vinheta-clipping-forte1Estudo inédito divulgado ontem, no Rio, pelo Instituto de Pesquisa Econômica Aplicada (Ipea) revela que a compra de armas de fogo no Brasil caiu 35% após a criação do Estatuto do Desarmamento, sancionado em dezembro de 2003. Segundo a pesquisa, o número de pessoas que adquiriram armas legal ou ilegalmente, entre 2003 e 2009, sofreu uma redução de 57 mil para 37 mil. Na contramão dessa queda, os homicídios em residência com uso de armas de fogo cresceram cerca de 26%, indo de 2.503 para 3.155 homicídios.

O Ipea utilizou, pela primeira vez, a Pesquisa de Orçamentos Familiares (POF) do IBGE para analisar os impactos do Estatuto do Desarmamento. As regiões que mais puxaram a queda na compra de armas foram Nordeste, Norte e Sudeste com reduções de 56,5%, 54,5% e 38,9%, respectivamente. A Região Sul foi a única que apresentou crescimento: 21%. A diminuição da venda de armas, porém, não foi suficiente para impedir o aumento nas taxas de homicídios. Segundo o Mapa da Violência 2013, as mortes no Nordeste aumentaram de 19,4 por cem mil habitantes, em 2003, para 27,7, em 2009. No Norte, subiram de 13,4 para 22,1. No Sul, cresceram de 15,9 para 19,3. Apenas o Sudeste registrou redução: de 28 para 16,4 homicídios (na média do Brasil, a taxa de homicídio caiu 1%).

Para Daniel Cerqueira, um dos coordenadores do estudo e diretor do Ipea, as mortes nas residências são as mais preocupantes:

– Tomei um susto. Isso mostra uma questão dramática. É preciso ter um controle da arma de fogo porque muitas das mortes ocorrem por motivos interpessoais, coisas banais, questões de família. O outro fator importante, que ainda é um tabu, trata-se da discussão sobre violência doméstica.

A redução na compra provocou crescimento de 11% no preço das armas.

– O Estatuto do Desarmamento restringiu o acesso. Por outro lado, 55% das compras são feitas de particulares, ou seja, compras pouco institucionalizadas, o que dificulta o controle – ressaltou Marcelo Neri, presidente do Ipea e ministro interino da Secretaria de Assuntos Estratégicos da Presidência da República.

O Ipea apontou ainda que um aumento de 1% na compra de armas faz crescer 1% a 2% a taxa de homicídio.

– Se a compra de armas não tivesse aumentado nos anos 80 e 90, poderíamos ter uma taxa de homicídio que seria a metade da atual, semelhante à de nações como Costa Rica e República Dominicana – disse Cerqueira.

Como então houve aumento na taxa de homicídio de 2000 a 2010 mesmo em estados que reduziram o número de armas? Segundo Cerqueira, não é só o controle de armas que explica a taxa de homicídios, mas um conjunto de fatores:

– É como uma pessoa que se alimenta bem e mesmo assim enfarta. Ela se alimenta bem, mas fuma bastante e é muito sedentária. Da mesma forma, outras variáveis entram para explicar um aumento no número de homicídios, como o mercado de drogas, uma deterioração nas forças policiais. Se não tivesse tido a redução na proliferação de armas, esse quadro estaria pior ainda.

Ainda segundo o Ipea, os homens têm oito vezes mais chances de comprar uma arma. No entanto, essa demanda masculina sofreu redução de 45,1% após o estatuto. Os jovens entre 20 e 29 anos superam em 172% as pessoas 20 anos mais velhas na compra de armas, mas nesse quesito também houve queda de 51,2% entre 2003 e 2009.

Embora tenham menor renda, os analfabetos e as pessoas com até três anos de estudo compram armas com o dobro da frequência observada entre os que tem 12 anos ou mais de escolaridade. E a proporção de compradores de armas é 396,4% maior no campo do que nas metrópoles.

O sociólogo Antônio Rangel Bandeira, do Viva Rio, criticou o lobby pró-armas no Congresso:

– Há uma força do lobby de 29 parlamentares que defendem o interesse na venda de armas. São 73 projetos de lei que tentam derrubar o Estatuto do Desarmamento.

O Rio Grande do Sul, na região que está na contramão da redução na compra de armas de fogo, é o estado com mais armas por habitante. Segundo a Polícia Federal, o estado tinha 131.846 armas registradas em 2010, uma para cada 80 moradores.

– O referendo sobre o desarmamento já havia mostrado isso. Além de uma cultura de valorização do heroísmo, o estado tem relação muito próxima dos seus ideólogos com a indústria de armas – apontou o sociólogo José Vicente Tavares, coordenador do grupo de pesquisa Violência e Cidadania da UFRGS.

FONTE: O Globo via Resenha do Exército

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Luis
Luis
11 anos atrás

Blá-blá-blá governamental, notoriamente desarmamentista, pouco preocupado com a violência, que tem como causa principal a impunidade.

E sempre aparece um palhaço do Viva-Rio pra falar m*rд@!

Vader
11 anos atrás

Lixo, pftui, pftui, pftui.

Explica aí então ó gênio do desarmamento, como é que cerceando as vendas de armas a taxa de homicídios disparou no Brasil inteiro, com exceção do Sudeste e, assim mesmo, puxado quase que exclusivamente por São Paulo?

Escroques! Crápulas! Biltres!

Um dia a História ainda vai contar o que foi esse malsinado estatuto do desarmamento…

giltiger
giltiger
11 anos atrás

Mais um artigo de defensor de desarmamento que insulta a inteligência distorcendo os fatos para vender sua ideia fixa.

Os defensores misturam no mesmo saco a violência doméstica com armas de fogo com a violência criminosa da bandidagem em geral.

Eliminar as armas dos cidadãos pode até diminuir em algum grau as estatísticas específicas de violência doméstica com armas de fogo mas é um argumento FALHO pois além de evitar que a maioria que tem responsavelmente uma arma para sua proteção se sinta mais inseguro no seu dia a dia, a PRETENSA diminuição da violência doméstica NÃO OCORRE pois ela é apenas transferida para outro tipo de violência pois não é a arma que gera a violência são as pessoas.

Se não tem arma de fogo, vai faca, porrete, veneno ou na mão mesmo.
Ela apenas transfere a violência existente no SER HUMANO para outro modo de agressão.

As armas usadas pelos criminosos em sua “atividade” está mais que comprovado vem do comércio ILEGAL na massiva maioria e limitar o comércio legal de armas tem um efeito pífio na criminalidade de verdade, como a pesquisa do IPEA COMPROVA e o douto pesquisador sociológico dá voltas e círculos de raciocínio para manter sua tese integra.

giltiger
giltiger
11 anos atrás

Avisa este biltre que a tradição de armas no Pampa gaúcho se mantém viva e NECESSÁSIA por causa do abigeato, roubo de animais no campo e mais recentemente pelas quadrilhas “da capital” e até de outros estados que anda experimentando a modalidade de turismo criminoso no interior onde bando de criminosos visitam comunidades mais ricas do interior para roubar banco, roubar armas de policiais e aterorizar a cidade.

Num país ENORME como Brasil defender desarmamento para TODOS de dentro de um apartamento numa grande metrópole do Rio ou São Paulo mostra o tamanho BRUTAL do desconhecimento do seu país e da insânia desta gente do desarmamento a qualquer custo…

Vader
11 anos atrás

Os leitores da Trilogia vejam só o tamanho da coisa: esse estudo é tão canalha, tão lixoso, tão sem noção, que pela primeira vez desde tempos imemoriais eu e o Gilberto concordamos em alguma coisa. 😉

Pra se ter noção do tamanho da empulhação que é isso aí…

Mayuan
Mayuan
11 anos atrás

Só quem é ignorante que não sabe que estatística demonstra o que quer que você queira demonstrar dependendo de quais premissas você escolhe e quais dados você escolhe ou descarta.

Quero ver quando farão uma estatística de quais calibres e quais tipos de armas estão matando mais pessoas. Vão descobrir que os calibres que mais são usados são os que são vetados à população, a maioria aliás.

Pra quem não sabe, o cidadão brasileiro é proibido de comprar qualquer coisa maior que o 38SPL para revólveres e 380ACP para pistolas. O mesmo se aplica para armas longas raiadas.

Revólveres 357? Pistolas 9mm, .40, .45? Submetralhadoras? Fuzis? Isso nunca foi permitido e isso é o que mais mata no Brasil.

Existem crimes de crianças que acham armas e matam outras crianças? De maridos traídos, de vizinhos que se desentendem, de brigas de trânsito? São fatalidades lamentáveis mas qual a proporção diante do grosso das mortes diárias? Essas mortes decorrem da posse legal de armas por cidadãos dentro da lei? Também mas não somente. Muitos desses casos ocorrem com armas ilegais ou de agentes do Estado que descuidaram de sua arma. Decorrem ainda da impunidade que ainda permite que 90% dos crimes de morte fiquem impunes e mesmo sem investigação.

Experimentem fazer o que faço, ler as notícias com olho crítico, pensando em que tipo de arma foi usada naquela situação e de quem origem ela é. Vão ver que o que digo não é tão absurdo quanto possa parecer inicialmente.

Nesse caso, por exemplo, tirado do jornal de hoje, me digam qual das armas foi vendida legalmente:

http://odia.ig.com.br/portal/rio/bope-apreende-armas-e-drogas-no-morro-do-18-1.567670

Requena
Requena
11 anos atrás

Impressionante como os caras tentam enganar o povo.
Pesquisas fajutas, campanhas publicitárias, etc.
Tudo pra deixar o povo desarmado. O que está por trás disso tudo? Me dá até medo pensar…