Brasil falha na fiscalização de suas fronteiras
André de Souza
São quase 17 mil km de fronteira entre o Brasil e outros dez países na América do Sul. É por aí que costumam entrar ilegalmente no país armas e drogas, além de contrabando. A preocupação com a falta de segurança das fronteiras brasileiras levou o governo Dilma a se movimentar. Desde 2011, quando foi lançado o Plano Estratégico de Fronteiras – que tem por objetivo integrar as ações dos órgãos de Segurança federais, estaduais, municipais e também dos países vizinhos -, cresceu o orçamento destinado a ações na área. A atuação da Polícia Federal e, em menor grau, das Forças Armadas permite que parte do tráfico e do contrabando seja apreendida. Ainda assim, não consegue barrar tudo.
– O tráfico de drogas passa pela fronteira, mas ele não fica na fronteira, é óbvio. Ela tem por destino o mercado consumidor. Então, você tem que fazer o trabalho de inteligência para saber quem está comprando essa droga nos estados consumidores nas regiões Sudeste, Sul, Nordeste, e quem está transportando essa droga. Você tem de ter trabalho de inteligência. Não tem como fiscalizar 16 mil quilômetros de fronteira – disse Oslain Santana, diretor de Combate ao Crime Organizado da PF.
Santana acrescentou:
– Não adianta só policiar a região de fronteira. Aqui não tem mercado consumidor. A droga vai entrar por Amazonas, Mato Grosso, e tem destino final onde? Onde se consome: São Paulo, Rio de Janeiro, Rio Grande do Sul, Santa Catarina. Simplesmente fazer um patrulhamento ostensivo não vai resolver o problema.
O chefe do Estado-Maior Conjunto das Forças Armadas, general José Carlos De Nardi, afirmou que os militares podem até colaborar no combate ao tráfico e ao contrabando, mas que essa não é a prioridade deles. O general até acha que no Exército há número suficiente de militares para essa ação. Na Força, há cerca de 296 mil homens. Atualmente, o governo está em procedimento de licitação do Sistema Integrado de Monitoramento de Fronteiras Terrestres (Sisfron).
– Ele (o Sisfron) está exatamente voltado, a princípio, para a defesa da pátria, ou seja, segurança das nossas fronteiras. Poderá, num objetivo secundário, em apoio à Polícia Federal, lógico (fiscalizar o que entra pelas fronteiras). Mas o grande objetivo é um guarda-chuva das nossas fronteiras – explicou o general.
Entre os governos estaduais, principalmente o de São Paulo, administrado pelo tucano Geraldo Alckmin, aparecem acusações de que o governo federal é omisso no controle das fronteiras. O professor Alcides Vaz, do Instituto de Relações Internacionais da Universidade de Brasília (UnB), diz que as reclamações têm razão de ser, uma vez que há dificuldades no controle das fronteiras. Mas destaca que, nos últimos anos, houve uma melhora progressiva da presença das forças de segurança brasileiras na região.
Como exemplos, ele cita o Sistema de Vigilância da Amazônia (Sivam), ainda nos anos 1990, o reposicionamento das Forças Armadas, que estavam concentradas no Sul, e o programa Estratégia Nacional de Segurança Pública nas Fronteiras (Enafron), lançado em 2011.
– Ainda temos um largo chão para percorrer, principalmente devido às dificuldades estruturais. São 16 mil km de fronteira, diversas cidades gêmeas, muita porosidade, a ação dos ilícitos, a informalidade, as próprias dificuldades dos estados fronteiriços. Nesse caso, eu acho que há muito mais protagonismo do governo federal que dos estados e municípios – avaliou Vaz.
O governo federal tenta envolver os 11 estados fronteiriços nessas ações. Em 2011, por meio do Enafron, foi feito um pacto com todos eles. Segundo o ministério, entre 2011 e 2013, os investimentos feitos via Enafron totalizaram R$ 327,77 milhões. Para 2014, o orçamento é de R$ 86,02 milhões. O ministério diz que o volume de recursos do Enafron é bem superior ao que foi gasto em 2009 e 2010 com ações de segurança nas fronteiras. Nesses dois anos, os gastos somaram R$ 21,5 milhões.
O Plano Estratégico de Fronteiras inclui as operações Sentinela, liderada pela PF, e Ágata, coordenada pelo Ministério da Defesa. Na faixa de fronteira, as Forças Armadas têm poder de polícia. Para a operação, a PF conta com dois veículos aéreos não tripulados (Vants), que atuam, principalmente, na tríplice fronteira com Argentina e Paraguai. O efetivo total da PF em todo o Brasil é de 13 mil homens. Nem todos estão na fronteira, mas os novatos são mandados inicialmente para um dos 11 estados fronteiriços.
Segundo a PF, na faixa de fronteira foram apreendidas 169 toneladas de drogas e 12.472 armas entre janeiro de 2012 e outubro de 2013. Esses números incluem também as apreensões feitas pela PM e pela Polícia Civil dos 11 estados da fronteira. Já o número de pessoas presas tentando entrar no Brasil pela fronteira com armas e drogas chegou a 29.923 entre junho de 2011 e dezembro de 2013.
FONTE: O Globo via Resenha do Exército.
nem os EUA com todo seu poder consegue controlar sua fronteira e concerteza um deserto plano é bem mais facil que floresta densa…
O problema das fronteiras é sério e de fato nem mesmo os EUA conseguem resolver. Pois é bom lembrar que os americanos também tem grandes divisas territoriais ao norte e que, apesar da grande utilização de drones e patrulhas terrestres não conseguem barrar os cada vez mais numerosos traficantes de maconha e metanfetamina que entram e saem do Canadá com relativa facilidade.
Mas a dura realidade americana não pode nos eximir de nossas responsabilidades aqui, porém outro ponto de extrema importância deste problema e que infelizmente não foi citado na matéria é que não bastam sofisticados sistemas de monitoramento e segurança se este não tem pessoal em quantidade e ou qualificados para opera-lo. Hoje a Policia Federal é o principal órgão na fiscalização de fronteiras, mas esta SUCATEADA! Seu quadro de funcionários é defasado pois em meados de 2000 a PF tinha em torno de 10 mil agentes e hoje este número esta em 06 mil! Também carecem os federais de equipamentos para exercerem dignamente sua função, exemplo disso são os helicópteros que estão parados por falta de manutenção, ou porque não tem ninguém para capacitado para pilota-los, mais um exemplo do que falo foi à novela com os Vants que muitos devem conhecer. Além da falta de pessoal e da falta de equipamento (ou inexistente capacitação), os policiais estão cada dia mais desmotivados pela ausência de um plano de carreira e pelos salários defasados em relação a outros cargos de nível federal e bem por isso todos os anos centenas de agentes entregam suas armas e distintivos (isso quando não se suicidam). O desânimo é geral, e pra piorar, na contramão da realidade dos agentes, os Delegados (que muitas vezes mal sabem conduzir uma operação, mas que ainda assim se colocam ao lado de Cristo)recebem a cada dia mais benefícios e presentes da coroa, gerando na corporação uma espécie de segregação comprometendo seriamente a cooperação, respeito a hierarquia, e consequentemente a qualidade dos trabalhos.
O problema não é sá nas fronteiras, é também interno. Ano passado eu viajei a trabalho, de carro, mais de 30 mil km pela face oeste do Brasil. Não fui parado uma única vez para vistoria por qualquer tipo de polícia, seja ela estadual ou federal. Em 10000 km de estradas federais eu não vi uma única operação da PRF e nos postos que que passei não vi um único policial na pista. Ou seja !!!!!!
Regra básica do capitalismo. Oferta e procura. Enquanto tiver demanda vai ter alguém querendo suprir.
Só quando as pessoas se conscientizarem que seu supostamente inocente baseado, sua ecstase do fim de semana, sua carreirinha financiam essa bosta toda é que isso vai parar.
E o pior é que são esses mesmos fdp que vão pra rua fantasiado de branco pra fazer passeatinha pedindo “paz”.
Paz não, querem segurança, o que é bem diferente. Segurança de terem seus carros de 200 mil ou mais, seus apartamentos de milhões e não serem incomodados em seus “Elysiums”. Aliás, muito boa a metáfora do filme.
Querem paz? Parem de financiar os fuzis e pistolas que depois matam milhares de miseráveis e somente algumas poucas, os mesmos que financiaram sua compra.
Só aí que vão parar de gastar tanto do dinheiro do nosso imposto, pra limpar a bosta que eles fazem.