Rebeldes tomam capital do principal Estado petroleiro do Sudão do Sul

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SSUDAN-URNEST-BOR

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Clipping  Os rebeldes no Sudão do Sul anunciaram nesta quarta-feira que tomaram Malakal, a capital do Estado do Alto Nilo, onde se concentra a maior parte da produção de petróleo do país, no meio de intensos combates dos que a população civil tenta fugir.

Um responsável militar insurgente garantiu à EFE por telefone que suas forças tomaram o controle dessa importante cidade ontem à noite e que em breve dominarão as jazidas de petróleo. A informação foi confirmada pela agência independente do Sudão do Sul, SSNA, que informou que o governador do Alto Nilo, Simon Kun Puoch, fugiu após se refugiar nas instalações da ONU.

Em Malakal se mobilizaram os rebeldes, leais ao ex-vice-presidente Riak Mashar, acusado de um fracassado golpe de Estado no último dia 15, data em que começaram os choques entre o exército e militares dissidentes.

A produção de petróleo depende agora da do Alto Nilo, já que está suspensa no estado vizinho de Unidade por causa da ofensiva dos rebeldes, que tomaram há quatro dias capital, Bentiu. O ministro sul-sudanês do Petróleo, Stephen Dau, disse ontem que a produção nacional caiu de 250 mil para 200 mil barris diários, vindos todos do Alto Nilo.

Os combates se estenderam ontem para o leste estado, mas persistem em Jonglei, onde o exército na terça-feira retomou o controle da capital, Bor. Já o presidente sul-sudanês, Salva Kiir, declarou que as forças do governo continuarão as operações para expulsar os insurgentes das regiões controladas por eles.

Também se comprometeu a proteger os cidadãos e se mostrou “profundamente preocupado” com o andamento da situação no país, e pediu às forças da ordem que não cometam abusos contra a população.

“Pessoas inocentes foram assassinadas em uma luta de poder político que foi utilizada por alguns em prol de suas próprias ambições tribais”, destacou Kiir.

O líder se pronunciou assim depois de a representante da ONU no Sudão do Sul, Hilde Johnson, rejeitar recentemente qualificar o ocorrido como um conflito étnico e insistisse na existência de uma luta pelo poder.

Kiir – que pertence à tribo Dinka – voltou a oferecer negociar “incondicionalmente” com Mashar, seu principal rival político, que foi afastado do poder em julho deste ano e é membro do clã Lou Nuer.

No entanto, o ex-vice-presidente condicionou o diálogo à libertação de 11 políticos e militares detidos e sua transferência para Adis-Abeba (na Etiópia), onde poderiam acontecer as negociações.

Enquanto isso, milhares de pessoas morreram e mais de 80 mil foram obrigadas a se deslocar fugindo dos enfrentamentos, segundo as Nações Unidas. Mais da metade dos deslocados buscaram refúgio nas instalações da missão da ONU no Sudão do Sul, UNMISS, e só na capital, Juba, há mais de 20 mil refugiados nessas bases.

O organismo internacional revelou ontem a existência em Bentiu de uma vala comum, que poderia conter até 75 cadáveres, e de outras duas em Juba.

Ontem, o Conselho de Segurança da ONU aprovou por unanimidade o envio de 5.500 capacetes azuis a UNMISS, aumentando o número de soldados na missão para 12.500. Enquanto isso, os confrontos no Sudão do Sul, que chegou à independência do Sudão em julho de 2011, são motivo de preocupação em seu vizinho do norte.

Além de interesses comuns no setor petroleiro, existe um número crescente de sul-sudaneses que se dirigem ao Sudão em busca de refúgio.

O governador do Estado sudanês de Nilo Blanco (na fronteira com o Sudão do Sul), Youssef al Shanbali, informou hoje desses deslocamentos e prometeu acolher e facilitar o acesso aos serviços básicos para os refugiados.

Diante da escalada de violência, 26 grupos de direitos humanos e da sociedade civil do Sudão e Sudão do Sul pediram em comunicado o fim dos combates e o início do diálogo.

E pediram ao líder sul-sudanês que liberte todas as pessoas detidas por expressar opiniões políticas contrárias ao governo e que comece um processo de reconciliação nacional com os rebeldes.

FONTE/FOTO: EFE, via Portal Terra/AP

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joao.filho
joao.filho
10 anos atrás

Pobres africanos. Nao adianta, mesmo. Rebeldes, contra rebeldes, revolucao, contra revolucao, contra contra revolucao…
Pobres daqueles que ganham a loteria do diabo e nascem naquele continente.

M@K
M@K
10 anos atrás

Pior…parece que o mesmo continente que deu origem ao homem também será o mesmo que dará fim a ele…

Marcos
Marcos
10 anos atrás

off topic

Um juiz federal em Nova York concluiu que a coleta de dados telefônicos realizada pela Agência de Segurança Nacional (NSA) é legal, rejeitando uma ação contra o programa apresentada pela União Americana de Liberdades Civis. A decisão vai na contramão da manifestada por um juiz de Washington em meados deste mês. As decisões conflitantes sobre o mesmo tema criam um conflito para os tribunais que poderá ser resolvido apenas pela Suprema Corte, ressaltou o jornal The New York Times. A prática de coleta de dados em grande escala pela inteligência americana veio a público com as informações vazadas pelo ex-analista de inteligência Edward Snowden.

O juiz William Pauley considerou não haver provas de que o governo tenha usado nenhuma das informações coletadas com qualquer outro objetivo a não ser investigar e frustrar ataques terroristas. Ele afirmou ainda que a legalidade do programa de espionagem diante da quarta emenda à Constituição americana – que garante aos cidadãos que seus pertences, lares e papéis estarão resguardados de investigações indevidas do poder público – “é, em última análise, uma questão de razoabilidade”.

(Veja)

Marcos
Marcos
10 anos atrás

Pois é, Snowden, a palavra está contigo. O que se fazia por lá era em defesa de seu país. Ao revelar tudo você traiu e pôs em risco a vida de teu próprio povo.

Mas a pergunta que ninguém fez: por que a NSA espionava Dilma?

Colombelli
Colombelli
10 anos atrás

Falei a algum tempo atras: A África é um continente perdido. Manda alimento, sequestram e usam como moeda pra opressão e favorecimento ou como escambo pra armas. Manda dinheiro, eles compram AKs e RPGs ao invés de enxadas e bombas de água. Termina um conflito e ja estão em vista de iniciar outro.

Eu sinceramente não tenho pena. Adultos que foram crianças passando fome e sede por conta de guerras se tornam maiores e repetem o comportamento que os vitimou.

Querem se matar, que se matem até o ultimo. Ressalto que não se trata de uma questão racial ou étnica, mas sim cultural. Há dezenas de etnias lá, mas quase todos profligam a mesma cultura irracional de auto-extermínio. Um continente rico em recursos e carente de humanidade. O que não dá mais é pra perder tempo e recursos acreditando em ajuda. Eles tem que aprender sozinhos.

Rafael Bastos
Rafael Bastos
10 anos atrás

Alento pois a Africa a tempos atrás era muito pior! Na década de 80 dava pra contar nos dedos os países que não estavam se digladiando. Hoje a maioria dos países estão estabilizados e o continente registra um crescimento econômico de 5% ao ano a um bom tempo.

Vejo estas guerras como um processo natural de amadurecimento politico (tardio sim), mas na Europa as nações e clãs guerreavam desde que o homem surgiu até poucos anos atrás. Os EUA e a AL estiveram por muitos anos envolvidas em terríveis guerras civis ou contra seus vizinhos.

Não faz sentido desacreditar em um continente inteiro por dois ou três países, não vale desacreditar na humanidade de milhões por alguns grupos de centenas.
Muitas empresas Brasileiras, por exemplo, acreditam neste povo e bem e por isso estão se dando muito bem obrigado.

Quanto ao motor que move estas guerras com certeza é o interesse econômico e politico, mas o combustível que move as tropas ao meu ver é sim étnico.

aldoghisolfi
aldoghisolfi
10 anos atrás

O foco é a etnia sintética, Iugoslávia por exemplo.

Posso ser vítima da conspiração, mas vejo o início dessa etnia forjada quando sinto o fomento de um apartheid induzido entre brancos, índios, negros e quilombolas…

Daí a saltar ao mundo uma etnia massacrada, por exemplo, as etnias índias no norte do Brasil, é um pulo que, inclusive, já está sendo dado; daí à secessão, é só falar o nome, pois o enclave administrativo está quase pronto.

Estou errado?

Jackal975
Jackal975
10 anos atrás

Ironia das ironias: o Sudão teve de permitir a secção do seu território por conta dos rebeldes, que criaram o Sudão do Sul. Agora esses mesmos rebeldes, no controle do Sudão do Sul, estão sendo atacados por rebeldes. Rebeldia em cascata, nunca tinha visto.

Rafael Bastos
Rafael Bastos
10 anos atrás

Falando em secção de territórios não demora muito para acontecer isso ao norte….

Em tempo a observação do Ghisolfi, mas a pedra vem sendo cantada a anos.

Colombelli
Colombelli
10 anos atrás

Rafael, não são só dois ou três países. A África chegou a ter 36 guerras simultâneas.

Não se trata de desacreditar na humanidade ou em um continente. Cuida-se de custo benefício. Se ajuda a quem quer ser ajudado. Não adianta mandar ajuda enquanto o foco deles for se matarem.

E falar em amadurecimento político parece um pouco deslocado. Um ou dois conflitos bastam para ensinar a um povo o que ele tem que amadurecer. Lá não é isso que está ocorrendo. Há de forma sistemática e contínua o sentimento de guerra por guerra. Na maioria das vezes questões étnicas ou políticas escondem o verdadeiro movel, a ganância. São marginais travestidos de soldados, buscando riqueza e poder. Basta lembrar os diamantes de sangue da Libéria e Serra Leoa. Tudo gira e torno de domínio territorial e saque. Só que estamos no século XXI.

E as empresas brasileiras estão lá não por “acreditarem” ou por altruísmo. Estão atrás de lucro, como toda empresa está, e lá tem muita riqueza, o que é ainda mais irônico. As empresas brasileiras estão lá pra pra fazer a mesma coisa que as outras: explorar e ganhar.

Porém, quando se tira o indivíduo daquele ambiente, ele muda. Na empresa em que trabalho temos vários funcionários africanos, e são excelentes segundo me disseram. Não temos nenhuma queixa deles. Ou seja, o problema é cultural e está mudança lá só depende.deles mesmos. Eles tem tudo para se desenvolverem se trocarem o AK por um torno, uma fresa, uma prensa etc..

Aqui, com as cotas e outras políticas ridículas, e posturas como a da aparelhada FUNAI, estamos caminhando para a secessão. Ao STF faltou coragem de dize-las inconstitucionais. O resultado será colhido em breve.

Soldat
Soldat
10 anos atrás

Filosoficamente falando acho que os seres humanos nasceram para guerra!!!!

No caso da Europa só não estão guerreando de novo não por causa da UE e sim pelo fato que a Inglaterra, França e a Russia tem armas nucleares senão já estariam se matando, que nem na Africa.

A realidade dos seres humanos é a guerra sim sempre foi é sera até o fim!!!