empreiteira. Isso eu afirmo aqui perante quem quiser ler, e sob as penas da lei.
Viola a eficiência, pois, sob qualquer análise, mesmo que mais perfunctória, não é, nem de longe, o melhor emprego que se poderia dar a este dinheiro, mesmo em termos de financiamento de obra no exterior.
Viola a impessoalidade, pois está sendo feito por razões eminentemente e evidentemente politico-partidárias.
Ainda que haja certa discricionariedade nestas operações, quando evidente o prejuízo e a motivação torpe, o ato merece controle do legislativo ou judiciário, o que não vai ocorrer, pois o primeiro poder é vendido (mais de 25 partidos na base do governo) e o segundo inerte, ineficiente e preocupado em manter regalias.
E tudo somado implica violação à moralidade, coisa que eles do GF não sabem o significado, ou melhor constroem um significado para si e outro para os adversários.
Colombelli,
Algumas considerações:
– hoje a economia é muito maior do que ne época da ditadura. Há mais dinheiro, mais políticos, mais obras para se fazer. Ou seja, há mais casos para serem explorados por corruptos.
– a ditadura, apesar de ser detestável, tem a vantagem de impor sua vontade, sem precisar comprar votos no Congresso. Hoje, a base aliada tem que ser comprada (mensalão, ministérios, emendas parlamentares) para o governo conseguir fazer algo. Ou seja, há mais esse fator que favorece a corrupção em uma democracia.
– avanços tecnológicos que facilitam investigações. Hoje, temos câmeras, computadores, dentre outras coisas que facilitam o trabalho de investigação. Fora que a investigação paralela os fatos é muito mais fácil do que aquela posterior. Jack, o Estripador, muito provavelmente seria preso, hoje. Por outro lado, as centenas de investigações posteriores, feitas até hoje, jamais conseguirão ser conclusivas. Por isso, não me espanta o fato de não descobrirem muitos casos de corrupção na ditadura.
– investigação da imprensa. Não precisa nem dizer que atualmente a imprensa fiscaliza muito mais do que na época em que publicava receitas culinárias.
– a passos lentos, muito lentos, é verdade, o Judiciário está começando a julgar políticos por corrupção. isso era inimaginável há 40/50 anos.
– hierarquia e legalidade. É provável que você conheça isso melhor do que eu. Quando o subalterno identifica uma ilegalidade de seu superior, o certo seria ele, em nome da legalidade, denunciá-lo. Tenho a impressão que a hierarquia prevalecia no tempo do regime militar. Aliás, acho que até hoje é assim, dentro da caserna.
– povo brasileiro. A regra é ser corrupto e querer levar vantagem em tudo. Desde a pessoa mais pobre, até a mais rica. Eu até imagino que esteja ocorrendo uma pequena evolução nesse sentido, mas não me engano. Isso se arrasta há anos e não é culpa do império, da república velha, do regime militar ou da democracia. Isso é uma característica da sociedade brasileira.
– relações entre empreiteiras e governos. A Odebrecht cresceu, e muito, realizando obras para o regime militar (Angra I, prédios da Petrobrás e do BNDES). Mesmo nos períodos posteriores é nitído que o governo apoio sua internacionalização, no Oriente Médio e África, nos anos 80 e 90. A relação de troca de favores é tão ilegítima, quanto antiga.
Claro que tudo isso não justifica a prática da corrupção no governo federal. Mas ajuda a explicar.
Sobre o porto cubano, o que você escreveu tem bases sólidas e suas conclusões são coerentes. Pode estar ocorrendo exatamente isso. Mas também, não pode. Pode ser sigiloso por ser um péssimo negócio para o governo cubado, por exemplo, que está pagando um bilhão para uma obra de 500 milhões. Ou seja, eu também presumo que haja algo de errado com o empréstimo, mas o quê, exatamente, eu não consigo ter certeza.
Sobre sua análise, eu até acho que o judiciário tem que ser inerte. Quem não deve ser, e vem sendo, é o MP. Quanto à ineficência e precupação com regalias, eu assino embaixo.
Certamente uma parte da diferença entre o que o povo cubano pagará e o que realmente vale a obra irá para o bolso dos castro, pois são semelhantes aos seus pares brasileiros.
A inércia do Judiciário, a qual eu conheço bem, pois já fui seu membro, e a que me reporto não é a jurisdicional, que se manifesta no princípio da demanda, mas a inércia em se reciclar. Em três anos e meio, usei termo cinco vezes coisa que odiava ( prefiro uma gandola) e ia a pé ao serviço. Andava no meio da população, dava palestras, divulgada minha produtividade todo mês, enquanto a maioria dos juizes vive encastelada se escondendo em seus gabinetes preocupada com o salário no fim do mês e com o status que acha que tem. Aliás, no RS foi um parto pra o CNJ obrigar a divulgarem a produtividade. Estão com medo de que eles? De o povo descobrir que podiam fazer bem mais? É uma panela. A única coisa certa que o nove dedos falou na vida foi da caixa preta do Judiciário. Exemplo foi a resistência contra Eliana Calmon. Sinto vergonha de ja ter feito parte deste poder, especialmente do Judiciário Gaúcho.
O MP, especialmente o MPF, deveria estar interessado em apurar muita coisa, como por exemplo o enriquecimento do filho do lula ( mais fantástico que a multiplicação bíblica dos peixes), mas fica atras de besteiras como querer rever a lei de anistia e defesa de pretensos direitos indígenas violados em detrimento de quem produz. MP que também conheço bem pois trabalhei cinco anos no MP/RS (como concursado e não como puxa saco CC).
Também conheço bem os problemas do Judiciário. Sou servidor, concursado, do TRT2 há quase uma década.
De fato, a maioria dos juízes se comporta do jeito que você descreveu. E a ineficiência é a regra. O mesmo vale para os servidores. Uma boa parcela não trabalha o que deveria e ainda acha que está trabalhando muito.
Fora que, pelo menos aqui, a estrutura é mal-planejada. Há inúmeros cargos nos tribunais e na 1ª Instância o quadro é incompatível com as obrigações.
E apesar de ver uma nítida melhora, de quando eu entrei, para agora (por exemplo, o CNJ e o PJe, que estão longe de serem bons, mas já melhoraram muita coisa), concordo que o Lula disse uma bela de uma verdade (ele adora criticar as elites e tem horas que acerta) e as coisas poderiam ser muito melhores do que são..
A única frase que aquele elemento falou certa foi da “caixa preta do judiciário.”
Se tu és servidor da Justiça sabe bem do que eu falo.
Eu ainda vou botar a boca no trombone uma hora destas e contar todos os podres que eu sei da justiça gaúcha ( que se faz e se acha), e que são muitos. Pura hipocrisia. A pedra que eles me devem vão pagar.
É hora de uma reforma geral a começar pelo recrutamento, que privilegia pessoas que sabem “repetir” modelos e idéias, e acaba pondo na magistratura despreparados.
Pelo que vi dos meus ex colegas, a maioria não conseguiria nem comandar uma peça de morteiro 60. dá dois gritos e desmancham. Como eu queria ver este pessoal da EIBC.
O Judiciário tem vários problemas crônicos.
Se você tiver provas de tudo de errado que vemos no PJ, vá em frente. Eu tentei enfrentar alguns problemas internamente e, de certa forma, o que estava dentro da alçada da Vara, foi resolvido. Mandamos uns servidores vagabundos pra longe e relatamos os problemas na avaliação deles. Mas, não conseguimos que perdessem os cargos. Colocaram panos quentes.
Infelizmente, como ainda estou “dentro do sistema” fica difícil botar a boca do trambone. Mas que seria ótimo fazê-lo, isso seria.
Sobre o concurso para Magistratura eu praticamente desisti de fazê-lo, em especial, pelo modelo de concurso que privilegia a decoreba e a aceitação irracional de várias “teses” extremamente idiotas formuladas por “juristas” que não merecem essa designação.
PS: parece-me que a discussão ficou bem “off-topic”. Vou começar a postar comentários no seu blog.