Movimento Passe Livre sai de protesto e não levanta bandeiras
–
Representantes do grupo alegam que manifestações vinham assumindo características conservadoras
–
SÃO PAULO – Com a manifestação contra a reajuste da tarifa do transporte coletivo transformada em protesto contra partidos políticos e outras causas que se impuseram ao longo das duas últimas semanas, o Movimento Passe Livre (MPL) abandonou nesta quinta-feira o protesto na Avenida Paulista, antes do final, da mesma forma que os movimentos sociais.
Horas antes, em entrevista coletiva, representantes do grupo já haviam anunciado que não assumiriam, por enquanto, a frente de novos atos, assim como não pretendiam levantar nenhuma bandeira sem antes discutir com seus militantes e grupos alinhados à esquerda. Em vozes isoladas, no entanto, alguns líderes assumiam o discurso de que era necessário voltar a temas recorrentes no país, como a necessidade de reformas política e agrária, e a contrariedade a PEC-37, que retira a autonomia dos Ministérios Públicos.
Assim como os partidos, o Passe Livre, que deu origem às manifestações contra o aumento da tarifa de metrô e ônibus, foi chamado de oportunista, aos gritos, por uma parte dos manifestantes. Os grupos próximos do MPL são os movimentos de moradia, o MST e o coletivo Consulta Popular.
— Desde o protesto de segunda-feira, já sentíamos que a manifestação estava ganhando características conservadoras. A direita instrumentaliza pessoas que não têm informação, infelizmente. Estão organizados para expelir as organizações — afirmou Fátima Sandalhel, uma das representantes do Consulta Popular, que deixou a Paulista.
Negociação com partidos
Nesta quinta-feira, o sentimento dos militantes do MPL era de revolta. Aliado também a grupos anarquistas, o Passe Livre tentava romper o bloqueio de outros manifestantes gritando “fascistas”. Um dia antes, sentindo que a manifestação ganhava novas pautas, o MPL reuniu-se com os partidos de esquerda, inclusive com o PT, e com os movimentos sociais.
— A preocupação era que o protesto criasse um clima como o da queda de Salvador Allende, no Chile — estimou uma liderança do MST.
Com isso, o MPL e partidos rivais em muitos momentos, como PSTU, PSOL e PT, prometeram se aliar no protesto, do qual participaria também PCO e a liga de esquerda LER.
— O ato é público. Se o PT quiser vir, são convidados todos. A população tem discernimento sobre isso (a participação ou não dos petistas na queda do preço da tarifa) — disse Mayara Vivian, uma das representantes do MPL.
O movimento existe desde 2005 no país e ganhou força em São Paulo em 2006. Se considera “autônomo, anticapitalista, horizontal e apartidário”. Não contabiliza o número de militantes e se organiza em assembleias e por meio da internet.
Segundo o professor de música Rafael Siqueira, que também representa o movimento, a ideia agora é discutir e avaliar as reivindicações aos quais o MPL deverá se incorporar.
Os membros do movimento criticaram ainda a inclusão de reivindicações que consideraram fora da “carta de princípios” do MPL, como propostas de cunho racial e de distinção de gênero.
— Se organizem e façam suas manifestações— sugeriu Mayara, num recado sem destinatário definido.
Grupos que se organizaram pela internet, como Revoltados Online e Pátria Minha, afirmaram que os protestos vão continuar, agora focados na queda da PEC 37 e em pautas contra a corrupção. O mote do MPL “vem para a rua, vem contra o aumento” mudou para “vem pra rua, vem contra o governo”, mas sem os integrantes do Passe Livre.
FONTE / FOTO: O Globo
NOTA DO EDITOR: acreditamos ser pertinente repetir alguns trechos de nossa nota comentando as manifestações, há dois dias. O leitor pode trocar as palavras “manifestantes pacíficos” e “vândalos”, por “partidários” e “apartidários” ou mesmo “antipardidários” que o sentido da nota, para reflexão, continuará o mesmo:
As diferenciações entre “manifestantes pacíficos” e “vândalos”, e que estão em voga na mídia e nas declarações diversas, são coisas bem mais complexas daquilo que virou moda dizer nos últimos dias, assim como os elogios a uns e reprovações a outros, acompanhando essas declarações. Não são questões estanques. Nesse sentido, a distinção entre o organizado e planejado frente ao desorganizado e espontâneo não pode ser simplista.
Como a própria dinâmica das redes sociais, as realidades se sobrepõem e se interconectam, e papéis aparentes também mudam no dinamismo de cada momento e contexto, em questão de segundos e minutos.
É necessário também se atentar a agendas de lutas pelo poder que há muito existem: não é porque um fato novo acontece na história que essa mesma história dos conflitos de grupos organizados, pré-existentes, e que têm suas próprias agendas, deve ser descartada numa análise. “Mocinhos” e “bandidos” não nascem do dia para a noite, nem mudam suas agendas reais com essa rapidez.
Será que não passa pela cabeça do MPL que a sociedade em si é essencialmente conservadora, e que não há nada de “direita” nos protestos?
Para mim, isso é coisa de moleque que brincou com fogo na rua e incendiou o quarteirão todo, e agora tá encagaçado do bicho pegar pro lado dele.
Vinha assumindo características conservadoras.
Isso significa:
Começaram a hostilizar o PT e a corrupção; e o PT sempre nos apoiou, então por coerência, estamos fora.
Acho válido o texto colocado para reflexão,, sem dúvida alguma; concordo com a primeira parte do comentário do Rafael M.F. porque estou acreditando no comentário do Rogério Mendelski que denuncia funcionários LULISTAS empregados na Administração da Dilma como sendo os grandes infiltrados nas badernas; para mostrar o quanto é deficiente o governo Dilma e o quanto foi bom o governo Lula ESQUECENDO QUE O QUE HOJE ACONTECE É O RESÍDUO EXATAMENTE DO LULA!
Chequem:
http://www.rogeriomendelski.com.br/
Excelente escolha de foto, essa é uma faixa da qual devemos nos orgulhar.
Apenas para descontrair, e com o perdão antecipado a militantes petistas ou de qualquer outro partido (afinal muito amigo meu é militante disso ou daquilo), mas essas twitadas abaixo são a análise resumida da falta de “timing” e de compreensão, por parte de muitos militantes, dos caminhos que tomaram as manifestações e de como tratar da própria imagem. Nada como o humor ferino para mostrar isso: O humorista Helio de La Peña preferiu fazer piada com a presença de militantes do PT. “Petistas querem aderir às passeatas com o grito de guerra: ‘abaixo nós!'”, escreveu, no Twitter. “Desconfiava que o… Read more »
Renato B, apenas avisando que, nesse caso específico, a escolha da foto não foi nossa, foi da matéria original do jornal.
Acerca da reflexão proposta pelos editores: Ontem fui à manifestação em Campinas, que estava bem grande, por sinal. Analisando o comportamento de alguns presentes, eu percebi que existiam ali pessoas que estavam preparadas para o vandalismo, ou seja, já haviam planejado realizar depredações. Perto da prefeitura de Campinas, era possível ver pessoas chegando com máscaras de gás e com os rostos cobertos por capuz ou camisetas. Do momento que eu vi esses indivíduos até o momento em que ocorrera a primeira tentativa de invasão da prefeitura, decorreram cerca de 20 minutos. Ouvi alguns indivíduos agitados dizendo (antes da invasão) “vai… Read more »
O GF está infiltrando centenas de correligionários no meio das passeatas para iniciar as depredações e jogar o movimento contra a mídia e contra o resto da população.
Atitude totalmente stalinista ditatorial muito bem conhecida por todos, os manifestantes não devem mais entrar nesta, é exatamente o que o PT quer, desviar o foca das atenções e desmoralizar a todos.
quem está comandando o espetáculo é o Gilberto Carvalho, figura por demais conhecida por nós todos.
Grande abraço
Passe livre sai do protesto porque as passeatas começaram a ter “características conservadoras”.
Leia-se ai: manifestantes expulsaram grupos petistas que tentaram entrar na passeata.
O essencial é: agora que o MPL saiu da organização, veremos se de fato a coisa toda era o povo naturalmente se manifestando, ou era o grupo quem comandava tudo.
Jornal O Globo. Não precisa dizer mais nada.
Uíiii ….as moçinhas classe média / média lata dos “movimentos sociais” vão deixar de fazer passeata ??? Porque ?? Papai proibiu ?? O pessoal da passeata esta usando muito perfume francês adocicado ?? Ou cansaram de bater perna nas ruas ?? Passe livre “non ecxiste”…. ou acham que as empresas vão liberar geral sem cobrar ?? Então de onde vai sair o dinheiro para manter esta mamata ?? Do meu, do seu do nosso imposto pago !! Tinha que ser ideia de giríco deste pessoal da USP…. Agora o resto vai virar massa de manobra dos partidos de extrema esquerda,… Read more »
“Tinha que ser ideia de giríco deste pessoal da USP…”
Baschera, por favor, não generalize… A USP é imensa e esse estereótipo diz muito pouco de todo mundo que está lá (e até mesmo de seus diversos grupos militantes, que o que mais fazem é se detestar mutuamente e só em algumas causas conseguem formar algum conjunto).
Onde se lê :”lata” leia-se alta e onde se lê “bederneiros”… leia-se baderneiros.
Sds.
Este movimento passe livre era uma parte dos aparelhados que tinham outra idéia com os protestos e perderam o controle.
Ja vão tarde, sumam, alienados e pelêgos. Esta militância bovina, como ja bem dito aqui, não faz falta nenhuma. Agora é a vez do povo bucar justiça contra o corrupto chefe e sua camarilha enquanto eles tentam abafar a situação. O movimento é do povo e não destes grupelhos alienados, gado manipulado. Tarde demais sr lula, a casa caiu.