China desvenda poderio militar e critica sombra dos Estados Unidos na Ásia

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How Hwee Young, EPA

Carlos Santos Neves, RTP

vinheta-clipping-forte1O Ministério da Defesa da China publicou esta terça-feira o oitavo livro branco sobre as suas capacidades militares desde 1998, um documento que pela primeira vez detalha números de operacionais e a distribuição geográfica dos diferentes ramos das Forças Armadas. Neste trabalho há também uma condenação implícita do processo de “reequilíbrio” de forças que as estruturas militares de Washington estão a empreender. O reforço da “presença militar” norte-americana na Ásia é encarado por Pequim como combustível de tensão.
O documento agora tornado público intitula-se O emprego diversificado das Forças Armadas da China e soma quatro dezenas de páginas.

No prefácio, a cúpula da Defesa Nacional dá ênfase a um “inabalável compromisso” para com “o caminho do desenvolvimento pacífico”. Para sublinhar, adiante, que a China enfrenta hoje “múltiplas e complicadas ameaças à segurança”. Pelo que as autoridades do colosso asiático entendem como crucial a proteção da “unificação nacional”, da “integridade territorial” e dos seus “interesses de desenvolvimento”.

“Há alguns países que estão a fortalecer as suas alianças militares na Ásia-Pacífico, expandindo a presença militar na região, e frequentemente tornam a situação ali mais tensa”, escrevem os relatores chineses, num claro recado com o Pentágono por destinatário.

Tais manobras da Administração norte-americana, reforçou entretanto Yang Yujun, porta-voz do Ministério chinês da Defesa, “não estão de acordo com os desenvolvimentos destes dias e não são conducentes à manutenção da paz e estabilidade regionais”.

O incómodo de Pequim com a investida norte-americana é também manifestado no Diário do Exército de Libertação do Povo, cujos redatores escrevem abertamente sobre a necessidade de consolidar o poderio militar chinês diante de um Ocidente apostado em enfraquecê-lo: “Forças hostis ocidentais intensificaram a sua estratégia para ocidentalizar e dividir a China e usaram todos os meios possíveis para conter e controlar o desenvolvimento do nosso país”.

Números

Num gesto que a agência oficial Xinhua descreve como inédito, o Ministério da Defesa da China publica detalhes acerca dos efetivos dos ramos das Forças Armadas – nas fileiras do Exército estarão atualmente 850 mil homens, na Armada 235 mil e na Força Aérea 398 mil. Mas também sobre a sua distribuição geográfica.

As forças territoriais, lê-se no último livro branco, distribuem-se, assim, por 18 corporações ditas combinadas, que estão sob a jurisdição de sete comandos: Pequim, Nanjing, Chengdu, Guangzhou, Shenyang, Lanzhou e Jinan.

A Força Aérea atua sob unidades de comando nos mesmos sete sectores, ao passo que a Marinha de guerra dispõe de três grandes frotas: Beihai, Donghai e Nanhai.

O mesmo documento faz uma referência menos detalhada à chamada “segunda força de artilharia”, de que fazem parte quer os mísseis convencionais, quer as ogivas nucleares. Estas capacidades, escreve o Ministério da Defesa, são cruciais para a “dissuasão estratégica”. Visam antes de mais “dissuadir outros países de usarem armas nucleares” e, numa fase ulterior, poderiam ser acionadas em “contra-ataques nucleares e ataques de precisão com mísseis convencionais”.

Território

É também à política de alianças regionais de Washington que Pequim aponta o dedo quando avalia os crónicos diferendos territoriais que mantém com o Japão, as Filipinas e o Vietname.

“Sobre os assuntos que dizem respeito à soberania territorial da China, direitos marítimos e interesses, alguns países vizinhos estão a ter ações que complicam ou exacerbam a situação e o Japão está a causar problemas com a questão das Ilhas Diaoyu”, particulariza o Ministério da Defesa Nacional.

Aquelas ilhas desabitadas, que os japoneses designam como Senkaku e os chineses como Diaoyu, são controladas pelo Japão e reclamadas por Pequim e Taiwan.

Vietname, Taiwan, Malásia, Filipinas e Brunei alimentam também diferendos de soberania com Pequim sobre porções do Mar da China Meridional. Mas o livro branco refere-se às “forças separatistas” de Taiwan como a maior ameaça à estabilidade no Estreito.

FONTE: www.rtp.pt

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