A história se repete: o racional vencerá?
*Mohammad Ali
A primeira sanção contra o Irã na época contemporânea foi o embargo dos britânicos em resposta à eleição de Mohammad Mossadegh, que realizou a nacionalização da indústria do petróleo. O Reino Unido, desde então, promoveu uma série de operações de intimidações e ameaças, bem como a colocação dos seus navios de guerra nas proximidades das costas iranianas.
O passo seguinte foi o bloqueio das reservas do país na Inglaterra. Ao mesmo tempo, foram desencadeados, em território iraniano, atos prejudiciais à economia e contrários ao movimento de nacionalização do petróleo. No exterior, intensificou-se a publicidade que visava comprometer a imagem do país na comunidade internacional.
Os ingleses, para se mostrarem injustiçados no processo de nacionalização, recorreram às instâncias internacionais (como o Tribunal Internacional de Justiça) e à ONU. Em 1951, foi apresentado ao Conselho de Segurança, com o apoio de americanos e franceses, proposta de resolução cujo motivo era a ameaça à paz e à segurança mundial.
Naturalmente surgem questionamentos, Será que a nacionalização da indústria de petróleo do Irã representava risco contra a paz e a segurança do mundo? Ou é um ato contra interesses dos países poderosos? Arriscar os interesses coloniais de um país é assunto a ser tratado no Conselho de Segurança? Em 1952, o Tribunal de Haia sentenciou a favor do Irã no processo de nacionalização da indústria de petróleo.
A decisão foi golpe fatal às políticas do governo britânico. Temendo o alastramento do modelo para outros países petroleiros, Londres impôs outras medidas, como criar problemas inflacionários para provocar a insatisfação popular e debilitar o país economicamente. Mais: a Inglaterra advertiu os compradores de petróleo bruto a não negociarem com o Irã.
Mossadegh, primeiro-ministro na época, adotou a política de venda preferencial do óleo para neutralizar a conspiração britânica. Mesmo com o preço mais baixo, a medida dobrou o rendimento. Paralelamente, Mossadegh implementou política bem-sucedida de austeridade para amenizar o boicote britânico.
O Reino Unido e os Estados Unidos se aliaram contra o governo do Irã. Washington, com a desculpa de combate ao comunismo, planejou a derrubada de Mossadegh e o seu partido, o Povo, bem como o retorno de Xá Pavlavi. O golpe de 19 de agosto de 1953 e o colapso de Mossadegh, primeiro-ministro do Irã, foi a primeira experiência da CIA para derrubar um governo.
O golpe não podia se camuflar pela carta da ONU ou por outras desculpas diplomáticas. Eles não conseguiram calar o clamor do povo pela independência da indústria petrolífera. O país se tornou pioneiro de um movimento no mundo em desenvolvimento que defendia a soberania sobre as próprias riquezas.
A aplicação de novas sanções dos países ocidentais no momento atual lembra os episódios da década de 50, com o tema diferente, mas com o mesmo objetivo. Mais uma vez a padronização do modelo iraniano se tornou preocupação para os países ocidentais.
São inquestionáveis as conquistas iranianas no campo de tecnologias nucleares para fins pacíficos. O país se dispõe a mostrar total transparência, enfatizando, por um lado, o direito de possuir o saber e, por outro, de não o utilizar para fins militares.
E agora? A recente eleição presidencial na República Islâmica do Irã e a posição moderada de Hassan Rohani representam oportunidade para o Ocidente mudar de atitude e substituir o confronto pelo engajamento construtivo. Haverá a guinada? Espero que sim.
*Embaixador do Irã no Brasil
FONTE: Correio Braziliense
Caro embaixador, pois então que seu país siga o TNP2 com o qual se comprometeu e permita as inspeções IRRESTRITAS da AIEA. Simples assim.
Ou que tenha vergonha na cara, faça como a Coréia do Norte, e denuncie o TNP1 e 2, arcando com as naturais conseqüências. Que pare de tentar obter o melhor de dois mundos na base do “jeitinho”.
No mais, saiba que o ÚNICO país que tem segurado um ataque israelense às suas instalações nucleares são justamente os EUA. Pelos israelenses eles já teriam “partido para o pau” há muito tempo.
Parabéns ao Blog por finalmente divulgar a versão iraniana dos fatos.
É claro que o staff direitista daqui vai escrever um comentário contra o Irã e a favor da política Imperial. faz parte dos objetivos dos maléfico eixo mundial Washington-Londres-Tel Aviv e de suas campanhas na internet.
Mas, saindo dos comentários raivosos e infelizes que me antecedem, vamos analisar um pouco o que foi dito pelo sr. embaixador.
O que ele está tentando dizer é que o Irã sempre foi vítima da calúnia difamatória internacional deste eixo, tudo devido a interesses econômicos.
O que a Inglaterra fazia antes, é o que os Estados Unidos fazem agora. Embora muitas empresas queiram fazer negócios no Irâ, e algumas ganharam licença especial para isso ( empresas norte-americanas e inglesas continuam a negociar no Irã e ganhando lucros fabulosos já que empresas europeias não podem participar abertamente, devido ao bloqueio).
Ou seja, o bloqueio econômico é apenas e tão somente uma maneira disfarçada dos norte americanos de garantirem lucro a algumas empresas escolhidas.
Os discursos e frases do Ahmadinejad apenas pioraram a situação, e a confrontação com a AIEA também resultou em mais problemas.
Deve ser lembrado, entretanto, que a opinião pessoal do Ahmadinejad não reflete necessariamente a opinião do povo iraniano.
Aliás, foi Ciro o Grande quem libertou os Judeus do cativeiro milhares de anos atrás, ou seja, persas e judeus nunca foram de fato inimigos, o que ocorre é que radicais dos dois lados resolveram inflamar pequenas frivolidades ao extremo. Netanyahu é um deles, Ahmadinejad outro, Partido Republicano, outro…
Além disso, a hipocrisia maior é : ISRAEL TEM ARMAS ATÔMICAS, cadê a AIEA agora ??
É hipocrisia a AIEA apenas querer exigir do Irâ conduta que não se exige de Israel.
Símbolo de que esta agencia é no mínimo, de pouca confiabilidade em suas inspeções.
Mas, vamos aguardar e ver se as negociações continuarão, já que, se os radicais xiitas republicanos norte-americanos tomarem o poder depois do Obama, estaremos a beira da terceira guerra mundial…
Talvez um acordo com os russos, estes fazem usinas para o Irâ e estes param com sua fabricação. Mas os radicais de toda parte farão o possível para impedir isso.
Grandes interesses do lobby judaico-militar estão em jogo, o Irâ é um inimigo necessário. Da mesma maneira, Israel é um inimigo necessário para justificar a IRGC e suas posições malucas…
Todo mundo hoje em dia quer um inimigo… são mais úteis que os próprios amigos ! kkkkkkkk !! 🙂
Admiro muito os persas, torço por eles, que se desenvolvam e sejam felizes !
Como é que alguém pode levar a sério um governo baseado em preceitos religiosos?
Eu vejo por outro lado a questão querem que o Ira assine a TNP então acredito que Israel também deveria assinar o tratado de não proliferação nuclear simples não!!!
Faaçamos uma análise sensata e imparcial.
É forçoso reconhecer que o Estado de Israel tem uma política por vezes incoerente e hipócrita, no que é apoiado no mais das vezes pelos EUA.
Exemplo emblemático desta condição reside no muro sendo construido em Gaza. E condições idênticas foi levantado o muro do Gueto de Varsóvia. Em vista daquele, Isarael aduz uma das mais trágicas e famigeradas passagens do holocausto, usando-o como exemplo da perseguição ao seu povo e exultando os mebros do levante do Gueto como Heróis. Mas quando Israel submete os palestino ao mesmo tipo de expediente, ai não é perseguição e injustiça, mas medida defensiva.
Vejam que não entro no mérito do tal muro em Gaza. Até acho que de fato é a melhor solução. Mas note-se que a desculpa dada ao muro do gueto foi a mesma: defesa contra elementos “perniciosos”. Idênticas situações e dois pesos e duas medidas.
Porém, se é quívoco desconhecer tais contradições, também o é querer comaprar a situação de um Israel nuclear a um Irã nuclear. Embora tenha algumas dezenas de armas nucleares, Israel nunca cogitou concretamente em usá-las e tampouco advogou abertamente a extinção, a aniquilação de quem quer que seja. Israel é uma democracia e os radicais encontram-se tamém sob controle. O Irã, ao contrário, é um país instável, com vários grupos de fanáticos religiosos que vivem na idade medieval. A pouco tempo a liderança do Irã abertamente defendia a aniquilação de Israel e a qualquer momento um grupelho desta escória de fanáticos pode assumir o poder. O
O que se pode esperar de elementos que destroem a si mesmos na crença de que irão encontrar 72 virgens no paraíso com uma arma nuclear nas mãos?
Então querer comparar a reação diante de um Israel atômico daquela diante de um Irã atômico como baseadas nas mesmas premissas é utilizar-se de uma falácia. São situações diametralmente diversas, pois a probabilidade de Israel usar uma arma nucelar é ínfima ao passo que o Irã pode efetivamente usar uma arma atômica sem nenhuma motivação específica que não seja o eterno ódio pelos israelenses. As premissas são diversas.
Ora, como bem disse o Vader, se o programa é de fato pacífico, por que os iranianos não dão um cala boca em todos e não abrem suas instalações para inspeções? Se não o fazem é porque é fato notório que a finalidade é a bomba, coisa que so o semi-idiota do lula não viu, passando atestado de bocó e ingênuo para o mundo.
Por outro lado, se nos colocamos do lado israelense, salta a vista que não podem permitir a continuidade deste programa.
Eu inclusive proporia uma pergunta que elucida a motivação da postura generalizada da comunidade internacional diante do programa nucelar do Irã. Se você fosse um Estado vizinho e inimigo dos dois países, e tivesse de escolher um deles para ter a arma nuclear, em mãos de quem preferia que ela estivesse? Só responderão o Irã aqueles fanáticos iguais aos mais desvairados que lá há hoje.
Esta postura do Irã somente o prejudica. O está isolando, e, a médio prazo, o submeterá a um ataque avassalador de Israel, diante do qual o Irã estará sozinho e diante do qual de nada adiantará modelos de plastimodelismo e mísseis recauchutados das demonstrações mambembes que eles tem feito para escárnio geral.
So uma análise simplista e ingênua vê nos dois países uma condição idêntica diante das armas nucleares.
Peço escusas pela partição do comentário, mas acabou saindo a parte acima inadvertidamente.
Peço escusas pela partição do comentário, mas acabou saindo a parte acima inadvertidamente e pelos erros de digitação.