Vem aí ‘trading’ estatal para a área bélica
O governo se prepara para criar uma empresa de negócios para a área bélica. A informação foi publicada no Diário Oficial da União de 8 de maio, mas passou praticamente incólume pelos órgãos de comunicação. Portaria interministerial das pastas de Defesa e Indústria e Comércio criou Grupo de Trabalho “com a finalidade de realizar estudos e identificar ou propor medidas de fomento para a ampliação da capacidade da Base Industrial de Defesa, com a criação de uma trading de defesa”. Além dos dois ministérios citados, o GT contará com participação do BNDES, Agência Brasileira de Desenvolvimento Industrial e Agência Brasileira de Promoção de Exportações e Investimentos. A portaria informa que haverá preservação de sigilo de dados sensíveis, ficando o tema, portanto, ao largo da nova lei de acesso à informação.
Informa o DOU: “A ‘trading’ deverá ter por objetivo promover, com apoio institucional, a comercialização (exportação e importação) de produtos de defesa, com a faculdade para operacionalizar contratos de compensação tecnológica, industrial e comercial”. Como o texto diz, a nova estatal – ainda sem nome – será preservada por sigilo. No entanto, fontes do setor acreditam que, ao comprar aviões para a FAB, o governo quer agir de forma profissional e obter compensações para suas empresas do setor, seja com a venda de peças e equipamentos ou com a obtenção de transferência de tecnologia. Especialistas dizem que a trading dará um caráter mais profissional às negociações entre o Brasil e as potências internacionais. Como se sabe, não há lugar para primarismo na área bélica, chamada sofisticadamente de “setor de defesa”. A nova empresa não tem nome, mas poderia ser Defesabrás ou Bras Trading.
Após uma década de negociações, o Brasil estaria prestes a fechar a compra de 36 caças para a FAB, por US$ 4 bilhões. Por serem aviões de combate, não serão usados para transportar autoridades, mas para dar proteção ao imenso território nacional. O ex-presidente Lula chegou a anunciar a importação de modelos Rafale, da francesa Dassault, enquanto circulou a notícia de que a Aeronáutica preferia o modelo Gripen NG, da sueca Saab. No entanto, ultimamente, tem-se falado muito na americana Boeing, produtora dos F/A-18 Super Hornet. O contrato seria assinado em outubro, durante visita da presidente Dilma a Washington. A nova estatal teria a função de permitir negociação de alto nível com os parceiros estrangeiros. Na verdade, para obter transferência de tecnologia dos inflexíveis norte-americanos, seria necessário ressuscitar o maior negociador do país, o Barão de Rio Branco.
Lula criou uma estatal para o pré-sal e Dilma uma para transportes, a Empresa de Planejamento e Logística (EPL). No setor de defesa, já existem a Engepron, vinculada à Marinha, e a Imbel, ligada ao Exército. O programa nuclear da Marinha gerou a Amazônia Azul Tecnologias de Defesa (Amazul), e a Nuclep é uma estatal que fornece para qualquer cliente, mas ultimamente tem focado sua produção para os submarinos. Por último e não menos importante, há uma quase estatal, a Vinova, empresa ligada a satélites, com 49% de capital da estatal Telebrás e 51% da ex-estatal Embraer, agora uma empresa plenamente privada, mas com estreitos laços com o governo.
FONTE: Monitor Digital / COLABOROU: Gustavo Bordini Brida
Essa notícia não deveria estar no Aéreo não? 🙂
Mais uma estatal para virar cabidão de emprego pros cumpanheiros a exemplo de TODAS as outras.
O governo do PT claramente quer fazer uma “Rosoboronexport” brasileira. Como o Min Def não possui gente competente para negociar a compra e venda de armamentos, nem gerenciar a transferência de tecnologia, me sai com essa agora.
Imaginem o que os caras que aprovam as exportações, importações e transferência de tecnologia não irão receber de propina nessas negociações. Vai pagar propina quem quiser exportar, vai pagar propina quem quiser importar, vai pagar propina quem quiser utilizar a tecnologia adquirida pelo Estado brasileiro nas compras governamentais, vai pagar propina quem quiser passar para outros países a tecnologia nacional.
Vai ser uma festa de arromba… Vai ter aspone enchendo o traseiro de dinheiro, vai ter gente viajando para o exterior a cada dois meses, vai ter gente ganhando “brindes” a torto e a direito. E a competitividade da indústria nacional numa dessas vai para o buraco com mais esse acréscimo no “Custo-Brasil”.
Isso é simplesmente INACREDITÁVEL! A miopia, a cegueira, a cretinice ideológica do governo do PT é simplesmente infinita!
Enfim, a aposta do governo é num modelo falido do séc. XIX, em pleno séc XXI.
O PT só está atrasado uns 200 anos…
Vader disse:
30 de julho de 2013 às 13:23
Essa notícia não deveria estar no Aéreo não? 🙂
Realmente, Vader. Nunão já mandou a nota lá:
http://www.aereo.jor.br/2013/07/30/segundo-jornal-uma-nova-defesabras-vai-lidar-com-a-transferencia-de-tecnologia-de-programas-como-o-f-x2/
FX-2 sendo decidido em 3..2..1….
Ah sim, off-topic, notícia de ontem:
http://portuguese.ruvr.ru/news/2013_07_29/O-Brasil-comprar-36-obuseiros-autopropelidos-dos-Estados-Unidos-9720/
Vader nada nada ja serao 72 brinquedinhos deste modelo ja que compraram 36 ano passado nao é ?!
Infelzmente é o que fica parecendo na foto… mais uma empresa cabidão de empregos.
Aí eu pergunto: cadê a tal secretaria ou agência que pretendia centralizar todas as aquisições no âmbito da defesa, que antes era feita por cada uma das armas ??
Há… mas aí vão dizer que não é uma “empresa” que pode comercializar, que não fica legalmente sob o sigilo que se pretende…etc…etc.
Por falar em sigilo, sigilo de quê ?? Da venda de meia dúzia de quinquilharias para defesa policial…. da venda de alguns “fodásticos” Super-Tucanos ?? Da venda de meia dúzia lançadores Astros ??
A divulgação destes euipamentos é sempre feita pelas empresas fabricantes…. precisa de uma “empresa” para fazer isto ??
Precisa de uma empresas, com seus custos “made in Brasil” para burocratizar e normatizar o que já é normatizado ??
Infelizmente a resposta é sim….. mas sim porque estes politicos metidos a gestores precisam de certa forma justificar ou tentar mostrar que fazem alguma coisa… além de justificar mais um monte de cargos, salários, despesas de jatinho, motoristas, acessores e cargos em comissão, enfim toda aquela tralha inútil e custosa que todos sabemos bem a 500 anos.
Depois se pede que não se misture com politica os assuntos e os comentários….. mas fica impossível separar a água da sujeira….
Sds.
Me parece o citado é uma evolução da anterior ideia inicial que foi noticiada a uns anos atrás da criação da Engesaer que era um conceito defendido pelo irmão do Aloísio Mercadante o Coronel Oliva.
O conceito inicial era uma estatal mirror (espelho) da EADS francesa e não vingou de imediato. Parece esta ser a versão 2.0 revista e ampliada do mesmo conceito mas com uma nomeação pior de Marca.
PESSOALMENTE se a nova versão realmente destina-se primariamente a aquisição e titularidade da tecnologia a ser obtida através do processo FX-2 para país EU estou muito contente pois para mim significa:
1) o governo não pretende mais favorecer CEGA E PARVAMENTE uma empresa não confiável como a Embraer comprando/cedendo/financiando tecnologia que ela negocia/utiliza sendo sua unicamente sob seu aspecto de lucro comercial transnacional;
2) se esta é a leitura correta, o FX-2 não vai dentro desta ótica para aquisição de tecnologia americana da Boeing e sim para a Dassault. Não há lógica em retirar a posse da tecnologia do FX-2 da Embraer para uma estatal para adquirir tecnologia militar americana sujeita a controle;
A Embraer obteve por uma década financiamentos estatais federais e paulistas para desenvolver tecnologias de fabricação e manufatura de compósitos e de fibras de carbono e como tinha a sua propriedade decidiu unilateralmente sequestrar todo este conhecimento desenvolvido por brasileiros no Brasil e transladá-lo para fora do país por vantagens comerciais e fiscais para Portugal e UE.
Apesar do possível/provável sucesso comercial do projeto KC-390 o desenvolvimento e arrasto tecnológico para o Brasil e sua base industrial fora da Embraer é PÍFIO.
Talvez estes episódios tenham ensinado ao governo que a PROPRIEDADE das tecnologias obtidas nos offsets pagos pelo dinheiro dos contribuintes brasileiros (ou financiados por eles) não podem ser doados a uma empresa “brasileira” que por qualquer 30 dinheiros de incentivo estrangeiro, sem qualquer pudor, translada conhecimento e tecnologia que deveria pertencer e permanecer ao Brasil.
giltiger disse:
30 de julho de 2013 às 22:54
A Propinobrás será uma trading de tecnologia para negociar estas entre o exterior e o parque industrial nacional, claro que garantindo a comissãozinha da tchurmitcha em ambas as pontas.
Ela não será usuária final de tecnologia. Estas permanecem as mesmas, dentre as quais a Embraer.
Quanto à tecnologia do FX2, se a Propinobrás não for cedê-la à Embraer, vai cedê-la à quem? Ou será que seu governo comunista vai fundar a “Embraer 2a Tentativa de Extorsão”?
Já que a única empresa brasileira que um dia terá capacidade de talvez, quem sabe, se tudo ajudar, montar um caça nacional (leia-se sua idolatrada The END) é a Embraer, não vejo porque a “tecnurugia” do FX2 não iria para ela.
E se será de qualquer maneira a Embraer a beneficiária, como de fato é, não faz o menor sentido o senhor dizer que a tecnologia será comprada da Dassault. Muito ao contrário, dado que Boeing e Embraer possuem profundos laços comerciais, a verdade é que tudo aponta a que o vencedor do FX2 seja exatamente o Boeing F/A-18E Super Hornet.
A Embraer já é grandinha o suficiente para prescindir do governo. É o governo quem não pode prescindir da Embraer, meu caro Gilberto, se é que de fato quer um dia construir aeronaves de combate em território brasileiro, como aponta a malsinada END.
De modo que tire seu cavalinho da chuva: o FX2 é um negócio amarrado COM a Embraer, e PARA a Embraer.
Mas é claro, a tecnologia adquirida através do FX2 com certeza terá suas salvaguardas de propriedade, até porque a Boeing não é cretina o suficiente para transferir sua tecnologia à Embraer para que esta repasse à OGMA, por exemplo.