Brasil e China no túnel do tempo
Marcos Troyjo
Suponha que os 3.000 participantes do Fórum Econômico Mundial entrassem num túnel do tempo. Regressariam até 1971, ano do primeiro encontro de Davos.
Lá chegando, os CEOs, futurólogos e vencedores do Nobel fariam uma aposta. Que países do que à época se chamava “Terceiro Mundo” –hoje “emergentes”– seriam as estrelas da economia em 2014?
Imagine que déssemos pistas aos ilustres senhores. Em algum momento entre 2020 e 2023, um entre os emergentes superaria o PIB nominal dos EUA. Contabilizaria volume somado de exportações e importações acima dos US$ 4 trilhões anuais, tornando-se em 2014 a potência comercial líder.
Seu investimento em pesquisa e inovação rapidamente convergiria à média dos países ricos. Essa nação lideraria em 2013 o ranking da Organização Mundial da Propriedade Intelectual (OMPI) em número de marcas registradas, patentes e desenho industrial.
Rivalizaria com os EUA na condição de principal destino de investimentos estrangeiros diretos (IEDs).
Esse Davos imaginário poderia prever que tal país seria a China?
No início dos 70, a China não se distinguia pela planta manufatureira. Já o Brasil, no auge do “milagre”, era o maior parque industrial do hemisfério Sul. O “Brasil Potência” crescia mais de 10% ao ano.
Em 1978, China e Brasil tinham PIB equivalente: US$ 200 bilhões. O Brasil contava 100 milhões de habitantes. A China, 1 bilhão. De lá para cá, a população brasileira dobrou. A da China cresceu 30%, já levando em conta a reintegração de Hong Kong (1997) e Macau (1999). Nesse período, nossa economia aumentou 12 vezes. A da China multiplicou-se por 45. Por que a China decolou e o Brasil voou rente ao chão?
Muitos creditam a diferença do desempenho à mão forte de regimes autoritários e às virtudes do dirigismo. Isso é um equívoco. A China, da Revolução de 1949 até a morte de Mao Tsé-tung, em 1976, também era tenebrosamente ditatorial e planificadora –e sua economia não ia a lugar nenhum.
O Brasil redemocratizou-se nos 80 e cresceu comparativamente pouco desde então. Mas o problema não é a democracia. A questão é que, com 40 % da renda circulando pelo Estado, o país continua estatizante e dirigista.
A diferença está no tipo de estratégia adota. A economia chinesa, desde 1978, foi orientada a competir globalmente. Caracterizou-se por parcerias público-privadas, baixo custo trabalhista e tributário, acúmulo de poupança e investimento, atuante diplomacia empresarial.
Já a vertente brasileira foi voltada para dentro. Ambiente cartorial de negócios, busca de fortalecimento de “campeãs nacionais”, política comercial e industrial defensiva, investimento mirrado, seguridade social que não cabe no PIB.
O túnel que Brasil e China atravessarão para chegar ao futuro é distinto daquele que os trouxe ao presente. Os chineses parecem saber disso. Hoje redirecionam seu modelo industrial-exportador rumo a uma economia em rede mais sofisticada. Será que o Brasil conseguirá fazer o mesmo com seu capitalismo de Estado?
FONTE: Folha de S. Paulo via Resenha do Exército
O que o Brasil precisa:
– Gente séria no governo: o exemplo vem de cima para baixo;
– Meritocracia no serviço público;
– Romper com o atual status corporativista dentro do ambiente público: não serve, rua! Juiz corrupto condenado, hoje, ganha aposentadoria e rendimento integral;
– Sistema de previdência unificado e igual para todos, baseado em contribuição real, com limites máximo de valores a serem pagos. Tem gente que recebe quatro, cinco aposentadorias sem muitas vezes ter contribuído com nada;
– Unificação e redução de impostos da União, Estados e Municípios, bem como a substituição da base da arrecadação, de tributos sobre consumo para tributos sobre a renda;
– Imposto único sobre comércio e serviços, sendo o valor igual para todos, nada de subsídios para esse ou aquele setor;
– O Estado não repassa mais nada à entidades assistências, nem à sindicatos ou federações. Se sindicatos e/ou federações de empresários quiserem dinheiro, que vão atrás. É como padre e pastor de igreja: vão atrás do fiéis;
– Pagamento de salários integralmente ao trabalhador, sem descontos. Quem recolhe à previdência, ao seguro saúde é o trabalhador. Acaba o 13º salário, FGTS, PIS. Esses valores vão direto para o salário;
– Salário mínimo por hora trabalhada: trabalha ganha, não trabalha não ganha. Salário mínimo real, que hoje é de R$ 2.892,00 ou R$ 18,00 por hora trabalhada;
– Eliminação de dinheiro papel, sendo tudo negociado por cartão e transações via banco;
– Privatização das mais de cem estatais existentes, incluindo Petrobras, Caixa, Correios, entre outras;
– Fim do BNDES;
– Investimento maciço em educação, fornecendo educação de qualidade e ensino em período integral. Aluno que destrói prédio, o pai paga o conserto. Aluno indisciplinado: primeiro advertência, segundo suspensão e terceiro expulsão. Não é função de professor educar aluno, isso é função de pai e mãe. Função de professor é ensinar;
– Liberdade da atividade privada;
– Punição mais sérias e longas: desvio de dinheiro público, roubo, assalto: pena integral, sem reduções. Tráfico de drogas, sequestro: perpétua; assassinato premeditado: pena capital, inclusive para menor;
O resto, com liberdade, em pouco anos nos tornamos uma grande potência global.
Nós, acima de qualquer outro país, deveríamos ser o que a China é hoje.
E qual a nossa realidade: Governo Federal fazendo contabilidade fantasiosa; decisões tomadas na base da ideologia e da corrupção; grupos de pessoas sem nenhum caráter tentando liberar a venda de drogas; grupos ditos sociais, livres para fazer o que derem na cabeça, vide Instituto Royal.
Para mostrar bem a nossa situação: tem aquela experiência do sapo na panela com água que vai aquecendo e o sapo ali, tranquilo, sem se mexer, até a água ferver e matar o sapo. Nós somos o sapo e a água esquentando é a inflação, a pobreza, a criminalidade. Não nos damos conta de que a água está aquecendo, enquanto no lado de fora a temperatura é mais baixa, agradável.
Marcos
“Eliminação de dinheiro papel, sendo tudo negociado por cartão e transações via banco”
As 04 balinhas de hortelã há R$ 1,00 do meu sogro f¨¨d¨¨u?
Ele tem 88 anos e adora dar a caminhadinha as Sextas Feiras para comprar as 4 balinhas de hortelã …. e tomá um mé é lógico, dose R$ 0,75 – total R$ 1,75 no cartão ?
E minha sogra que tem 78 anos que sai junto com o véio só que vai buscar um pé de rúcula na carroça do seu zé da outra esquina LÁ de baixo há R$ 2,00, quando ela vortá vai pro NB ou PC para fazer o tranferR$ ?
Sei não, esse tar de cartão, essa tar de inter inter inter o que mesmo fia ?
Os véio prá pergar a apusentadoria na borca do caxa precisa de ajuda !
Isso ai não fez parte da vida deles e ainda não faz pra muita gente. Menos, menos …..
Uma parte do que vc afirmou eu concordo, outras não.
Depois eu vou pontuar e post.
Sds
Marcos, sigo a mesma linha de raciocínio do CAS, com a única diferença sendo alguns argumentos eu concordar, outros concordar em parte e alguns eu discordar.
Vou desenvolver isso mais tarde.
C.A., Rafa:
Em Berzonte, MG, até as moças da casa da luz vermelha aceitam cartão de crédito.
Na Suécia, evidente que aqui não é a Suécia, tudo é pago com cartão, do ônibus à balinha de hortelã. Até pedinte anda com maquininha de débito.
Marcos
24 de janeiro de 2014 at 15:38
O que o Brasil precisa:
– Gente séria no governo: o exemplo vem de cima para baixo;
Impossível. Quem é competente está fora do poder. O Império Britânico foi o que foi porque lá os honestos eram tão audazes quanto os canalhas – bem diferente do Brasil. Aqui o governo segue a Lei de Murphy nº 22 – “Em uma empresa existe sempre uma pessoa que sabe o que está acontecendo. Esta pessoa deve ser despedida.”
– Meritocracia no serviço público;
De acordo, e vou mais longe: sou a favor do fim da estabilidade (pois premia a mediocridade), com a implantação de metas de produtividade. Não atingiu no primeiro ano, não é promovido. Não atingiu no segundo ano, é demitido.
– Romper com o atual status corporativista dentro do ambiente público: não serve, rua! Juiz corrupto condenado, hoje, ganha aposentadoria e rendimento integral;
Total e absolutamente de acordo. Absurdos inerentes à cultura paternalista brasileira. Nos Estados Unidos, juiz que faz cagada no mínimo perde a magistratura. Quando não vai em cana.
– Sistema de previdência unificado e igual para todos, baseado em contribuição real, com limites máximo de valores a serem pagos. Tem gente que recebe quatro, cinco aposentadorias sem muitas vezes ter contribuído com nada;
Acredito que um sistema de previdência unificado nacional é extremamente difícil de gerenciar, justamente pelo seu tamanho. Seria muito mais suscetível à corrupção. Acredito que isso passaria primeiramente por um sistema de informação em rede adequado, que cruzasse diversos dados.
– Unificação e redução de impostos da União, Estados e Municípios, bem como a substituição da base da arrecadação, de tributos sobre consumo para tributos sobre a renda;
De acordo.
– Imposto único sobre comércio e serviços, sendo o valor igual para todos, nada de subsídios para esse ou aquele setor;
Concordo em parte. Porque há setores, como os de energia limpa, que em um primeiro momento precisam ser subsidiados até que a escala e novas metodologias os tornem auto-sustentáveis.
– O Estado não repassa mais nada à entidades assistências, nem à sindicatos ou federações. Se sindicatos e/ou federações de empresários quiserem dinheiro, que vão atrás. É como padre e pastor de igreja: vão atrás do fiéis;
De acordo.
– Pagamento de salários integralmente ao trabalhador, sem descontos. Quem recolhe à previdência, ao seguro saúde é o trabalhador. Acaba o 13º salário, FGTS, PIS. Esses valores vão direto para o salário;
Creio ser esses “benefícios” um mal ainda necessário. O brasileiro é imediatista, e antes que tais “benefícios” sejam retirados, é preciso implementar uma mentalidade de planejamento de longo prazo, além de criar instituições que estejam prontas para gerir os fundos novos que serão demandados dessa nova política.
– Salário mínimo por hora trabalhada: trabalha ganha, não trabalha não ganha. Salário mínimo real, que hoje é de R$ 2.892,00 ou R$ 18,00 por hora trabalhada;
De acordo.
– Eliminação de dinheiro papel, sendo tudo negociado por cartão e transações via banco;
Sou contra. Infelizmente o papel-moeda ainda é necessário.
– Privatização das mais de cem estatais existentes, incluindo Petrobras, Caixa, Correios, entre outras;
Parcialmente de acordo. Há estatais que, infelizmente, ainda são necessárias, principalmente em setores de base e em setores que exigem grandes investimentos com retorno de longo prazo. Mesmo países como os Estados Unidos possuem algumas – poucas, é verdade. Mas possuem.
– Fim do BNDES;
Discordo frontalmente. Apesar de todo o aparelhamento e desvirtuamento por parte do atual governo, o BNDES ainda é útil, pois existem determinadas linhas de crédito – principalmente para obras de infra-estrutura – que não são oferecidas por outros organismos financeiros.
– Investimento maciço em educação, fornecendo educação de qualidade e ensino em período integral. Aluno que destrói prédio, o pai paga o conserto. Aluno indisciplinado: primeiro advertência, segundo suspensão e terceiro expulsão. Não é função de professor educar aluno, isso é função de pai e mãe. Função de professor é ensinar;
Total e absolutamente de acordo.
– Liberdade da atividade privada;
Total e absolutamente de acordo.
– Punição mais sérias e longas: desvio de dinheiro público, roubo, assalto: pena integral, sem reduções. Tráfico de drogas, sequestro: perpétua; assassinato premeditado: pena capital, inclusive para menor;
Quase totalmente de acordo – a única exceção é com relação à pena capital: sou contra, não por qualquer prurido humanista, e sim por acreditar que a morte seria uma libertação da punição. Quem comete crimes hediondos deve pagar com a liberdade e o trabalho. Acredito que a prisão perpétua com trabalhos forçados seria muito mais efetiva, pois se o meliante tiver a certeza de que sofrerá reclusão permanente e terá que trabalhar duro 8 horas por dia pelo resto de sua vida caso cometa algum crime hediondo, ele pensará duas vezes antes de fazer asneira.
Vejam os dois link’s tá !
Rafael:
Parabéns pelo contra ponto. Muito bem argumentado. Mas me permita colocar mais algumas coisas:
– Gente séria no governo: o exemplo vem de cima para baixo;
A excelentes pessoas no país, mesmo políticos (difíceis de se achar). Um dos problemas é que as pessoas vão se acostumando, vão se acostumando, acham que certas coisas são normais. A melhor maneira de se mudar um país é pelo exemplo. Particularmente nesses momento vivemos um período nefasto.
– Sistema de previdência unificado e igual para todos, baseado em contribuição real, com limites máximo de valores a serem pagos.
O motivo da unificação é justamente para ter maior controle e todos tem de estar cientes que o Estado não irá cobrir rombos.
– Imposto único sobre comércio e serviços, sendo o valor igual para todos, nada de subsídios para esse ou aquele setor;
“Concordo em parte. Porque há setores, como os de energia limpa, que em um primeiro momento precisam ser subsidiados até que a escala e novas metodologias os tornem auto-sustentáveis.”
O imposto consumo deve ser tão baixo que não fará diferença.
– Pagamento de salários integralmente ao trabalhador, sem descontos. Quem recolhe à previdência, ao seguro saúde é o trabalhador. Acaba o 13º salário, FGTS, PIS. Esses valores vão direto para o salário;
“Creio ser esses “benefícios” um mal ainda necessário.”
Veja o caso do FGTS; o governo se apropria de parte do salário do trabalhador para devolver-lhe sabe-se lá quando, com uma correção mequetrefe. Enquanto as pessoas forem tuteladas, permanecerão desinformadas.
Cabe a pessoa individualmente fazer sua poupança, fazer suas reservas emergenciais.
– Eliminação de dinheiro papel, sendo tudo negociado por cartão e transações via banco. Há inúmeros tipos de cartões que podem ser utilizados.
Vejamos na prática o que temos hoje: Cartão “Vale alimentação”; cartão para pagamento de ônibus e metrô (algumas cidades do Brasil já o usam); cartão de crédito, cartão de débito.
– Privatização das mais de cem estatais existentes, incluindo Petrobras, Caixa, Correios, entre outras;
“Parcialmente de acordo. Há estatais que, infelizmente, ainda são necessárias, principalmente em setores de base e em setores que exigem grandes investimentos com retorno de longo prazo.”
Já caiu por terra essa teoria propalada por muito tempo aqui no Brasil. Há inúmeros investimentos de longo prazo bancados pelo setor privado, inclusive os de altíssimo risco. Há inúmeros motivos para um investidor botar dinheiro em alguma coisa.
– Fim do BNDES;
“Discordo frontalmente. Apesar de todo o aparelhamento e desvirtuamento por parte do atual governo, o BNDES ainda é útil, pois existem determinadas linhas de crédito – principalmente para obras de infra-estrutura – que não são oferecidas por outros organismos financeiros.”
Hoje se financia absolutamente tudo. O BNDES se justificou no passado para bancar muita coisa em um país que não estava totalmente inserido no mercado global.
– Punição mais sérias e longas: desvio de dinheiro público, roubo, assalto: pena integral, sem reduções. Tráfico de drogas, sequestro: perpétua. Assassinato premeditado: pena capital, inclusive para menor;
“Quase totalmente de acordo – a única exceção é com relação à pena capital: sou contra, não por qualquer prurido humanista, e sim por acreditar que a morte seria uma libertação da punição. Quem comete crimes hediondos deve pagar com a liberdade e o trabalho. Acredito que a prisão perpétua com trabalhos forçados seria muito mais efetiva, pois se o meliante tiver a certeza de que sofrerá reclusão permanente e terá que trabalhar duro 8 horas por dia pelo resto de sua vida…”
Tem uns ai que matam por matar e não estão preocupados se vão ficar presos ou não. Vide os moleques que botaram fogo em uma dentista em SP.
A comparação é uma ferramenta extremamente importante, porém somente quando leva em consideração índices ajustados às duas ou mais realidades em contraste.
Colocar a China em comparação com o Brasil, levando-se em consideração valores percentuais de PIB e participação no mercado global é uma falha clássica:ou serve para expor a falta de profundidade do estudo, ou impor uma opinião que carece de embasamento e depende das comparações desproporcionais para fazer qualquer sentido.
A China cresceu às custas de uma matriz energética extremamente poluente, baseada em carvão e óleo combustível; na ausência de uma política ou órgão civil de controle ambiental; exploração desenfreada da mão de obra com pouco ou nenhum empenho em qualidade de mobilidade social – apenas em quantidade; no controle totalitário da política nacional e ausência de debates internos; no presente e forte controle da expressão – já que liberdade de expressão não existe; na ausência de uma imprensa oposicionista ou simplesmente questionadora, que esconde um estado tão corrupto e dependente da própria máquina que deixaria os críticos do Estado Brasileiro com vergonha; entre tantos outros pontos.
Ou seja: avaliar o sucesso econômico da China, sem credenciar isso ao controle da engenharia social implantada à ferro, fogo e sangue, é simplesmente errado.
Com todos os defeitos que temos, somos uma país onde existem direitos e mínimos acessos à liberdade individual em todas as suas formas.
Crescemos menos que a China na economia, mas somos gigantes na liberdade e no respeito aos valores humanos e sociais.
Simplificar todas as análises apenas ao cenário econômico é se posicionar como dono e uma máquina que não funciona melhor que a do vizinho. Resta lembrar que as engrenagens da máquia possuem sentimentos, desejos e sonhos.
Marcos, excelente tréplica. Mais tarde respondo.
Saluti!
Leonardo:
É verdade, mas nós poderíamos estar onde está a China, ainda mantendo tudo isso que você citou.
Somos o único país do Mundo, além dos EUA, que em teoria não dependem em nada dos outros (eles de fato).
Marcos e Rafael M. F.,
Vou apenas fazer alguns adendos:
Juiz vitalício condenado criminalmente pode perder o cargo, após o trânsito em julgado. Só não pode perder por decisão administrativa, seja do Tribunal em que trabalha ou do CNJ. Exemplo: Juiz Lalau.
O déficit da aposentadoria do serviço público é um tanto quanto inflado e falso. Uma empresa privada, desconta a parte do trabalhador e recolhe a dela. O Estado desconta a parte do servidor e não recolhe nada por parte dele. Aí a conta não fecha e ele aporta recursos do tesouro para conseguir pagar o benefício como se estivesse fazendo algo extraordinário, quando, obviamente só está cumprindo sua obrigação (pois sozinho, ninguém conseguiria garantir uma aposentadoria). Eu tenho severas críticas quanto à existência de pensões para cônjuges e filhas adultas, mas a aposentadoria, em si, para mim, não é um problema tão grave. Lembrando que quem entra no serviços público, atualmente, já tem teto de aposentadoria (e de contribuição).
Sobre a estabilidade do servidor, sou a favor de se cobrar produtividade, mas com critérios técnicos. Pois, no geral, a estabilidade é algo bom, pois defende quem tem coragem de se opor às iniquidades tão comuns no setor público.
Quanto ao que estimula alguém a cometer um crime é muito mais a impunidade do que o tamanho da pena. Se você perguntar para assassinos se eles teriam matado alguém tendo certeza que ficariam seis anos na cadeia (mesmo sem trabalhar), eu duvido que a maioria cometesse o crime. Eles cometem porque acham que não serão presos. E a esmagadora maioria não é mesmo. Já vi em algum lugar que apenas cerca de 5% dos homicídios resultam em condenação, no Brasil.
Saudações.
Rafael:
Fato quanto aos aposentados do serviço público, porém, muitos poréns. Tinha até escrito uns cinco parágrafos, mas deletei, estaria fugindo do assunto principal do artigo.
Marcos
25 de janeiro de 2014 at 10:49
O motivo da unificação é justamente para ter maior controle e todos tem de estar cientes que o Estado não irá cobrir rombos.
De acordo. Mas antes de unificar é preciso ter uma boa rede de cruzamento de informações
Enquanto as pessoas forem tuteladas, permanecerão desinformadas.
Daí eu afirmar que é preciso implementar uma mentalidade de planejamento de longo prazo
Já caiu por terra essa teoria propalada por muito tempo aqui no Brasil. Há inúmeros investimentos de longo prazo bancados pelo setor privado, inclusive os de altíssimo risco. Há inúmeros motivos para um investidor botar dinheiro em alguma coisa.
Vou citar dois exemplos:
1) o investimento feito pela Petrobras na expansão da malha de gasodutos, que quadruplicou o transporte de gás natural em um espaço de tempo de 15 anos. Hoje há uma malha de gasodutos que opera de forma integrada de Porto alegre a Pecém.
2) O TAV-BR (Trem de Alta Velocidade BRasileiro) está com investimentos previstos da ordem de R$ 34 Bilhões. Nesse caso, está previsto uma Parceria Público-Privada. Nehuma instituição privada irá bancar sozinha um investimento de tal porte, por mais viável que seja. Vão querer o Governo ao seu lado
Quanto a ter ou não estatais, convém lembrar que mesmo países como os Estados Unidos possuema as suas (USPS, Amtrak, TVA). Uma coisa notei: na maioria dos casos, os setores de geração energética, transporte sobre trilhos e correios são controlados pelo governo ou são sociedades mistas, mas raramente ficam totalmente nas mãos da iniciativa privada.
Hoje se financia absolutamente tudo. O BNDES se justificou no passado para bancar muita coisa em um país que não estava totalmente inserido no mercado global.
Quase tudo. Investimentos em infra-estrutura quase sempre são financiados por instituições controladas pelo estado (ou pelos estados). Vide BNDES e BID.
Tem uns ai que matam por matar e não estão preocupados se vão ficar presos ou não. Vide os moleques que botaram fogo em uma dentista em SP.
Quando falei a respeito da prisão perpétua com trabalhos forçados, lembrei justamente deles. Para mim, não haveria punição melhor a alguém que comete um crime covarde como esse saber que ficará esquecido em um presídio pelos próximos 60, 70 anos, quebrando pedra de sol a sol, de chuva a chuva. Morrer seria um alívio, que na minha opinião deve ser o máximo possível postergado, para que o criminoso pense todos os dia no que fez.
Rafael Oliveira
25 de janeiro de 2014 at 17:43
Juiz vitalício condenado criminalmente pode perder o cargo, após o trânsito em julgado. Só não pode perder por decisão administrativa, seja do Tribunal em que trabalha ou do CNJ. Exemplo: Juiz Lalau.
Houve em Recife um juiz que assassinou um vigia de supermercado e foi tudo registrado pelas câmeras do CFTV. Sabe o que aconteceu com ele? Foi aposentado com vencimentos integrais…
Eles cometem porque acham que não serão presos.
Aí é uma questão de investimento em expansão e modernização do sistema carcerário, acompanhado de profundas mudanças no código penal e a criação de políticas de recolocação de detentos no mercado de trabalho, através da implementação de cursos técnicos e de nível superior (acredito até que tenha, pois conheço casos de ex-presidiários que saíram da cadeia com diploma técnico ou até mesmo de nível superior)
Agora, a China.
Repito comment postado em tópico anterior:
Eu sei que é um clichê, mas a China reúne o pior do capitalismo predatório com uma ditadura. São como uma praga de gafanhotos, por onde passam deixam apenas miséria. Seu capitalismo se assemelha muito ao capitalismo norte-americano do fim do séc. XIX.
E um sistema capitalista predatório gera graves tensões sociais, que no caso chinês estão sendo mantidas sob controle através de um gigantesco aparato repressivo-punitivo estatal. Mas esse sistema possui um calcanhar-de-aquiles: só se mantém em funcionamento enquanto o país mantém altas taxas de crescimento econômico.
Para a China manter seu crescimento econômico, precisa garantir sua segurança alimentar e seu acesso às fontes de matérias-primas e de energia. Daí as investidas no Brasil e na África. Precisa também garantir suas rotas comerciais e sua saída para o Pacífico, daí o ritmo de construção de navios de guerra semelhante aos da IIGM.
Rafael M. F.,
Sobre o caso do juiz do Recife.
Eu não tenho detalhes do caso, o que eu disse foi que, legalmente, o Juiz poderia, ou mesmo deveria, perder o cargo. Se fizeram isso ou não é uma questão de (im)punidade e não um problema legal, pois a Constituição prevê expressamente essa hipótese de perda do cargo,
Agora o que normalmente acontece e, inclusive aconteceu com o Lalau, é que o tribunal, administrativamente, pode, no máximo, aposentar o Juiz (o que fez relativamente rápido). Para ele perder o cargo tem que ocorrer decisão em processo judicial. O Lalau foi aposentado pelo TRT e só depois de muitos anos, transitou em julgado a decisão judicial que fez ele perder a aposentadoria e, inclusive começar a cumprir a pena de prisão.
No caso do juiz do Recife, não sei se ele chegou a perder o cargo na decisão que condenou ele pelo homicídio e ela não chegou a transitar em julgado e, por isso, ele não chegou a perder, de fato, a aposentadoria (ele poder ter morrido antes, também – não sei os detalhes) ou se realmente não chegaram a cassar a aposentadoria dele.
Mas, repito, não é um problema de falta de lei,mas de falta de aplicação da lei.
.
Rafael M. F.,
Sobre a punição, além daquilo que você disse, tem que investir em polícia.
A Polícia Civil de SP, por exemplo, foi extremamente sucateada. Aí fica difícil combater a criminalidade.
Fora a questão da polícia e Justiça “gostarem” de prender apenas pobres e serem coniventes com pessoas ricas, as quais, em regra, só vão presos (quando vão) por homicídio e com penas mais leves do que o normal. Esse juiz que você citou ter pego apenas 15 anos por um homícidio duplamente qualificado é o cúmulo do ridículo.
E sobre a “recuperação” dos presos, sou bastante cético. O crime compensa, então é difícil o cara trocar ganhos financeiros altos por um emprego com saláiro baixo. Alguns optam por isso,mas acho que é minoria e que é bem difícil mudar esse quadro geral.
Srs
A questão econômica reflete as políticas adotadas que por sua vez refletem a visão de seus governantes que, teoricamente, refletem a sua cultura que é a imagem de seu povo.
Observem que os países são, salvo casos de países criados artificialmente, a formalização de nações, entidades que são “criaturas” nascidas da idéia expandida dos velhos clãs e tribos, que nada foram do que expansão da idéia da família.
Os países são a evolução das cidades estados da antiguidade e como tal nasceram da necessidade de segurança. Observem que a agricultura levou a estabilidade num lugar, a criação de reservas de alimentos e consequentemente ao risco de agressões por outras tribos que não dispunham de tais recursos. Este risco levou a estruturação das cidades e a organização de governos, cuja principal tarefa era prover a segurança de todos.
Um ponto importante a se considerar é que a necessidade de segurança, antes de tudo, se refere a segurança da espécie ou da sucessão do indivíduo. Ou seja, o bem bom de nossos descendentes se sobrepõe ao nosso bem bom.
Esta pequena digressão é para destacar que a maior diferença entre a China e o Brasil é que a primeira tem projetos de nação, certos ou errados, e o segundo trabalha com a premissa que o amanhã cabe aos deuses, o importante é o agora. Na fábula, um é a formiga e outro é a cigarra.
Qual sobreviverá num mundo que tende a ficar superlotado e com condições ambientais piores?
O país governado por uma ditadura de partido que tem um planejamento e a meta de atingir a posição de maior nação da Terra ou o país que se imagina uma democracia, mas cujos governantes trabalham para o bem estar próprio e o povo aceita isto como natural?
Sds
Rafael M. F.
Concordo plenamente: a China explora seu capital humano em seu grau máximo, mas já foi pior. E que a intenção, dita por eles de flora clara e objetiva, é manter um fluxo de matérias primas do Brasil (e outros) para a China, com contra partida de venda de seus produtos industrializados. Só! E esse é o problema nosso. O setor industrial ainda é, junto com a construção civil, o maior empregador, mas com a vantagem de poder exportar.
Meus caros,
é incrível como TODOS vocês estão corretos de uma forma ou de outra… e aqui uso a fala do Capitão Nascimento – “O Sistema perde a mão para manter o braço, ele se recicla para se manter o mesmo…”
O “X”da questão é que o Sistema é um reflexo da nossa (nós brasileiros) percepção do que é o ESTADO e o nosso papel individual diante dele, da sociedade e de nós mesmos.
Segue o link de um debate, no mínimo interessante, do nosso atual estado de ser, estar e de ESTADO mesmo levantando a questão do que é ser de esquerda ou de direita hoje aqui no Brasil.
http://www.youtube.com/watch?v=lwEUK8_E60k
Sds.
Só pra esclarecer um aspecto, o problema da previdência está na previdência pública que é de proventos integrais e com aproximadamente 1 milhão de beneficiários gera déficit da mesma monta que os 24 milhões do regime privado.
Sacanagem, o cara mata um e ganha aposentadoria, eu dei uma cantada em uma guria, fora do expediente, fora do fórum, sem nem me identificar e fui exonerado. Este é o Judiciário brasileiro do qual eu felizmente não faço mais parte.
Ps jamais aceitaria uma aposentadoria compulsória, isso é coisa de vadio.
Colombelli, e eu pensando que no judiciário faltava era rigor com seus funcionários!
Pois quando atuei no fórum de justiça eu tinha um colega que claramente tinha transtornos mentais e/ou psicológicos, porque nos cartórios onde ele trabalha arranjava confusão todos os dias, seja com advogados, “clientes”, outros funcionários e até mesmo com juízes. Era transferido de setor em setor todo mês pois ninguém o queria la, até o dia em que brigou com o juiz ofendendo a ele e até mesmo sua família, tentou a agressão mas foi impedido pelos policiais que la trabalham. E sabe o que aconteceu com ele NADA, absolutamente nada… ( claro que teve um processo administrativo contra o cidadão, mas acabou sem penalização alguma).
Quanto a matéria acredito que a nação mais adequada a ser comparada ao Brasil não seria a China, mas sim a Coréia do Sul, por serem duas nações democráticas e
jogarem as mesmas regras do jogo. ( apesar de que eu desconfio que o grande crescimento coreano teve uma ponta do dedo do Tio San)