A ameaça norte-coreana
Editorial Folha de São Paulo
A expectativa de algum arejamento no regime da Coreia do Norte, após a ascensão do jovem ditador Kim Jung-un, se esfacelou com a detonação de uma bomba nuclear em Kilju, no nordeste do país.
O terceiro teste subterrâneo confirma a nação asiática como maior fator de instabilidade na região, com seu governo sempre disposto a chantagear inimigos e até aliados.
A explosão foi a mais violenta da série de três, algo entre 4 e 10 quilotons (20% a 50% do poder da bomba de Hiroshima), embora haja indícios de que partiu de artefato pequeno o bastante para se acomodar numa ogiva. Como houve um bem-sucedido teste balístico em dezembro passado, a Coreia do Norte estaria hoje mais perto da capacidade de alvejar vizinhos como Coreia do Sul e Japão.
O alvo principal da provocação de Kim Jung-un, contudo, parece estar ao norte da fronteira. Principal aliado (se não único) de seu regime, a China passa por delicada transição na cúpula do poder, com a entronização de Xi Jinping como líder máximo da ditadura irmã.
Interessa a Kim testar a disposição dos chineses para manter a linha de comércio bilateral (US$ 5,9 bilhões em 2012) que impede norte-coreanos de precipitar-se na penúria e no caos. Cada vez mais engajada em contrastar o poderio dos EUA, ao menos no setor asiático, a China não pressionará tão cedo o regime do país que lhe serve de tampão para afastar das fronteiras a influência militar norte-americana na Coreia do Sul.
A temeridade norte-coreana decerto leva irritação a Pequim, mas não a ponto de tornar aceitável uma escalada de sanções internacionais contra o vizinho. Na prática, chancela-se o uso da ameaça nuclear por norte-coreanos como um tipo de seguro contra supostas articulações externas para derrubar o regime. Kim contará com o apoio da nova direção chinesa, de corte igualmente conservador.
Não será ainda desta vez, acredita-se, que o Conselho de Segurança das Nações Unidas adotará resoluções duras, “prontas e críveis”, contra a ditadura norte-coreana, como demandam os Estados Unidos. Para contornar o veto inevitável da China, o colegiado tende a abrandar novas restrições cogitadas para obter consenso.
As sanções, portanto, devem seguir focalizadas diretamente sobre o bloqueio do desenvolvimento de mísseis nucleares. É pouco provável que envolvam a interrupção do fornecimento de petróleo, por exemplo, que continuará a ser provido pela China -embora a Coreia do Norte, ao contrário do Irã, já tenha provado do que é capaz.
FONTE: folha.com
Esse governo de Vichy é uma mão na roda para a china! Sem a CN a china precisaria aumentar os seus investimentos militares e ter mais uma região para se preocupar. No final, o Gen. MacArthur tinha razão…assim como o Patton tinha razão na europa…mas não, deixaram as cobras se criarem…
Já passou da hora dos EUA dar um “não passará” na CN e na China. Senão podemos estar a ver o prelúdio de uma “Conferência de Munique”.
“Entre a desonra e a guerra, escolheste a desonra, e terás a guerra”.
(Winston Churchill para Chamberlain)
Aliás, a “Conferência de Munique” foi a lição mais dura que o Ocidente e, arrisco dizer, o mundo, teve que aprender nos últimos 100 anos.
Só espero que a história nesse caso não seja cíclica, como creem alguns.
Essa família “KIM” hein?
Pai, filho e agora neto. Um mais maluco que o outro.
Tenho pena dos coitados dos norte coreanos por ficar nas mãos de uma ditadura de psicopatas como essa…
O jogo das relações internacionais, assim como das relações humanas, nem sempre é racionalmente explicado. As vezes é xadrez, mas outras vezes é pôquer (poker). A jogada norte coreana é quase desperada. Expõe sua rainha atômica para ameaçar os vizinhos, testar o aliado chinês e manter o principal inimigo a distância. A jogada sul coreana, que sempre foi defensiva tendo feito o roque e protegido o rei sob modernas e equilibradas forças armadas, inclusive com destroyers AEGIS, pode estar agora tentando liberar os cavalos para eventuais ataques pontuais ao norte, sob a forma de Strike Eagles, Lightnings II e agora… Read more »
Ivan,
Muito interessante a tua analogia, ainda mais em se tratando de xadrez. Fica a pergunta; e a posicao do itamaravilha? Nao precisa respondet, acho que sabemos… B-)
Giordani,
O Itamarati do Barão do Rio Branco, aquele do século passado e antes deste, jogava xadrez.
O atual comando do Marco Aurélio Garcia, que NÃO corresponde a totalidade dos profissionais da diplomacia brasileira, joga pôquer… e mau.
Abç,
Banânia esta prestes a tomar o ‘mate do pastor’.
1.e4 e5
2.Dh5 Cc6
3.Bb4 Cf6??
4.Dxf7#