ONU consulta e Brasil avalia envio de tropas para missão de paz no Líbano
Tahiane Stochero Do G1, em São Paulo
Os ministérios de Relações Exteriores e da Defesa estudam a possibilidade do Brasil enviar tropas terrestres para a missão de paz da ONU no Líbano (Unifil), encarregada de monitorar o conflito na região desde 1978. A informação foi confirmada por ambas as pastas.
A análise começou após a Organização das Nações Unidas (ONU) consultar o Brasil, no final de 2012, sobre a possibilidade do Exército enviar militares à missão. O Brasil já participa da Unifil desde 2011 com 250 homens da Marinha que ficam em alto mar, em uma fragata, e lideram uma força naval da ONU que tem como objetivo impedir a entrada de armas pelo mar ao Líbano.
Segundo diplomata Camilo Licks Rostand Prates, integrante da Missão Permanente do Brasil junto às Nações Unidas, em Nova York (EUA), “a ONU, como parte de seus contatos habituais com o Brasil, tem manifestado interesse em ter um batalhão do Exército no Líbano”, disse.
O G1 apurou que o Comando de Operações Terrestres (Coter), a unidade operacional do Exército, recebeu uma consulta, enviada pelo Itamaraty ao Ministério da Defesa, para avaliar que tipo de tropa e quando o Brasil poderia mandar soldados para a missão de paz no Líbano.
A ideia inicial da ONU era que o Brasil enviasse um batalhão no 2º semestre de 2014. O Exército respondeu que a melhor hipótese seria o envio de um batalhão no 1º semestre de 2015, após a Copa do Mundo, quando os militares serão empregados em diversas ações de defesa e segurança.
O Ministério da Defesa confirmou que “há um pedido da ONU” para envio de tropas para o Líbano, e a Defesa “tem levantamentos” e “um estudo em andamento”. O órgão diz que não há “nenhum parecer favorável” sobre o caso.
Segundo a Defesa, não há prazo para os estudos serem concluídos, pois qualquer decisão passará pelo ministro Celso Amorim, que está em férias.
A ONU deveria contar hoje com 15 mil soldados no Líbano, mas em 31 de janeiro de 2013 tinha 11.026 no terreno – a maioria de países europeus, liderados por um general da Itália. Em 2012, devido à crise europeia, alguns países – como Espanha e França – retiraram seus militares. Desde então, as Nações Unidas buscam novos contribuientes.
Conflito na Síria
Além de reforçar o contingente defasado, a ONU buscaria manter no Líbano uma tropa preparada para deslocar rapidamente em caso de cessar-fogo na Síria, onde uma guerra civil já deixou mais de 70 mil mortos e milhões de refugiados em dois anos.
Segundo um diplomata, a ideia de se manter tropas preparadas no Líbano facilitaria um desdobramento rápido em caso de acordo que permitisse a criação de uma missão de paz e de ajuda humanitária na Síria liderada por capacetes azuis.
O Itamaraty diz que a “ONU tem feito consultas a vários países contribuintes” para missões em um processo normal de renovação de contingente e que tem procurado o Brasil para participar. O ministério diz que “há avaliações e discussões em andamento” sobre diversos locais, entre eles o Líbano, mas que ainda não há nenhuma decisão.
Retirada do Haiti
Um dos motivos pelo qual interessaria ao Brasil enviar tropas do Exército ao Líbano é a retirada de um batalhão, em maio de 2013, do Haiti, onde o Brasil lidera desde 2004 uma missão de paz. O Exército possui no Haiti 1.910 soldados, sendo que cerca de 850 foram incorporados para ajudar no terremoto de 2010, que deixou mais de 300 mil mortos.
Como o reforço da tropa não é mais necessária, o Conselho de Segurança determinou a retirada. A intenção da ONU é que o Brasil mandasse este batalhão para outra missão de paz, conforme revelou em entrevista exclusiva ao G1, em setembro de 2012, o vice-chefe de missões de paz das Nações Unidas, Edmond Mulet, durante visita ao Rio de Janeiro.
Conforme o ministério da Defesa, o Brasil participa de missões de paz nas quais “possa fazer a diferença”, como no Timor Leste, Angola e Haiti. O Líbano poderia se enquadrar nesse quesito, já que o Brasil possui a maior comunidade de libaneses fora do Líbano – são quase 8 milhões, segundo o governo libanês.
Como a previsão também é que a missão de paz no Haiti tenha uma retirada militar entre 2014 e 2016, devido a melhorias na infraestrutura e na polícia do país, interessaria ao Brasil manter uma tropa empregada em missões de paz pelo mundo.
Caso haja um acordo entre Itamaraty e Defesa sobre quando os militares podem ser enviados, o caso será levado à presidente Dilma Rousseff. Após o aval dela, é que o governo pode negociar com a ONU quando os soldados brasileiros podem ser empregados no Líbano e também com o Congresso, que deve aprovar o envio de tropa ao exterior.
FONTE: Portal G1
FOTO: Alide
Acho que a ONU anda tirando sarro conosco… não temos nem onde cair morto, não temos FFAAs para tratar dos nossos interesses e agora, mais uma e pronto!… Líbano!
A p***** tá ficando séria…. 🙁
Se aceitarem o pedido será a maior irresponsabilidade do século!
É uma vergonha um país do nosso tamanho ter que titubear para enviar um mísero batalhão de “Peacekeepers” a qualquer lugar do mundo que fosse.
O Brasil precisava possuir organicamente uma Divisão Expedicionária, fora da Força de Pronto Emprego, para missões desse tipo, aprestadas, equipadas e preparadas especificamente para missões do gênero. Algo permanente, e não como é hoje, com batalhões de diversas Grandes Unidades se revezando nas missões.
Por outro lado fico me perguntando até quanto vale a pena para o Exército Brasileiro ficar mandando tropas para esse tipo de missãozinha “drôle de guerre” como Haiti, Timor, etc.
As tropas brasileiras que são enviadas para fora quase nunca vão com nosso armamento orgânico, vale dizer: quando voltam precisam se “readaptar” ao bom e velho FAL e ao resto de nossas armas, incluindo veículos e blindados. De modo que o adestramento então conseguido serve para bem pouca coisa.
O EB precisava de uma missão de verdade, não ficar patrulhando quem não está nem aí para ser patrulhado.
E essa porcaria de Unifil (“interina”?) vai valer até quando? Pombas 35 anos ocupando o Líbano! Pô, a ONU deveria ter vergonha na cara e raspar de lá, ou então estabelecer de uma vez o Líbano como sua base permanente no Oriente Médio.
Achar que meros 11 mil capacetes azuis da ONU fariam alguma diferenca caso a casa caia na Siria e dose hein.
Se entrarem nao serao nada a nao ser 11 mil refens a serem barganhados. Essa moda de soldado “peacekeeper” e conversa pra boi dormir, invencao de elite academica ocidental pra se sentirem bem.
Soldado peacekeeper nao e nem um nem outro… Exercitos e por definicao soldados, so existem pra duas razoes defender a patria no campo de batalha, derrotando o inimigo da maneira mais violenta e rapida possivel.
O resto e invencao de tolos se enganando pra se sentirem bem na conciencia.
Marine, excepcional comentário.
Concordo 100%.
Bacchi
Senhores,
Os capacetes azuis são úteis em regiões em que os envolvidos no conflito querem a paz.
O Haiti é um exemplo. Embora haja atritos eventuais entre os capacetes azuis e a população, os haitianos desejam a presença daqueles, única garantia de segurança naquele país.
Porém, no caso da Síria, onde os dois lados querem é briga, concordo com o Marine: os capacetes azuis só serviriam de bucha de canhão e de reféns.
E o pior de tudo é que,como disse o Observador, os envolvidos o conflito devem querer a paz. SE nossos soldados forem mandados para o Líbano como força de pronta intervenção, vamos ter muitas mães chorando a perda dos filhos, sem dúvida alguma e por nenhum motivo que possa interessar nem mais remotamente a nós brasileiros. O drama do Oriente, árabes e judeus inclusive, é bíblico… depois do Líbano, vamos para atender ao problema entre as duas Coréias?
Bom – sem desmerecer a ONU nas suas atividades humanitárias – quando ela se mete em assunto militar geralmente é um desastre. Calma – vou explicar. Aprovar intervenção militar através do Conselho de Segurança da ONU é uma das prerrogativas dela e acho isso bastante interessante – mas que na prática não funciona. Afinal que tem poder de veto age pelos próprios interesses e não em função da ONU ( grande novidade!).
Minha idéia de “Peacekeeper” – é a seguinte: eliminar o inimigo e aí sim teremos “peacekeeper” ou pode chamar de força de ocupação mesmo. Se vc efetivamente quer intervir num conflito por questões humanitárias não dá para mandar um efetivo com ordens ridículas para servir de barreira sem poder de tomar a iniciativa. Este efetivo vai virar um grande e maravilhoso ALVO.
Quanto aos lados bem intencionados que desejam a paz – olha se a intenção é tão boa assim porque precisam dos capacetes azuis, hein? Quantas e quantas vezes, eles estavam lá para garantir a paz e foram mortos porque um dos lados teve um ataque súbito de cólera?!?!?
Acho que as coisas deveriam funcionar de maneira clara e objetiva. Se o objetivo é evitar o envolvimento do Líbano no conflito sírio – a força disuasória dos capacetes azuis deveria ser enorme ( 11 mil homens – fala sério!?!?) justamente para mandar o recado de que isso fatalmente custaria a perda da guerra pro lado que atacasse. Porém… isto é uma tremenda perda de tempo e dinheiro. O Líbano tem influência síria interna até a medula! Fora aquele pessoal que não tá interessado no conflito sírio e sim em erradicar Israel do mapa ( nem que seja com estilingue). Talvez isso explique os 35 anos da Unifil ( deveria se chamar Unisemfil).
Quer estabilizar uma zona de conflito? Duas alternativas – feche as fronteiras onde é possível e revide com máxima força qualquer violação fronteiriça não importa de que lado. Ou então elimine a força de desestabilização. Em guerra civil não tem alternativa – vai ter que apoiar um dos lados.
E a questão humanitária? Bom por tudo que vi e olha que sou da área de saúde – ela inevitalvemente tem que vir depois da intervenção militar. Não dá para vc sair em missão humanitária achando que o logotipo da instituição que você participa é a roupa do Super-Homem. Vão roubar os medicamentos ou equipamentos; vão bloquear os acessos para vc não cheguar ao inimigo; vão simplesmente disparar contra vc para evitar que vc passe; ou dão uma incerta no hospital de campanha e acabam dando “alta celestial” para muitos senão todos os pacientes.
Isto não acontece??? Vide a Guerra nos Balcãs – em plena e vigorosa Europa. A coisa só ficou “humanitária” depois da exclusão aérea e bombardeios da OTAN.
Desculpe eu me alongar – mas acho uma inutilidade colocar nossos soldados em risco, pelo brilho seboso da diplomacia.
Perfeito comentário.
Se a Carta de San Francisco confere à ONU o monopólio do uso da Força, esta deveria fazer uso dela.
O que vemos é soldadinho fazendo papel de freira.
Missão “drôle de guerre”.
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