Conflito congolês amplia drama dos meninos-soldado
Adriana Carranca – Enviada especial – O Estado de S.Paulo
MASISI, REP. DEMOCRÁTICA DO CONGO – Era um fim de tarde sem chuva e o jovem Jacques saiu com o primo para pastorear as três cabras da tia pelos campos de Nyiragongo, aos pés das Montanhas de Virunga, cartão-postal da República Democrática do Congo. Nunca mais voltariam para casa. Quinze homens armados com fuzis os cercaram. Amarram a mão de um à de outro; a que estava livre ajudava a tirar da frente o mato por onde seguiram a pé até o amanhecer.
No meio da noite encontraram outro grupo de meninos sequestrados, que atados formavam um longo cordão humano – uns 15, calcula Jacques. Atrás deles, 20 soldados usavam chicotes para fazê-los apressar o passo na escuridão.
Num descampado de Rutshuro, área dominada por rebeldes do M23, os meninos puderam se sentar. Um comandante perguntou a idade de cada um, para depois ordenar que recebessem o mesmo número de chibatadas. O ritual repetiu-se por três dias – ao nascer e ao cair do sol – durante os quais sobreviveram de água suja e mais nada.
Era a primeira fase do “treinamento”. Só os mais fortes se tornariam meninos-soldado. “Eles batiam em todas as partes do corpo, xingavam, pisavam na sua cabeça. É o batismo. Quem sobreviver, vira soldado”, Jacques relata, a cabeça baixa e a voz quase inaudível, enquanto arranca nacos de pele dos braços com as unhas. “Meu primo… Ele não sobreviveu.”
O primo tinha 15 anos. Mais de 5,4 milhões foram mortos em quase 2 décadas de conflitos no Congo – a metade, crianças, segundo a Unicef, agência da ONU para a infância. Centenas, talvez milhares, são feitas reféns de grupos armados e treinadas para encorpar seus exércitos de miseráveis.
Em 2008, último dado disponível, 30 mil meninos-soldado lutavam no leste do país, segundo a organização Child Soldiers International. Alguns integram os grupos voluntariamente, como o jovem de 16 anos que a reportagem encontrou baleado num hospital de Masisi, mantido pela organização Médicos Sem Fronteiras. Monossilábico, ele diz apenas que se cansou da vida. Um dia apresentou-se ao chefe do grupo Nyaturas e virou menino-soldado. Arrependido, espera para ser reintegrado à família – que nem sempre aceita os filhos de volta.
Em dois meses, entre maio e junho, o Comitê Internacional da Cruz Vermelha devolveu 76 meninos-soldado às suas famílias e resgatou outros 300, que ainda aguardam destino semelhante. Estes são os sobreviventes.
“Ele começou a cuspir sangue, então o deixaram ao relento. Eu o vi morrer aos poucos. Eu não pude ajudá-lo, eles não me deixaram”. Jacques não derrama uma lágrima. No campo de treinamento, aprendeu a não chorar. Repete a mesma frase várias vezes, sem um respiro, e agora com mais ênfase. Sua fala soa como uma súplica. Quer ter certeza de que o interlocutor acredita no que está dizendo, quando ele próprio custa a admitir o que viveu. “Um dia, um soldado disse: ‘Hoje é a sua vez’. Então, ele me estuprou. Duas vezes”. As palavras saem como um vômito. “Foi a primeira vez… Você é a primeira pessoa para quem eu conto isso.”
O Fundo Global contra Aids, Tuberculose e Malária distribui às vítimas de estupro as chamadas pílulas “do dia seguinte” para prevenção da Aids que atinge proporções epidêmicas no Congo. Mas o tratamento deve ser iniciado em até 72 horas da exposição ao vírus. Para Jacques, seria tarde demais.
Depois do estupro, ele decidiu que se arriscar a morrer em fuga era melhor do que viver. Jacques conta que os meninos eram obrigados pelos rebeldes do M23 a tomar uma pílula que os deixava “agitados e violentos”. Eles saqueavam vilarejos e estupravam meninas. Jacques escondia a pílula sob língua e depois a enterrava. Uma noite, após um desses ataques, aproveitou o cansaço do comandante e, ao ouvir seu ronco, deixou o fuzil no chão e saiu andando sem olhar para trás. Dois dias depois, ao chegar ao campo de deslocados de Bulengo, olhou para o céu e soltou um grito: “Eu consegui! Eu fugi!”
FONTE: O Estado de S.Paulo
Vejam amigos o que ocorre.
O mundo inteiro se mobiliza a anos para ajudar a África.
Bilhões de dólares foram enviado par lá em dinheiro e alimentos.
Ao invés de distribuir os alimentos e comprar bombas de água, arados, tratores, criar berçários empresariais, promover irrigação enfim, usar de forma positiva estes recursos, os próprios africanos usam o alimento doado como forma de dominação e usam o dinheiro par comprar armas para se matarem uns aos outros nas mais de 36 guerras que simultaneamente chegaram a assolar aquele continente.
Por isso quando aparecem fotos como aquela de uma criança magra ladeada de um urubu, cujo contexto não revelado, porém, é um tanto diferente do que a imagem sugere, eu lhes digo que não me comovo nem um pouco, Sabem por que? Porque os pais daquelas crianças ja passaram pela mesma coisa que elas e são os que mais sabem da necessidade de parar o genocídio e investir em coisas mais uteis. Mas eles, que deveriam ser os primeiros a parar com os conflitos e salvar seus filhos, continuam comprando AKs para se matarem. Então a criança não tem culpa, mas quando for um adulto, terá, pois certamente fará com seu filho o mesmo. E seus ais tem culpa, pois sofreram e repassaram o sofrimento.
Pois bem, que se matem até o último então. Ajudar gente assim que não se ajuda minimamente a si mesmo, é ser injusto com quem merece e com quem saberia usar os recursos para algo positivo.
Colombelli,
que bom que nem todos pensem como você e acreditem que um dia isso acabará e ajudam como podem, a justiça de Deus vurá sobre cada um de nós e deles no momento que Deus julgar certo, a nós somente resta orar a Deus para minimizar o sofrimento deste povo tao sofrido e principalmente as crianças .
Sds.
Eduardo se tua chas que oração irá melhorar a situação da África ou de quem quer que seja, continue com ela.
Mas nenhuma criança africana irá ter sua fome reduzida,, nenhum tiro deixará de ser disparado e nenhum quilo de alimento será produzido com oração. Ações e atitudes, e não oração, resolvem problemas e mudam a realidade empírica.
E a ação e a atitude ou, melhor a mudança de atitude, deve partir primeiramente deles mesmos. Se deve audar a quem se ajuda.Se eles não mudarem não há oração ou ajuda que seja eficaz.
Sinceramente, eu prefiro ajudar a quem faz por merecer, a quem valoriza a ajuda. E ja que você falou em juistiça, ajudar quem não merece, quem despreza a ajuda e vende alimento pra comprar arma, é ser injusto com quem merece.
Só Deus sabe quem merece ou nao, e principalmente quem é ou nao justo Colombelli !
Como cristao, oro pois nao posso ir ao local e agir e nem tenho os meios, mas Deus age por meio das oraçoes sobre aqueles que podem fazer o que eu nao posso, se voce acredita ou nao é direito seu assim como o meu de acreditar !!
Sds. Eduardo o otimista !!
Não vou discutir religião contigo, certo.
Bom, só pra ajudar um pouco e encerrar. Tiago 2:26.
‘Porque, assim como o corpo sem o espírito está morto, assim também a fé sem obras é morta.’
Enfim, orar mas também agir, na medida do possível.
Sds.
Gente, gente religiao nao se discute e nao foi minha intençao ,peço desculpas por nao conseguir me fazer entender !!
Obs.; caro Luiz Paulo conheço bem esta passagem e vc por conhece-la sabe o que tentei explicar e usando suas palavras , age-se na medida do possivel.
se vc nao pode ir na Africa pregar o evangelho, vc ora dando cobertura e pedindo a Deus proteçao aos que pra la foram e age contribuindo enviando recursos (doaçoes, depositos em contas bancarias etc)para que os que foram como missionários tenham como se manter, mas isso vc ,creio, ja sabe !!
A própria palavra ja diz OrarAçao !!
Sds. Graça e paz !!!