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EUA e Rússia deveriam se esforçar mais nas negociações para reduzir seus gigantescos e desnecessários arsenais

 

*David E. Hoffman – Foreign Policy

vinheta-opiniao-forteEm seu primeiro discurso de posse, Barack Obama fez uma promessa: “Trabalharemos incansavelmente com nossos amigos de longa data e com antigos inimigos para reduzir a ameaça nuclear e aniquilar o fantasma do aquecimento global”. No seu segundo discurso, ele voltou à questão da mudança climática, mas deixou de lado a ameaça nuclear.

Talvez não seja justo querer elaborar demais sobre isso. No entanto, nos últimos tempos, notamos um estranho silêncio a respeito do controle de armas. Ele tem sido ignorado na exposição pública de prioridades no segundo mandato do presidente.

Indubitavelmente, serão discutidos inúmeros detalhes misteriosos nas audiências de confirmação dos senadores John Kerry e Chuck Hagel, respectivamente no cargo de secretários de Estado e da Defesa. Mas e o presidente? Ele ainda acredita em um mundo sem armas nucleares, como descreveu no discurso de Praga, em abril de 2009? No ano passado, as campanhas eleitorais nos EUA e na Rússia representaram um ano perdido em matéria de controle de armas nucleares. Agora, as campanhas acabaram, mas as perspectivas continuam pouco claras.

As armas não desapareceram somente porque paramos de falar a seu respeito. Os EUA e a Rússia ainda têm os maiores arsenais nucleares do mundo. Embora haja graves preocupações com Irã, Coreia do Norte, Índia e Paquistão, entre outros, devemos ter em mente as enormes diferenças de escala. Os arsenais dos EUA e da Rússia abrigam aproximadamente 16,2 mil ogivas nucleares, enquanto os outros países do mundo teriam juntos cerca de 1.100.

O novo tratado Start (Strategic Arms Reduction Treaty) estabelece procedimentos de verificação importantes, mas prevê reduções modestas nos estoques de ambos os países, para 1.550 ogivas cada um, após sete anos. O tratado é um ponto de partida, mas não deve ser o último passo de Obama.

Há muita reflexão sobre as próximas medidas, tanto no governo como fora dele. Estudiosos e ONGs que tratam da estratégia a ser adotada nesse campo levaram meses na elaboração de importantes relatórios detalhados sobre a contenção nuclear. Esse valioso trabalho está pronto. Um roteiro das possibilidades pode ser encontrado no livro The Opportunity: Next Steps in Reducing Nuclear Arms, de Steven Pifer e Michael E. O’Hanlon, do Brooking Institution.

O livro é uma avaliação concisa das opções de Obama. “Por que buscar o controle de armas nucleares se a Guerra Fria terminou há mais de 20 anos?” questionam os autores. “O controle não é e nem deve ser considerado um fim em si mesmo. É um instrumento que, devidamente utilizado, pode fortalecer e aumentar a segurança dos EUA e de seus aliados.”

Eles apresentam sete argumentos em defesa do controle adicional de armas nucleares. Entre eles, a necessidade de enquadrar em acordos compulsórios e verificáveis de todas as ogivas nucleares que se encontram fora do sistema do tratado, tanto nos EUA quanto na Rússia.

Outro trabalho é o relatório Trimming Nuclear Excess: Options for Further Reductions of U.S. and Russian Nuclear Forces, de Hans Kristensen, da Federação de Cientistas Americanos, publicado no mês passado. “Há indicações de que, embora as reduções continuem nos EUA e na Rússia, ambos os países estão se tornando mais cautelosos quanto a uma maior redução. Neste momento, ambos investem enormes recursos em novos sistemas de armas nucleares destinados a entrar em operação no fim do século. Se não ocorrerem novas reduções unilaterais ou não forem concluídos importantes acordos sobre controle de armas, no futuro, grandes forças nucleares poderão estar armazenadas.”

Outro trabalho significativo é o do relatório da Comissão de Política Nuclear Americana, do plano de ação Global Zero, de maio de 2012. A comissão foi presidida pelo general James Cartwright e incluía Hagel. O estudo apresenta uma série de medidas esclarecedoras por meio das quais os EUA poderiam reduzir seu arsenal a 900 armas nucleares, estendendo, ao mesmo tempo, o período de advertência e decisão. O relatório prevê também a reunião, pela primeira vez, de todas as potências nucleares para negociações multilaterais para limitar esse tipo de armamentos.

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Mas, apesar dos estudos, por que o debate parece ter silenciado? Vladimir Putin é um dos motivos. Desde que ele voltou à presidência da Rússia, no ano passado, tem defendido novas leis contra os protestos de rua em favor da democracia e contra a influência americana na sociedade e na política russa. O mais prejudicial é o fato de o presidente ter imposto ao Legislativo um projeto de lei que forçou a anulação de um acordo bilateral sobre a adoção de crianças russas por pais americanos.

Foi uma retaliação de Putin à Lei Magnitski, aprovada pelo Congresso americano e sancionada por Obama, que impôs restrições a cidadãos russos envolvidos em crimes contra os direitos humanos. O projeto de lei sobre adoção assinala o ponto mais baixo das relações entre os dois países. Não é preciso ser cínico para imaginar um senador republicano questionando se os russos podem revogar um acordo sobre a adoção de crianças, como confiar que eles cumpram um tratado sobre armas nucleares?

A questão é que as nações não têm amigos, apenas interesses. Um tratado é um contrato, que existe para proteger interesses. E interessa tanto aos EUA quanto à Rússia evitar uma catástrofe nuclear. Ambos têm milhares de armas atômicas que ainda não estão cobertas por tratados, não estão sujeitas a verificação e, em alguns casos, seu número é desconhecido pela outra parte. Tais armas são um legado da Guerra Fria e não servem a nenhum propósito militar.

É nosso interesse separar as ogivas e guardá-las cuidadosamente. Fazer isto não deveria ser considerado um favor a Putin.

Entretanto, o controle de armas não existe isoladamente de outras questões que minam o relacionamento. É difícil negociar com Moscou ou convencer o Congresso da necessidade de um acordo sobre um tema tão complexo e de tão grande importância. Obama e Putin, talvez, precisem redefinir uma reaproximação antes de dar uma contribuição maior ao controle de armas nucleares.

Acho que Obama quer fazer mais, mas muito depende de Putin e de como ele vê os interesses da Rússia em matéria de armas estratégicas. Em Moscou, alguns acreditam que, apesar da contínua retirada de armas obsoletas, a Rússia pode modernizar seu arsenal e não precisa de outro acordo com os EUA.

Para Putin, há a questão sobre o quanto gastar com a modernização e sobre sua capacidade de sustentar esse gasto, considerando outras prioridades. Os russos falam em construir um enorme míssil balístico intercontinental com ogivas múltiplas e combustível líquido. Será que precisam disso? Os atos de Putin sugerem que ele caminha para uma Rússia como uma verdadeira fortaleza, adotando uma estratégia unilateral de maior isolamento. Essas coisas, porém, costumam oscilar e podem tomar a direção oposta.

Embora Obama não tenha mencionado o perigo nuclear em seu discurso, ele tem sobre a mesa uma quantidade de possíveis iniciativas e decisões. Sua política nuclear de 2010 deve ser implementada. Há mais de um ano, equipes trabalham em memorandos sobre a execução das decisões com base nela e na orientação que o presidente deve dar ao Pentágono. Suas decisões estabelecerão um caminho para futuras reduções dos arsenais. Mas, até o momento, a Casa Branca tem se mantido em silêncio.

O presidente pediu a ratificação do Tratado de Proibição de Testes Nucleares (CTBT), mas ele não o apresentou ao Senado no seu primeiro mandato. Mas muitas objeções técnicas levantadas em 1999, quando os senadores não ratificaram o tratado, foram superadas. Estará o presidente disposto a gastar capital político e a travar uma batalha pelo tratado?

A defesa antimísseis continua sendo um obstáculo grande para as negociações com a Rússia. Nesse caso, o presidente poderá pôr em prática ideias criativas para dirimir as preocupações de Moscou. Nenhuma redução de armas ofensivas será feita enquanto não existir uma compreensão geral do programa de defesa antimísseis. Se o programa americano não for mesmo uma ameaça à Rússia, como defenderemos nossa posição de maneira convincente para permitir o avanço das negociações sobre controle de armas ofensivas?

Como afirmei anteriormente na revista Foreign Policy, o presidente deveria considerar a possibilidade de um acordo bilateral com a Rússia que acabasse com o alerta de lançamento de mísseis nucleares. Vale a pena lembrar duas grandes categorias de armas nucleares ainda não cobertas por tratados: as ogivas táticas menores da Rússia e as ogivas estratégicas armazenadas desde o fim da Guerra Fria pelos EUA. Ninguém tem números exatos, mas há milhares dessas armas que deveriam ser contadas, verificadas e enquadradas num tratado. Essa é uma boa meta para o segundo mandato.

* É GANHADOR DO PULITZER E CONTRIBUI COM A REVISTA ‘FOREIGN POLICY’

FONTE: Estadão.com.br

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Daglian
Daglian
11 anos atrás

Na teoria, o ideal seria a extinção total de armas nucleares por parte de todos os países. O problema é que nem a China, nem a Rússia, nem Paquistão querem diminuir os seus arsenais. Como consequência, nem Índia, nem EUA querem diminuir os seus. E fica nesse ciclo vicioso.

Mas o Obama, como estadista genial que é, irá mudar este quadro. Ele irá, unilateralmente, diminuir os arsenais nucleares dos EUA, tudo em prol da paz mundial. Grande líder, grande líder!!

Giordani
Giordani
11 anos atrás

“…gigantescos e desnecessários arsenais”

Bem ou mal, esses arsenais mantiveram o mundo equilibrado.

Essas armas são de vital importância para a Raça Humana. Não sabemos o que há lá fora…

O Obama é pop!

Vader
11 anos atrás

Giordani disse:
31 de janeiro de 2013 às 14:35

“Essas armas são de vital importância para a Raça Humana. Não sabemos o que há lá fora…”

Orra Giordani, agora deu até calafrio na espinha, ahahaha…

Falando sério broe, se encontrássemos uma civilização não-humana com capacidade para exploração interplanetária ela estaria tão à nossa frente em matéria de tecnologia que nossas armas nucleares seriam tão eficazes contra eles como traques de festa junina. O máximo que lograríamos seria nossa própria autodestruição.

Armas nucleares são absolutamente inúteis para quaisquer fins práticos, só servindo para um propósito: assegurar a mútua destruição.

Sds.

Rogério
Rogério
11 anos atrás

Tô com o Giordani, sem armas nucleares o mundo estaria patinando num lamaçal de guerras sem fim, como hj ocorre na áfrica, talvez nem mesmo a 2ºGM tivesse acabado ainda, a Guerra da Coreia teria outro desfecho ou talvez a guerra das Malvinas tivesse recrudescido de tal maneira, a ponto de ser expandida até o continente, Israel já teria sido extinto, seria guerra dos 20 anos p/ cá guerra dos 100 anos p/ lá enfim.

O arsenal nuclear faz o papel de lastro p/ não deixar a violência humana emergir descontrolada.

Bosco Jr
Bosco Jr
11 anos atrás

Do ponto de vista prático armas nucleares servem para destruir instalações subterrâneas profundamente incrustadas e creio eu que ainda são úteis para destruir submarinos, notadamente os SSBNs.
Desse ponto de vista as únicas armas no arsenal americano que são taticamente úteis são as 50 bombas B-61-11, capazes de serem usadas contra instalações subterrâneas.
Antes havia o míssil Pershing II, desativado na década de 80, que servia ao mesmo propósito.
As armas nucleares anti-submarinos (torpedos, cargas de profundidade e minas), em princípio, foram desativadas.
Já do ponto de vista político elas servem para que outros não as usem em você.

Giordani
Giordani
11 anos atrás

Vader disse:
31 de janeiro de 2013 às 15:16

Sem querer fugir muito ao tema proposto, mas num contato com uma civilização mais avançada, capaz de cruzar distâncias astronômicas, é óbvio que nossas armas são “bodoques” perto das deles, então essas ogivas serviriam a um único propósito. Arma do Juízo Final…o Ardil Carbomite brow…carbomite… 😉

Vale ressaltar que o Fórum Econômico desse ano estará debatendo o “contato”…

Eu lembro de ter visto um vídeo aonde engenheiros queriam usar armas atômicas para “cavar” um novo canal do Panamá…não fosse a radiação, essas armas teriam sido uma mão na roda no ramo construtívo.

Observador
Observador
11 anos atrás

Senhores,

Nunca digam que determinada tecnologia é perigosa demais para ser utilizada. Sempre se pode imaginar um uso pacífico para tais artefatos.

Há outros usos muito interessantes para a tecnologia de armamentos nucleares.

Existe um projeto para uma nave interestelar, o Projeto Orion, em que a nave seria impulsionada pela explosão de armas nucleares, cujas ondas de choque colidiriam contra uma placa com sistema de amortecimento, que também protegeria os tripulantes da nave da radiação.

Este veículo espacial seria capaz de ir até plutão e voltar em apenas uma semana. Em uma viagem interestelar, poderia chegar a 10% da velocidade da luz, o que permitiria atingir a Próxima Centauri (estrela mais próxima do Sol) em pouco mais de 42 anos. Tudo com a tecnologia de que dispomos hoje.

É claro que falamos de um veículo enorme, maior que um cargueiro “postpanamax” , que só poderia ser construído no espaço custando dezenas de trilhões de dólares. A humanidade só bancaria esta aventura com um bom motivo, como descobrir um planeta colonizável a poucos anos-luz daqui.

Parece algo saído de um livro de ficção-científica? Talvez, mas os astrônomos esperam descobrir um mundo semelhante a Terra (tamanho, distância de sua estrela, órbita estável em torno de uma irmã gêmea do Sol) dentro de no máximo vinte anos.

Isto abre possibilidades empolgantes.

Mesmo que seja uma rocha sem vida, se reunir as mesmas condições do nosso mundo (água líquida e atmosfera), pode ser semeado com vida, primeiro com organismos unicelulares, passando para organismos mais complexos e, por último, o homem. É o que se chama de “terraformação”.

Quem viver, verá.

Observador
Observador
11 anos atrás

Ops…

“água em estado líquido…”

nunes neto
nunes neto
11 anos atrás

Ixi Observador,realmente que nascer daqui a algumas centenas ou milhares de anos e viver, verá uma terraformação.Abçs 🙂

nunes neto
nunes neto
11 anos atrás

Não seria de um dia para o outro que conseguiriamos apartir de um planeta sem vida, “semear” vida,principalmente seguindo a sequência de seres menos complexos para os mais complexos,para que o ambiente encontrasse um equilíbrio entre os seres que levariamos, e as variaveis ambientais desse planeta (horas de luz,pluviosidade,temperatura… etc),vou chutar muitos milhares de anos de viagens e observações da semaeção, melhor achar um planeta já “semeado”,o equilíbrio biológico é muito complexo 😉

Observador
Observador
11 anos atrás

nunes neto disse:
4 de fevereiro de 2013 às 20:11

É, Nunes, realmente é um projeto de engenharia para milhares de ano.

Mas a alternativa – encontrar um mundo vivo – é ainda mais difícil. Não há nada, realmente nada que garanta a existência de uma segunda gênese da vida em qualquer outro lugar do Universo. Podemos estar definitivamente e irremediavelmente sozinhos.

Por outro lado, isto abre a possibilidade (ou dever?) de levarmos a vida e a nossa civilização para outros lugares, pelo simples desejo de sobrevivência.

Claro que não podemos duvidar da criatividade humana, que pode criar tecnologia para “atalhar”o tempo de terraformação.

No filme “Aliens”, a megacorporação Weyland-Yutani (“A Companhia”), era capaz de construir estações automáticas capazes de terraformar um planeta em duas décadas.

Porém, eu acredito em uma abordagem mais suave, bem mais longa e bem mais barata, como descrita acima.

Embora seja um projeto cujo prazo jamais foi enfrentado por nenhuma de nossas instituições, sua magnitude e recompensas poderia ter um potencial aglutinador e de esperança para toda a humanidade.

Como você falou, quem viver daqui a milhares de anos – se ainda estivermos por aqui – verá.

Bosco Jr
Bosco Jr
11 anos atrás

Poxa!
Isso sim é que é uma discussão de alto nível.
Mas se me permitem eu proponho uma abordagem heterodoxa à necessidade de terraformação, é a “vida” se adaptar aos ambientes hostis, e não o contrário.
Se imaginarmos que possa haver “vida” não biológica e que ela seja depositária da consciência humana, nossos descendentes eletromecânicos poderão “viver” em condições insustentáveis à vida biológica, a começar, no vazio do espaço.
E por tempo suficiente para que possa fazer a travessia entre os diversos sistemas estelares, computada em milhares de anos.
Claro que a libertação das amarras biológicas seria só mais um passo em direção à liberdade plena, só possível a um ente imaterial.
Provavelmente num futuro distante o Universo será um cemitério de cascas ferruginosas sem energia e sem vida, como se monumentos fossem aos seres do terceiro planeta de um estrela de quinta grandeza de uma galáxia comum no canto do Universo e que agora, imateriais, livres das amarras da matéria, permeiam o próprio tecido do tempo-espaço e conseguem manipulá-lo como antes conseguiram manipular o ferro e o fogo.
Se nessa longínqua jornada não encontrarem o tão esperado Criador, apesar de O procurarem em todos os cantos possíveis e imagináveis, desde o interior de quasars até o núcleo dos átomos, e por tanto tempo a ponto do próprio Universo começar a esfriar e morrer, terão eles mesmos que assumirem a tarefa da Criação e nesse processo, a criatura pode se tornar o Alpha e o Ômega.

Um abraço a todos.

Observador
Observador
11 anos atrás

joseboscojr disse:
5 de fevereiro de 2013 às 1:31

Amigo Bosco, você anda bem “Arthur Clarke”…(rs).

Embora tenhamos fugido totalmente do tema, realmente a discussão é empolgante.

O caminho que você sugere é o transumanismo, ou pós-humanismo, com todos os problemas que isto pode acarretar.

Por exemplo: uma sociedade de castas, em que a classe superior tem acesso a tecnologias para torná-los mais fortes, mais inteligentes, mais longevos (ou até imortais) e o resto, os “primitivos” que não tem tais recursos.

Ou o contrário: os “puros” perseguindo, segregando e matando os “convertidos” às novas tecnologias, reeditando os expurgos religiosos de outrora.

Igualmente a possibilidade de surgirem “humanidades” diferentes para cada canto do universo pode levar a diferenças irreconciliáveis.

E indo mais além, o “pós-humanismo que você sugere nos levaria a criação de uma espécie como a descrita no livro 2001: Uma Odisseia no Espaço, que abandonou seus corpos biológicos passando a mecânicos e destes passaram a ser pura energia.

O perigo disto tudo é o ser humano tornar-se algo que não tem nada, simplesmente nada, em comum conosco. Aspirações, moral, forma de pensar e sentir o mundo e a si mesmo. Tudo diferente.

Será que vale a pena?

Bosco Jr
Bosco Jr
11 anos atrás

Observador,
É isso mesmo. rsrs
Se o ACC estivesse vivo me processaria por plágio. rrsss
Suas considerações são muito pertinentes.
Quanto ao processo de trashumanismo transformar o homem em algum diferente do que somos hoje, não creio que seja de todo ruim não.
Seja como for e pegando o gancho de seu comentário: “isto abre a possibilidade (ou dever?) de levarmos a vida e a nossa civilização para outros lugares”, talvez a transumanização seja a única forma viável de fazê-lo tendo em vista o limite imposto pelas leis naturais.
E há um modo de fazer isso sem que haja consequências nocivas, e esse modo é através do envio de “sondas” interestelares. Se a barreira da velocidade da luz pode ser intransponível, não o será para as criaturas feitas à imagem e semelhança do homem, seus embaixadores robóticos.
Talvez esses, dotados de inteligência e capacidades inusitadas, chegarão onde nós nunca iremos e onde só conheceremos através deles, se sobrevivermos tempo suficiente para isso, já que nesse campo de tiro livre que é o Sistema Solar podemos ir pro beleleu a qualquer momento.
Essas nossas criações, viajantes do espaço, é que serão nossos descendentes e sobreviverão muito tempo depois de provavelmente não haver mais nada que lembre que um dia nosso planeta foi berço de uma civilização capaz de conquistar o Universo.

Obs: creio ter lido todos os livros de ACC, pelo menos os que foram publicados em português.

nunes neto
nunes neto
11 anos atrás

Bosco e Observador,vamos marcar uma cerveja e filosofar sobre o assunto, futuro da humanidade,kkkk, mas vamos lá, acho que antes de pensar em transformar outros planetas, devemos cuidar do nosso, “semear” alguns espaços esquecidos,viáveis e possíveis, em teória nosso planeta têm a capacidade de sustent,ar até 11 bilhões de seres humanos(sendo, que estamos diminuindo o ritmo de crescimento populacional geral,se não diminuir” GAIA” vai dar o seu jeito,sempre quando existe um aumento desproporcional de uma população, algo acontece para controla-la,desastres, epidêmias….),mas existem lugares que não tiveram seus potênciais utilizados,como regiões semi-áridas ou deserticas que com transposições e irrigação, são possíveis de manter vida (na África e no nosso Nordeste por exemplo), fora isso boa parte da população vive com mais que precisa, estraga água e comida, em resumo esse planeta ainda dá muito caldo,oceânos para explora e conhecer, áreas para plantar,o problema e que demos uma mordida na maça e já queremos jogar fora e procurar outra, temos que plantar as sementes aqui mesmo e usar os recursos com conciência;”Sêmear” um planeta inteiro aparti do zero com vida ,díficil e demorado, agora” pequenas fazendas” ou Oásis,em outros planetas, é algo mais palpavel em algunas centenas ou milhares de anos 😉 , voltando ao tópico, legal usar a carga núclear de algumas armas na geração de enérgia,do mais um absurdo a quantidade de armas que os EUA e Rússia possuem, se cada um tivesse 500 já dava e sobrava.Abçs