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vinheta-clipping-forte1A invasão do Palácio Tiradentes, sede da Assembleia Legislativa do Rio de Janeiro e depredado por um pequeno grupo de pessoas na manifestação que parou o centro da cidade na noite de segunda-feira, é vista como uma forma de mostrar força e de desafiar quem está no poder. A mesma definição pode ser dada ao protesto em frente ao Congresso Nacional, considerado um dos centros das decisões do país. Para especialistas, as manifestações populares que tomam ruas e avenidas das grandes cidades brasileiras desde a semana passada, surpreenderam as autoridades, sejam elas federais ou locais, por dois motivos: as atenções estavam voltada para a Copa das Confederações e, diante dos protestos — muitas vezes seguidos de atos de violência e vandalismo — ,não havia lideranças com quem negociar.

Não é de hoje que o povo desafia o poder ocupando prédios públicos. “O primeiro caso de que temos notícia aconteceu em 532, em Constantinopla (capital do Império Bizantino, atual Istambul)”, diz o coronel da reserva da Polícia Militar de São Paulo José Vicente da Silva Filho, ex-secretário nacional de Segurança Pública. Ele fez referência a uma confusão ocorrida depois de uma corrida de bigas, que levou o público a tentar invadir um dos palácios da cidade. “São pessoas mostrando poder e afrontando o poder”, observa o oficial, que também dá como justificativa a localização central dos prédios públicos, o que facilita as tentativas de invasão e as depredações.

Para o delegado aposentado da Polícia Federal Daniel Sampaio, especialista em operações táticas, fazer manifestações em frente aos prédios públicos é uma forma de marcar os movimentos. Porém, a experiência mostra que, muitas vezes, esses locais não são os alvos centrais dos protestos, mas rendem visibilidade aos movimentos, como os realizados em frente ao Congresso. “Depois do movimento de Brasília (na segunda-feira), a própria presidente se manifestou”, observa Sampaio.

Os especialistas concordam que os governos foram surpreendidos pelas manifestações, que surgiram pela primeira vez em São Paulo e foram convocadas por meio das redes sociais. José Vicente explica que muitos atos dessa natureza são comunicados antecipadamente à PM pelos responsáveis dos movimentos. “Nesse caso, a Polícia Militar tentou até se comunicar com os organizadores, mas não conseguiu contato e, com isso, as autoridades foram surpreendidas”, explica o coronel. Uma situação que, até agora, o comando da segurança pública não havia se deparado. A PM registrou, no ano passado, uma média mensal de 215 manifestações populares na cidade de São Paulo. Em todas, houve interlocutores para negociar.

Segundo Daniel Sampaio, outro motivo que pode ter surpreendido as áreas de segurança e inteligência foi a prioridade dada à Copa das Confederações, que começou na semana passada, coincidindo com os protestos contra o aumento das tarifas de transporte público em São Paulo. “Teoricamente, o ato de São Paulo começou isolado, sem nenhuma liderança”, diz Sampaio. “Depois, o movimento passou a ter vários aproveitadores”, acrescenta.

FONTE: Correio Braziliense via Resenha do Exército

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