vinheta-clipping-forte1foto internaO Brasil deverá ajudar o Haiti a formar engenheiros, capacitando-os a elaborar e executar projetos com o objetivo de contribuir para o desenvolvimento do país caribenho. A oferta foi feita esta manhã pelo ministro da Defesa, Celso Amorim, ao primeiro-ministro do Haiti, Laurent Salvador Lamothe, durante reunião na sede do Ministério da Defesa, em Brasília.

Segundo Amorim, o auxílio brasileiro compreenderá não somente o envio de professores e a estruturação do curso de formação de engenheiros, mas também a construção, em território haitiano, da estrutura física necessária para abrigar os alunos, além da aquisição dos equipamentos e do material que será utilizado nas aulas.

O curso deverá ser ministrado por docentes do corpo de engenheiros militares brasileiros. De acordo com Amorim, a ideia é formar cerca de 500 haitianos no Brasil e outros 1.000 no próprio Haiti. Esses profissionais sairão capacitados não somente nas habilidades específicas da profissão, mas também para lidar com ações de defesa civil e de resposta a catástrofes naturais, situações muito comuns na ilha caribenha.

A oferta brasileira foi bem recebida pelo representante haitiano. Lamothe afirmou que seu país está preparado para receber o apoio na formação profissional em engenharia. Ele lembrou que nos últimos três anos seu país sofreu três catástrofes naturais, incluindo o trágico terremoto de 2010, além de furacões.

Durante o encontro, ficou acertada a assinatura de um memorando de entendimento entre os dois países, cujos termos serão objeto de tratativas entre a diplomacia dos dois países. Em breve, o Brasil deverá enviar uma missão ao Haiti para discutir os detalhes da cooperação, que recebeu, segundo informou Amorim, o aval da presidenta Dilma Rousseff.

Nova etapa

FFB_1301A formação de engenheiros faz parte do conjunto de iniciativas que marcam uma nova etapa na cooperação do Brasil com o Haiti. Esse novo momento, como explicou o ministro brasileiro, deverá priorizar ações de caráter estruturante, que auxiliem o país caribenho a criar condições efetivas para seu desenvolvimento socioeconômico. “Iniciativas como essa fazem parte da herança que o Brasil quer deixar para Haiti”, disse Amorim.

O titular da Defesa afirmou que o Brasil não pretende retirar, de maneira irresponsável, suas tropas do país. Mas reiterou seu entendimento de que a permanência dos militares brasileiros não deve se perpetuar indefinidamente, criando o que ele chamou de uma “zona de conforto” para todos os envolvidos. “Queremos, progressivamente, deixar para o Haiti a responsabilidade por sua segurança e pela manutenção da lei e da ordem”, afirmou.

De acordo com o ministro da Defesa, parte dos recursos financeiros que serão investidos na formação de engenheiros haitianos deverá sair da economia resultante da desmobilização dos efetivos militares no país. O Brasil iniciou a redução de seu contingente, que deverá, em breve, voltar a ser de cerca de 1.200 homens, tamanho similar ao registrado antes do terremoto de 2010.

Amorim também citou como exemplos de ajuda de caráter estruturante, a possibilidade de o Brasil prestar apoio na formação da polícia nacional haitiana, e também tornar viável o financiamento para construção da hidrelétrica de Artibonite, no norte do país.

O ministro brasileiro citou tratativas em curso entre a Defesa, o Ministério das Relações Exteriores (MRE) e o Banco Nacional de Desenvolvimento Econômico e Social (BNDES) com o objetivo de obtenção dos recursos para a construção da usina. O Brasil já investiu US$ 40 milhões no projeto da hidrelétrica, que foi elaborado pelo Exército Brasileiro.

Segundo Amorim, há conversas envolvendo companhias brasileiras que teriam interesse no empreendimento. “Precisamos agora achar a empresa que irá financiar e construir”, disse Amorim, acrescentando que a usina poderá resolver um sério problema estrutural que inviabiliza o desenvolvimento do Haiti: a falta de energia elétrica.

O primeiro-ministro haitiano manifestou concordância com a proposta relativa à usina e aceitou a sugestão de Amorim de receber, em seu país, uma breve e futura missão com empresários brasileiros.

Lamothe enfatizou como uma de suas principais preocupações a área de segurança. Ele pediu apoio para treinar e equipar uma força de ação rápida – corpo de elite militar capaz de atuar em eventuais situações de falha da polícia regular. Segundo o representante haitiano, essa força seria constituída por 600 homens.

Amorim se comprometeu a ajudar Lamothe, explicando que, no Brasil, a competência relativa à formação policial e à segurança pública, cabe, no nível federal, ao Ministério da Justiça. Ambos combinaram que a embaixada do Haiti enviará ao governo brasileiro um pedido formal que será objeto de análise pelo órgão competente com o intuito de tornar viável a iniciativa.

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Antes de dirigir-se à reunião, Lamothe e comitiva foram recebidos com honras militares pelo ministro brasileiro. Estiveram presentes ao encontro o comandante da Força Aérea, brigadeiro Juniti Saito; os chefes dos Estados-Maiores da Armada, almirante Eduardo Monteiro Lopes, e do Exército, general Joaquim Silva e Luna; além do chefe do Estado-Maior Conjunto das Forças Armadas, general José Carlos De Nardi, e do secretário-geral da Defesa, Ari Matos Cardoso.

FONTE: Ministério da Defesa

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Observador
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11 anos atrás

A situação do país é tão complicada que mesmo esta ajuda para formar engenheiros pode ser inútil. O mercado profissional para qualquer profissão regulamentada no Haiti é restritíssimo.

É bem capaz dos engenheiros formados baterem asas para tentar exercer o seu ofício em outros lugares, talvez até mesmo no Brasil e, não conseguindo, se contentem com qualquer outro emprego mesmo.

Para mim, o que ajudaria a economia haitiana a se reerguer seria os EUA e alguns outros países abrirem seus mercados ao etanol que o Haiti produzisse. Isto atrairia empresas interessadas em investir em novas usinas de açúcar, etanol e, porque não, energia elétrica.

E, desde que a colheita não fosse mecanizada, estaria se criando trabalho para milhares de haitianos.

Seria o mínimo que os EUA e outras nações que exploraram o Haiti – e exploraram no pior sentido – poderiam fazer para desfazer um pouco o estrago que fizeram.