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Cláudia Trevisan – Correspondente – O Estado de S.Paulo

vinheta-clipping-forte1WASHINGTON – Além de sequestrar a iniciativa de Washington na busca de uma solução diplomática para a Síria, o russo Vladimir Putin causou fúria nos EUA ao atacar a ideia de que os americanos são “excepcionais” em razão de seu sistema político e de seus valores, usada por Barack Obama, na terça-feira, para defender um ataque militar ao regime de Bashar Assad.

“Quando, com esforços e riscos modestos, podemos impedir que crianças sejam intoxicadas com gás até a morte e, assim, aumentar a segurança de nossas próprias crianças no longo prazo, acredito que devemos agir. Isso é o que faz a América diferente. Isso é o que nos faz excepcionais”, declarou Obama.

Putin respondeu ontem em artigo no New York Times (publicado na íntegra acima), apresentando-se como defensor da diplomacia, do sistema multilateral da ONU e retratando a política externa americana como um exercício de intimidação.

O senador democrata Robert Menendez disse que teve “vontade de vomitar” depois de ler o texto. Seu colega republicano John Boehner afirmou que se sentiu “insultado”. “Temos de entender que o presidente Putin é a última pessoa que pode ensinar os EUA sobre nossos valores humanos, nossos direitos humanos e o que nós defendemos”, disse Leon Panetta, diretor da CIA na primeira gestão de Obama.

“Há uma grande ironia na publicação de um artigo como esse, porque ele reflete uma tradição realmente excepcional desse país: a liberdade de expressão. E essa não é uma tradição compartilhada pela Rússia, onde a liberdade de expressão tem diminuído nos últimos anos”, declarou o porta-voz da Casa Branca Jay Carney. No sábado, Obama já havia usado o “caráter especial” de seu país para tentar legitimar a operação militar. “Somos os EUA. Não podemos fechar os olhos para imagens como as que saíram da Síria”, observou.

O editor de opinião do jornal, Andrew Rosenthal, disse que poucos artigos provocaram reação tão intensa – até às 18 horas, havia 3.375 comentários ao texto. Segundo Rosenthal, o artigo foi oferecido na terça-feira por uma empresa de relações públicas que representa Putin.

FONTE: O Estado de S. Paulo 

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Requena
Requena
11 anos atrás

“Há uma grande ironia na publicação de um artigo como esse, porque ele reflete uma tradição realmente excepcional desse país: a liberdade de expressão. E essa não é uma tradição compartilhada pela Rússia, onde a liberdade de expressão tem diminuído nos últimos anos”

No Boxe chamam isso de “direto no queixo”. 🙂

Wagner
Wagner
11 anos atrás

aham, o único direto no queixo é o que os norte americanos e sua ” democracia” levaram, na arena internacional, de Putin.

Assim como o artigo dele simplesmente desbancou os norte americanos e sua arrogância.

mas o pior é ver americanofilos aqui defendendo os USA de maneira ainda mais arrogante.

sendo que tais americanofilos apenas são latinos. Não são, e jamais serão, norte americanos.

O presidente Putin está de parabéns por seu artigo, finalmente alguém disse aos norte americanos que eles SÃO IGUAIS A TODOS NÓS , e não são melhores do que ninguém.

E não tem o direito de atacar os demais povos em virtude dessa arrogãncia.

Mas eles ainda são eles, o pior é ver brasileiro, por coincidencia tudo ex-militar, adorando a esses assassinos de Washington como se fosse deuses.

deve ser algum órgão nacional de Direita que patrocina alguém aí para falar asneiras americanofilas.

é muita ladainha americanofila, é cada coisa…

para chegarem ao ponto de negar a vergonhosa derrota do Tio Sam no Vietnâ, tem cara que deve pertencer a algum clube direitista…

Wagner
Wagner
11 anos atrás

ps : eu disse ” apenas ” ali, no sentido de representatividade internacional do Brasil ( e suas pretensoes de CS na ONU, tres porta avioes, etc.), bem como de toda a AL que não tem grande relevancia internacional.

Luiz Paulo
Luiz Paulo
11 anos atrás

Já que se tocou no assunto ‘democracia na América’, faço uma pergunta ao Wagner. Será, quem um Bush ou Reagan poderiam escrever um artigo desse tom sobre a Russia, no ‘Voz da Russia’, Pravda, etc…? Ou pelo menos será que a probabilidade é alta? Acho que não…

Estou ignorando nesta pergunta o esquerdismo cúspido e escarrado do NYTimes e do Obama…

Lyw
Lyw
11 anos atrás

Xiiiiiii o Putin pegou pesado. Foi dizer pra o povo americano que eles não são os escolhidos por Deus (aquele mesmo do hino: “God bless America”) pelos seus poderes excepcionais para torrarem seus recursos em ações militares no mundo inteiro…

Hahahaha…

Piadas à parte, este Putin só pode ser um comediante, pra tirar sarro do narcisismo estudunidense quando seu país sofre de alguns problemas um tanto conhecidos o sufuciente para apenas tornar seu artigo ridículo e ascender ascender a ira do “povo excepcional”, dando uma forcinha pra o Obama e sua cruzada.

Sniper
Sniper
11 anos atrás

Prezado Wagner,

So fiquei com uma dúvida um tanto crítica em seu comentário, o qual para mim estampou uma séria contradição. É que primeiramente você classificou os americanos como arrogantes; em seguida mostrou concordância com o ponto de vista segundo o qual eles nao são melhores que ninguem e que são iguais a todos, para ao final retomá-los como arrogantes. Entao, como devo sintetizar o raciocínio? Todos os Estados nacionais sao arrogantes(posto que iguais)? Ou as afirmaçoes se excluem mutuamente mesmo?

Grato.

Oganza
Oganza
11 anos atrás

Meus caros, vocês não imaginam a repercussão que esse artigo está causando lá, acabei de voltar de um trabalho nos EU, que me levou por 6 estados, e conversei com o máximo de pessoas com quem tive a oportunidade.

O que existe não é um sentimento de revolta não, ao menos na Costa Leste, o que existe é um sentimento de cansaço, O americano comum não quer mais o seu País no papel de xerife do mundo, o Obama está bem visto enquanto “faxineiro” doméstico, a economia voltou a crescer, as pessoas voltaram a trabalhar e os salários tiveram uma alta de U$ 0,50/h em média. Na verdade existe um sentimento de arrumar a casa e de “pelo amor de Deus, deixem os outros resolverem os seus problemas pq nós já temos os nossos e não são poucos”.

Mas a popularidade do Putin está em alta lá também rsrsrs, e não é pq ele “falou mal” dos americanos, mas pq ele teve a presença de espírito de falar como Estadista olho no olho com o Obama e com a Sociedade Americana. Lembrando que eles não gostam do Putin e nem de nada que venha da Rússia, mas eu senti uma pontada daquela inveja branca, do tipo – Poderíamos ter alguém assim, que saiba ser duro e contundente sem levar as mãos ao coldre.

Olhando de fora, o Putin conseguiu seu objetivo e capitalizou muito em política internacional a seu favor e mesmo que o Obama esteja “bem” em casa, seu brilho está arranhado na esfera internacional, o que não significa NADA para o americano, o foco deles é todo para o seu quintal e qualquer representante deles que seguir em outra direção, tende a perder muito na esfera doméstica.

Esperemos os próximos capítulos, pq o Obama (não os Democratas) tem a mídia americana INTEIRA no bolso, é incrível, só assistindo e lendo as notícias lá para entender, parece o ParTido aqui. A diferença é que ele fechou um “acordo de cavalheiros” com os Republicanos para arrumar a casa (principalmente na saúde e no incentivo de novos negócios), mas o mesmo não vale para a política internacional. rsrsrsrs

Quanto ao resto, o Putin e seu artigo, é blá blá político. Não podemos nos esquecer que a Rússia está querendo seu lugar de honra à mesa de volta, mas me parece que está optando pelo jogo político sem se descuidar do bélico para ter fôlego quando tiver que falar grosso e repassando o papel de “fanfarrão” bélico para a China, deixando para trás de vez as atitudes de eras como as de Khrushchov e Brejnev, ao menos no discurso internacional, será o projeto Pan-eurasiano tomando forma?

Sds.