América Latina: nem uma só cidade entre as 100 mais importantes em produção de conhecimento científico

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vinheta-clipping-forte1(Andres Oppenheimer – La Nacion, 14) 1. A prestigiada revista Nature Scientific Reports acaba de publicar um mapa das cidades mais importantes na investigação científica, e os países latino-americanos primam pela ausência: mostra o hemisfério Norte cheio de pontos luminosos e o Sul quase todo escuro. O mapa é especialmente significativo porque não se trata de uma opinião subjetiva dos editores da revista, mas um estudo baseado em mais de 450 mil artigos e citações científicas de mais de 2000 cidades ao redor do mundo publicados em revistas da American Physical Society nos últimos 50 anos.

2. O mapa mostra que, apesar da permanente superioridade tecnológica dos Estados Unidos, o percentual de estudos de física originados no país caiu de 86% do total mundial na década de 1960, para menos de 37% atualmente. Boston, Berkeley e Los Angeles continuam sendo os centros de produção científica mais importantes do mundo na física, mas estão sendo seguidos de perto por Tóquio e Orsay. Nos Estados Unidos, houve uma transferência gradual da produção de conhecimento de algumas cidades da costa leste e oeste para algumas cidades do Centro-Oeste e Sul. Na Europa, já não há um predomínio absoluto da Inglaterra e dos países nórdicos, como nos anos 90, mas houve um aumento gradual de cidades na França, Itália e Espanha.

3. Mas não há nenhuma cidade latino-americana entre as 100 primeiras cidades produtoras de conhecimento científico do mundo, de acordo com a publicação. Uma tabela que aparece junto ao mapa, mostra que 56% das 100 maiores cidades produtoras de artigos científicos no mundo, estão nos EUA, 33% na Europa e 11% na Ásia. Uma possível explicação é que as universidades latino-americanas são muito boas na área de humanas, mas não estão entre as melhores do mundo em ciência.

4. Richard Florida, professor da Universidade de Toronto e guru internacional sobre o tema de cidades inovadoras, me disse que o mapa da Nature Scientific Reports é “verdadeiramente preocupante”. Em sua opinião, o mapa revela que, apesar de tudo o que se escreve sobre a ascensão do mundo emergente e apesar da desconcentração dos centros científicos, o fosso entre países ricos e pobres não está diminuindo muito no campo científico. Uma má notícia, diz ele, porque estamos em uma economia global baseada no conhecimento, em que a ciência e engenharia cada vez mais determinam a riqueza das nações.

5. Mas o mapa das cidades líderes em ciências deveria servir como um lembrete do desafio que nossos países enfrentam para fazer parte da vanguarda científica mundial. Este mapa deve ser colocado à vista de todos, como um antídoto para a complacência e como um chamado para que se invista cada vez mais em pesquisas científicas específicas para cada país.

FONTE: Ex-Blog do Cesar Maia

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Colombelli
Colombelli
11 anos atrás

Este resultado espelha bem o tipo de governos que tem prosperado na América Latina, acostumados a cerrar ombros com Irã, Cuba, Coreia do Norte em detrimento de parcerias, como por exemplo, com os EUA ( o “imperio do mal”, que é o maior produtor de conhecimento no planeta). No caso do Brasil, tendo sido eleito um presidente que se confessa indíviduo de pouco estudo e cujo governo lançou livros didáticos ensinando a falar errado e a somar 2+2 e achar 5, e onde se investem 30 bilhões em estádios e estruturas para um evento de um mês que não trará nem 1/3 disso em resultado, não é de se espantar com isso. Estamos cada vez mais na mão de poucos paises que produzem a maior parte do conhecimento tecnológico que embasa a vida moderna. E isso não é uma estratégia maligna de dominação do império do mal e seus aliados, é resultado unica e exclusivamente de nossa postura e atitude. Cada povo tem o governo que merece e que o reflete.

giltiger
giltiger
11 anos atrás

Mesmo sendo uma das mais importantes publicações científicas do mundo a Nature Scientific Reports comtinua sendo uma publicação de ciência americana onde pesquisadores estrangeiros nos EUA e trabalhos SELECIONADOS fora dos EUA são publicados.

A BABAÇÃO de ovo sobre a superioridade tecnológica americana foi DEMASIADA e narcisicamente auto-elogiosa.

Tipo chamar de World series a final de da liga nacional de baseball americana.

A ausência quase total dos sul-americanos TAMBÉM se explica pelo preconceito notório da publicação americana em publicar pesquisas latino americanas e a própria timidez ou mesmo vergonha dos pesquisadores sul-americanos d sequer tentarem a publicação de seus trabalhos quando trabalhando no Brasil. Um ciclo retroalimentado e vicioso.

Vader
11 anos atrás

Ah é, a culpa de novo é do PIG…

Colombelli
Colombelli
11 anos atrás

Prezado Giltiger
Não se trata de complexo de vira-lata ou de autoexaltação deles. Retire a contribuição tecnológica norte-americana à vida moderna e veja o que sobra. Verá que estariamos com luz de lampiões, sem computadores, sem internet, sem celulares, sem microondas, e por ai vai. So a título de comparação, eles tem 25 centros nacionais de pesquisa, do quilate de um Lawrence Livermore, Lawrence Berkley, Fermilab, Sandia Lab.. Argonne, Oak Ridge Lab, dentre outros, os quais estão pesquisando de nanotecnologia, e fusão a frio, a novos empregos de laser. E nos o que estamos fazendo? Me mostre 05 pesquisas daqui com repercussão na comuinidade científica mundial. Até as calça jeans que vestimos tem origem lá no “preconceituoso império do mal”. Mas que se pode esperar, repito, de uma região governada por elementos como Morales, Kirchner, lula, Chaves se não isso? Que se esperar de um governo que gasta 30 bilhões com copa? Quanto vai destinado à pesquisa no Brasil?

nunes neto
nunes neto
11 anos atrás

giltiger, toda publicação de renome internacional na área de pesquisa (na minha pelo menos,microbiologia,genética,namotecnologia,zoologia), sempre tem um corpo editorial e de revisores de vários países inclusive brasileiros! Não vejo esse caso de “timidez” dos nossos pesquisadores,mas te garanto que a falta de domínio da língua inglesa,faz com que muitos deixem de publicar em revistas internacionais , mas quem quer procura um tradutor juramentado e pronto,na Instituição que trabalho a maior parte dos artigos publicados são em revistas internacionais e de qualis A.Abçs

nunes neto
nunes neto
11 anos atrás

Vou te dizer o que acontece,um pesquisador de universidade americana precisa, produzir artigos para manter seu emprego, no Brasil se vc passar num concurso, já era…estabilidade é uma desgraça para produção cientifica do país! Coloca uma lei, todos que passarem num concurso na área d pesquisa precisam produzir no mínimo 3 artigos por ano senão perdem o emprego,quero ver se a produção não aumenta :), hoje mesmo estava lendo alguns artigos internacionais, de equipes renomadas (EUA),Putz,cheio de erro grotesco, os caras colocaram um microorganismo de um gênero em outro gênero e criaram uma árvore genética toda errada,kkkk.Abçs

nunes neto
nunes neto
11 anos atrás

Colombelli,Putuz 5,em que área vc quer? microbiologia,genética, neurociência, engenharia?Não subestime nossos pesquisadores;mas uma coisa é verdade temos poucos centros de alto nível, mas temos, e reconhecidos internacionalmente.Abçs