(La Nacion, 18 – Andrés Oppenheimer) 1. Quando Xi Jinping foi nomeado o novo líder da China, há algumas semanas, uma das coisas que mais me surpreendeu no seu currículo é o fato de ser um engenheiro. Mais exatamente, é um engenheiro que substituiu outro engenheiro como líder do país mais populoso do mundo. No Ocidente, a maioria dos presidentes são advogados, que em quase todos os casos, falam “bonito”. O presidente dos EUA é um advogado formado em Harvard, que recentemente foi reeleito depois de derrotar Mitt Romney, outro advogado formado também em Harvard. O ex-presidente do México, Felipe Calderón, é advogado e foi substituído em 1º de dezembro por Enrique Peña Nieto, outro advogado. Na América do Sul, a maioria dos palácios presidenciais vem sendo ocupados há muito tempo por advogados.

2. Não é que os engenheiros sejam governantes melhores (nem sempre são) nem generalizar, mas refletir o fato de que a engenharia é muito mais popular na China e em outros países asiáticos do que no Ocidente. Isso é importante porque nós vivemos em uma economia global baseada no conhecimento, em que as patentes de novas invenções, geralmente produzidos por engenheiros, cientistas e técnicos, produziram para as nações muito mais riquezas que as matérias-primas. Na Universidade Tsinghua de Pequim, uma das mais prestigiadas do país, 72% dos alunos de graduação, mestrado e doutorado estão matriculados em escolas de engenharia e ciências exatas, enquanto que apenas 28% estudam humanas ou ciências sociais. Enquanto que 31% de todos os universitários graduados na China se especializam em engenharia, nos Estados Unidos esse número é de apenas 5%.

3. Na maioria dos países latino-americanos, a primazia das ciências humanas e sociais sobre a engenharia e as ciências exatas é ainda maior. Nossas universidades produzem muito poucos engenheiros. A última vez que olhei para os números da Universidade de Buenos Aires, uma das maiores da América Latina, existia 29.000 estudantes de psicologia e 8.000 estudantes de engenharia, o que equivale a produzir três psicólogos para tratar os problemas de cada engenheiro.

4. David E. Goldberg é professor emérito de engenharia da Universidade de Illinois e fundador de um movimento para modernizar a educação de engenharia. Sua receita: fazer o estudo da engenharia mais divertido e mais criativo. “Em vez de começar a carreira de engenharia com o lado criativo, estamos começando com matemática, ciência e toda a parte abstrata, e isso faz com que quase 50% dos alunos abandone o curso”, disse Goldberg.

5. O fato de a China ser governada por engenheiros e dos estudantes chineses se voltarem massivamente para a engenharia, deve servir como lembrete da necessidade de se produzir mais engenheiros e de fazer com que a engenharia seja um estudo mais divertido.

FONTE: Ex-Blog do Cesar Maia

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tpivatto
tpivatto
12 anos atrás

“Na Universidade Tsinghua de Pequim, uma das mais prestigiadas do país, 72% dos alunos de graduação, mestrado e doutorado estão matriculados em escolas de engenharia e ciências exatas, enquanto que apenas 28% estudam humanas ou ciências sociais”.
Por outro lado, talvez esse seja um dos aspectos que expliquem porque a China continua com um sistema político de PARTIDO ÚNICO, enquanto em todos os outros países citados vige a democracia.

rsbacchi
rsbacchi
12 anos atrás

“… David E. Goldberg é professor emérito de engenharia da Universidade de Illinois e fundador de um movimento para modernizar a educação de engenharia. Sua receita: fazer o estudo da engenharia mais divertido e mais criativo. “Em vez de começar a carreira de engenharia com o lado criativo, estamos começando com matemática, ciência e toda a parte abstrata, e isso faz com que quase 50% dos alunos abandone o curso”, disse Goldberg. …”.

Isto foi quase o que aconteceu comigo.

O 1º e 2º ano de engenharia são positivamente desanimadores.

Sobrevivi, mas o mal me acompanhou a vida inteira.

O problema é que os cursos são organizados para alunos brilhantes.

Os medios que se estrepem.

Bacchi

Baschera
Baschera
12 anos atrás

Bacchi,

Exatamente o que aconteceu comigo quando era um acadêmico de Eng. Mecânica….. apesar de meu esforço, sucumbi a aquelas aulas chatas de cálculo integral, química inorgânica e dinâmica dos materiais….. junte-se a isto a má remuneração dos engenheiros e a crescente falta de vagas para estes profissionais, na época, e no terceiro ano desisti…..

Hoje sou um Adm. de Empresas …cuja classe é muitas vezes preterida por advogados e formandos de outras especialidades quaisquer na gestão de empresas…. exatamente como cita o texto em relação a gestão governamental.

Sds.

erabreu
erabreu
12 anos atrás

Também pudera: advogado na China deve morrer de fome.