Brasil compra arma antiaérea para Copa das Confederações e Papa
Tahiane Stochero
O Brasil comprou um sistema de artilharia antiaérea alemão, composto por 34 carros de combate Gepard capazes de abater mísseis, aviões, helicópteros ou drones (aviões não tripulados) a até 15 km de distância e até 3 km de altitude, para garantir a segurança dos grandes eventos.
Os blindados são usados, pertencem ao Exército da Alemanha, e sofreram uma remodelação, tendo sido “recuperados” em 2010, recebendo novas tecnologias que podem operar até 2030.
“O contrato será assinado ainda nesta semana ou, no máximo, na próxima (até o dia 19)”, afirmou o comandante da Brigada de Artilharia Antiaérea, general Marcio Roland Heise, ao G1.
Oito blindados chegarão ao país em caráter emergencial até junho e ficarão em Brasília, para a abertura Copa das Confederações – o Brasil enfrenta o Japão no dia 15, no Estádio Nacional.
“Pretendo estar com toda a tropa preparada e treinada para atuar com o novo sistema na abertura e no encerramento da Copa das Confederações e na visita do Papa, para garantir a segurança de quem estiver nos estádios”, disse.
“As duas baterias antiaéreas, com 16 carros cada uma, não virão imediatamente. Os oito primeiros queremos que cheguem rápido. Passarão por ajustes no Brasil para a Copa das Confederações. Os demais serão enviados até 2015”, acrescentou ele. Outros dois outros carros ficarão em uma escola militar, para instrução.
Os blindados Gepard 1A2 pesam 47,5 toneladas, possuem 7,7 metros de altura e 3,7 de comprimento. São equipados com dois canhões Oerlikon de 35 mm, que trabalham em conjunto um sistema de radares com campo de visão de até 15 km de raio. A fabricante informa que eles atingem alvos até 5,5 km de altura, mas, no Brasil, serão usados a baixa altitude (até 3 km).
O Exército informou oficialmente que o contrato será assinado “nos próximos dias (com o Ministério da Defesa da Alemanha), com base em valores que ainda estão sendo negociados”.
Em fevereiro, o vice-presidente, Michel Temer, assinou uma intenção de compra para adquirir um sistema de artilharia antiaérea da Rússia que tem capacidade de atingir alvos a até 15 km de altitude. O Brasil não tem atualmente esta tecnologia, que é uma exigência da Fifa para a Copa do Mundo. Em 2012, o G1 mostrou a situação do sucateamento do Exército, que possui armas antiaéreas da década de 70, classificados pelo general Heise na época como “defasados tecnologicamente”.
Carros são usados e reformulados
Segundo o oficial, o valor da negociação só será divulgado após a assinatura do contrato. “Foi uma proposta muito boa que recebemos pela qualidade altíssima do material”, diz.
Notícias divulgadas pela imprensa alemã apontam que a oferta da empresa Krauss-Maffei Wegmann (KMW), que vende o sistema, seria de 30 milhões de euros (cerca de R$ 77 milhões). O representante da empresa no Brasil informou que, como a negociação é entre os Exércitos de Brasil e Alemanha, só iria se manifestar após a assinatura do contrato.
“Os carros foram reformulados, receberam novo sistema de radares e computadores, canhões de 35 mm e tecnologia de guiamento, que seguem o alvo mesmo se ele desviar. O Exército alemão iria o usar os blindados, mas a Otan (Organização do Tratado do Atlântico Norte) mudou algumas diretrizes em relação à defesa antiaérea e eles tiveram que deixá-los de lado”, afirmou o general.
Em 15 de março deste ano, o Boletim do Exército publicou uma portaria aprovando critérios para a aquisição e implantação do sistema antiaéreo Gepard. O texto apresentava como argumentos para a compra a proteção das duas brigadas do país que abrigam blindados e também de estruturas estratégicas, como usinas hidrelétricas, e que seriam essenciais para uma eventual guerra.
Elas estão localizadas em Ponta Grossa (PR) e em Santa Maria (RS). Entre 17 e 20 de março, 20 militares já receberam instruções em Hardheim, na Alemanha, para conhecer as novas armas.
O documento do Exército cita o Gepard como “um sistema de armas autônomo e
altamente móvel, com alta prontidão operacional, pequeno tempo de reação e capaz de fazer frente a uma variada gama de ameaças”.
Em 2011, o Exército realizou um teste em Formosa (Goiás) para avaliar as capacidades dos canhões. “Nas nossas avaliações, ele foi o único que conseguiu destruir um aeromodelo na distância para o qual é habilitado”, argumentou o general Heise.
A oferta da KMW inclui ainda peças de reposição, suporte técnico, treinamento e transferência de tecnologia. Durante a Copa das Confederações e a visita do Papa, os blindados não ficarão “à vista do público”, mas serão colocados em locais estratégicos em que possam ter visão de possíveis alvos.
Artilharia para a Copa
A compra dos equipamentos alemães não supre a necessidade do Brasil para a Copa, pois eles não possuem a capacidade de atingir alvos a até 15 km de altitude, uma das exigências da Fifa. Atualmente, o Brasil não possui esta capacidade.
Para ter uma ideia da importância da artilharia de médio alcance, todos os países da Organização do Tratado do Atlântico Norte (Otan) têm esta capacidade de abate nesta altura. Nenhum na América Latina conta com o instrumento.
Em fevereiro, a presidente Dilma Rousseff recebeu em Brasília o primeiro-ministro da Rússia, Dmitri Medvedev, para negociar a aquisição deste sistema a médio alcance e uma carta de intenção de compra foi assinada. Brasil pretende comprar duas baterias antiaéreas do modelo Igla, de baixo alcance, e três do modelo Pantsir-S1, de médio alcance. O valor da negociação não foi informado pelo governo.
Segundo o general Heise, as negociações com a Rússia estão ainda em andamento. “A Copa do Mundo está em cima da hora, temos menos de um ano e meio para nos prepararmos, mas acredito que dará tempo para chegar tudo e prepararmos a tropa para operar os equipamentos”, disse ele.
Uma proposta para modernização do sistema brasileiro apresentada pelo Exército tinha o custo de R$ 2,354 bilhões. Contudo, o Livro Branco de Defesa Nacional, divulgado em 2012 pelo Ministério da Defesa, estimava em R$ 859,4 milhões a previsão de investimentos na área até 2023.
FONTE: G1
Há vários equívocos na reportagem.
Primeiro, o Gepard é eficaz a menos de 4 km e não a 15 km.
Segundo, quando diz que todos os países da OTAN possuem sistemas capazes de interceptar aeronaves a 15 km. Não é verdade.
A maioria dos membros da OTAN não possui essa capacidade e duvido muito que seja exigência da FIFA já que a África do Sul (2010) também não a tem.
Embora goste do Gepard sua função nada tem a ver com a Copa das Confederações ou com a Corrida de São Silvestre ou mesmo com a migração das araras azuis da Patagônia ou a dança de acasalamento das salamandras hermafroditas do Cazaquistão.
A maior ameaça a esses eventos vem de aviões civis sequestrados, e para abatê-los de forma consistente e relativamente segura se faz necessário um míssil com grande capacidade explosiva (de forma a conseguir o colapso da estrutura do avião) e com um alcance razoável (de modo a permitir que o abate ocorra em área com baixa densidade populacional)
A se usar o Gepard nesses eventos ele não acrescenta nada aos vetustos canhões AA auto-rebocados de 40 e 35 mm associados ao sistema EDT-FILA e ao radar Sabre, que já possuímos a um bom tempo. Estão substituindo 6 por meia-dúzia, e o simples fato do Gepard ser um sistema autônomo e altamente móvel é irrelevante na proteção de um estádio de futebol ou coisa que o valha.
Já na proteção de nossos veículos blindados essa mobilidade e autonomia, somado ao grau de blindagem oferecido, é essencial.
E mudando de pato pra ganso, alguém saberia me dizer o que vem a ser uma bateria de míssil Igla?
Até onde minha leiguisse me permite entender, uma “bateria” é a menor unidade de um determinado sistema de artilharia capaz de operar isoladamente.
No caso do Sistema Pantsir esse termo “bateria” não demonstra a real capacidade do veículo de combate antiaéreo tendo em vista que ele é totalmente autônomo, mas tem razão de ser na medida que o veículo pode precisar de reparo, reabastecimento, etc.
Mas e no caso de um manpads, o que vem a ser uma bateria?
Minha nossa, que reportagenzinha mequetrefe…
Bosco,
Uma bateria é composta por 6 unidades de tiro.
Saudações!
Põe na conta do Papa!
Bosco, me perguntei isso no exato momento em que li a matéria. Bateria de Igla?