Dilma recebe Medvedev para discutir desde comércio até criação de banco
Avessa às formalidades diplomáticas, a presidente Dilma Rousseff abriu espaço na agenda da semana que vem para receber em audiência o primeiro-ministro da Federação Russa, Dmitri Medvedev, como sinal da importância que o Brasil quer dar à aproximação com a Rússia. Além das demandas por abertura de mercado, para carnes e soja, o governo brasileiro negocia acordos com os russos para compra de armamentos, cooperação em defesa e energia sustentável e intercâmbio de estudantes pelo programa Ciência sem Fronteiras.
Dilma deverá pedir a Medvedev apoio à candidatura do embaixador brasileiro Roberto Azevedo à direção-geral da Organização Mundial do Comércio (OMC) e quer discutir com os russos a formação do Banco dos Brics, um banco de desenvolvimento criado pelo grupo constituído por Brasil, Rússia, Índia, China e África do Sul – a ser oficializado possivelmente na próxima reunião dos cinco governos, em março, na África do Sul.
Há ainda muito que combinar com os russos, até a chegada de Medvedev, que vem ao país para participar, com o vice-presidente, Michel Temer, da reunião da Comissão de Alto Nível Brasil-Rússia. A missão russa inclui as principais autoridades do Ministério da Agricultura do país, para discutir com o governo brasileiro a retirada de barreiras às vendas de soja e a habilitação, para exportar carne bovina, de frigoríficos do Rio Grande do Sul, Paraná e Mato Grosso. Em contrapartida, será negociada a facilitação da entrada do trigo russo no mercado brasileiro.
A vinda de uma comissão de alto nível, chefiada pelo ministro da Agricultura russo, Nicolai Fyodorov, alimenta expectativas em Brasília de um acordo capaz de ampliar as vendas de soja e carnes ao país. O comitê agrário Brasil-Rússia se reunirá nos dias 18 e 19, às vésperas da chegada de Medvedev. As carnes são o principal produto de exportação do Brasil à Rússia; somente as exportações de carnes congeladas de bovino somaram US$ 1 bilhão em 2012, um terço do total, e têm se mantido constantes, apesar da queda de 25% nas exportações totais brasileiras à Rússia em 2012. O fim de restrições à carne bovina in natura fez as exportações do produto crescerem 460% no ano passado, para US$ 15 milhões – ainda uma pequena parcela das vendas aos russos.
Outro ponto de discussão de forte interesse dos dois governos é a compra de equipamento anti-aéreo russo, com a fabricação de componentes no Brasil. O Ministério de Defesa já discutiu com o governo russo a compra de baterias antiaéreas de alta tecnologia Pantsir S1, e um acordo de fabricação conjunta de mísseis portáteis Igla-S, que envolveria pelo menos três empresas brasileiras do setor de defesa: a Embraer, a Odebrecht Defesa e Tecnologia e a Avibrás.
Há exigências de sigilo comercial por parte dos russos e detalhes da cooperação que impedem os diplomatas de prever se o acordo na área de defesa estará entre os documentos a serem assinados durante a visita do vice-presidente russo.
A compra é tratada no governo como uma questão de tempo, porém, e é vista como um passo adicional na cooperação dos dois países no setor, hoje ainda limitada a transações comerciais. Segundo o jornal “Pravda”, citando a empresa Russian Technologies, o Brasil recebeu, entre 2008 e 2012, armas e equipamento militar no valor de US$ 306,7 milhões. Entre os armamentos já usados pelo Brasil estão 250 Igla-S de uma versão anterior à que é negociada no pacote de transferência de tecnologia entre os dois governos.
Entre os acordos com significado também simbólico está a assinatura de um acordo com a Universidade de Brasília para instalação, na capital, de um ponto de calibragem do sistema russo de geo-localização concorrente do GPS, o Glonass. Os dois governos firmarão, ainda, um acordo de cooperação para promoção bilateral de exportações de pequenas e médias empresas russas e brasileiras, além de um memorando para troca de informações e experiência em eventos esportivos.
A Eletrobras firmará um acordo de cooperação em eficiência energética e fontes renováveis de geração elétrica que a estatal brasileira defende como um elemento importante dos planos de internacionalização da empresa. Um memorando para cooperação sobre usos pacíficos em energia nuclear também está em discussão, assim como programas conjuntos em nanotecnologia.
Uma delegação de especialistas do setor financeiro deve discutir com os brasileiros um possível acordo de coordenação bancária, que envolve negociações para um acordo de pagamentos em moeda local no comércio dos dois países. A Rússia tem um acordo do gênero com a China e o Brasil, com a Argentina, embora esse último tenha pouca relevância dadas as incertezas cambiais no país vizinho.
FONTE: Valor Econômico
Vão comprar baterias anti-aéreas?
Não vão fazer licitação?
O dinheiro é público.
Mais do mesmo…
Marcos disse:
15 de fevereiro de 2013 às 11:53
Prezado, licitação no Brasil é letra morta… Lei que “não pegou”…
Se não fazem licitação nem para comprar papel higiênico, imagina se vão fazer para comprar baterias de artilharia antiaérea…
Sds.
Esse tipo de compra está dispensada de licitação. Ao que me lembre apenas o FX.x licitou os aviões, nem sei porque.
É … O sonho dos PTralhas começa se realizar!!!