O caso Roger Pinto
Luiz Carlos Azedo
O senador oposicionista Roger Pinto, que fugiu da Bolívia depois de 455 dias trancado na embaixada do Brasil à espera de um visto de saída, foi detido pela Polícia Federal em Corumbá e liberado por ordem do ministro da Justiça, José Eduardo Cardozo, que respeitou seu direito de asilo, mas decidiu não se envolver oficialmente no caso, transportando-o para Brasília. A PF agiu administrativamente. Quem pagou o pato foi o ministro das Relações Exteriores, Antonio Patriota, demitido ontem à noite pela presidente Dilma Rousseff. Motivo: foi o último saber do caso.
Os dois fuzileiros navais que escoltaram Roger Pinto receberam a missão do capitão de mar e guerra Luiz Carlos Brito Cunha, adido da Marinha brasileira na Bolívia. O ministro da Saúde, Alexandre Padilha, deu apoio ao senador, orientando as autoridades locais do SUS de Corumbá para que prestassem assistência médica a Roger Pinto, que vomitara muito na viagem. O senador boliviano falava em suicídio na embaixada brasileira de La Paz, onde estava confinado num cubículo sem banheiro, nem janelas. Foi por essa razão que o ministro conselheiro da embaixada, Eduardo Saboia, decidiu trazer Roger Pinto clandestinamente para o Brasil. O comandante Brito Cunha confirma a versão de Saboia.
Por duas vezes, Saboia havia estado no Brasil para pedir uma providência mais enérgica do Itamaraty. O diplomata respondia pela embaixada porque o titular, Marcel Biato, foi transferido do cargo por pressão do presidente da Bolívia, Evo Morales, que o responsabilizava pela concessão do asilo político. Acabou promovido a embaixador na Suécia. Ao chegar a Corumbá, Saboia comunicou o fato aos superiores no Itamaraty. Foi orientado a não falar sobre o assunto e mergulhar. Em Campinas (SP), ao saber que o ministro Antonio Patriota havia decidido abrir investigação para puni-lo, resolveu falar. Detalhe: o embaixador Biato, segundo o adido militar, sabia da decisão de Saboia.
FONTE: Correio Braziliense, via Notimp
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