Segredos brasileiros são bisbilhotados há décadas por outros países
MÁRIO CHIMANOVITCH
COLABORAÇÃO PARA A FOLHA
A denúncia do ex-técnico da NSA Edward Snowden de que os EUA usam métodos sofisticados para nos espionar, que gerou furor nos meios governamentais, não deveria ter causado tanta comoção.
Casos ocorridos nos anos 80 e 90, e até antes, mostram que os segredos políticos e tecnológicos do Brasil são bisbilhotados há décadas não só pelos americanos, mas também por franceses, israelenses e sabe-se lá quem mais.
Documentos ultraconfidenciais do extinto Serviço Nacional de Informações revelam que várias instituições do governo e indústrias estratégicas foram alvo permanente de espionagem externa –os mais visados eram o CTA (Centro Técnico Aeroespacial) e o Instituto de Estudos Avançados da Aeronáutica, em São José dos Campos (SP).
Com o SNI voltado para o “inimigo interno”, a atividade de contraespionagem era praticamente nula no Brasil. Mesmo assim, vez por outra, investigavam-se agentes de “países amigos”, como John James Gilbride Jr., que também utilizava os nomes John Gilbraith ou Jack O’Brian.
Credenciado como vice-cônsul para assuntos econômicos, fachada comumente usada pela CIA no exterior, operou no Brasil de 1988 a 1992, nos consulados dos EUA no Rio e em São Paulo.
Estava empenhado em recrutar cientistas e pesquisadores do CTA, principalmente do programa aeroespacial. Deixou o país quando já estava “queimado” –ou seja, identificado como agente empenhado em ações prejudiciais a interesses brasileiros.
Apurou-se que Gilbride nunca fora diplomata de carreira. O assunto foi encoberto, já que o governo do Brasil queria evitar a eclosão de um escândalo diplomático.
O espião americano marcara almoço com importante cientista brasileiro numa churrascaria da alameda Santos (SP). Os agentes brasileiros que o vigiavam descobriram ser impossível pôr escutas no local devido à fortíssima interferência das antenas de rádio e TV. Terminado o almoço, o americano despistou nada menos que 11 agentes.
O interesse estrangeiro recaía também sobre os centros de pesquisa de universidades como a Unicamp e a USP, com tentativas persistentes de aliciar técnicos e cientistas.
Entre 1983 e 1985, a então Telesp, hoje Vivo, teve roubados carros e macacões dos serviços de manutenção. Após os furtos, a Polícia Federal localizou gravadores em postes do Vale do Paraíba.
Esses grampos –especulou-se– objetivavam registrar telefonemas de pessoas ligados ao setor aeroespacial.
MORTE MISTERIOSA
A misteriosa morte do tenente-coronel José Alberto Albano do Amarante, da Aeronáutica, em 3 de outubro de 1981, evidenciou a atuação de um espião do Mossad, o célebre serviço secreto de Israel.
Nos anos 70, o Brasil desenvolvia secretamente um programa nuclear para fins militares. Parceria com o Iraque assegurava os altos recursos financeiros necessários à sua execução; em troca, os iraquianos teriam acesso aos conhecimentos tecnológicos dos cientistas brasileiros.
O responsável pelo programa na Aeronáutica era Amarante, engenheiro eletrônico pelo Instituto Tecnológico da Aeronáutica visto como o pai da pesquisa nuclear no país.
Em outubro de 1981, ele foi atacado por uma leucemia galopante: morreu em dez dias. Sua morte passou a ser investigada pela Aeronáutica –teria sido contaminado de propósito por radiação.
A família acreditava que o cientista fora morto pelos serviços secretos de EUA e Israel, mas nada se comprovou. Na época, a mulher de Amarante contou que ele se queixava de ser seguido quando ia a SP ou ao Rio. Depois, quando seus restos mortais foram exumados para novo enterro no Rio, a família constatou sinais de violação da sepultura.
Amarante fundara o Laboratório de Estudos Avançados, grande centro de estudos destinado a se constituir na espinha dorsal da pesquisa nuclear do país. Seu objetivo era ambicioso: desenvolver o enriquecimento de urânio por raios laser (usados para detonar a reação nuclear), em vez do sistema de centrífugas, mais oneroso e lento.
No exterior, cresciam as suspeitas de que as experiências objetivavam desenvolver armas nucleares, o que sempre foi negado pelo Brasil.
ESCUTAS NO HOTEL
As investigações sobre a morte de Amarante revelaram a existência de um misterioso personagem, Samuel Giliad ou Guesten Zang, um israelense nascido na Polônia, que lutara contra os alemães na Segunda Guerra.
O israelense, apelidado de “Mister Pipe” por fumar cachimbo, chegou a São José em 1979 para gerir o Hotel Eldorado, o principal da cidade, que hospedava muitos estrangeiros, civis e militares, envolvidos em atividades industriais e científicas na área.
Extremamente simpático, Giliad mancava de uma perna devido a um tiro levado na guerra, contava. Hábil, instituiu no Eldorado reuniões sociais de secretárias e gerentes de indústrias, gente solitária capaz de soltar a língua estimulada por drinques. Assim, tinha acesso a informações valiosas: sabia quais delegações visitavam quais indústrias da região e, sempre que possível, a razão das visitas.
O israelense tentou se aproximar de Amarante, mas o oficial o repelia: nunca atendeu a nenhum convite. Passou a frequentar o dentista que atendia Amarante, procurando marcar horários logo depois dos do oficial.
O coronel aborrecia-se com a insistência, e suas suspeitas cresceram quando o dentista o alertou das perguntas que Giliad fazia: “O que é que a Aeronáutica está construindo em Cachimbo (Pará)? Ouvi dizer que se trata de uma grande pista de pouso. Mas para que servirá, se já existem as de Manaus e Belém?”.
Era em Cachimbo que estava sendo preparado o local para a primeira experiência do projeto nuclear brasileiro.
Diante dessas perguntas, o alarme foi dado, e Giliad passou a ser vigiado de perto. Descobriu-se que ele tinha cinco passaportes com nomes diferentes e instalara escutas nos quartos e demais dependências do hotel, para ouvir hóspedes e empregados.
Após dois anos, o israelense bateu em retirada de forma hábil quando percebeu que a vigilância crescia: publicou anúncio num jornal local procurando uma acompanhante para dividir despesas numa viagem à Argentina.
O Centro de Informações e Segurança da Aeronáutica errou ao responder ao anúncio enviando um agente (homem). Percebendo que fora desmascarado, Giliad deixou a cidade e desapareceu.
Foi durante a ação do agente israelense em São José que a mídia internacional revelou que o Brasil fazia remessas secretas de urânio enriquecido ao Iraque, disfarçadas em material bélico da Avibrás.
Foi também durante a sua estada na região que o “Latin America Weekly Report” noticiou a misteriosa morte de Amarante, expondo suas atividades secretas com impressionante riqueza de detalhes.
Finalmente, quando se divulgou, em 1981, a história das remessas secretas, o Mossad já sabia de tudo e as documentara com fotos. O episódio brasileiro, acreditam os especialistas, serviu como manipulação da opinião pública para que Israel justificasse seu bem-sucedido ataque aéreo ao complexo atômico de Tamuz, no Iraque.
FONTE: Folha de São Paulo
Quando o (des)governo começou a gritar:
Fogo! Fogo na floresta!
Por conta da espionagem da NSA, procurei essa reportagem na net pra lembrar como isso não é novidade, quando fui comentar nesse tópico:
http://www.forte.jor.br/2013/07/07/brasil-e-alvo-prioritario-da-espionagem-dos-eua/#comments
Mas não tive sorte em encontrar.
Há também o famoso caso das sonobóias em Alcântara-MA.
Não tenho certeza, mas parece que a reportagem à época levantava a suspeita de que eram obra dos nossos “parceiros estratégicos” franceses.
GBento:
http://www.aereo.jor.br/2009/04/28/segundo-abin-franceses-espionaram-cla/
Nosso setor de inteligência é de baixa qualidade, mas isso não é novidade para ninguém. Dá até dó querer comparar com SIS (MI6), com a CIA, ou com o BND. O Mossad então nem se fala: está a serviço da sobrevivência de Israel e, sobretudo, existe para que o Estado judeu mantenha a supremacia bélica, tecnológica, econômica e política no Oriente Médio. A ABIN ainda nem decidiu para que existe!
O destaque, entretanto, está em nosso Congresso Nacional. Esse, sim, reflexo da altíssima qualidade de nosso políticos, dá vontade de chorar com suas comissões que recebem informações depois que todo o mundo já sabe de informações escancaradas para o público. Quem é doido para comparar com as Comissões formadas no Congresso estadunidense?
Legal mesmo são as reportagens que eventualmente aparecem em revistas de grande circulação sobre arapongagens da ABIN em desfavor de algum partido político da oposição. Se o PSTB é governo, o PT é sabotado. Se o PT é situação, o PSDB é alvo. Taí uma das funções precípuas da ABIN.
Que lastimavel e triste situaçao, nao temos espioes, somos muuuuuito espionados, nao temos avioes e seremos(ja somos) alvos fáceis, vai sobrar pro exército chamar todos pra brigar no chao quando a vaca acabar de descer ao brejo pois ja esta la bem atolada .
Deus nos ajude !!
Sds.
Ja pincelei rapidamente sobre isso aqui… pra esses vermes é o seguinte:
Informações obtidas pelo “grande satã” (visando conter inequívocos movimentos extremistas confabulados nos quatro cantos do mundo), configuram uma inaceitável ofensa a soberania e audeterminação nacional com evidentes prejuízos a independência e dignidade dos nossos cidadãos. No entanto, a petralhada SABE desde sempre que todo tipo de informação é obtida por qualquer camarilha bolivariana ou seus aceclas de outros continentes, mas enxergam nisso uma aliança para o “progresso e prosperidade dos povos”. É so olhar o que é dito nesse CRIME contra o estado brasileiro que está sendo cometido no viral foro de são paulo!
Obrigado Vader!
O café entrou no Brasil via espionagem e contrabando e nos tornamos um dos maiores produtores mundiais.
O problema é que se trata isso como a tal “malandragem”, do brasileiro e fica de tal modo romanceado que parece coisa inocente. Diferentemente em outros países que é tratado com a devida seriedade.
Israel também entrou aqui paa caçar nazistas e com sucesso, conseguindo assim que se prorrogasse por mais 20 anos pelo menos o julgamento pelo seus crimes.
Sem dúvida essa estória mostra até onde esses países vão para tratar de seus interesses, é jogo de gente grande e não deixa de mostrar também, como fazemos de maneira contumaz a escolha de parceiros errados.
“A misteriosa morte do tenente-coronel José Alberto Albano do Amarante, da Aeronáutica, em 3 de outubro de 1981, evidenciou a atuação de um espião do Mossad, o célebre serviço secreto de Israel.”
É por isso que sou contra os EUA e Israel, na boa se algum dia tiver de pegar em fuzil para combate essa gente vou fazer com gosto.
É triste ver Brasileiros puxando saco de Âmis e Israelenses.
Pobre Brasil.
Soldat disse:
8 de agosto de 2013 às 11:09
Pobre do Brasil por estar no poder gente que pensa assim, como se soviéticos, cubanos, coreanos do norte, franceses fossem todos bonzinhos.
Enquanto isso “Âmis e israelenses” vão nadando de braçada ….
Ha!!! Essa e uma boa… Que “segredos” tao importantes devem ter conseguido do Brasil; Exemplo: Revelado o proximo caça tao avançado tecnologicamente que vai virar a balança armamentista na AL…o F-5, projeto altamente secreto e revolucionario.
Que há espionagem, há!
Mas o que um país sério pode fazer quando pega o outro bisbilhotando? Muita coisa: desde a expulsão do corpo diplomático até rompimento de relações, para começar por baixo. E o que faz um país despreparado, medíocre, submisso a todo tipo de interesses externos e internos? Esperneia. E é o que o Brasil faz!
Isso ai é para os que acham que não estamos em guerra!
Embora seja tragico, nao deixa de nos mostrar, que quem pode faz, e nao estao errados, estao defendendo sua soberania, o Brasil que possui instituiçoes capengas que nao tem capacidade de autodefesa, ou seja ao inves de culpa-los, devemos agrade-los por evidenciar a incompetencia do Brasil nesse quesito, agora falta apenas melhorar, espero que com militar no comando do SGI as coisas de fato evoluam !