Nova e antiga mídia
(Mario Tascón e Yolanda Quintana são autores do libro Ciberativismo: As Novas Revoluções das Multidões Conectadas – La Nacion, 24) 1. O antigo mecanismo de transmissão de mensagens e mobilização social não se comportou como de costume, mas o efeito do novo misturado com o antigo foi muito superior. Os Indignados (em grande parte classe média) tem se apoderado destas redes como o novo meio de comunicação e divulgação de ideias e atividades, enquanto desenvolvem uma atitude hostil em relação à boa parte da imprensa convencional, que acusam de, no mínimo, conivência com o poder econômico e político do qual emana a crise contemporânea.
2. Historicamente, em cada grande mudança política importante, um meio novo de comunicação acompanhou e cresceu com a nova elite emergente que lutava para conseguir o poder. Sempre tinha um rádio, um jornal afinado com as massas reformistas ou revolucionárias. Hoje, esse papel é assumido apenas por alguns jornalistas individuais, pequenos meios digitais, redes de blogs ou até mesmo antigos e novos fóruns usados como trincheiras na preparação e discussão de estratégias políticas. As “cabeças” tradicionais estão, em grande parte, ausentes. Um problema inclusive de interlocução para o poder tradicional, que não sabe com quem falar, com quem pode negociar, a quem tem que subornar, já que não há líderes. As aristocracias políticas e financeiras estão inquietas.
3. Anteriormente, uma ideia poderia ser transcrita com tinta e papel, ser titular, ou a capa de um manifesto; hoje se torna software, como parte de um novo mecanismo em que a comunidade é capaz de melhorar, mover e discutir com uma velocidade que surpreende. O papel do fórum da opinião pública e da democracia, está sendo retirado dos pseudo parlamentos experimentais e dos escaninhos de papel impresso, pelas novas elites conectadas que começam a se organizar e que levam para as ruas e para as redes a discussão política, em um novo espaço com enorme ressonância em “bits” e incompreendido pelas velhas elites, deslocadas por uma maré que em cada local adota uma cor e uma rede social.
4. Políticos e jornalistas sentem-se deslocados em um mundo que não compreendem. Agora são as redes sociais, digitais, que cumprem a função que anteriormente cabia à imprensa. A opinião pública paira sobre eles, como se fossem uma corrente, um fluxo. E a mídia, sem negar o papel que segue desempenhando, observa como parte de sua posição social tem minguado, pois também está sendo deslocada.
5. A imprensa passou anos debatendo qual seu novo modelo de negócio, inclusive alguns se atrevem a defender uma imprescindível transformação do produto além da metamorfose óbvia que a multimídia a obriga. E se a questão básica for que papel a sociedade exige dos meios de comunicação quando se irritam por eles estarem ausentes de suas mudanças, de suas vidas? Respondendo a esta última pergunta, certamente se responde a todos as outras feitas acima.
FONTE: Via Ex-Blog do Cesar Maia
Realmente, a mídia está atravessando um momento sem precedentes. O avanço, a rapidez, a agilidade do mundo digital quase fulminaram o jornalismo tradicional. É muito difícil saber como esse processo vai se encaminhar (e terminar?), eu não arrisco palpite, mas está claro que os grandes conglomerados da mídia terão de se reinventar. Basta ver o que está ocorrendo com os jornais: nem a migração para a mídia eletrônica, que parecia ser a última esperança, está funcionando conforme previsto. Mas como eu tudo na vida, especialmente no campo das mudanças, há o lado ruim sim, mas há também o lado bom.… Read more »
ERRATA: “Mas como EM tudo na vida, especialmente no campo das mudanças…”
Jornalistas, de um modo geral, precisam criar esterótipos, para facilitar o trabalho.
A grande dificuldade é que, a exemplo das manifestações do último mês de junho, existem várias versões e vertentes. A sociedade é múltipla. Todos estão insatifeitos, mas o sapato de um, não aperta como o de outro. Exatamente por isso, os noticiários parecem surreais.
A tendência é que os jornalistas tentem focar em algum aspecto, normalmente norteado pela convicção política do veículo de imprensa.
Além da falta de informação, comum no calor dos eventos, os “especialistas” tentam vender versões, que não raro são posteriormente desmentidas pela realidade.