Mídia latina deve buscar ajuda, diz historiador
Gabriel Manzano
ENVIADO ESPECIAL / PUEBLA
Um historiador consagrado, o mexicano Enrique Krause, e um ex-presidente do Equador, Luís Hurtado, fizeram juntos, ontem, uma avaliação amarga e, ao mesmo tempo, esperançosa do autoritarismo na America Latina e das razões do seu sucesso, na abertura do terceiro dia da Reunião de Meio de Ano da Sociedade Interamericana de Imprensa, que se realiza em Puebla, no México.
Esse primeiro painel do dia, “Mudanças políticas no continente”, foi seguido de outros dois, um dos quais sobre a violência contra jornalistas no México e outro sobre o “casamento” entre novas tecnologias e liberdade de informação. O encontro reúne 21 países e termina amanhã, com a leitura e aprovação do documento final sobre a situação da imprensa no continente, pela Comissão de Liberdade de Expressão da SIP.
No debate inicial, mais do que o conflito entre imprensa e governos, Krause e Hurtado discutiram história e psicologia das massas. “A liberdade de expressão é a mãe de todas as liberdades”, disse Krause. “Mas contra ela os regimes populistas têm um recurso fundamental, este aqui”, disse apontando para seu próprio microfone.
Para Krause, “o monopólio do microfone é o monopólio da verdade, com ele é que se engana a multidão”. Ao que Hurtado acrescentou: “O século passado nos ensinou que as armas é que submetiam os povos e os poderes. Pois o novo milênio nos trouxe uma novidade, a de que os civis podem fazer isso por sua conta, e com eleições legítimas”.
Hurtado rechaçou a ideia de se definir a democracia só pelo ato eleitoral, lembrando que muitos caudilhos, desde séculos passados, também foram eleitos. Mas fez uma cobrança: “Os (Rafael) Correa, (Hugo) Chávez e (Evo) Morales encontraram um sistema político apodrecido, para cujo descrédito contribuiu muito a própria imprensa”. Ao tomar o poder, concluiu, citando Trotsky, “bastou a esses caudilhos empurrar o paralítico para o abismo”.
Solidão
Krause disse que “a América Latina está muito só neste momento” e que o que se percebe à nossa volta “é uma grande guerra cultural”. Ela passa, advertiu, pelo desinteresse de tantos cidadãos quanto um presidente viola uma lei. E é “para deixar como está” que “os poderosos de plantão atacam a liberdade de expressão”. Ele propôs que a imprensa do continente “procure a ajuda de colegas da França, Alemanha, Inglaterra, Espanha”, para não acabar dominada.
Ao final, no entanto, o historiador se disse otimista; “O progresso político da América Latina nos últimos tempos é um dado irreversível. Em algum momento isso muda. Eu creio em uma América Latina democrática”.
México
A violência diária contra a imprensa no México, onde a guerra das quadrilhas de drogas contra a polícia e contra jornalistas já matou 83 deles desde o ano 2000, foi o tema de outro painel de que participaram uma professora de direito, uma subprocuradora e um senador da oposição mexicana. “Neste país, a melhor proteção é não falar”, começou Perla Gomez, catedrática de Direito da Universidade do México. Na análise dos três foi denunciada a “quase inutilidade” das leis que protegem a profissão.
Destacou-se que o México ho-jeé um forte mercado de drogas e que a luta pelos pontos, de norte a sul do país, não é uma questão só de imprensa.
O senador Roberto Gil falou do duplo poder um governo que se moderniza e democratiza, e o país real das cidades distantes, onde muitos juizes fazem o que querem. “É aberrante o modo como certos juizes decidem. Um deles alegou, para condenar um jornalista, o que as pessoas pensavam ao ler seus artigos”, lembrou Perla. A subprocu-radora Maria Idalia Gomez lamentou a omissão do Estado.
ENRIQUE KRAUSE
“A liberdade de expressão é a mãe de todas as liberdades, mas contra ela os regimes populistas têm um recurso fundamental, este aqui (apontando para seu microfone)”
FONTE: O Estado de S. Paulo via Resenha do Exército
A imprensa “livre” latino-americana (?), e em especial a brasileira, com raríssimas exceções, precisa de um choque de gestão.
O nível é dos piores possíveis. Duas décadas de infiltração PeTralha nas redações produziram efeitos devastadores nos meios de comunicação de massa. A cultura do politicamente correto, aliada a uma incompetência e incapacidade absurda de um curso que sempre foi infiltrado pelas esquerdas, e o infiltramento de quintas-colunas nas redações destruíram, por exemplo, um jornal que já foi o mais importante de São Paulo e um dos maiores do Brasil, a Folha de São Paulo.
O pior é que, no esforço para agradar a todos, a FDSP conseguiu desagradar a gregos e troianos. Hoje perdeu o respeito dos que o tinham em conta, e não angariou o dos que já o detestavam.
A imprensa nacional precisa, em primeiro lugar, de gestão de primeiro mundo, que a faça se afastar e mesmo recusar a verba oficial fácil, o maná governamental que a desvirtua, e se concentrar em sua missão, que é informar e anunciar, dependendo da iniciativa PRIVADA para tanto.
E para isso precisa também tomar posição. Fixar seus limites com clareza. Não há mais espaço para notícia sem opinião. Quem quer só a notícia entra na internet. Quem compra jornal, quem assina revista quer opinião, opinião embasada, ainda que contrária.
Se a imprensa nacional não se cuidar, não tomar um choque de gestão, não se recusar a receber o jabá governamental, e não expurgar o lixo esquerdista que infiltra suas redações, para os quais quanto pior for a imprensa, maior é a chance de se instalar a ditadura do PUN (o ParTido Único), a imprensa vai acabar sendo mesmo controlada.
Porque, como diz a música, “quem tá lá em cima não tá de vacilação, tá ligado no movimento, tá ligado na situação”. E não vai parar enquanto não atingir o controle total dos meios de comunicação.
Saudações.