Pescadores e garimpeiros protestam contra o ‘patrimônio dilapidado’

 

Guiana Francesa

Jamil Chade

vinheta-clipping-forte1Pescadores e garimpeiros cercam o consulado brasileiro em Caiena, na Guiana Francesa, em protesto contra o que eles chamam de “roubo” dos recursos naturais do território francês por empresas e imigrantes irregulares brasileiros. O protesto começou na última sexta-feira e os organizadores da manifestação garantiram ao Estado que vão manter o bloqueio pelo menos até o próximo dia 7.

Os pescadores da Guiana Francesa acusam barcos, empresas e simples pescadores brasileiros de sair principalmente do Maranhão e Amapá para pescar ilegalmente nos 350 quilômetros de águas territoriais francesas. Sem controle, essa carga seria transportada ao Brasil e vendida no mercado nacional.

O que os sindicatos de trabalhadores pedem é que o Brasil ratifique um tratado assinado pelos ex-presidentes Luiz Inácio Lula da Silva e Nicolas Sarkozy, em 2008, e que estabelecia que Brasília criaria programas para reintegrar esses imigrantes, de volta em território brasileiro.

“Há dez anos estamos alertando para o fenômeno da pesca ilegal”, declarou ao Estado Patricia Triplet, diretora do Sindicato de Pescadores da Guiana. “O que queremos é o fim dessa prática. Hoje, barcos de pesca industrial brasileiros estão instalados nas águas da Guiana, com um forte impacto para nossos pescadores. Nos últimos doze meses, vemos cada vez mais nossos barcos voltarem vazios”, alertou.

“Três mil pessoas vivem da pesca na Guiana e o setor é o terceiro mais importante na economia da região. Mas o que estamos vendo é empresas falirem”, insistiu Patricia Triplet. “Por isso, decidimos cercar o consulado”, completou.

Para chamar a atenção, foram colocados caminhões de som, câmaras de frigoríficos e carros bloqueando as ruas que dão acesso ao consulado brasileiro. Mas os sindicatos garantem que uma passagem foi deixada para que funcionários possam entrar e sair do local a pé.

No fim de semana, organizadores alegam que um dos funcionários do escritório brasileiro tentou romper o bloqueio com seu carro, o que acabou gerando uma confusão entre manifestantes e autoridades. Troca de ofensas entre os funcionários brasileiros e os manifestantes também foram registradas por testemunhas.

Adesão. Hoje, será a vez de garimpeiros se unirem ao protesto. Eles também acusam os brasileiros de levar o ouro da Guiana Francesa de forma ilegal.

Ao Estado, o representante dos garimpeiros da Guiana, Gotier Ort, explica que a categoria já desistiu de protestar diante das autoridades francesas.

“Sabemos que estamos criando potencialmente um incidente diplomático. Mas nos demos conta de que a responsabilidade disso tudo não é apenas da França, que não controla a entrada desses trabalhadores irregulares, mas do governo brasileiro que faz vista grossa ao problema porque, de fato, ganha muito com o esquema que existe”, explicou o sindicalista. Os garimpeiros passarão a apoiar a manifestação oficialmente a partir de hoje, disse ele.

Citando dados da WWF, Ort aponta que o garimpo do ouro na Guiana sustenta cerca de 100 mil famílias no Brasil. “Temos gente que vem desde o Ceará para garimpar aqui”, declarou. “O que nós e os pescadores estamos dizendo é que há um roubo de nossos recursos naturais e, portanto, da renda de milhares de pessoas na Guiana”, insistiu.

“Enquanto um brasileiro vem, retira o ouro ou leva o peixe sem pagar impostos, nós somos obrigados a ter tudo regularizado para poder trabalhar. Trata-se de uma concorrência desleal”, declarou Gotier Ort.

O Comitê Regional de Pesca, o Sindicato de Pescadores da Guiana e os garimpeiros ainda recusaram uma proposta de Paris de viajar até a capital francesa para tentar debater uma solução. Segundo eles, trata-se apenas de uma estratégia para ganhar tempo.

“Há anos que a França sabe nossa posição e nossos problemas. Agora, o que queremos é pressionar o Brasil”, disse o representante dos garimpeiros.

FONTE: estadao.com.br

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Giordani
Giordani
11 anos atrás

” …um tratado assinado pelos ex-presidentes Luiz Inácio Lula da Silva e Nicolas Sarkozy, em 2008, e que estabelecia que Brasília criaria programas para reintegrar esses imigrantes, de volta em território brasileiro.”

HAHAHAHAHAHAHAHAHAHAHAAHAHA…

Observador
Observador
11 anos atrás

Olhei os grandes veículos da mídia não especializada (Folha, Estadão, Terra, etc.) e não vi uma linha sobre esta situação.

Vezes há em que me pergunto se não existe uma censura oculta e silenciosa, mas bem atuante no Brasil.

Todas as sacanagens que nossos vizinhos da América do Sul nos fazem, são varridas para debaixo do tapete. Queria ver se fossemos NÓS a bloquear a embaixada DELES.

Sempre acontece a mesma Operação-Abafa , em tudo o que envolve os interesses brasileiros no exterior, para que os barbudos do Itamaraty sempre possam assinar um acordo VERGONHOSO para o nosso país, entregando tudo que os nossos queridos vizinhos querem e mais um pouco, em nome de uma idéia imbecil de “irmandade entre os povos latino-americanos” ou coisa que o valha, conceitos tão caros para a ralé comunista.

Bem me falava um velho marinheiro, que durante anos serviu no “Mingão”:

“O Brasil só tem um vizinho confiável, e se chama Oceano Atlântico”.

Vader
11 anos atrás

Ninguém mandou ser colônia francesa… que vão reclamar na metrópole…

nunes neto
nunes neto
11 anos atrás

Isso é para quem acha que os brasileiros são bem vistos pelos vizinhos,não só na Guiana,Suriname,Paraguai na Bolívia, somos vistos como filhotes do grande Satã,não ache que vc vai a esses países e diz que é brasileiro e vai ser bem tratado,já ouvi cada história…..

Adler Medrado
11 anos atrás

Será que rola a guerra da lagosta vol. II ?

Difícil…

nunes neto
nunes neto
11 anos atrás

Adler, acho difícil, mas em Macapá falam que brasileiro é muito mal tratado na Guiana, e Frances não é bem visto do lado de cá, conheci um francês que pegou uma garrafada no rosto numa festa só por ser francês,o cara não fez nada de errado!