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Por Christina Larson | Bloomberg Businessweek

 

vinheta-clipping-forte1Logo depois do acidente nuclear em Fukushima, Japão, em março de 2011, a Alemanha anunciou que iria desativar todas as suas usinas nucleares. A Suíça e a Itália rejeitaram propostas para construir novos reatores. O Japão desativou seus reatores e ainda não os religou. A China, por outro lado, seguiu em frente com os projetos que já estava tocando, embora tenha suspendido novas aprovações, para que pudesse realizar mais testes de segurança.

Em novembro, o governo levantou a moratória e aprovou quatro novos projetos. O número de reatores que estão sendo construídos é agora de 29 – o maior dentre todos os países, e 40% do total mundial. “A China é hoje um dos países mais importantes da indústria nuclear mundial, se não o mais importante”, diz Antony Froggatt, pesquisador sênior da Chatham House, um centro de estudos britânico.

A China deverá se tornar o primeiro país em que os projetos de novos reatores são construídos e testados em tamanho natural. O principal deles é o AP1000 – AP quer dizer “Advanced Passive” (passivo avançado) -, desenhado pela Westinghouse Electric, a companhia americana hoje controlada majoritariamente pela Toshiba do Japão.

O AP1000 é, em tese, mais seguro do que os modelos anteriores porque possui um tanque de água de aproximadamente 30 milhões de litros encarapitado em seu teto; na eventualidade de uma falta de energia ou falha no gerador, ele proporciona um sistema emergencial de resfriamento movido por gravidade, por até três dias – uma janela de tempo estimada como longa o suficiente para se evitar a fusão do núcleo do gerador. “O operador não precisa fazer nada”, diz Sandy Rupprecht, que comanda a área de desenvolvimento e negócios e projetos da Westinghouse.

Froggatt observa que, como a Westinghouse está sem encomendas na Europa e os planos de construção estão atrasados nos Estados Unidos, ela precisa ter um reator funcionando na China para mostrar a possíveis clientes que seu modelo é viável e seguro.

A China também está construindo um reator de leito granular, um sonho dos cientistas nucleares desde que engenheiros alemães tentaram construir um na década de 1960. Esse tipo de reator precisa rodar a temperaturas extremamente altas – 900ºC ou mais; outros reatores operam em torno de 400ºC – e usam hélio como resfriador e grafite como moderador, em vez de água, o que reduz a velocidade dos nêutrons no núcleo do reator para aumentar as chances de indução da fissão nuclear.

Em tese, o modelo de leito granular opera de maneira muito mais eficiente do que os outros sistemas. “O problema é que, embora o grafite seja escorregadio quando frio, a altas temperaturas e quando está pesadamente irradiado ele fica mais pegajoso”, o que leva os seixos de grafite a se acomodar em um único lugar, explica Steve Thomas, professor de estudos energéticos da Universidade de Greenwich em Londres. “Quando os seixos grudam, eles superaquecem e começam a se desintegrar, deixando uma poeira de produtos combustíveis e grafite radioativo”.

A construção do reator começou em dezembro. O projeto foi feito na Universidade Tsinghua, de Pequim. Se for bem-sucedido, ele será o primeiro protótipo em tamanho real dessa tecnologia. Se não for, será uma bagunça cara e difícil de ser limpa. O protótipo de leito granular da Alemanha, que nunca entrou em operação, custou 5,5 bilhões de euros (US$ 7,3 bilhões) para ser descontaminado.

Os chineses também estão testando o elemento químico radioativo tório, que seria mais seguro que o urânio como combustível nuclear. Esse programa foi lançado em 2011 em Xangai por Jian Mianheng, filho do ex-presidente chinês Jiang Zemin.

Os engenheiros chineses já adaptaram a tecnologia da Westinghouse para um projeto maior chamado CAP1400, que aumenta a potência que o reator pode produzir de 1.000 megawatts para 1.400 megawatts. “Eles pegaram o projeto americano e basicamente o expandiram”, diz Arnie Gundersen, engenheiro-chefe da consultoria Fairewinds Energy Education.

A construção do primeiro CAP1400 deve começar neste ano. Em uma entrevista à imprensa em 1º de fevereiro, Gu Jun, presidente da Agência Estatal de Energia Nuclear, disse que “a exploração do mercado mundial para o CAP1400 começará em 2013”.

Um obstáculo ao esforço de exportação da China: a nova tecnologia precisa do aval da Comissão Regulatória Nuclear dos Estados Unidos, que “ainda é tida como o órgão mundial de reconhecimento”, afirma Bo Kong, professor pesquisador assistente da Johns Hopkins School of Advanced International Studies. “A China precisa convencer o resto do mundo que tem capacidade para construir [reatores] de forma segura.”

FONTE: Valor Econômico via Resenha do Exército

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Mauricio R.
Mauricio R.
11 anos atrás

“…em março de 2011, a Alemanha anunciou que iria desativar todas as suas usinas nucleares.”

Foram queimar mais carvão.
Logo quem, a tda tda ecológicamente e politicamente correta, Alemanha.
Após a açodada decisão, aumentaram o consumo de carvão, altamente poluente; em 20%.
Somente p/ depois voltarem a consumir eletricidade gerada em plantas nucleares.
Vc não vê e menos ainda ouve, o Greenpeace discutindo isso.

Observador
Observador
11 anos atrás

Mauricio R. disse:
13 de março de 2013 às 6:27

É, pelo menos no discurso eles dizem isto.

Mas sabem que abolir o átomo e passar a queimar mais carvão é, literalmente, varrer a sujeira para debaixo do tapete.

É só um jogo de cena do Governo Alemão, para atender a histeria pós-fukushima dos eco-xiitas, burros e fanáticos.

É só o acidente nuclear japonês cair no esquecimento da população que a energia nuclear volta com tudo na Alemanha.

Além disto, embora tenham este discursinho verde, os alemães importam energia elétrica da França, que continua abraçada nas suas usinas nucleares, de cuja existência não arreda pé.

Ou a Alemanha abraça o átomo ou fica no escuro. Assim como muitos outros países pelo mundo.

Augusto Mota
Augusto Mota
5 anos atrás

Exato, Mauricio e Observador, e digo mais, a China está certa e o Brasil devia seguir nessa linha, temos uma costa enorme, água em abundância e espaços vazios, dá pra construir centenas de usinas atômicas, que não destroem a natureza, não causam mudanças climáticas, não poluem, energia em grande quantidade, gerada em espaços pequenos, devíamos ter pelo menos umas 30 usinas atualmente.