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Gustavo Uribe

SÃO PAULO

vinheta-clipping-forte1A guerra na Síria, que já vitimou mais de 70 mil pessoas, tem se radicalizado nos últimos meses com a presença cada vez maior de combatentes estrangeiros e contrabando de armas. A conclusão é de um relatório divulgado ontem pela Comissão de Inquérito da Organização das Nações Unidas (ONU). Além do aumento da potência das armas usadas no conflito – e das violações dos direitos humanos -, o documento identificou, entre os grupos rebeldes que combatem as forças do presidente Bashar al-Assad, cidadãos de pelo menos 12 países – boa parte deles da África, Ásia e Europa.

O brasileiro Paulo Sérgio Pinheiro, chefe da comissão, ressaltou que a maioria dos mortos no conflito é de civis. Segundo ele, os investigadores entregarão à ONU, em março, uma lista sigilosa de nomes e entidades, tanto governistas como rebeldes, suspeitos de terem cometidos crimes contra os direitos humanos.

Na avaliação de Pinheiro, trata-se de uma “ilusão” acreditar que há uma solução militar para a guerra civil.

– O que tem contribuído com a radicalização é o crescente número de combatentes estrangeiros. Os números não são enormes, mas eles têm muito treino e estão vindo inclusive da Europa. O conflito também tem se tornado mais militarizado por conta da proliferação de armas, que são compradas por meio de contrabando e os fundos são assegurados por interesses muitas vezes localizados de alguns países – afirmou.

Em defesa do processo no TPI

Em entrevista na capital paulista, o diplomata destacou outro agravante: o conflito armado tornou-se um campo de disputa entre forças políticas regionais, com o financiamento de armas por países interessados em certas correntes em atuação na Síria. Ele considerou a internacionalização da guerra civil um dos complicadores das negociação em busca de uma solução local e reafirmou que, ao contrário da Líbia, não haverá uma intervenção estrangeira na Síria.

Pinheiro voltou a defender que as violações sejam levadas ao Tribunal Penal Internacional (TPI), uma decisão que cabe ao Conselho de Segurança da ONU – uma vez que a Síria não é signatária do Estatuto de Roma. Rússia e China já vetaram três resoluções que tentaram impor sanções contra o país do Oriente Médio.

– Esses números (de mortes) refletem a enorme gravidade desta crise e, quanto mais tempo o Conselho de Segurança levar para chegar a um acordo, mais mortes vão ocorrer – alertou Pinheiro.

FONTE: O Globo via Resenha do Exército

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