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Lana Torres

Do G1 Campinas e Região

O Exército brasileiro planeja realizar, no segundo semestre do ano que vem, a primeira redução do contingente de militares na Missão das Nações Unidas para Estabilização no Haiti (Minustah). Segundo o coronel Anisio David de Oliveira Junior, que assume o comando das tropas em dezembro, a redução inicial será restrita à companhia de engenharia. Um novo contingente de 1,2 mil militares segue para o país caribenho na manhã desta terça-feira (26) para substituir o grupo que está no local desde o início do ano.

As tropas que partem para Porto Príncipe nesta terça serão o 19º Contingente Brasileiro de Força de Paz (BRABAT) enviado ao Haiti desde que a missão teve início, em 2004, com a justificativa de garantir estabilidade ao país que viveu sucessivas e turbulentas trocas de líderes de governo, inclusive, com conflitos armados entre grupos rivais. O BRABAT 19 é constituído por servidores de São Paulo, Osasco, Campinas, Caçapava, São Vicente, Pirassununga e Lins.

A redução do efetivo prevista para o próximo contingente deve ser ainda tímida, de 73 militares componentes do grupo de engenharia, que desempenha funções, por exemplo, de obras de infraestruturas em vias e prédios públicos. O Exército mantém o mesmo número de soldados no Haiti de quando a Minustah foi criada, há nove anos. A única variação de pessoal no país ocorreu após o terremoto, quando o Brasil, diante do desastre, reforçou o efetivo com tropas extras que foram mantidas até abril deste ano no local. Oliveira Junior estima que o enxugamento significativo das tropas tenha início a partir de 2016, mas lembra que esta é uma decisão política.

“O Exército vai trabalhar com essa perspectiva. O ideal da missão de paz é que as instituições do país se fortaleçam e a tropa retorne. O tempo exato quem vai ditar, entretanto, vai ser uma ação da ONU com o governo brasileiro”, afirmou o coronel, na tarde desta segunda-feira, durante a última reunião das tropas em Campinas antes do embarque.

Eleição e conflitos

Em 16  de novembro deste ano, as lideranças da Minustah divulgaram nota na qual se diziam “profundamente preocupados” com os recentes incidentes de violência no país, que deverá passar por processo eleitoral no ano que vem. Uma das regiões em que foi registrada a onda de “violência e matança”, segundo a ONU, foi o bairro Cité Soleil, uma das mais problemáticas e para onde seguirá boa parte dos militares brasileiros.

Durante os treinamentos das tropas, realizados de forma intensa há pelo menos dois meses, em Campinas, os soldados receberam orientações especiais para atuar no contexto de eventuais conflitos durante o pleito. Oliveira Junior explica que as ações serão intensificadas nesse período para assegurar segurança durante o processo.

“Nós imaginamos que esse período eleitoral pode ser mais tenso e nós nos preparamos para isso. No nosso treinamento, demos ênfase para este tipo de atividade. Eu acredito que, pela ação [do novo contingente], pela própria presença deles lá, já deve inibir conflito”, diz.

A viagem

Os militares que seguirão para a nação caribenha a partir desta terça serão distribuídos em seis voos diários consecutivos em aeronaves fretadas pela ONU, segundo o Exército. Antes de embarcar na base aérea do Exército em São Paulo, os militares deverão se reunir na brigada de infantaria leve de Campinas, onde foi concentrado o comando do contingente.

Pelos planos do Exército, até 5 de dezembro, as novas tropas já estarão em Porto Príncipe prontas para atuar e haverá a transferência oficial do comando das operações para o coronel David, que assumirá o posto máximo no grupo. O efetivo, formado exclusivamente por voluntários, assim como vem ocorrendo desde o início da missão, deve ficar durante seis meses no Haiti. Este período pode ser prorrogado por, no máximo, mais seis meses.

No início da semana passada, um avião da Força Aérea Brasileira já transportou alguns comandantes de companhias e alguns militares que precisavam assumir suas funções antes da chegada dos demais.

haiti_enfermeiraPreparativos

Na tarde desta segunda, os militares de Campinas se reuniram para um último encontro antes do embarque para definir os últimos detalhes da viagem e realizar uma pesagem inicial da bagagem, que não pode passar de 30 quilos por pessoa. A técnica e enfermagem Raquel da Assunção Andrade Costa encarou com bom humor o primeiro desafio antes da viagem.

Com sorriso aberto, ela conta que errou os cálculos e precisou abrir mão de parte do “carregamento” de cosméticos e roupas “civis” que colocou na mala. “Eu já tirei 13 quilos de bagagem. Desodorante, roupas civis, chinelos vão ter que ficar”, contou ao risos pouco antes de conseguir um espaço na mala de um colega para parte do que não coube na bagagem própria. Raquel, que é a única mulher em uma das companhias do batalhão de Campinas, vai pela primeira vez ao Haiti, onde atuará na área de saúde.

Treinamento

Dois meses antes de partir os integrantes do grupo já passaram por treinamento intensivo na sede do Exército, que incluiu simulação de conflitos, treino de uso de armas não letais, realização de blitzes, além de aula de creole, dialeto falado pelos haitianos.

Em outubro, as tropas de outras cidades que participam da expedição se concentraram em Campinas para um treino conjunto, agora com atividades externas, pelas ruas de bairros com características semelhantes às do local onde eles atuarão. Eles simularam exercícios como a ocupação de áreas, escoltas de comboios, operações de segurança, patrulhamento a pé e motorizado.

FONTE: G1

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Baschera
Baschera
11 anos atrás

Vôos fretados pela ONU !!

Quando digo que andamos de lado… que involuímos…. barbaridade !

Tá na hora de largar o osso haitiano…. deu o que tinha de dar… daqui a pouco será uma intervenção do dobro do tempo da II WW.

No mais, segue o Baile da Mariquinha”.

Sds.

Antonio M
Antonio M
11 anos atrás

Pois, inversão de valores.

Nossos políticos que deveriam estar voando de vez em quando em voôs fretados, e de costume nos de carreira mas quem tem GTE ……

Rafael Bastos
Rafael Bastos
11 anos atrás

A ONU custeia várias atividades feitas pela MINUSTAH e outras operações de paz feitas por outros países pelo mundo a fora, porém não sei como funciona ou onde atinge especificamente este custeio, mas ele existe e é generoso, nada fora do normal. Ou seja a onerosidade não é exclusiva dos países que compõem as forças da ONU, esta por sua vez contribui financeiramente também.

Antonio M
Antonio M
11 anos atrás

Rafael Bastos
26 de novembro de 2013 at 21:01 #

Caro Rafael, tem razão e a Minustah ser responsável por algumas operações do tipo não é nenhuma aberração mas, o Brasil vive pleiteando uma posição de protagonista onde na realidade vem fazendo a de coadjuvante de luxo, e olhe lá.

O que eu queria destacar é que faziamos esse tipo de voô com o 707 mas, o acidente acabou com essa possibilidade, nem isso temos agora.

O 707 participou até de missões de resgate inclusive, como aquela de cidadãos brasilieros no Líbano. Se ocorresse agora usariamos o quê?!?!

Mas no GTE as aeronaves são as mais modernas da FAB e seus “clientes” atendidos quando querem, com total diponibilidade. E isso é uma contradição, distorção do tal discurso que deveria ser mostrado na prática como o Haiti, e não por bravatas.

abç…